Discurso durante a 72ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Reiteração da importância dos brasileiros estarem vivendo em um ano de eleições, com o funcionamento pleno das instituições democráticas. Defesa da chapa Lula/Simon para a Presidência da República.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES.:
  • Reiteração da importância dos brasileiros estarem vivendo em um ano de eleições, com o funcionamento pleno das instituições democráticas. Defesa da chapa Lula/Simon para a Presidência da República.
Aparteantes
Cristovam Buarque, Heloísa Helena.
Publicação
Publicação no DSF de 02/06/2006 - Página 18877
Assunto
Outros > ELEIÇÕES.
Indexação
  • ELOGIO, DEMOCRACIA, FUNCIONAMENTO, PODERES CONSTITUCIONAIS.
  • COMENTARIO, DECISÃO, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, DEFINIÇÃO, CANDIDATO, PRESIDENTE, VICE-PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • REGISTRO, DEBATE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), GESTÃO, TENTATIVA, ENTENDIMENTO, REPRESENTAÇÃO PARTIDARIA, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), CONVITE, CANDIDATURA, VICE PRESIDENCIA, CHAPA, REELEIÇÃO, OPINIÃO, ORADOR, APOIO, ESCOLHA, PEDRO SIMON, SENADOR, CANDIDATO, VICE-PRESIDENTE DA REPUBLICA, ELOGIO, VIDA PUBLICA, POSSIBILIDADE, CONTRIBUIÇÃO, PROGRAMA DE GOVERNO.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Romeu Tuma, Srªs e Srs. Senadores, quero, aqui, externar algo que tenho sentido nesses últimos dias quanto à disputa presidencial e às escolhas que os Partidos têm realizado.

            Primeiramente, quero reiterar o quão importante é para nós, brasileiros, estarmos em ano eleitoral com as instituições democráticas em pleno funcionamento. O Congresso Nacional está atuando com todo vigor. Foram realizadas inúmeras Comissões Parlamentares de Inquérito. Em que pesem as tensões e as dificuldades políticas, avançamos muito no exame, na apreciação e na votação de inúmeros projetos de lei, de emendas à Constituição e de indicações de nomes. Vimos o Supremo Tribunal Federal tomar decisões muito importantes para a Nação brasileira. Além disso, percebermos a relação do Supremo com o Congresso Nacional, ora garantindo, como desejava a Oposição, a realização de Comissões Parlamentares de Inquérito e o direito da Minoria, composta constitucionalmente por um terço ou mais dos representantes do povo no Congresso, ora garantindo também direitos que a base do Governo solicitou ao Supremo Tribunal Federal que fossem assegurados. Vimos também o Poder Executivo funcionar, com muitos acertos e com alguns erros. Enfim, o Congresso Nacional esteve sempre atento, fazendo críticas, que são necessárias e próprias.

            Ademais, vimos órgãos do Governo como a Polícia Federal e o Ministério da Corregedoria-Geral funcionando plenamente. Também o Ministério Público e a Procuradoria-Geral da República funcionaram com muita independência, sob a direção do Procurador-Geral Antônio Fernando, que deu exemplo disso, assim por diante.

            Sr. Presidente, no momento, notamos que os diversos Partidos políticos estão definindo seus respectivos candidatos para Presidente e para Vice-Presidente: o PDT definiu a candidatura do Senador Cristovam Buarque para a Presidente, mas não definiu a do Vice; o P-SOL apresenta a Senadora Heloísa Helena para Presidente e Cid Benjamin para o cargo de Vice - em princípio, já estão definidos; ontem, o PFL e o PSDB definiram como candidatos a Presidente e a Vice-Presidente o ex-Governador Geraldo Alckmin e o Senador José Jorge, respectivamente.

            É importante respeitar a decisão do Deputado Roberto Freire, Presidente do PPS, que está anunciando que não será candidato à Presidência, provavelmente em entendimento com o PDT, em que Cristovam Buarque será o candidato, se for confirmado isso.

            Mas também gostaria de fazer uma reflexão a respeito do meu próprio Partido e das possibilidades que estão sendo objeto de diálogos e de conversas entre o Partido dos Trabalhadores, o Partido Socialista Brasileiro e o PCdoB, cujos respectivos Presidentes estão reunidos hoje com o Presidente do PT, Ricardo Berzoini.

