Discurso durante a 62ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre a escolha do pré-candidato do PFL para o cargo de vice na chapa presidencial de Geraldo Alckmin.

Autor
José Agripino (PFL - Partido da Frente Liberal/RN)
Nome completo: José Agripino Maia
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA.:
  • Considerações sobre a escolha do pré-candidato do PFL para o cargo de vice na chapa presidencial de Geraldo Alckmin.
Aparteantes
Arthur Virgílio, Cristovam Buarque, César Borges, Edison Lobão, Eduardo Suplicy, Fernando Bezerra, Garibaldi Alves Filho, Heloísa Helena, Ideli Salvatti, Marco Maciel, Sibá Machado, Tião Viana.
Publicação
Publicação no DSF de 19/05/2006 - Página 17418
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • DEPOIMENTO, HISTORIA, VIDA PUBLICA, ORADOR, ATUAÇÃO, UNIDADE, POLITICA PARTIDARIA, FUNDADOR, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA FRENTE LIBERAL (PFL), EXERCICIO, LIDERANÇA, SENADO, ELOGIO, PARCERIA, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), REGISTRO, ANTERIORIDADE, POSSIBILIDADE, CANDIDATURA, VICE-PRESIDENTE DA REPUBLICA, COMENTARIO, DISPUTA, ESCOLHA, JOSE JORGE, SENADOR, COMPROMISSO, APOIO, CONTRIBUIÇÃO, CAMPANHA ELEITORAL, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, GERALDO ALCKMIN, CANDIDATO.

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PSDB - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores...

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Permita-me, Senador José Agripino. Antes que V. Exª inicie sua fala, gostaria de cumprimentá-lo publicamente, a V. Exª, ao Senador José Jorge e ao PFL, por terem hoje decidido a escolha do candidato a vice-Presidente. E falo isso, V. Exª sabe, porque sou Senador pelo Partido dos Trabalhadores e porque temos tido aqui uma relação de respeito. Tomei conhecimento por V. Exª, inclusive pelo Senador José Jorge, de que houve uma diferença muito pequena de votos. Gostaria de ver o PFL, tal como nós do PT, também escolhendo através de prévia entre todos os filiados quando há uma disputa dessa natureza. Mas compreendo que houve uma disputa muito relevante. Salvo engano, foram 96 membros do PFL que votaram no Diretório Nacional. O Senador José Jorge sagrou-se candidato à Vice-Presidente na chapa do candidato José Geraldo Alckmin. Todavia, neste momento, avalio que, até para debatermos a solução para os problemas de segurança pública, seja necessário o diálogo entre todos os partidos. Com espírito construtivo, eu quero saudar o processo de escolha e os Senadores José Agripino e José Jorge que dele participaram. Desculpe-me por interrompê-lo até mesmo antes de iniciar o seu pronunciamento.

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN) - Senador Eduardo Suplicy, V. Exª faz um aparte meio inédito: aparte que é feito antes de o discurso ser feito. Mas aí, se eu não fosse falar sobre o processo de escolha do candidato à vice, sobre a formalização de uma chapa que vai acontecer, eu estaria obrigado a fazê-lo. Só que eu gostaria de ir um pouco mais longe, Senador Eduardo Suplicy. Eu gostaria de contar um pouco da minha história partidária e terminar pelo compromisso que eu sempre tive no exercício de militante do Partido da Frente Liberal, que é a unidade.

Senador Eduardo Suplicy, em 1985, há exatos 25 anos, eu era Governador do meu Estado, e ocorria a transição democrática com a eleição de Tancredo Neves. Estabeleceu-se uma disputa no Colégio Eleitoral entre Tancredo Neves e Paulo Maluf, que era o candidato oficial do meu partido. Eu havia dito ao Presidente João Figueiredo que, se o candidato do meu partido fosse Paulo Maluf, eu abriria dissidência e não votaria em Maluf - eu, Governador de Estado, com as responsabilidades inerentes ao cargo, com as conseqüências que poderiam advir para um Estado pequeno e dependente de verbas federais. Eu votaria num adversário político, porque o meu adversário no Estado era o PMDB, naquela época MDB. Eu votaria no meu adversário político em nome do interesse do Brasil. E assim o fiz. Votei em Tancredo Neves. Levei todos os votos da Assembléia Legislativa. Os votos que eu pude levar, levei-os todos para Tancredo Neves, que ganhou a eleição e, infelizmente, a história conhece, faleceu antes de assumir a Presidência. Mas ensejou a transição democrática, ensejou a criação de um novo partido. Os dissidentes do PDS criaram o Partido da Frente Liberal. Eu fui um dos fundadores do PFL. Aqui está um outro fundador, o Senador Marco Maciel.

Nesses anos de vida partidária, eu fui eleito Governador mais uma vez e Senador por três mandatos. Outros companheiros nossos exerceram mandatos, como o Senador Marco Maciel, que foi Ministro-Chefe da Casa Civil, Ministro da Educação e Vice-Presidente da República. Vários dos nossos companheiros eméritos exerceram altas funções na República. E eu, pefelista, exerci sempre cargos que me foram dados pelo voto direto do meu povo do Rio Grande do Norte.

Houve um momento - eu preciso registrar esse fato - em que o meu partido quase soçobrou. Senador Arthur Virgílio, houve um momento em que o PFL andou mal das pernas e esteve quase para sucumbir. Eu era Governador, pela segunda vez, eleito pelo voto direto do povo do Rio Grande do Norte. E, em Natal, foi feita uma reunião para juntar os pefelistas que restavam no Brasil e para, como fênix, promover o renascimento, a ressurreição das penas. Foi a Reunião de Natal, patrocinada pelo então Governador José Agripino, de um pequeno Estado do Nordeste, que sempre foi pefelista de coração, um agregador por natureza, que sempre exerceu funções públicas por delegação do povo que ele representa, o povo do Rio Grande do Norte, em dois mandatos de Governador e três mandatos de Senador.

Nesse último mandato de Senador, fui escolhido por três anos seguidos, por unanimidade dos meus Pares - o que me honra muito -, Líder do Partido no Senado Federal. Liderança que exerço com altivez, mas com equilíbrio, procuro exercer com equilíbrio, com argumentos, com consistência, com combatividade, mas sem nunca sair de um padrão que eu entenda normal e aceitável pela opinião pública do Brasil. Procuro me antecipar aos fatos e bater duro quando preciso bater, porque essa é a minha função de Líder de um partido de oposição.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, fui, portanto, Líder do PFL durante três anos, quatro anos. Durante esse período todo, dentro do meu partido, Senador Arthur Virgílio, assisti divergências internas - é normal, é agremiação partidária grande, Senador Marco Maciel, são normais as divergências internas. V. Exª é testemunha de que sempre fui, sempre procurei ser algodão entre os cristais, sempre procurei ser um elemento de confluência, nunca fui facção A, facção B, sempre fui PFL porque fui fundador.

Fui responsável pela Reunião de Natal, que evitou que o PFL sucumbisse. Eu era o elemento agregador de sempre, nunca fui facção A nem facção B. Sempre fui um agregador, procurei sempre ser um agregador.

