O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pela Liderança do Bloco/PT. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente do Senado em exercício, Senador Tião Viana; Srª Ministra Ellen Gracie Northfleet, Presidenta do Supremo Tribunal Federal; Senadores ex-Presidentes do Senado, Antonio Carlos Magalhães e José Sarney, e outros Srs. Senadores; Senhor Presidente da República em exercício, Senador Renan Calheiros; quero agradecer a indicação à Senadora Ideli Salvatti para fazer um pronunciamento aqui sobre os 180 anos do Senado Federal e sobre o significado da História para todos nós brasileiros, sobretudo para aqueles que temos tido a honra de ser escolhidos para representar cada um de nossos Estados.

Quero dizer aqui uma breve palavra sobre o extraordinário significado de ser Senador. Aqui temos a honra e a felicidade de poder interagir com pessoas de extraordinária experiência, muitas das quais foram Governadores de Estado, Ministros de Estado, Presidentes da República, Vice-Presidentes da República, e aqui nós aprendemos extraordinariamente, uns com os outros, inclusive com aqueles que são de partidos os mais diversos, no espectro da vida nacional. E, tantas vezes, sobretudo esse contraste, faz-nos ver como é importante ouvirmos a palavra de quem tem pontos de vista diferentes e que é capaz de mostrar aspetos que, muitas vezes, nós não havíamos pensado.

            Ainda ontem, eu conversava com o Senador Marco Maciel, que, tendo sido Vice-Presidente da República, recordava-se de um episódio quando, em 1991, eu era o primeiro e único Senador do PT aqui e batalhava para que pudesse ser apreciado e aprovado no Senado o Programa de Garantia de Renda Mínima, hoje transformado no Programa da Renda Básica de Cidadania. Na ocasião, pedi-lhe que estudasse o projeto com atenção, e ele me disse: “Olha, Eduardo, eu gostaria que você não apenas transmitisse a mim, mas a toda a Bancada”. Então nos reunimos por uma hora e meia, no salão da Biblioteca, e eu tive, assim, como que a satisfação de ser ouvido por pessoas representantes do povo, que eram, em princípio, oposição. Mas tudo isso resultou em diálogo e compreensão e, posteriormente, quando o projeto foi transformado na Renda Básica de Cidadania, foi exatamente um Senador de um partido de oposição, do PFL, Senador Francelino Pereira, que falou: “Olha, Eduardo, é ótima, muito boa a idéia, mas vamos compatibilizá-la com a Lei de Responsabilidade Fiscal, introduzindo essa proposição gradualmente, começando pelos mais necessitados, até que todos venham a ter”.

Cito isso como um episódio de aprendizado de respeito mútuo entre Senadores de diferentes partidos, mas quero também saudar uma iniciativa do Presidente da República em exercício. Talvez muitos pensem, Senador José Agripino, Senador Arthur Virgílio, que, muito mais cedo do que V. Exªs esperavam, aconteceu a aceitação da proposta que fiz há poucos dias, aqui reiterada. Eu havia sugerido que o Presidente da República comparecesse ao Senado Federal, ouvisse os Líderes e depois nos transmitisse uma palavra sobre aquilo que considerasse adequado. Sugeri que o Presidente da República pudesse comparecer aqui e estabelecer esse diálogo - com certeza, será muito respeitado por todos os Senadores - porque, assim, poderíamos avançar muito nesse diálogo entre pessoas que pensam diferentemente, mas que podem contribuir para que os problemas sejam esclarecidos. E eis que o Senador Renan Calheiros, Presidente do Senado, mas hoje Presidente da República, comparece ao Senado Federal, está ouvindo os Líderes e daqui a pouco vai nos dizer algumas palavras. Portanto, parabéns por ser o pioneiro e por ter aceitado essa iniciativa.

Parabéns, portanto, ao Senado Federal pelos seus 180 anos!

Muito obrigado.