            Ainda ontem, o Presidente do PMDB paulista, Orestes Quércia, teve um diálogo com o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o Senador Aloizio Mercadante e com o Ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, a respeito de possível entendimento entre o Partido dos Trabalhadores e o PMDB, que é o maior Partido brasileiro. Segundo foi noticiado, o Presidente Lula abriu ao PMDB a possibilidade, até que se encerre este mês de junho, de definições últimas, de ter um companheiro de chapa membro do PMDB.

            Nesses últimos dias, tenho refletido sobre isso e conversado com inúmeras pessoas. Inclusive, na noite de terça-feira, nós, Senadores do PT, tivemos um jantar, em que estiveram também presentes o Senador Romero Jucá, Líder do Governo, designado ontem, oficialmente, pelo Presidente Lula, e ainda os Senadores Antonio Carlos Valadares e Sérgio Zambiasi, que são da base de apoio do Governo ou pelo menos com ela têm muita afinidade.

            Naquela ocasião, externei para meus companheiros o que vou lhes dizer agora: se o PMDB, porventura, tomar a decisão de designar um candidato à Presidência da República - e, hoje, está por ser indicado o Senador Pedro Simon; se isso for realizado, teremos, obviamente, o maior respeito pela decisão do PMDB de tê-lo indicado, pois se trata de um dos Senadores mais respeitados nesta Casa e no Brasil -, que bom será para o Brasil haver alternativa para os brasileiros poderem também escolher o Senador Pedro Simon como candidato à Presidência junto aos demais. Externei a meus Colegas que, se for para haver essa coligação do PT com o PSB, com o PCdoB e com o PMDB, quem sabe até com outros Partidos...

            Senadora Heloísa Helena, desculpe-me se porventura a incomodo por falar alto das coisas que me vêm à cabeça, mas gostaria de...

            A Srª Heloísa Helena (P-SOL - AL) - As coisas que vêm à cabeça de V. Exª, meu querido amigo, companheiro, nunca me incomodam.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Está bem.

            A Srª Heloísa Helena (P-SOL - AL) - E V. Exª já sabe exatamente o que me incomoda.

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Está certo. Hoje, estou externando um sentimento, como tantas vezes o fiz, e sempre interagimos. E qual é este meu sentimento? Se for para considerar um candidato a Vice-Presidente, quero salientar, obviamente, que tenho todo respeito pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e por sua forma de escolher. Sua Excelência é a primeira pessoa que precisa escolher seu candidato a Vice-Presidente, porque se trata da importância de haver muito entrosamento entre o Presidente e o Vice-Presidente durante o período do mandato. Mas, se o Presidente da República avaliar que deve convidar novamente o Vice-Presidente José Alencar para continuar sua jornada juntos, muito bem, pois tenho também o maior respeito e consideração pelo Vice-Presidente José Alencar, que foi nosso colega aqui. Estarei apoiando ambos.

            Porém, se for para levar adiante a proposta de o PMDB estar junto com o PT - é claro que o Presidente Lula está refletindo a respeito -, digo aqui, para pensarmos juntos, com o Presidente, a sua escolha. Considero que o Senador Pedro Simon seria uma excelente alternativa. Se, porventura, o PMDB decidir não ter candidato próprio à Presidência e tiver a consideração de se unir ao Partido dos Trabalhadores, por inúmeras razões, avalio que o Senador Pedro Simon será uma ótima escolha.

            E que razões são essas? Pela afinidade que tivemos em toda a batalha pela democracia; pelo sentido republicano; pelo sentido de sempre olhar em primeiro lugar o interesse maior da Nação, da população brasileira; pela grande experiência que S. Exª acumulou nos anos em que foi Governador do Estado do Rio Grande do Sul e em que foi Senador por diversas vezes.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Sr. Presidente, Senador Romeu Tuma, só vou completar essas razões.

            Desde 1991, quando aqui cheguei, tive no Senador Pedro Simon uma das pessoas com maior afinidade comigo próprio e com respeito aos propósitos do Partido dos Trabalhadores. Sempre percebi no Senador Pedro Simon uma pessoa que fazia ao PT recomendações e, às vezes, críticas, mas como as de um amigo. O respeito e a admiração dele pelo PT e por iniciativas desse Partido podem ser ilustrados.