Chegamos a 2006. Ao longo desses três anos, orgulho-me muito de ter feito uma fraterna relação com o PSDB. Tenho tido embates com os partidos que dão sustentação ao Governo - embates políticos, mas nunca pessoais. Orgulho-me de apertar, com o aperto de mão da sinceridade, a mão do Senador Tião Viana, do Senador Sibá Machado; beijo com fraternidade a testa de Ideli Salvatti, beijo carinhosamente a face de Heloísa Helena, com sinceridade, porque a marca da minha vida pública é a sinceridade. Não sei ser falso, não sei enganar ninguém, e é por isso que tenho o conceito que tenho do povo que me conhece, que é o povo do Rio Grande do Norte.

Chegamos a 2006, e a relação fraterna que eu fiz com o PSDB, por meio do Senador irmão Arthur Virgílio, fez com que a Oposição tivesse uma vida fulgurante no Senado, expressiva, reconhecida, às vezes aplaudida, e tanto ele, muito mais brilhante do que eu, como eu, tivemos uma certa exposição nacional.

O meu nome surgiu naturalmente como candidato a Vice-Presidente da República. Eu nunca me lancei, nunca. Imaginei, ao longo de um certo tempo, pelas manifestações que ouvia dos meus próceres, que era uma espécie de consenso do meu Partido.

A partir de certo momento, surgiram pretendentes, o que é lógico, normal e, do ponto de vista democrático, respeitável; e estabeleceu-se o confronto, que respeito. Eu imaginava, Senador Arthur Virgílio, que eu fosse um consenso. Como não fui o consenso que imaginava ser, e apareceu um contendor da melhor qualidade que é o Senador José Jorge, eu propus a S. Exª que, em nome do que mais prezo em meu Partido, a unidade, que nós dois fizéssemos o caminho da disputa democrática com o prévio compromisso. Não era razoável, não era lógico que eu renunciasse ou que S. Exª renunciasse. Se, em nome da unidade, eu renunciasse, eu não teria como voltar ao meu Estado, onde se estabeleceu - o que é normal, pois é um Estado pequeno - uma expectativa como nunca antes havia acontecido: será ou não o vice-Presidente?

Senador Tião Viana, eu não tinha o direito de renunciar. No meu Partido, conquistei muitos adeptos. Muitos! Não foram poucos, não. Muitos adeptos, Deputados, Senadores, Governadores. Muitos! Eu não tinha o que dizer a eles. Eu tinha de manter minha candidatura e esperava ganhar devido às manifestações que ouvia e recebia espontaneamente.

Mas o Senador José Jorge, como toda a legitimidade, pretendeu a indicação, já que tinha decidido que não seria candidato em seu Estado. Eu propus a S. Exª: “Senador José Jorge, meu dileto amigo, nós temos um caminho”. Temos um compromisso com a vitória e com a unidade do Partido. Meu compromisso é, em primeiro lugar, com a vitória. Meu nome estava colocado como uma contribuição à vitória, se é que minha candidatura contribuiria para a vitória. Disse a S. Exª que o caminho lógico, se nós temos compromisso com a vitória e com a unidade do Partido - que é um dos patrimônios do PFL -, é fazermos uma disputa democrática.

O Senador Jorge Bornhausen, eminentíssimo Presidente do Partido, havia feito uma avaliação prévia, uma consulta prévia, em um universo que reputo perfeito: aqueles que, no plano federal, podem emitir uma opinião sobre que caminho o Partido deve seguir. Faz ou não aliança? Quem é o vice? Consultou os Governadores do Partido, os vice-Governadores, os Deputados, os Prefeitos de capitais e os membros da executiva que não têm mandato federal. Deu o resultado. Propus a S. Exª, já que foram três os nomes resultantes da consulta, que se fizesse um segundo turno. Que deste segundo turno resultasse um único que, democraticamente, seria o nome. S. Exª concordou. Estabeleceu-se o processo, que terminou hoje.

Quero agradecer a cada um dos 45 integrantes do PFL, sejam Governadores, vice-Governadores, membros da Executiva, Senadores ou Deputados Federais; falo dos 45 integrantes do meu Partido que fizeram opção pelo meu nome. Cinqüenta e um digníssimos companheiros de Partido fizeram opção por José Jorge. O Partido decidiu. Está decidido, sem choro nem vela.

Estou aqui para dizer que, em nome da unidade do Partido, vou trabalhar pela vitória de Geraldo Alckmin, que me telefonou hoje, emitindo suas opiniões, me desejando sucesso, me pedindo contribuição à campanha e fazendo outros comentários. Eu não disse a ele o que vou dizer agora. No meu Estado, desejo fazer uma composição multipartidária, com partidos políticos que não são o PSDB - são outros - e que já tinham externado a intenção de votar na chapa de Alckmin, se eu fosse o candidato a vice-Presidente. Eu não fui escolhido candidato a vice-Presidente, mas, às três horas da tarde - o processo de escolha terminou ao meio-dia -, às três horas da tarde eu já estava reunido, na Liderança do PFL no Senado Federal, com estes próceres que estão presentes neste plenário, pedindo a eles o voto para Geraldo Alckmin e para o Senador José Jorge.

Essa é a contribuição que posso dar à unidade. Essa é a melhor contribuição que posso dar à minha história no Partido da Frente Liberal, uma história de agregador; história de quem tem autoridade para falar em nome de si próprio e não é seguidor de ninguém. Eu sou José Agripino Maia, Líder do PFL no Senado Federal, por escolha de meus pares. Eu não sou de facção “A” nem “B”. Eu tenho história no Partido. Eu tenho compromissos com o Partido. Eu quero a unidade do Partido. Eu vou trabalhar pela vitória de Alckmin. Vou trabalhar não da boca para fora, mas com ações efetivas, com trabalho e coerência.

Ouço, com muito prazer, o Senador Arthur Virgílio.

