O SR. SÉRGIO ZAMBIASI (PTB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Sr. Presidente Roberto Saturnino.

Acompanhando a linha de pensamento do Senador Sibá Machado, voltada para o problema que o País vive, com as manifestações no campo, tendo em vista a grave situação que a agricultura brasileira está vivendo, registro, aqui, que meu Estado, o Rio Grande do Sul, também está, neste momento, solidário às manifestações, por se tratar de um Estado com vocação para a área primária, onde os produtores estão vivendo na própria carne a crise que o setor está vivendo. Aliás, alguns setores, definitivamente, devem ocupar a pauta das prioridades do Governo, como a Educação, a Segurança Pública, a Saúde e, com certeza, a Agricultura.

Os protestos que se iniciaram ontem, Sr. Presidente, pelos agricultores de todo o País, prosseguem hoje no Rio Grande do Sul, onde os manifestantes estão realizando, neste momento, bloqueios em diversas rodovias.

Na divisa entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, há interrupção na BR-153, em Marcelino Ramos, e na BR-386, em Iraí. Na BR-285, há bloqueios em São Luís Gonzaga, em São Gabriel, em Ijuí e em Entre-Ijuís. Na BR-472, o bloqueio acontece em Três de Maio. Há ainda bloqueios na BR-392, em São Sepé; no entroncamento da BR-386 com a BR-285, em Carazinho, e na BR-290, em Pântano Grande. Na BR-101, em Torres, o bloqueio ocorre para quem vai em direção a Santa Catarina.

A cada 15 minutos, alguns carros são liberados pelos manifestantes. Os protestos são ligados ao Grito da Terra Brasil 2006, movimento que leva ao Governo Federal reivindicações de produtores rurais de todo o Brasil.

Ontem, em Soledade, interior do Estado do Rio Grande do Sul, houve a queima de uma colheitadeira em sinal de protesto, tal a gravidade da situação da agricultura hoje no Brasil, especialmente no Rio Grande do Sul, que passou por alguns momentos especiais, conforme o registro de um dos editoriais do jornal Zero Hora de hoje, que fala do clamor do campo, traduzindo o pensamento de preocupação de todos nós, registrando os protestos que produtores rurais promovem em mais de uma dezena de Estados e também no Distrito Federal, constituindo-se, assim, um verdadeiro esforço para alertar as autoridades para o drama do campo.

No caso do meu Estado, o Rio Grande do Sul, a situação é particularmente preocupante, porque, além dos problemas cambiais e da defasagem entre custos de produção e preços de comercialização, o Estado arca, Senador Sibá, com o ônus de duas secas de verão consecutivas, longas, com mais de 100 dias. Para nós, do Sul do País, uma seca de 100 dias é absolutamente devastadora e exige, portanto, atenção especial.

Sem renda suficiente, sem condições de custear a próxima safra e, menos ainda, de saldar as dívidas, os produtores, de maneira geral, vivem uma situação que pode levar o próprio agronegócio ao impasse.

A particularidade de essa crise não implicar escassez de produto nem aumento de preço para o consumidor final ajuda a encobrir o problema, que tende a agravar-se mais à frente. Segmentos tradicionais da indústria do Rio Grande do Sul, como o de implementos agrícolas, já se debatem diante das dificuldades de vender no mercado interno e de exportar.

Já alertávamos o Governo, na semana passada, de que, quando uma indústria de máquinas agrícolas pára, ela está prevendo uma crise mais acentuada lá na frente. Presidente Saturnino, isso não é conseqüência da produção do ano passado, não, mas é previsão de uma crise maior à frente. Se a indústria das máquinas agrícolas está parando, é porque não está vendo perspectiva de negócios futuros. Esse é um ponto realmente muito importante para o qual devemos alertar o Governo.

Diante do problema criado, é importante que os produtores se empenhem em sensibilizar as autoridades. Neste momento, fazemos até um apelo para que os protestos com bloqueios sejam levantados, de maneira que a situação não se agrave ainda mais para os cidadãos de forma geral, para aqueles que usam as rodovias, que não têm culpa alguma, são apenas vítimas dessa situação. Faz-se, portanto, esse apelo para que o bloqueio das rodovias seja levantado, porque acaba, de alguma maneira, prejudicando toda a sociedade.

O desafio do Governo, no caso, será encontrar alternativas de mercado que não afetem as já debilitadas contas públicas.

Assim como outras áreas da atividade econômica, porém, o agronegócio precisa ser contemplado com políticas públicas firmes e continuadas. Sem essa preocupação, o País estará sempre dispensando energias para atenuar os prejuízos, Sr. Presidente, não para evitar a sua ocorrência, o que, sem dúvida alguma, é muito ruim para todos.

Muito obrigado.