O SR. JOÃO RIBEIRO (Bloco/PL - TO. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Romeu Tuma, Srªs e Srs Senadores, ontem, abri o site mais visitado do Tocantins, que é o site do jornalista Cleber Toledo, por sinal o mais visitado do Tocantins e um dos mais visitados do Brasil, jornalista sério que procura fazer e faz um jornalismo imparcial e procura falar e mostrar aquilo que pensa. Não fiquei estarrecido nem assustado com o que ele denuncia no seu site, porque toda a população do Tocantins tem conhecimento do que está ocorrendo, lamentavelmente, no meu Estado.

            Desta tribuna ou daquela outra, não sei, mas de uma dessas tribunas, já denunciei que o Estado do Tocantins, hoje, vive um clima policialesco. O Tocantins é o Estado daqueles que se dizem democráticos, mas, na verdade, nunca se viu tanto autoritarismo, nunca se viu tanta perseguição como está vivendo a nossa população.

            Sr. Presidente, o título do site do jornalista Cleber Toledo, no dia 31/05/2006, às 12h15min39seg: “O Tocantins no ‘Show de Truman’”. Ele faz referência àquele filme de Jim Carrey, àquele filme que eu assisti e que muita gente assistiu também. No filme, um grupo de pessoas vive num local fechado, como se fosse um Big Brother. E ele está se sentindo assim no Estado do Tocantins, assim como a maioria da população.

            Lerei uma pequena parte do seu site - não terei tempo de ler tudo, porque quero ainda fazer alguns comentários.

            Imagine a cena: um sujeito invade o gabinete de um figurão do Tocantins e dispara uma frase do tipo “agora vocês vão saber quem é esse tal Cleber Toledo!”. Nas mãos, ele traz uma folha com a transcrição de uma conversa telefônica com críticas que fiz ao desempenho político de um setor público e de seus dirigentes. Segundo as inúmeras ligações que recebi de ontem para hoje, essa história surrealista aconteceu. Pelo que estou sendo informado, não sou o único a ser grampeado. Centenas de pessoas do Tocantins passam pela mesma situação de ter de viver sob liberdade vigiada. É o Estado num verdadeiro “Show de Truman”, o maravilhoso filme estrelado por Jim Carrey, que vive um personagem que tem suas ações filmadas a cada segundo.

            Ele descreve no seu site a situação que viveu e, mais à frente, faz a seguinte pergunta:

         O que a Polícia Federal está fazendo em relação a isso? Centenas e centenas de tocantinenses perderam o direito constitucional de privacidade, e o que vem sendo feito para impedir que esses criminosos continuem agindo?

            Ora, Sr. Presidente, o pior. O Cleber Toledo não faz acusação direta, não diz quem foi, mas toda a população do Estado sabe que são aqueles que estão hoje no Governo do Tocantins, lamentavelmente, que compraram equipamentos israelenses não sei de onde, que, segundo as más línguas e até as informações que temos, grampeiam 2.500 linhas de telefone em um único aparelho. Ele aqui fala que existe a denúncia, que tem alguém numa chácara gravando isso, gravando todos nós, políticos.

            Há poucos dias, visitando a residência do ex-Governador Siqueira Campos, meu correligionário político, S. Exª me dizia: “Senador João Ribeiro, tenho de mandar fazer varredura nos meus telefones quase semanalmente”. Há pouco eu falava com S. Exª - não lhe disse que trataria desse assunto hoje -, que me disse: “Senador, você sabe que está falando no telefone mais grampeado do Brasil”. Eu respondi: “É lamentável, Governador, porque não estamos tratando de nada que seja segredo”.

            Senador Gilvam Borges, não podemos discutir no telefone as questões políticas, as nossas estratégias. Eles estão colhendo informações a cada minuto, a cada segundo.

            Mais de quinhentos Líderes do meu Estado estão grampeados - até aqueles que são correligionários deles -, para saber se não estão se preparando para fazer o que eles fizeram, para traí-los como eles traíram, para fazer o papel de Judas como eles fizeram.

            É lamentável que vivamos hoje num Estado jovem, que tem sido exemplo para o Brasil em outros assuntos, como em relação a aspectos administrativos, pelo menos até o Governo passado, e tenhamos esse clima de censura, de tensão.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

            O SR. JOÃO RIBEIRO (Bloco/PL - TO) - Sr. Presidente, peço mais um ou dois minutos, se for possível, para que eu possa concluir.