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Líder José Agripino, acompanhei esse processo com a distância que cumpria ser observada por um aliado do PFL que tem profunda estima e admiração pelo Senador José Jorge, profundo respeito por sua história política e imensa ligação, admiração e afinidade política no que toca a V. Exª. O processo foi, de fato, democrático. V. Exª está fazendo o que eu suponho seria feito igualmente pelo Senador José Jorge, se tivesse sido numericamente inverso o resultado. S. Exª haveria de estar aí concitando a unidade e se declarando mais do que um adepto: um prosélito dela. Gostaria de dar, neste momento, um depoimento a seu respeito, registrando que a decisão do PFL é o essencial. Temos hoje duas agremiações partidárias fortes alinhadas. Estamos, portanto, livres para buscar outras agregações relevantes para a construção da vitória de Geraldo Alckmin e de José Jorge. E isto é o que se esperava do PFL: que indicássemos o Presidente, e o fizemos depois de todo aquele processo de consultas que a Nação presenciou. O PSDB e igualmente parte expressiva da Nação esperavam que o PFL completasse o seu ciclo de aferições para nos oferecer o nome que comporia a vice-Presidência, conforme o acertado. Agora devo dar um depoimento pessoal - não sei se é tão pessoal porque é, sem dúvida, do meu Partido; não tem ninguém no meu Partido que pense diferente do que vou dizer a seu respeito. Vejo em V. Exª todas as qualidades do líder: a firmeza, a coragem, a serenidade, a ponderação, a cultura, o raciocínio rápido, o brilho, a presença tribunícia magnífica que me faz ser admirador da sua atuação parlamentar, as experiências administrativas exitosas que o fazem um líder festejado e respeitado no Rio Grande do Norte de Aluízio Alves. V. Exª se refere a sua ligação com o PSDB. Construímos isso muito juntos aqui. O risco era de nos isolarmos numa hora em que Lula estava imaculado, intocado e forte. Ou, com muita paciência, concessões de parte a parte, construirmos o que hoje é uma sólida base de Oposição que não se opõe ao País, mas uma sólida base de Oposição que terminou conformando uma maioria nesta Casa. Se levarmos em conta aqueles que, embora não ligados entre si, são opostos às diretrizes do Governo Lula, chegamos a 44, 45, 46 Senadores entre 81. Mas o Bloco da Minoria que constituímos já congrega 32 Senadores, só ele. E com nomes de peso como o do Presidente Marco Maciel e do Presidente Jorge Bornhausen, do nosso candidato a vice-Presidente, José Jorge, de figuras como Tasso Jereissati, Sérgio Guerra, Alvaro Dias, tantos nomes ilustres. Não vou citar os 32, Senador César Borges, que, como o Senador Antonio Carlos, Senador Rodolpho Tourinho, abrilhanta o Bloco e representa com muita justeza e com muita paixão o Estado da Bahia. Eu quero dar este depoimento a seu respeito: sinceramente, eu não esperava outra atitude de V. Exª. Por outro lado, entendo a votação que V. Exª obteve no PFL como verdadeira consagração pessoal. V. Exª foi, a meu ver, consagrado com uma liderança maiúscula do seu partido, liderança forte, expressiva. Eu dizia, ainda há pouco, a uma o jornalista ali fora, que certas derrotas só são derrotas naquela hora, que não deixam de ser amargas. Derrota não é boa conselheira de curto prazo de ninguém. A derrota aconselha mal no primeiro momento, mas, dependendo da derrota e da forma como é enfrentada, ela pode reverter em vitória. Dou exemplo de um companheiro meu, José Serra, que perdeu a eleição para o Presidente Lula, com 33 milhões de votos. Telefonei para ele, Presidente Marco Maciel, logo que acabou a eleição e lhe disse: Serra, você não tem nenhuma razão para tristeza, para amargura; essa eleição era do Lula. Agora se você quiser trocar o mandato, novinho, de Senador que acabei de conquistar pelos teus 33 milhões de votos e a sua derrota eu troco agora; a gente consulta o Tribunal Superior Eleitoral, e, se ele concordar, eu fico com a sua derrota e você fica com o meu mandato. V. Exª, Senadora Heloísa Helena, compreende como ninguém esse momento de decisão. V. Exª emerge como uma liderança realmente maiúscula do partido, não é mais aquela coisa da liderança formal, a liderança da Bancada, que pode ser hoje e pode não ser amanhã; uma liderança que não precisa sequer da formalização dela para se tornar uma referencia muito grande, V. Exª que, a meu ver, é um dos símbolos mais expressivos da Oposição no País. V. Exª é um símbolo da Oposição no País, junto com tantos que aqui militam ao seu lado e que fazem dessa luta uma construção. Portanto, dou-lhe, na verdade, os parabéns sinceros pelo que plantou - quem planta colhe -, pelo que revela de grandeza no minute after e não no day after, e por essa demonstração de espírito público, de espírito de colaboração partidária e de apego à luta da Oposição e, no momento seguinte, reunir-se com seus companheiros e amigos do Rio Grande do Norte - Senador Garibaldi Alves Filho e meu prezado amigo Deputado Henrique Alves - e conclamá-los a manter o compromisso que tinham com V. Exª. Essa atitude só revela a grandeza da figura notável que aprendi a conhecer e a respeitar. Muito obrigado.

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN) - Senador Arthur Virgílio, deixe-me dizer algo mais que preciso dizer. Talvez a maior contribuição que possamos dar à campanha de Geraldo Alckmin com José Jorge seja, pela relação que temos há tantos anos - três anos -, aparar eventuais arestas, amparados em uma relação pessoal de grandes afinidades e de grande confiança, que produz resultado prático. Na relação entre dois Partidos, é muito diferente juntar pessoas que mal se conhecem para tentar encontrar solução para um grande problema. Pode-se até encontrá-la, mas será uma solução desconfiada, passageira, inconsistente, ao passo que as soluções que nós dois possamos encontrar serão sempre soluções consistentes, porque elas estarão embasadas numa relação fraterna e sincera que gira em torno de um ideal: o interesse público do Brasil que, com tanto denodo, nós dois temos procurado levar a efeito ao longo desses três últimos anos.

De resto, sou agradecido pelas manifestações simpáticas, cavalheirescas e amigas que fez a respeito do seu colega e companheiro José Agripino.

Com prazer, vou ouvir o Senador Tião Viana; depois, a Senadora Ideli Salvatti, que muito me honra; depois, o Senador Marco Maciel, e o Senador Sibá Machado.

O Sr. Tião Viana (Bloco/PT - AC) - Senador José Agripino, quero apenas...

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN) - Senador Garibaldi Alves, me desculpe. E, em seguida, Senadora Ideli Salvatti.

O Sr. Tião Viana (Bloco/PT - AC) - Eu quero apenas externar a minha admiração por um pronunciamento, que é uma lição para todos nós, pela responsabilidade política como ele é apresentado e pela clareza, mais uma vez, de raciocínio. V. Exª expõe, com absoluta sinceridade, o ocorrido no seu Partido para um processo de escolha, que culminou com a indicação do Senador José Jorge para a chapa do Governador Alckmin, como candidato a Presidente. Eu quero dizer que nesta Casa nós aprendemos muito na convivência. E V. Exª deixa, com absoluta tranqüilidade, a definição do que é e o que faz nesta Casa. Muitos Líderes aqui já se apresentaram como muito bons, às vezes, nos debates; como muito bons em alguns momentos do Parlamento, mas há Líderes que são muito mais amplos. E V. Exª é um exemplo desse tipo de Líder. V. Exª é implacável no debate e no cumprimento de sua função de opositor ao Governo que eu defendo aqui com os meus Colegas. V. Exª age com muita profundidade quando traz ao debate as posições políticas que defende no plenário e nas comissões do Senado. V. Exª entende a dimensão que tem o Senado e a sua vinculação federativa, e as discute aqui. Quando estamos debatendo uma matéria, V. Exª vai muito longe não apenas em uma divergência de mérito para afirmar um posicionamento de Oposição, mas vai longe na defesa das convicções, mostrando como a matéria vai repercutir na região A ou B do Brasil e no Governo A ou B de algum Estado do Brasil. V. Exª debate todo o processo de reforma do Estado, que nós procuramos trazer como Governo, com absoluta autoridade e elevada responsabilidade política. É implacável em todo posicionamento que tem como Oposição. É um grande e admirável articulador da política, no plano da base partidária que defende e quando o assunto é tratado em reunião de Líderes. V. Exª é alguém que sempre nos ensina muito, ensina pelo respeito como trata as questões políticas e pela responsabilidade política com que trata os temas de interesse nacional. Vai ao limite, leva a base do Governo ao limite do sofrimento e da angústia, querendo aprovar as suas teses. Quando perde, o faz com muita grandeza, e quando ganha, nos faz reconhecer que devíamos estar mais articulados para promover vitórias na disputa política que é normal dentro do Parlamento. Eu imaginava, depois dos quatro anos em que estive na Oposição, que teria uma fase de maioria. Mas V. Exª, o Senador Arthur Virgílio e a Senadora Heloísa Helena conseguiram me colocar por mais quatro anos como minoria, mesmo sendo da base do Governo junto com outros Senadores. Pela inteligência política que têm, pela grandeza do debate que promovem, conseguem conter e reunir carisma para levar uma base de aliados como levam. Sei que é virtuosa a reunião de aliados que V. Exª, o Senador Arthur Virgílio e outros conduzem nesta Casa. Então, esse processo de escolha do PFL, eu prefiro respeitá-lo muito. O Senador José Jorge conta com a minha afeição e o meu respeito pela inteligência, pelo bom humor, pela boa forma de se relacionar. Entendo, entretanto, que V. Exª tem uma dimensão de liderança mais ampla do que a dele pelo exercício da função que cumpre aqui, o que em nada vai diminuir o nome dele como eventual vice-presidente na chapa de Geraldo Alckmin. Só espero, sinceramente, que no resultado dessa campanha - acredito na vitória do Presidente Lula -, sejamos capazes de enxergar que será imprescindível, no novo pacto de governabilidade política desse país, olhar com muito mais atenção e diálogo personalidades da política brasileira como V. Exª. Muito obrigado.