            Senador Cristovam Buarque, quando S. Exª aqui apresentou um projeto de lei - tendo vivenciado, em Porto Alegre, os méritos do Orçamento Participativo, colocados em prática pelos Prefeitos Olívio Dutra e Tarso Genro - para instituir, em nível de União, o Orçamento Participativo, com o apoio dos mais diversos segmentos e organizações da sociedade civil, interagindo com o Congresso e com o Poder Executivo, inspirou-se na experiência positiva que V. Exª também instituiu aqui como Governador do Distrito Federal. Inclusive, dei parecer favorável a esse projeto de lei.

            Quando era Presidente Itamar Franco, Betinho e D. Mauro Morelli fizeram proposições relativas à segurança alimentar, juntamente com o Presidente Lula, então Presidente de honra do PT. O Senador Pedro Simon ficou muito interessado e pediu-me que chamasse Luiz Inácio Lula da Silva, que veio ao meu gabinete. Tivemos uma reunião com o Senador Pedro Simon, então Líder do Governo Itamar Franco, e, disso, resultou em o Presidente Itamar Franco receber o hoje Presidente Lula, que, então, designou D. Mauro Morelli e Betinho para levarem adiante aquela proposta do Conselho de Segurança Alimentar, que se desenvolveu no Projeto Fome Zero e assim por diante.

            Nas inúmeras ocasiões em que o Senador Pedro Simon, durante este mandato, teceu críticas ao Governo do Presidente Lula, sempre o fez sob a forma de recomendação, para que o amigo errasse menos e caminhasse na direção correta.

            O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PFL - SP) - V. Exª precisa de muito tempo ainda, Senador?

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Já vou concluir, Sr. Presidente. Só vou conceder aparte ao Senador Cristovam Buarque e encerrar meu pronunciamento.

            Concedo, com muita honra, um aparte ao meu companheiro de Senado e de tantos anos de jornada, Senador Cristovam Buarque, amigo comum meu, de Pedro Simon e do Presidente Lula.

            O Sr. Cristovam Buarque (PDT - DF) - É verdade. Senador, uma das coisas que a opinião pública, o povo brasileiro e todos nós, seus colegas, mais admiramos em V. Exª é sua capacidade de analisar as coisas com abnegação, de examinar o problema com a seriedade de quem não está dentro do processo, e V. Exª está fazendo uma análise perfeita. Mas é preciso lembrar que o Senador Pedro Simon deve ser uma das dez pessoas mais preparadas, do ponto de vista moral, político e técnico, para ser Presidente da República. Por isso, S. Exª está mais do que preparado para ser Vice-Presidente também. Mas, para que S. Exª seja Vice do Presidente Lula, será necessário que um dos dois mostre mudanças, porque tem havido confrontos nos discursos dele em relação ao Governo do Presidente Lula. Qual é dos dois que vai mudar, para que um possa ser Vice do outro? Quando o povo brasileiro vê hoje a foto do ex-Governador Quércia com o Presidente Lula, muita gente se pergunta: qual dos dois mudou, para que se encontrassem? Talvez, os dois tenham mudado. E acho que mudança não é algo necessariamente negativo. Aliás, em geral, quando se muda para melhor, é algo positivo. Vamos supor que, no caso do ex-Governador e do Presidente, a mudança tenha sido para melhor. Mas como é que houve esse encontro? Como seria o encontro entre o Presidente Lula e o Senador Pedro Simon depois das discordâncias em relação às ações do Presidente manifestadas nos discursos a que temos assistido aqui? Como é que explicaríamos ao povo brasileiro esse casamento depois de tanto divórcio entre eles?

            O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP) - Senador Cristovam Buarque, ontem, quando fiz a sugestão por telefone ao Ministro Tarso Genro, S. Exª me disse: “Se o Senador Pedro Simon der um sentido programático a essa união...” Falo no sentido que V. Exª tantas vezes aqui prega: vamos colocar idéias, projetos e programas em ação! Se essa possível união pode ser feita no sentido de transformações republicanas, como tem sugerido o Senador Jefferson Péres - podem-se, quem sabe, até colher sugestões dos demais candidatos à Presidência, incluindo V. Exª, a Senadora Heloísa Helena e outros -, as coisas podem até avançar num sentido melhor. Tenho o maior respeito tanto por V. Exª, agora candidato à Presidência, quanto pela Senadora Heloísa Helena, também candidata à Presidência. Deixo isso como uma sugestão.

            Agradeço ao Presidente Romeu Tuma. Fica a sugestão, para que o Senador Pedro Simon, o PMDB, os meus companheiros e o próprio Presidente da República reflitam a respeito dessa sugestão.

            Obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/06/2006 - Página 18877