            Há poucos dias, presenciei um fato ocorrido no Supremo Tribunal Federal, quando o Tribunal de Contas do Estado do Tocantins teve de recorrer àquele Tribunal para anular uma PEC que o Governo do Estado havia aprovado na Assembléia, onde ele detém 20 dos 24 Deputados Estaduais. Chegaram ao absurdo, Senador Romeu Tuma, de aprovar uma PEC amordaçando o Tribunal de Contas do Estado, porque mandou cancelar uma licitação viciada com indícios fortes de irregularidades. E, em vez de o Governo atender à determinação do Tribunal, mandou fazer uma PEC tirando os poderes do Tribunal de Contas do Estado. E o Tribunal de Contas recorreu ao Supremo Tribunal Federal, que, por dez votos a zero, devolveu os poderes ao Tribunal de Contas do Estado do Tocantins.

            Mas, Sr. Presidente, ouvi uma frase de um dos Ministros - e quem assistiu àquele julgamento sabe de quem estou falando: “Ao examinar essa Adin, pensei: “Que Estado é esse? O Tocantins deveria ser moderno, mas cheguei à triste conclusão de que esse Estado hoje é provinciano”.

            Que vergonha, Sr. Presidente, para um Estado novo, que deveria ser moderno, que deveria mostrar o novo, mostrar obras, mostrar coisas boas para o País, dar belos exemplos!

            Terei de voltar à tribuna em outra oportunidade, porque, lamentavelmente, o tempo não vai me permitir fazer outras denúncias sérias, como o desvio do dinheiro das aposentadorias do funcionalismo público, a denúncia sobre o Igeprev, feita aqui ontem pelo Senador Eduardo Siqueira Campos. É uma vergonha o que está ocorrendo no nosso Estado!

            Portanto, ficamos estarrecidos com tudo isso que está acontecendo.

            Por último, quero dizer ao jornalista Cleber Toledo que conte com a nossa solidariedade e o nosso respeito. O Cleber não tem nada a esconder, como ele diz no seu site. Ele tem uma vida aberta, é um moço simples, de poucas posses, mas que tem o respeito e a admiração de todos nós tocantinenses, até quando ele escreve alguma coisa contra nós. Um jornalista respeitado, Sr. Presidente, tem nossa consideração mesmo que a matéria seja contra nós, por um motivo ou outro, ou porque ele pense diferente daquilo que estamos pensando, ou porque ele tenha uma informação diferente do que está ocorrendo, e, às vezes, ele é levado a dar essa informação. Mas esse não é o caso do Cleber Toledo.

            Quero dizer ao jornalista Cleber Toledo que ele tem o respeito e a admiração de todos os homens e mulheres do Tocantins pelo excelente trabalho que realiza.

            Tenho certeza de que a Polícia Federal, que é séria, fará um trabalho para tirar a máscara daqueles que estão querendo viver o dia-a-dia investigando a vida da população tocantinense, voltando aos tempos da ditadura, lamentavelmente.

            Muito obrigado, Sr. Presidente.

            O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PFL - SP) - Senador João Ribeiro, como Corregedor, pedirei as notas taquigráficas do pronunciamento de V. Exª. É grave o problema da censura de um parlamentar. Encaminharei o caso pela Corregedoria, para que a Polícia Federal tome providências - tenho certeza de que já as está tomando - também em nome da Corregedoria do Senado.

            O SR. JOÃO RIBEIRO (Bloco/PL - TO) - Sr. Presidente, para concluir, agradeço o apoio de V. Exª como Corregedor desta Casa e um ex-diretor respeitadíssimo da Polícia Federal. Todos são bons, mas não sei se teremos outro Romeu Tuma na Polícia Federal.

            Todos vivemos assustados. Não podemos conversar nada. Ficamos preocupados, porque não sabemos o que eles estão gravando, o que estão juntando, o que estão fazendo. Não é gravação autorizada pela Justiça, é grampo ilegal!

            O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PFL - SP) - Senador, se um telefone dentro do presídio é uma arma, imagine na mão de alguém que, indiscriminadamente, vigia as pessoas sem nenhuma ordem judicial.

            O SR. JOÃO RIBEIRO (Bloco/PL - TO) - Sr. Presidente, veja a tristeza e a preocupação que vivemos com isso, uma vez que quem está usando maldosamente, covardemente, de forma desonesta, é exatamente quem detém o poder no Estado, que inventa algo contra alguém, para poder fazer uma gravação contra outra pessoa correta e séria e que está escutando a população do Estado o tempo todo.

            Então, vou deixar aqui essa matéria do jornalista Cleber Toledo, que representa o que pensa a grande maioria do povo do Tocantins. Não temos prova, lamentavelmente, mas a prova está aqui. Como alguém diz que vai desmascarar e mostrar quem é esse Cleber Toledo? Com uma gravação telefônica, com grampo ilegal, em um órgão do Governo do Estado.