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN) - Senador Tião Viana, orgulho-me muito de ser Líder da Oposição e receber o aparte do Líder do Governo - que V. Exª já foi e continua sendo - no tom em que ele é colocado.

Sabe V. Exª quem me telefonou hoje? O Senador Aloizio Mercadante. Gripado, de São Paulo, ligou para mim, solidário. Esse gesto me tocou porque ele traduz a relação sincera que temos aqui em torno do interesse coletivo. Cada um de nós tem um ponto de vista, que defende no limite dos argumentos.

Tenho com V. Exª uma relação pessoal positiva, assim como com o Senador Aloizio Mercadante. Estamos em campos opostos, mas, nos respeitamos. E, no momento em que vivo uma derrota, tanto V. Exª como ele, um me aparteia e outro me telefona para manifestar solidariedade, que agradeço.

Ouço, com prazer, a Senadora Ideli Salvatti.

A Srª Ideli Salvatti (Bloco/PT - SC) - Senador José Agripino, vou ler, de viva-voz, o bilhete que lhe fiz quando V. Exª estava no telefone: “Parabéns, pelo menos seis, porque a diferença foi muito pequena, a diferença foi muito apertada”. Havia muitos comentários de que talvez isso não ocorresse, o que demonstra, de forma inequívoca, o respeito, a consideração e o reconhecimento que o Partido de V. Exª tem pela sua atuação e o quanto foi disputado. Até brinquei, em outra oportunidade, que, como no PT nós temos essa mania das prévias - na de São Paulo, algo em torno de oitenta mil filiados votaram para escolher entre o Aloizio Mercadante e a Marta Suplicy -, gostaria de ver como é que esse aperto na disputa se configuraria numa votação em que os filiados pudessem ter tido a possibilidade de votar. Fiquei com curiosidade. Agora, pode ter certeza de que um resultado como esse engrandece os dois que participaram da disputa e engrandece, obviamente, também o resultado. Portanto, desejo ao que ganhou, o Senador José Jorge, todo o sucesso na campanha. Agora, nas urnas, V. Exª sabe que estarei torcendo e me empenhando muito para que o resultado não seja favorável à chapa do ex-Governador Geraldo Alckmin e do Senador José Jorge. De qualquer forma, gostaria de parabenizá-lo pelo resultado porque ele é, indiscutivelmente, um reconhecimento da sua competência, das suas qualidades e da sua liderança no PFL.

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN) - Senadora Ideli, muito grato pelas suas considerações. Vamos aos votos, vamos ver quem vai ganhar, a campanha não começou ainda. O que eu puder fazer farei - e a Senadora Heloísa Helena salta de lá e diz: “pode até dar eu”. Por que não? Claro que sim.

A Srª Heloísa Helena (PSOL - AL) - É, mas é pela amizade e carinho que tenho por V. Exª. Nem quero fazer aparte, porque há essas confusões da política. Mas V. Exª sabe o carinho e o respeito que tenho, mesmo nas divergências, por V. Exª e pela sua família.

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN) - Muito obrigado, Senadora Heloísa Helena.

Senadora Ideli, V. Exª tem razão. Seis votos é como se fossem 47% a 53%. Foi bastante apertado. E eu só tinha uma coisa a oferecer - quem está na Oposição não tem muito: eu só tinha conceito a oferecer. De modo que sou muito grato por esses 47%, que me honram muito. Eu me empenharei pela vitória. Quero que José Jorge seja muito feliz, que ele ajude Alckmin no Nordeste, em Pernambuco. Sei que ele terá condições de fazê-lo e contará com a minha colaboração, porque estarei no meu Rio Grande do Norte, de bandeira na mão, esperando pela chapa Alckmin/José Jorge.

Ouço, com muito prazer, o Senador Garibaldi Alves.

O Sr. Garibaldi Alves Filho (PMDB - RN) - Senador José Agripino, eu queria aqui falar em nome do Rio Grande do Norte, do nosso Estado, onde nós dois militamos politicamente, até agora em campos opostos, mas sempre tendo em V. Exª um adversário leal, um homem correto, um homem que sempre enfrentou os seus adversários de frente. De modo que eu queria dizer a V. Exª que o Rio Grande do Norte, claro, esperava que o seu nome fosse o escolhido, porque, afinal de contas, o Rio Grande do Norte só teve até agora um vice-Presidente da República, que foi o Sr. João Café Filho. Tenho certeza de que V. Exª ia ser um grande Vice-Presidente, não apenas para o Brasil, mas para o seu Estado também. Mas não foi possível, por uma pequena diferença. V. Exª não pôde ser esse candidato a Vice-Presidente, mas o Rio Grande do Norte, eu tenho certeza de que continua, por todas as suas correntes políticas, por todas as suas forças vivas, manifestando a mesma admiração pelo trabalho de V. Exª. E V. Exª efetivamente mostrou hoje que é um Líder nacional. Daí por que o Rio Grande do Norte está orgulhoso do papel desempenhado por V. Exª nesta Casa, durante essa disputa que só fez engrandecer o nome de V. Exª. Eu queria dizer que nós dois hoje não estamos mais como estávamos, em campos tão opostos, e posso dizer a V. Exª nesta hora: o Rio Grande do Norte só tem a ganhar com a sua presença no cenário nacional. Muito obrigado.

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN) - Eu agradeço ao Senador Garibaldi Alves, que curiosamente, Senador Arthur Virgílio, foi o único que me derrotou na vida pública até hoje. Foi ele o único. Eu sempre ganhei. Só perdi, disputando com ele, uma única vez. E isso, dito por ele, tem um sabor especial. Nós somos adversários, não somos inimigos. Nós conversamos política. Até poderemos nos encontrar politicamente nas urnas, qualquer hora dessas. Ele sempre foi meu adversário, mas nunca foi meu inimigo. Eu não tenho nas costas nenhuma marca de punhalada que me tenha sido aplicada pelo Senador Garibaldi Alves Filho.

Ouço, com muito prazer, o Senador Marco Maciel. Em seguida, o Senador Sibá Machado e o Senador Cristovam Buarque.

