Discurso durante a 72ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Ponderações sobre o crescimento do PIB brasileiro.

Autor
José Agripino (PFL - Partido da Frente Liberal/RN)
Nome completo: José Agripino Maia
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Ponderações sobre o crescimento do PIB brasileiro.
Publicação
Publicação no DSF de 02/06/2006 - Página 18898
Assunto
Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • CRITICA, EXCESSO, PROPAGANDA, GOVERNO FEDERAL, TENTATIVA, MANIPULAÇÃO, OPINIÃO PUBLICA, ESPECIFICAÇÃO, CRESCIMENTO, PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB), TRIMESTRE, COMENTARIO, INFERIORIDADE, INDICE, COMPARAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, NECESSIDADE, AUMENTO, INVESTIMENTO PUBLICO, ATUAÇÃO, CAPITAL ESTRANGEIRO, INVESTIMENTO, PRODUÇÃO, REGISTRO, OBSTACULO, POLITICA FISCAL, SUPERIORIDADE, TRIBUTAÇÃO.
  • PROTESTO, DEMORA, APROVAÇÃO, REFORMA TRIBUTARIA, REFORMULAÇÃO, LEGISLAÇÃO TRABALHISTA, CRITICA, GOVERNO FEDERAL, PROGRAMA ASSISTENCIAL, EFEITO, DEPENDENCIA, POPULAÇÃO, INSUCESSO, REFORMA AGRARIA, OMISSÃO, CORRUPÇÃO.
  • PROTESTO, IMPUNIDADE, PROPINA, MESADA, CONGRESSISTA.

            O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, eu gostaria muito de estar aqui aplaudindo o crescimento do PIB, do qual o Brasil pudesse se orgulhar no concerto internacional das nações. Todavia, não posso me calar quando o Governo, animado por um pequeno crescimento, deita falação para operar aquilo em que ele é mestre: o marketing; parecer o que não é.

            Sr. Presidente, venho aqui trazer números - números não mentem; números são números.

            O Governo está alardeando, com enorme ufanismo 3,4% de crescimento da economia brasileira em comparação com o último trimestre de 2005. É claro que é melhor do que 1%; é claro que é melhor do que menos 0,5%; é claro que é melhor do que 3%. Mas bem que poderia ser 10%.

            V. Exª balança a cabeça. Senadora Heloísa Helena, podia ser 10%. Podia ser 9%. Mas 10% ou 9%, quem é que conseguiu isso? Só as superpotências, só os países endinheirados? Não! Não! Os números não mentem. A China cresceu, no mesmo período em que o Brasil cresceu, aproveitando a mesma bonança internacional, 10,3%. O Brasil cresceu 3,4%; a China cresceu 10,3%.

            E quem é que cresceu 9%? Um país chamado Índia, com enormes problemas, com mais de um bilhão de habitantes. Um megaproblema chamado Índia cresceu 9,3%. Um país pobre, que vem crescendo em cima de níveis pequenos. E o Brasil está aqui se vangloriando de ter crescido 3,4%. Podia ter crescido 10%. E diriam: “Não; 10%, não dá!” Dá, sim; na China, deu! Então, 9%. “Não, não dá!” E digo: dá, sim, na Índia, deu! Então, vamos ficar com 5%, para raciocinar sobre países que estão crescendo e que apresentam número razoável sobre um crescimento que já vinha acontecendo. “Mas é difícil!” É difícil para o Brasil; para o México, não! O México cresceu 5,5% e já vinha crescendo bastante. São 5,5% de crescimento, lembrando um crescimento grande que já vinha acontecendo, e não como o Brasil, de 3,4%, sobre um crescimento pífio que vinha acontecendo.

            E os petistas e Lula ficam se vangloriando e passando isso na cara do Congresso Nacional? Para mim, não, Sr. Presidente! Os números não mentem, e aqui estou para trazer os números.

            Vamos a eles, vamos a mais outros números: Em 2006, qual a expectativa de crescimento do mundo? É de 4,5%. Qual é a projeção de crescimento do Brasil em 2006? É de 2,4% e, na melhor das hipóteses, 2,9%, 3%, contra 4,5% do mundo. E dirão: “Ah, não, mas a questão do crescimento do Brasil não é de conjuntura internacional, não! O Governo Lula é um Governo de craques”.

            Vamos fazer uma comparação, lembrando que os números não mentem. Vamos fazer uma comparação, nos três anos de Lula, entre o mundo e o Brasil. Nos últimos três anos, o mundo cresceu 4,75% - aí incluídos Biafra, Quênia, Suíça, México, Angola, Botsuana, Congo, Brasil, Paraguai, Argentina, Uruguai, Malásia, Ilhas Maldivas. O mundo todo cresceu 4,75%. E o Brasil, quanto cresceu? Dois e meio por cento, metade do que cresceu o mundo. E eles vêm se vangloriar? Não dá!

