Discurso durante a 64ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Visita ao Brasil da Presidenta do Chile, Sra. Michelle Bachelet, e apelo ao Itamaraty no sentido de que intensifique os contatos e as negociações para que o Chile venha a participar do Mercosul.

Autor
Valmir Amaral (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/DF)
Nome completo: Valmir Antônio Amaral
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA EXTERNA.:
  • Visita ao Brasil da Presidenta do Chile, Sra. Michelle Bachelet, e apelo ao Itamaraty no sentido de que intensifique os contatos e as negociações para que o Chile venha a participar do Mercosul.
Publicação
Publicação no DSF de 23/05/2006 - Página 17599
Assunto
Outros > POLITICA EXTERNA.
Indexação
  • COMENTARIO, VISITA, BRASIL, PRESIDENTE DE REPUBLICA ESTRANGEIRA, PAIS ESTRANGEIRO, CHILE, ELOGIO, CONSOLIDAÇÃO, DEMOCRACIA, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, VANTAGENS, AMPLIAÇÃO, PARCERIA.
  • SOLICITAÇÃO, ITAMARATI (MRE), AMPLIAÇÃO, NEGOCIAÇÃO, EFETIVAÇÃO, PARTICIPAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, CHILE, MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL).

O SR. VALMIR AMARAL (PTB - DF. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, recentemente, tivemos a grande satisfação em receber a honrosa visita da Presidenta do Chile, Michelle Bachelet, primeira mulher a ocupar o mais alto posto daquele país. Na oportunidade, o Presidente do Senado Federal, Senador Renan Calheiros, pôde transmitir à ilustríssima visitante toda a nossa admiração e apreço pelo povo chileno, sua história e suas tradições.

A verdade é que nossos laços de fraternidade e de identificação com aquele país superam a esfera institucional. A música popular brasileira, por exemplo, sempre teve grande repercussão na cultura chilena - a própria Presidenta Bachelet é uma fã ardorosa de Roberto Carlos.

Não podemos esquecer, também, que foi o Chile o destino de muitos dos exilados políticos durante o regime militar brasileiro - incluindo aí o ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso. Tal episódio possibilitou uma aproximação e um conhecimento ainda maior por parte do povo chileno em relação à nossa história e à nossa gente.

Assim, embora não compartilhemos fronteira física, provêm de longa data a parceria e o sentimento de cooperação que sempre se deu entre o nosso País e a nação chilena. Além de o comércio bilateral crescer vigorosamente a cada ano - já somos o quarto maior parceiro comercial do Chile -, a sua condição de associado ao Mercosul pôde aproximar e incrementar ainda mais esse ambiente de comunhão e trabalho conjunto. Portanto, é de se esperar que tal relacionamento se intensifique quando o Chile se tornar sócio pleno desse bloco comercial.

Estirado à margem do Pacífico Sul, pontilhado pela Cordilheira dos Andes e dotado de uma grande diversidade climática e biológica, não há como negar que o Chile hoje é uma das mais pujantes e crescentes economias ao sul do Equador.

De fato, Sr. Presidente, o Chile vem-se destacando como uma nação formidável. Exemplo de vigoroso desempenho econômico na América Latina nos últimos vinte anos e ostentando índices sociais já próximos aos dos países mais desenvolvidos, a longilínea nação sul-americana hoje se destaca no cenário continental como referência maior de acerto na condução de políticas públicas eficazes e voltadas para o progresso e o desenvolvimento sustentável.

Humildemente, Srªs e Srs. Senadores, temos de reconhecer no Chile um caso incontestável de êxito na consolidação de uma democracia plena e uma economia de mercado, aberta para o mundo e preparada para os enormes desafios multilaterais do novo milênio.

Nesse sentido, não tenho dúvidas de que o Brasil, assim como nossos outros co-irmãos membros do Mercosul, só terá a ganhar com a incorporação efetiva chilena a esse bloco comercial, trazendo na bagagem a solidez e a marca de suas exitosas reformas.

Em tempos em que líderes populistas de nosso continente tentam comandar, por meio de uma retórica raivosa e confrontacionista, ações de cunho nacionalista que causam cisões e abalam o sentimento de integração de nossa região, o estreitamento de alianças com parceiros leais e absolutamente confiáveis como o Chile devem figurar no horizonte próximo de nossa política externa.

Sim, porque a estabilidade política chilena é de causar inveja a alguns de seus conturbados vizinhos, situação decorrente em grande medida da Concertação, um grande arranjo pactuado entre diversas forças e partidos chilenos que acabou por viabilizar um projeto nacional único, sólido e duradouro.

“Diga-me com quem andas, e eu te direi quem és” - assim nos ensinam as Escrituras Sagradas. Pois uma maior aproximação e parceria com o Chile, Sr. Presidente, cujo risco-país é o menor de toda a região, só trará benefícios à nossa imagem frente aos investidores internacionais, dando um claro sinal de nosso amadurecimento político e econômico.

Por tudo isso, quero aqui clamar ao Itamaraty que intensifique os contatos e as negociações para que o Chile venha a participar, de forma plena, do Mercosul.

Tal medida, nobres Colegas, terá como conseqüência o fortalecimento do processo ainda claudicante de afirmação do Mercosul como global player nas acirradas negociações comerciais internacionais e catapultará o processo de integração regional ao nível que todos nós desejamos e sonhamos. E quando tal situação for sacramentada, podemos brindar o acontecimento com um dos ótimos e aclamados vinhos chilenos!

Era o que eu tinha a dizer.

Muito obrigado!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/05/2006 - Página 17599