O Sr. Marco Maciel (PFL - PE) - Ilustre Líder e estimado amigo Senador José Agripino, eu gostaria de separar em dois pontos o aparte que faço ao pronunciamento de V. Exª. Em primeiro, a retrospectiva histórica que V. Exª fez de sua vida como fundador do Partido que nasceu de um grande movimento que tornou possível a transição para a democracia, por meio da chapa Tancredo Neves/José Sarney. V. Exª lembrou, com muita propriedade, o papel que desempenhou como Governador do seu Estado, para que pudéssemos, no Colégio Eleitoral, oferecer a desejada maioria que possibilitou a vitória da chapa que tinha um compromisso com o retorno do País ao Estado de direito e, mais do que isso, ao Estado de direito democrático, que se consumou na Constituição de 1988. V. Exª lembrou também a reunião de Natal, da qual tive a oportunidade de participar. O Partido vivia uma grave crise naquele momento. Os partidos brasileiros ainda não estão adequadamente vertebrados porque, ao longo da história - e não vamos citar os precedentes - a vida das agremiações tem sido interrompida por recorrência de períodos autoritários. O fato é que o nosso Partido, como acontece com outros, sofreu suas crises e uma delas foi a que V. Exª se reporta, com muita propriedade. V. Exª, mais uma vez, teve um papel muito importante para que pudéssemos fazer um aggiornamento, um revigoramento do Partido, de sorte a alçá-lo à posição que ele desfruta. Esta é a questão que eu gostaria de dizer, sob o ponto de vista histórico, para concluir esta parte. V. Exª continua prestando notável contribuição ao Partido, como líder da nossa agremiação no Senado Federal, e sempre escolhido à unanimidade dos membros da Bancada. De outra parte, o dia de hoje marcou, na minha opinião e, como aliás, V. Exª salientou, de afirmação partidária por várias razões. Vou alinhar apenas três. Em primeiro lugar, pela forma como a disputa transcorreu, em elevadíssimo nível e com os postulantes atentos ao bom relacionamento, buscando com isso dar ao Partido a sua contribuição. O discurso de V. Exª é a expressão bem clara do que foi a reunião na manhã de hoje; à qual compareceram todos os habilitados. Não houve sequer uma abstenção; não houve tampouco nenhum voto branco ou nulo. E se foi escasso o resultado, é uma demonstração da estima e do apreço de que ambos gozam no PFL. Na minha ótica de pefelista, de fundador, de seu primeiro Presidente em caráter provisório e, depois, Presidente do Partido já organizado, houve três grandes vitoriosos. Foi vitorioso V. Exª, pela forma como procedeu antes, durante e depois, e, com isso, V. Exª cresce não somente na admiração dentro do Partido, que já é muito elevada, mas igualmente no espectro partidário como um todo. Prova do que afirmo são as manifestações que agora se materializam pela voz de Representantes, inclusive de Partidos do Governo, ao Líder de um Partido de Oposição. Foi vitorioso também o Senador José Jorge, uma pessoa, como V. Exª salientou, com grandes serviços prestados ao Partido. Mas, foi vitorioso, em síntese, o próprio Partido. Acredito que foi uma página importante de nossa história e manifestação de que o Partido, quando não consegue resolver as questões pela forma consensual - o que nem sempre é possível -, o faz por meio de consultas que não esgarçam o tecido partidário, antes o fortalecem pelo clima que marcou a reunião. Encerrando meu aparte, quero dizer quanto admiro V. Exª. Aliás, tenho por V. Exª uma admiração por hereditariedade. Eu já admirava e muito seu pai, o ex-Governador Tarcísio Maia, modelo de homem público que deixou muitas lições não somente em seu Estado. V. Exª dá continuidade à vida proba e fecunda de seu pai que prestou grandes serviços ao Nordeste, em um período decisivo para aquela região quando da consolidação da Sudene, que permitiu pudéssemos ter uma política de desenvolvimento planejada para a região. Algo que nunca tivemos a oportunidade de conhecer no passado, a não ser no curto e efêmero período de Epitácio Pessoa que, faça-se justiça, teve uma preocupação muito aguda com a questão regional nordestina. Devo dizer a V. Exª que não lhe faltam todas as qualidades para classificá-lo como político e, até mais do que isso, como estadista. Como lembrou aqui o Senador e Líder do PSDB, Arthur Virgílio Neto, V. Exª tem todos os atributos, toda as qualidades, de um verdadeiro político, de um verdadeiro homem público, enfim, de um cidadão republicano, de um vir probus, como os romanos diziam. O pronunciamento de V. Exª - a forma como o faz e como é acolhido pelos colegas de Senado Federal - é talvez uma homenagem que todos lhe fazemos. A vida pública é um permanente desafio: momentos de vitória, instantes de insucessos. O que importa não é, necessariamente, a vitória. Como aqui foi lembrado, sabemos que, muitas vezes, dos episódios que não nos são totalmente favoráveis, podemos colher ricos depoimentos dos colegas e observações que servem a todos nós. Portanto, concluindo meu aparte, manifesto, mais uma vez, a admiração e o apreço que tenho por V. Exª, além da minha convicção - posso dizer quase da minha certeza - de que a V. Exª estão reservadas, por ser um político jovem, muitas funções importantes, não somente no seu Estado, mas no País.

O Sr. Fernando Bezerra (PTB - RN) - Senador José Agripino, sei que outros já pediram a palavra antes de mim, mas eu tenho um compromisso e eu não gostaria de sair daqui sem lhe dar uma palavra. Peço aos nobres colegas que possam...

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN) - Ouço-o com muito prazer, Senador Fernando Bezerra.

O Sr. Fernando Bezerra (PTB - RN) - Peço a compreensão dos colegas. Senador José Agripino, neste momento, eu não poderia deixar de dar um depoimento, talvez absolutamente desnecessário, mas eu o faço na condição de seu amigo, de seu admirador e de seu conterrâneo. Já estivemos em lados diferentes num mesmo palanque. É assim que a vida pública, com as circunstâncias, nos conduz. Certamente, nós não estaremos juntos nesta eleição que se avizinha, mas, nem por isso, Senador José Agripino, posso deixar de testemunhar o quanto esta Casa reconhece, assim como eu e sobretudo todo o Rio Grande do Norte, o homem íntegro, competente, digno e honrado, um líder que tem orgulhado a todos nós do Rio Grande do Norte. Sabe V. Exª que temos divergências, pois apóio o Governo Lula, sou até o Líder do Governo no Congresso Nacional. E isso nos coloca politicamente em posições diferentes. Contudo, eu nunca poderia negar a admiração que lhe tenho. Se eu fosse do PFL, V. Exª sabe que contaria com o meu voto. Tive a oportunidade de dizer há alguns dias que, mesmo sabendo que não podia estar do seu lado politicamente, torcia por V. Exª, porque exatamente a motivação de todo o Rio Grande do Norte era que V. Exª pudesse ainda mais se destacar no cenário nacional na condição de Vice-Presidente da República. Como disse o Senador Arthur Virgílio, sempre brilhante: “Não há derrotas que não possam ter a conotação de vitória”. É a afirmação de sua Liderança, do seu Partido, como disse o Senador Marco Maciel. Orgulho-me muito de seu comportamento, da forma como V. Exª faz política e mostra ao Brasil o que o homem do Rio Grande do Norte pode fazer. Muito obrigado.