            Sr. Presidente, não venho aqui fazer avaliação crítica nem exibir números. O que venho fazer aqui é trazer, com a minha modesta palavra, a palavra de alerta. Enquanto não vararmos - como já foi hábito no passado do Brasil - os investimentos em mais do que 20% do PIB, não vamos crescer mais do que 4%. Ou se vara a faixa dos 20% de investimentos, ou o vôo de galinha vai ser permanente. E este Governo é craque em vôo de galinha, porque não sabe investir, não tem capacidade de operar a economia de forma a gerar dinheiro para investimentos com a poupança interna ou com a atração de investimentos externos.

            Por que não atrai investimentos externos? Lula não é um conversador, um andarilho, um homem que vive na Líbia, em Angola, em Doha? Por que ele não atrai investimentos se ele é o andarilho do mundo? Porque não faz o dever de casa.

            Qual é o dever de casa, Senador Geraldo Mesquita? Cumprir a palavra. Quais são os fundamentos que atraem com credibilidade os investimentos externos? Uma carga tributária decente, e nunca 38%. Aí não vem ninguém! Empresa privada não vai trazer investimento para um País que tem uma carga tributária de 38%, que come o lucro da empresa e a capacidade de crescer. E Lula só faz crescer a carga tributária!

            E não fez o dever de casa porque não aprovou a reforma tributária que fizemos no Senado e que está empacada na Câmara - está empacada na Câmara! - por falta de vontade política. Não faz o dever de casa. Mas, como? Por que não aprova nem manda, nem remete as reformas sindical e a trabalhista como prometeu; porque as agências reguladoras não estão disciplinadas. E quem é que vem para cá com um Governo que o que faz com as agências existentes é desmerecê-las, depreciá-las, desprestigiá-las, tirando delas o poder de mando que elas têm para merecer credibilidade, para atrair investimentos no setor elétrico, principalmente? O que nos falta? O que nos falta é o que sobra na China, na Índia, no México: são os fundamentos, são as reformas estruturais!

            Em compensação, fica aí o Governo Lula deitando falação: “Nove milhões de inscritos no Bolsa-Família”. Ótimo! Mas será que isso é obra para o Governo? Será que isso não é apenas dar o anzol? Não é produzir uma geração de dependentes? Será que isso não é uma perversidade: nove milhões de inscritos no Programa Bolsa-Família. “Não, mas ele é craque em fazer reforma agrária!” Reforma agrária com um milhão de acampados em barracas com cobertura de lona plástica? É isso? É nisso que este Governo é craque? Não; ele é craque em outras coisas, Senadora Heloísa Helena. Ele é craque em Waldomiro, em produzir Paulo Okamotto, em produzir José Dirceu, José Genuíno; ele é craque nisso: no padrão ético defeituoso.

            Faço este alerta para que o povo do Brasil reflita, raciocine e veja o outro lado da moeda. Tivemos alguns ganhos? Tivemos modestos ganhos. Podíamos ter tido ganhos muito maiores? É claro que sim! Para isso bastaria que crescêssemos, não digo como a China, nem como a Índia, mas como o Argentina, como o Paraguai, como o Uruguai; estaríamos muito melhor. O salário mínimo não estaria em R$350,00; estaria em R$580,00. Se tivéssemos crescido o que a Argentina cresceu nesses três anos, Lula teria podido cumprir a palavra dada ao povo brasileiro de dobrar o salário mínimo e nunca se vangloriar dos R$350,00 que deu, quando podia ter dado, sim, os R$580,00 com que se comprometeu.

            E o pior, o que mais me preocupa é que essa onda toda está ameaçando voltar. Não digo voltar ganhando eleição, não; digo voltar, porque aqueles, os do mensalão, aqueles que espertamente conseguiram se safar estão no Palácio do Planalto recebendo as benesses do Governo. José Dirceu está solto no meio do mundo. Os que foram liberados da acusação do mensalão, que estão comprometidos no Ministério Público e que a Câmara liberou, estão se preparando para voltar. Eles querem voltar para impor ao Brasil o vôo de galinha, para dar ao Brasil aquilo que o México não quis, aquilo que a China não quis, aquilo que os países emergentes, como o Brasil, não quiseram e fizeram diferente.

            Cabe-nos, pois, pedir a reflexão do povo brasileiro, mostrar os números e a verdade e dizer: chega Lula! Basta!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/06/2006 - Página 18898