Discurso durante a 57ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemorações pela passagem dos cento e oitenta anos do Senado Federal.

Autor
Magno Malta (PL - Partido Liberal/ES)
Nome completo: Magno Pereira Malta
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Comemorações pela passagem dos cento e oitenta anos do Senado Federal.
Aparteantes
Arthur Virgílio.
Publicação
Publicação no DSF de 12/05/2006 - Página 16105
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, SENADO.

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Senador Tião Viana, em exercício nesta sessão histórica, solene; Srªs e Srs. Senadores; Senhor Presidente da República em exercício Senador Renan Calheiros; eterno Presidente José Sarney; eterno Presidente desta Casa Antonio Carlos Magalhães; Ministra Presidente do Supremo, Drª Ellen Gracie, este momento se reveste de uma importância grande para todos nós. É o momento histórico em que se comemoram os 180 anos do Senado da República.

Tudo que tinha que se falar já se falou. Em sessão solene, é preciso ter muito cuidado para não repetir o que os outros já falaram sobre data, acontecimentos, nomes de pessoas. Quando fui Deputado Federal, eu tinha muito medo de ir à tribuna em sessão solene, porque, normalmente, resgatavam-se os currículos pela Internet e os oradores se sucediam falando a mesma coisa. Aqui é uma Casa de tamanho menor e há alguns mais privilegiados, como é o caso de ACM. Quando nasci, em Macarani, no interior da Bahia, ACM já era ACM; a marca do “carlismo” já tinha sua força, e minha mãe ajudou. E hoje, 180 anos de Senado, o filho daquela faxineira que sempre lhe deu um voto, é seu colega.

O Senador Suplicy e, antes dele, o Senador Arthur Virgílio - não vou aqui citar os nomes dos que aqui estão para não cometer erros - citaram nomes de figuras importantíssimas para a vida desta Nação, no momento em que viveram e que por aqui passaram. Mas a nós, os mais novos, esta Casa permite uma convivência e um aprendizado com aqueles que trazem consigo uma história e que dela fazem parte; são mais vividos e conviveram com esse passado mais distante. Eles trazem tudo isso na sua bagagem e contribuem muito para com todos nós.

Eu só posso citar Rui Barbosa, meu conterrâneo, baiano. Citando Rui, cumprimento todas as grandes e maravilhosas cabeças e oradores de que hoje tenho o privilégio de ser colega. Mas, Sr. Presidente, eu poderia citar alguns, sem diminuir os outros. Um dia eu disse aqui que, se é verdade que existe reencarnação e se a eloqüência viveu um dia e morreu, reencarnou em Arthur Virgílio. Quando vejo Mão Santa na tribuna, vejo um poeta de cordel.

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Senador, permite-me V. Exª um aparte? (Com assentimento do orador.) V. Exª diz isso de improviso, e o eloqüente sou eu?

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - Mas eu decorei.

É um poeta de cordel o Senador Mão Santa, um intelectual de muita leitura e que não tem a mínima preocupação com concordância; uma dose de ironia tremenda no que fala e consegue fazer um discurso que criou uma legião de fãs no Brasil.

Convivemos com dois imortais aqui. Isso é um privilégio muito grande. No momento em que se comemoram os 180 anos do Senado eu teria que dizer isso. Convivemos com dois imortais: Marco Maciel e José Sarney. E os dois imortais têm o privilégio de conviver com um ex-imortal, que sou eu. Houve época na minha vida em que eu não tinha onde cair morto; hoje eu já tenho.

Sr. Presidente, este momento se reveste de uma importância grande para a minha vida e para a vida do País. Nesta Casa democrática passam as grandes questões, as Comissões desta Casa discutem as grandes questões nacionais, muitos embates são travados neste Plenário, dos interesses nacionais às críticas construtivas ou destrutivas, seja como for, mas sempre dentro do embate daquilo que está proposto pela sociedade brasileira, como fazemos neste momento. Dizia o Senador Arthur Virgílio que vivemos um momento em que parece que os homens de bem são acuados, levados ao desânimo, o que se passa comigo neste momento, como se fazer política fosse a pior coisa neste País, em função do clima ruim, e aqueles que pensam na Nação se vêem empurrados para a vala comum, junto com aqueles que vêm para a vida pública para se esconder atrás de um escudo de imunidade para manter viva a posição dos seus interesses pessoais. Os episódios do “mensalão”, da Operação Sanguessuga, uma série de coisas que acontecem faz com que sejamos tratados como se todos fôssemos iguais.

Queira Deus sirva esta sessão de comemoração pelos 180 anos do Senado para revigorar todos aqueles de bem a não recuar da sua posição. Falo isso, Sr. Presidente, com base na minha experiência, em razão da tristeza e do desânimo que vivo. Espero que esta sessão e este momento histórico sirvam para que eu possa retomar minhas forças, porque estamos vivendo um momento em que parece que a sociedade esqueceu o real valor desta Casa, pois, em função das notícias que lhe são dadas, dos episódios que lhe são oferecidos e por conta da tecnologia, daquilo que lhe transmitem a internet e a televisão - o nosso amado Ministro das Comunicações, Senador Hélio Costa, ali está -, a sociedade toma conhecimento, convive, esbraveja, sofre, fica mal-humorada e nos empurra a todos para a vala comum, como se todos fôssemos iguais.

Esta sessão é histórica para o Brasil e muito significativa, especialmente para mim, por usar da tribuna por onde passaram grandes tribunos, homens de bem, de caráter e vida ilibada, que muito deram às suas famílias, aos seus redutos, aos seus Estados e ao País ao passar por aqui. Tomo este momento como de revigoramento para a minha vida, para o meu mandato, para que ainda possa oferecer o melhor dos meus dias para este País, para esta Nação e para as pessoas que ainda têm consigo um fio de esperança naqueles que têm uma visão de povo, uma visão de nação e que, deixando de lado os interesses pessoais, pensam unicamente no Brasil.

Parabéns ao Brasil, parabéns ao Senado, a todos os Srs. Senadores, a todos que não tive a oportunidade de citar os nomes por conta do tempo, pois, se tivesse tempo, eu o faria, porque tenho alguma coisa a falar sobre todos os homens de bem que têm acrescentado a minha vida. Agradeço ao Senador Antonio Carlos Magalhães, Presidente eterno desta Casa, ao Senador José Sarney, pela sua experiência, agradeço ao nosso Presidente, Senador Renan Calheiros, ao Senador Tião Viana, que preside esta sessão, por quem tenho grande apreço, e à nossa Ministra Ellen Gracie, um símbolo, que significa muito para a Nação, não apenas para as mulheres deste País, pela posição que ocupa, mas para todos nós, pelo caráter, pela vida e por tudo quanto tem representado para a Nação brasileira.

Obrigado, Sr. Presidente. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/05/2006 - Página 16105