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN) - Senador Fernando Bezerra, muito grato pela sua manifestação, sempre amiga, sempre companheira. Estivemos juntos em palanques. Estivemos afastados em palanques. Mas nunca nos afastamos do ponto de vista pessoal, nem nos afastaremos nunca. Somos conterrâneos e me agrada muito ouvir o que V. Exª diz.

Senador Fernando Bezerra, V. Exª sabe que, para o nosso Estado - e havia uma torcida grande - o fato de um de seus filhos ser candidato a Vice-Presidente seria uma grande honra. O meu partido decidiu por um caminho diferente. Paciência. Vamos ficar para a próxima, quem sabe!

Senador Marco Maciel, V. Exª talvez tenha sido, dentre os fundadores do PFL, o que já foi mais longe. V. Exª foi Governador, pelo voto do povo de Pernambuco; Senador, pelo voto do povo de Pernambuco, mas também foi Ministro de Estado - da Casa Civil e da Educação - e Vice-Presidente da República, por indicação do partido e voto direto ao lado de Fernando Henrique, sendo um dos ícones do partido. V. Exª fala em episódios e lições.

Absorvo com muita humildade o episódio dessa disputa e do não êxito dela. Recolho uma lição só: gostaria muito de ter ganho. O meu partido decidiu por um caminho diferente que respeito e vou aplaudir. Que eu respeito e vou aplaudir! Agora, quero dizer a V. Exª uma coisa: pela minha forma de ser, pela minha história, pelo meu papel no partido, vou defender, com unhas e dentes, o maior patrimônio e o maior capital do meu PFL que é a unidade.

            Temos um adversário em comum, que é o Governo Lula, com o qual não concordamos. Em nome da Oposição, cerrarei fileiras com o PSDB para tentar ganhar essa eleição.

(Interrupção do som.)

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN) - Ouço, com prazer, o Senador Sibá Machado.

O Sr. Sibá Machado (Bloco/PT - AC) - Senador José Agripino, vou emitir as palavras de um aprendiz nesta Casa. Cheguei aqui em 2003, acanhado, nervoso, com medo - essa é a palavra -; passei a observar o papel de cada um, ver como é o debate da política na Casa Legislativa de grande importância do Brasil. Do pouco que compreendi, quero dizer que temos a configuração de partidos políticos no Brasil, uma democracia diferente das demais. Veja o caso da China, uma experiência de partido único; o caso dos Estados Unidos, que abre um aspecto de democracia, mas por muito tempo é a polaridade entre Democratas e Republicanos; temos o caso de experiências de parlamentarismo com monarquia, enfim, diversos tipos. No Brasil, convivemos aqui, se não me falha a memória, com mais de trinta partidos reconhecidos e registrados na Justiça Eleitoral. De todos eles, alguns oferecem lideranças que interferem no dia-a-dia da nossa sociedade. Vejo aqui no quadro do PMDB - não quero ser injusto -, mas considero os mais visíveis: Senador José Sarney, por ter sido Presidente, que, estando ou não no alto escalão da máquina partidária, com certeza, é chamado e ouvido; Nelson Jobim, ex-Presidente do Supremo Tribunal Federal; Renan Calheiros, Presidente desta Casa, e outros. No quadro do PSDB: Fernando Henrique Cardoso, Presidente da República por duas vezes; José Serra, Prefeito de São Paulo e agora candidato a Governador daquele Estado. Há, no Senado, o que chamo de AVN: Arthur Virgílio Neto. Além desses, o Governador do Estado de Minas Gerais e outros que, com certeza, falam para o povo. No quadro do PFL, destaco também vários Parlamentares: Antonio Carlos Magalhães; Marco Maciel, que está ao meu lado e que V. Exª já citou bem; Jorge Bornhausen; Deputado Rodrigo Maia, jovem que está, no meu entendimento, em franco crescimento, e V. Exª. Evidentemente, há outros, mas não consigo citar todos. Emergem também alguns recém-nascidos, como, no caso do P-SOL, a Senadora Heloísa Helena, e assim por diante. É claro que, num ambiente como este, eu tinha de aprender. Estou procurando ser aluno e aprender. O PT jamais poderia pensar em, nos combates que vamos travar, no bom sentido - combate sobre o Brasil para nosso povo e para as demais nações -, ter o privilégio e o luxo de dizer que V. Exª não estará no combate conosco, sendo ou não candidato a Vice-Presidente da República. Com certeza, vamos suar muito para tentar obter a maioria dos votos no Rio Grande do Norte e em outros Estados, pois tenho certeza de que V. Exª hoje não fala apenas para um Estado, mas para a Nação. Então, no bom sentido, teremos um grande duelo. Depois da Copa - espero que o Brasil traga a sexta taça para nós -, transformaremos, quem sabe, a alegria do Campeonato Mundial de Futebol na alegria de um bom debate sobre o nosso Brasil. Espero que a população vá discernir entre propósitos políticos, o pensar nacional e o Brasil no mundo para fazer a sua escolha. E foi muito produtivo, do meu ponto de vista, este cenário até agora. V. Exª é uma pessoa que brilhou nesses anos, e eu sou uma testemunha ocular disso porque, sabiamente, cada dia, cada semana, e cada mês, interpretou os fatos e os acontecimentos para transformá-los em respostas imediatas e nos fazer uma excelente Oposição. Portanto, fica aqui a palavra de um aprendiz. Encerro dizendo da minha experiência como Presidente do PT do Acre. E aí não quero comparar-me a V. Exª, só por força de argumentação. Eu sou Presidente do PT no Acre. E, dentro do partido, há pessoas como Marina Silva, que é Ministra de Estado e Senadora da República; Jorge Viana, que é Governador do Estado, pela segunda vez, e já com uma visibilidade fora do Acre; Tião Viana, Senador e Vice-Presidente desta Casa e, hoje, interinamente, assumindo a Presidência no lugar do Senador Renan Calheiros, e outros do Acre. No meio deles, fico me perguntando como é que consigo falar à altura dessas Lideranças. E é claro que tenho a absoluta certeza de que V. Exª, dentro do PFL, dirige não mais a Bancada - e essas palavras já foram ditas aqui -, não apenas uma Bancada no Senado Federal, mas, onde quer que esteja, estará presente, dando respostas nos embates que nós teremos até 1º de outubro e, com certeza, após esse momento. Então, quero parabenizá-lo por este momento e, também, dizer que foi uma escolha partidária que diz que V. Exª, onde quer que esteja, vai contribuir muito para o processo. Parabéns!

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN) - Obrigado, Senador Sibá Machado. V. Exª tem uma qualidade que poucos têm e pode até não ter alguns eventuais méritos de alguns, mas V. Exª tem uma qualidade que poucos têm: é aguerrido, tem coragem, é destemido, não hesita em defender suas idéias e o seu partido. Às vezes, sozinho na sua Bancada, defende, com os argumentos que lhe ocorrem, o Governo das acusações. Por isso V. Exª é merecedor do apreço e do respeito dos seus Pares, como eu lhe respeito.

Ouço com prazer o Senador Cristovam Buarque; em seguida, o Senador César Borges e, por último, o Senador Edison Lobão, que muito me honra.

