O SR. LEONEL PAVAN (PSDB - SC. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, sabe-se que 14% da população brasileira é analfabeta - porcentagem que dobra se consideramos o Nordeste isoladamente. Entretanto, segundo pesquisas, estes números devem cair nos próximos anos, mesmo que as desigualdades sociais permaneçam. Além das lutas a serem travadas em sociedade, contra as injustiças sociais, analfabetismo, há questões a serem enfrentadas no campo da leitura.

As feiras de livros que já acontecem em muitas capitais do Brasil, são iniciativas muito importante para a inserção de cultura na população. Obras de diferentes autores são expostos, há palestras, bate-papos, tudo voltado à vasta literatura que o nosso país tem a proporcionar. Não parece razoável que continuemos a nos interessar apenas pelas obras consagradas, pelos grandes escritores e pensadores. É preciso conhecer as leituras correntes, aquelas que pessoas comuns realizam em seu cotidiano. Neste sentido, é que se faz necessário cada vez mais feiras em locais públicos, onde todos tenham acesso igualitariamente.

A 20ª edição da Feira do Livro de Santa Catarina realizada de 03 à 13 de Maio em Florianópolis, mostrou que valoriza os escritores regionais e fez do evento um incentivo à leitura de obras catarinenses. Contou com 70 escritores de Santa Catarina, oito nacionais e diversos nomes da literatura local foram homenageados. O Patrono foi o Jornalista e Escritor Moacir Pereira, grande referência e formador de opinião do meu estado; Luiz Carlos Espíndola recebeu a Medalha do Mérito Livreiro “Cruz e Sousa”; Claudino Pereira da Silva, distribuidor de livros, homenageado com a Medalha do Mérito Livreiro “Odilon Lunardelli”; o troféu Boi-de Mamão foi para o professor Adélcio Machado dos Santos, pelo trabalho desenvolvido na presidência do Conselho Estadual de Educação e no Núcleo de Estudos Negros.

Os resultados não poderiam ter sido melhores para quem participou. Os expositores venderam 70 mil volumes, um exemplar para cada três pessoas que freqüentaram o local. Nelson Rolim de Moura, presidente da Câmara Catarinense do Livro, entidade que organiza o evento, disse que a feira atraiu um público maior que o comércio. Realizada no Largo da Alfândega, ainda valorizou o espaço do centro histórico.

Houve seis concursos literários, com uma categoria exclusiva para escolas de ensino médio de todo o estado. Todos os alunos receberam um kit com lanche e livros de vários autores. Os professores ganharam DVD e livros para as bibliotecas escolares. Senhor presidente, dar livros para crianças e bibliotecas é uma forma de motivar, incentivar e despertar o gosto pela leitura. Uma atitude simples, barata com a parceria formada com as editoras e de grande sucesso que repete-se a cada edição da feira, que este ano teve um público superior a 200 mil pessoas.

A importância da leitura está sendo muito discutida atualmente. Com o advento da tecnologia, os livros disputam a vez com outros meios de comunicação, mas ninguém discute o valor cultural que a leitura proporciona. Ao invés de criar programas para convencer as pessoas a lerem determinados livros, para difundir o "prazer" de ler, é fundamental que se garanta a todos o acesso aos bens culturais, o que se faz não apenas alfabetizando a população, garantindo escolas e bibliotecas públicas de qualidade, mas também enfrentando as violentas desigualdades sociais brasileiras.

Foi notável durante a feira muitas crianças se alimentando de cultura, de prazer, de vida, folheando obras que possivelmente nunca iriam desvendar, se não tivessem tido a oportunidade que uma feira desse nível proporciona. Sinto-me esperançoso quando me deparo com cenas desse tipo. Pois, como diria Monteiro Lobato, um gênio que inspira desde nossa base, as crianças, até os sábios experientes, os idosos: “Um país se faz com homens e livros”.

A meta, contudo, para “curar” o mal da falta de leitura e analfabetismo que nos assola, não é apenas de alfabetização, mas de inclusão social.

            Por isso quero cumprimentar os idealizadores da Feira do Livro em Florianópolis e que este evento cultural seja implantado em todo o Estado de Santa Catarina e no Brasil.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o segundo assunto é para comentar a matéria intitulada “Será difícil para Lula discutir Doha”, publicada no jornal O Estado de S. Paulo do dia 8 de maio do corrente.

            A matéria, de autoria da jornalista Denise Chrispim Marin, destaca que o objetivo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva de tornar a quarta Cúpula União Européia - América Latina um palanque para cobrar uma atitude proativa da Europa na Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio, ficou enfraquecido pela imagem de intranqüilidade projetada pelos seus companheiros da Bolívia e da Venezuela.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, como terceiro assunto, gostaria de fazer o registro do artigo intitulado “O passado que reaparece”, publicado no jornal O Estado de S. Paulo em sua edição de 27 de abril do corrente ano.

            O artigo destaca o caso do Deputado José Mentor, do PT de São Paulo, que há poucos dias preservou seu mandato na Câmara dos Deputados , “escapando” da cassação por envolvimento no escândalo do mensalão. Agora, a imprensa noticiou que o doleiro Richard Van Otterloo, condenado por evasão de divisas, disse espontaneamente ao Ministério Público de São Paulo que pagou R$300 mil em dinheiro ao deputado para que não o citasse no documento final da CPI do Banestado.

            Lembro que o deputado José Mentor, relator daquela CPI, foi acusado de vazar dados sigilosos e de abafar investigações, atendendo tanto a interesses do governo quanto aos seus interesses pessoais.

Sr. Presidente, solicito que o artigo acima citado passe a integrar este pronunciamento e, assim, conste dos Anais do Senado Federal.

Era o que eu tinha a dizer.

Muito obrigado.

*********************************************************************************

DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR SENADOR LEONEL PAVAN EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

*********************************************************************************

Matérias referidas:

“Será difícil para Lula discutir Doha”, publicada no jornal O Estado de S. Paulo.

“O passado que reaparece”, publicado no jornal O Estado de S. Paulo