O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - Senador José Agripino, V. Exª sabe da minha relação de amizade com José Jorge, companheiros que somos da escola de engenharia em Recife, há muito tempo, quando o Senador Marco Maciel era conhecido por Marco Antônio por todos nós. O respeito, eu o adquiri em relação ao José Jorge, além da amizade que eu tinha ao vê-lo trabalhar nesta Casa. Mas a admiração que tenho pelo seu trabalho, pela sua postura e pela sua lucidez também me fazem dizer que V. Exª me tem como um dos seus admiradores. Por isso, venho aqui para dizer uma coisa. Penso que estamos falando aqui como se V. Exª tivesse sofrido uma derrota, quando V. Exª saiu engrandecido desse processo, como José Jorge também. Creio que chegar, tendo sido Governador, Senador, tão perto de ser o candidato a Vice-Presidente em uma chapa tão forte quanto é a do PSDB/PFL é uma vitória que V. Exª teve e que eu quero comemorar. Não vejo a diferença em termos de resultado, mesmo que tivesse sido por mais votos o senhor não ter sido o escolhido. Não vou dizer que para o PSDB e para o PFL e o PSDB foi melhor ou pior, porque sou suspeito, pela amizade a um e o respeito a outro. Mas, quero aqui manifestar a satisfação e o respeito por ver que o PFL é capaz de ter dois nomes do porte de V. Exªs para disputar quem será o vice-presidente. Parabéns, Senador José Agripino.

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN) - Obrigado, Senador Cristovam Buarque. V. Exª coloca com muita lucidez. Não se trata aqui de uma lamentação. E, ao final, vou dizer o que pretendi. Estou reafirmando aqui minha determinação em trabalhar pela unidade do Partido, um patrimônio do PFL que construí e que defendo há anos. Vou operar, durante essa campanha e por todo período em que estiver na vida pública, no meu PFL.

Ouço, com muito prazer, o Senador César Borges, meu querido amigo.

O Sr. César Borges (PFL - BA) - Senador José Agripino, V. Exª tem uma passagem brilhante na vida pública nacional. Primeiro, foi prefeito de sua capital, depois, governador e senador, já por alguns mandatos. Eu já sabia dessa sua trajetória, que era um espelho, era um exemplo a ser seguido. Mas, quando cheguei a esta Casa, V. Exª era o Líder da Bancada e, como Líder, superou aquela admiração que eu já devotava a sua figura pública. Era um Líder atuante, competente, brilhante, sério, determinado, e isso enobrece a Bancada. Senti-me e sinto-me extremamente honrado em ter V. Exª como Líder nesta Casa, na nossa Bancada do Partido da Frente Liberal. Nesse processo eu vi nascer, com muita naturalidade, o nome de V. Exª para compor a chapa, como Vice-Presidente, com o PSDB nesta coligação que os nossos Partidos estão fazendo, com o objetivo de propor à Nação brasileira um futuro que acreditamos ser melhor e que ela merece. Lembro-me de V. Exª preocupado se a Bahia, por ter três Senadores nesta Casa, por ter talvez - acredito - a maior bancada dentre os Estados brasileiros no Partido da Frente Liberal, poderia até pleitear essa posição. Lembro-me de que no início das conversações V. Exª tinha essa preocupação. Na verdade, a Bahia não se colocou, por conta de uma posição forte dentro do Partido, como pleiteando a posição de ter um candidato a Vice-Presidente da República nessa coligação com o PSDB. Vimos que tínhamos, no Partido e no Nordeste, no momento em que se fixou que o candidato teria que ser nordestino, nomes com uma trajetória muito grande e que estavam disponíveis. Portanto, vi com muita naturalidade o nome de V. Exª para compor essa chapa. Não tenho dúvida nenhuma de que V. Exª enobrece qualquer chapa para Presidente da República, para Vice-Presidente, ou no seu Estado, a qualquer cargo que venha a disputar. Dentro do nosso Partido surgiu o nome do José Jorge, um companheiro valoroso, também meu colega na profissão de engenheiro civil, vice-presidente do Partido, que também reúne todos os méritos para compor essa chapa. Penso que nosso Partido sai fortalecido do processo. V. Exª não tenha dúvida nenhuma de que sai totalmente enobrecido pela sua posição agora demonstrada. O que nós queremos é o melhor para o País, é a vitória do que acreditamos nas nossas crenças, no nosso ideário político, é a vitória do ex-Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Composto agora com o Companheiro de Partido José Jorge, não tenho dúvida de que ele representa uma nova esperança para o País, que vive momentos tão difíceis. Mas tampouco tenho dúvida de que V. Exª se engrandece quando coloca essa posição. Tenha certeza V. Exª de que seu preparo e seu brilho o levarão, sem sombra de dúvida, a sempre estar em postos altíssimos da nossa República, seja no Legislativo, seja no Executivo. Esta é uma passagem que o enobrece, mas outras virão, com vitórias certas, que V. Exª terá pela correção e firmeza do seu caminhar na vida pública. Portanto, eu só quero parabenizar V. Exª e dizer-lhe da minha admiração. Se por um lado V. Exª não vai compor a chapa como vice-Presidente - e esta será a chapa vitoriosa! -, por outro lado, tenho a satisfação de continuar liderado de V. Exª nesta Casa. Portanto, um forte grande abraço a V. Exª, extensivo a toda sua família.

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN) - Amigo Senador César Borges, V. Exª terminou mencionando um ponto pelo qual vou começar a falar: a minha responsabilidade em exercer a função de Líder de figuras como Antonio Carlos Magalhães, o meu querido Antonio Carlos Magalhães, homem que é um pedaço da história do Brasil, com o seu temperamento difícil, complicado, tão amigo. Liderar Antonio Carlos Magalhães; liderar Jorge Bornhausen; liderar Marco Maciel; liderar o ex-Governador Edison Lobão, a quem vou conceder um aparte; liderar o ex-Governador César Borges; liderar o homem de milhões de votos, Senador Romeu Tuma; liderar a Senadora Maria do Carmo, reeleita por antecipação Senadora por Sergipe; liderar a Governadora Roseana Sarney; liderar o Senador Demóstenes Torres, uma das nossas melhores expressões no campo jurídico, um orgulho do Partido; liderar o Senador Paulo Octávio, companheiro de todas as horas; liderar o Senador Efraim Morais, valente Presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito dos Bingos, que está prestando um enorme serviço à vida pública do País; liderar o Senador Jonas Pinheiro, o nosso mais legítimo defensor das causas do meio rural; defender o Senador Heráclito Fortes, nossa emérita Liderança no Estado do Piauí, valoroso e combativo Senador; isso é tarefa, Senador César Borges, para muito mais do que José Agripino. Muito mais! E me honram muito essas seguidas reconduções que V. Exªs me fazem, por unanimidade, para que eu possa, humilde e modestamente, interpretar o sentimento de figuras tão combativas, tão polêmicas e tão brilhantes como são os dezesseis Senadores que muito me orgulham ser a Bancada do Partido da Frente Liberal.

            Ouço, com muito prazer, o meu estimadíssimo amigo Edison Lobão, o último Senador a me apartear.

O SR. PRESIDENTE (Eduardo Suplicy. Bloco/PT - SP) - Senador José Agripino, vou permitir, sem dúvida. Estou chamando o Senador Pedro Simon porque tenho uma emergência para estar no aeroporto.

Apenas gostaria de registrar o requerimento que faço e que será apreciado pelo Senado, pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, no sentido de que instemos o Governo dos Estados Unidos e o Congresso Nacional norte-americano a reverem as anunciadas medidas draconianas contra imigrantes, que incluem a ampliação do muro construído na fronteira com o México, visando a deter o fluxo imigratório. Nós teremos a oportunidade de debater esse assunto.

Eu gostaria também de registrar a presença de inúmeros representantes de servidores do Ministério da Agricultura, que estão aqui desde o início da tarde, solicitando a atenção do Governo do Presidente Lula para o seu Plano de Carreiras e Salários.

Muito obrigado.

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN) - Antes de lhe conceder um aparte, Senador Lobão, quero somente fazer um complemento que faltou. É uma menção especialíssima ao Senador Rodolpho Tourinho, o nosso técnico por excelência, nosso Ex-Ministro de Minas e Energia e aplicado consultor para diversos assuntos, entre os quais o importantíssimo assunto de energia no País.

Ouço com muito prazer o Senador Edison Lobão.

O Sr. Edison Lobão (PFL - MA) - Senador José Agripino, V. Exª não é um homem público movido por qualquer sentimento de complexo. A sua presença na tribuna nesta tarde é a demonstração vigorosa disto. Competiu e não ganhou, o que não quer dizer que tenha perdido. V. Exª...

(Interrupção do som)

O Sr. Edison Lobão (PFL - MA) - V. Exª contribuiu para o fortalecimento da democracia e do sistema partidário que temos. Nem sempre, na vida pública se pode ganhar ou vencer. O seu nome engrandeceu essa competição. Qualquer dos dois representaria muito bem o Partido numa chapa presidencial. V. Exª é Líder. Eu fui Líder na Câmara, fui Líder no Senado - o Senador Marco Maciel também o foi - e sei as agruras por que tem que passar um Líder. É uma função política transcendental. V. Exª acaba de descrever, um por um, o comportamento e o valor intrínseco de cada um dos seus companheiros da Bancada do PFL. E V. Exª encontra-se aqui na gávea do navio, na curul, liderando a todos nós - e liderando bem, representando-nos com autenticidade, elevando a nossa Bancada. Quando V. Exª assoma a essa tribuna, o País inteiro verifica que ali está um líder, falando em nome de seu povo e, muito mais do que de seu próprio povo, em nome de todos os pefelistas que V. Exª representa; e até mais, em nome de um sentimento nacional. A sua palavra repercute bem pelo País afora. Ando pelas capitais brasileiras e por muitas outras cidades, e sempre as pessoas me falam: o líder José Agripino é um dos melhores e maiores valores da vida pública deste momento. Esteja certo, Senador José Agripino, de que, no exercício dessa Liderança - e nós já o reconduzimos diversas vezes para a mesma posição -, V. Exª continuará prestando ao País os mais relevantes serviços à nossa democracia, à nossa liberdade. É um Líder duro, sim, mas um Líder responsável. V. Exª não exerce a Liderança do nosso Partido com irresponsabilidade, jamais, e por isso é acreditado pela responsabilidade com que põe a sua palavra em nome do Partido da Frente Liberal. Eu cumprimento o Senador José Jorge, mas cumprimento por igual V. Exª por ter se submetido de maneira democrática a essa competição. V. Exª teve amigos a seu lado, que confiaram no seu nome. Poderiam ter votado também nele, assim como os que votaram nele por igual votariam em V. Exª. Um e outro estarão em plenas condições de exercer essa função que Marco Maciel ilustrou, por oito anos, em benefício deste nosso País. Esteja certo de que a República Federativa do Brasil precisa de V. Exª na posição em que está e depois em outras maiores ainda, porque tem a consciência de que a sua palavra é a palavra do equilíbrio, do bom senso, da honradez e da exação. Receba V. Exª a manifestação da minha amizade e da minha admiração profunda por tudo quanto representa para o nosso Partido e para vida pública brasileira.

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN) - Senador Lobão, já fiz desta tribuna não sei quantos pronunciamentos. Nunca pedi fita magnética, nem transcrição, nada de nenhum discurso, mas deste vou pedir, e o farei para que os meus dois filhos ouçam o que aqui foi dito, principalmente o que V. Exª acaba de dizer, que é, digamos, uma manifestação sincera de um homem público de respeito, ex-Governador, que chega, de repente, ao plenário e, de supetão, emite uma série de declarações que me enchem de orgulho. Não sei se eles são verdadeiros ou não, mas me enchem de orgulho. Vou querer que meus filhos os ouçam. Valeu a pena ter vindo aqui.

O SR. PRESIDENTE (Pedro Simon. PMDB - RS) - A dúvida de V. Exª não pode ser válida. V. Exª não sabe se foram verdadeiros ou não? É claro que foram verdadeiros. Foram manifestações feitas com profundo sentimento e carinho a V. Exª. Só não consigo entender como V. Exª perdeu na reunião da Bancada. Os aplausos e as qualidades são tão grandes, que eu pediria a revisão, se fosse possível. V. Exª não pode dizer “se forem verdadeiros”. Garanto que são verdadeiros e acrescento ao deles o meu também, que é verdadeiro.

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN) - Obrigado, Sr. Presidente. V. Exª, com seu complemento, enseja-me concluir esta minha manifestação em que me emociono.

Digo aos meus companheiros e amigos que quis fazer aqui uma manifestação de atitude a tomar. Quis vir dizer que propus um processo de escolha. Dei uma contribuição ao meu Partido que nunca havia feito: escolha por esse processo. Quis que fosse feito assim, o Partido aceitou, a votação foi feita, os critérios foram aceitos, e eu, que propus, tomei o compromisso, por antecipação, de respeitar o resultado em nome da unidade.

Não estou aqui, Sr. Presidente Pedro Simon, fazendo um discurso de despedida, de jeito nenhum. Até porque a Senadora Ideli Salvatti e o Senador Sibá Machado vão ter que me aturar pelos próximos quatro anos e meio. Continuarei aqui prestando os meus serviços ao lado de Arthur Virgílio, talvez ao lado de Heloísa Helena - sei lá se S. Exª não será eleita Presidente da República! Continuarei aqui desempenhando o papel que o meu Partido deseja, se continuar desejando.

O SR. PRESIDENTE (Pedro Simon. PMDB - RS) - A informação que temos é a de que V. Exª está no primeiro escalão, como Ministro, do candidato do Partido, se for eleito.

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN) - V. Exª é brincalhão, como sempre, Senador Pedro Simon.

Era o que desejava dizer. Desejava trazer esta minha palavra. Quando me perguntaram, dias antes, o que resultaria do processo, eu disse: unidade. Quem ganhar leva; quem perder apóia, sem choro nem vela. É o que vim dizer. Quero desejar muito boa sorte ao meu candidato, Geraldo Alckmin. Quero desejar muito boa sorte e muito bom trabalho ao candidato a Vice-Presidente que o meu Partido escolheu: o digno Senador José Jorge. Quero o melhor para o meu País. Nesse sentido, vou pegar a bandeira de Alckmin. Onde eu puder ajudar, onde puder pedir um voto, vou fazê-lo de coração.

(Palmas.)

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/05/2006 - Página 17418