Discurso durante a 71ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro do entendimento político-partidário realizado hoje, entre o PFL e o PSDB, para o lançamento da chapa encabeçada pelo ex-Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, à Presidência da República. Voto de aplauso à brasileira Zildete Leite dos Reis, cozinheira, que depôs hoje na CPI dos Bingos. (como Líder)

Autor
José Agripino (PFL - Partido da Frente Liberal/RN)
Nome completo: José Agripino Maia
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO.:
  • Registro do entendimento político-partidário realizado hoje, entre o PFL e o PSDB, para o lançamento da chapa encabeçada pelo ex-Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, à Presidência da República. Voto de aplauso à brasileira Zildete Leite dos Reis, cozinheira, que depôs hoje na CPI dos Bingos. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 01/06/2006 - Página 18662
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO.
Indexação
  • REGISTRO, SOLENIDADE, COLIGAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), PARTIDO DA FRENTE LIBERAL (PFL), LANÇAMENTO, CHAPA, CANDIDATURA, GERALDO ALCKMIN, EX GOVERNADOR, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), PRESIDENTE DA REPUBLICA, JOSE JORGE, SENADOR, VICE-PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • COMENTARIO, DEPOIMENTO, COZINHEIRA, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), BINGO, TESTEMUNHA, COMPARECIMENTO, MEMBROS, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), RESIDENCIA, PROPRIEDADE, ACUSADO, CHEFE, CRIME ORGANIZADO, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), LAVAGEM DE DINHEIRO, FORMAÇÃO, QUADRILHA, ILEGALIDADE, PORTE DE ARMA, PARTICIPAÇÃO, HOMICIDIO, PREFEITO, MUNICIPIO, SANTO ANDRE (SP), ESTADO DE SÃO PAULO (SP).

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, vou procurar me ater aos cinco minutos, para fazer dois registros da maior importância.

O primeiro deles é que, hoje à tarde, no espaço físico da Câmara dos Deputados, na Comissão de Constituição e Justiça daquela Casa, numa bonita solenidade, firmou-se definitivamente o entendimento político-partidário, entre o meu Partido, o PFL, e o PSDB, para o lançamento da chapa composta pelo ex-governador Geraldo Alckmin, candidato a Presidente, e pelo Senador do nosso Partido, o PFL, José Jorge, candidato a Vice-Presidente.

A solenidade contou com a presença maciça de parlamentares do nosso Partido e do PSDB, com a vibração devida para uma chapa encabeçada por um homem que tem uma folha de serviços prestados ao Estado de São Paulo invejável, que tem um padrão ético recomendável. Além disso, me dá muito conforto estar ao lado de Geraldo Alckmin como meu candidato a Presidente e tendo José Jorge como candidato a vice-Presidente.

O segundo registro, Sr. Presidente, que quero fazer - e conversava há pouco com a Senadora Heloísa Helena - é um agradecimento de júbilo e de aplauso a uma brasileira modesta, pobre, mas muito digna, a quem aplaudi e volto a aplaudir da tribuna do Senado. É uma brasileira chamada Zildete Reis. Ela era cozinheira da casa do Comendador Arcanjo, um cidadão que está preso, acusado de crimes fiscais, financeiros. Zildete Reis abriu a boca - como ela disse, voluntariamente -, revoltada com o assassinato do seu irmão, que se supõe ter sido assassinado a mando do Sr. Arcanjo. Ela disse coisas que a mim trouxeram enorme estupefação, Senador César Borges. V. Exª não estava lá na CPI dos Bingos, entre as 13 horas e as 14 horas. Não foi dada nem muita divulgação ao depoimento da Srª Zildete, uma brasileirinha, como o Sr. Francenildo e como aquele Jack, funcionário do Bingo de Campinas que assistiu à conversa da trama da morte do assassinato de Toninho, o Prefeito de Campinas. A brasileirinha Zildete disse e repetiu, na caboclice das suas palavras, na coerência da construção dos argumentos que ela oferecia aos membros da CPI, em respostas sucessivas às perguntas que se faziam, e que ela não tinha nem muita capacidade de concatenar. O que ela tinha, sim, era a capacidade de dizer a verdade. A coerência da história que ela contou está na verdade, não na capacidade que ela pudesse ter de, dissimulando, contar uma historia bem contada. Não! Ela foi franca, sincera e corajosa. Por isso é que eu aplaudi! Ela está sob a proteção da Polícia Federal pelo fato de sua vida correr risco, pelo fato de ela ter dito, Senador César Borges, que, na casa onde ela trabalhava como cozinheira - do Arcanjo, que está preso -, compareciam o Sr. Antonio Palocci, o Sr. José Dirceu e o Sr. Paulo Okamotto. O Relator Garibaldi Alves Filho exibiu a fotografia das pessoas, e ela os reconheceu: “Este sim; este sim; este sim”. Não sabia o sobrenome de Paulo Okamotto; dizia: “Seu Paulo, um bacana que chegava de avião a jato”. Um jatinho. Para quê? Para pegar malas de di-nhei-ro! Ela dizia: “Aquelas malinhas pretas carregadas de dólar, de dinheiro”. Disse que Zé Dirceu saiu de lá com dinheiro; disse que Palocci saiu de lá - suponho, estou quase certo - com dinheiro e que Paulo Okamotto, com certeza - sim, senhor! -, saiu de lá com dinheiro.

Senador Flexa, lembra-se daquela história que Paulo Okamotto contou, de que pagou as contas de Lula? Lembra-se de que os membros da CPI há meses vêm tentando quebrar o sigilo bancário do Sr. Paulo Okamotto para ver de onde saiu o dinheiro com o qual pagou as contas de Lula e que ele insiste em não quebrar o sigilo? Hoje, Senador César Borges, ficou claro! Quem é que me assegura que o dinheiro não saiu daquele dinheirinho do Arcanjo, na malinha preta que a brasileira Zildete Reis disse que o Sr. Paulo Okamotto foi buscar no Mato Grosso, de fonte seguramente ilícita? Tanto que o doador, ou lavador de dinheiro, está preso. É o famoso Comendador Arcanjo.

Sabe o que ele disse mais, Senador César Borges? Que havia lá um rapaz chamado Joacir e que o Sr. Sombra... Lembra-se do Sombra, lá de Santo André? O homem que dirigia o carro blindado de onde foi arrancado Celso Daniel para ser seqüestrado e assassinado? Ela disse que ele esteve nessa casa. E disse mais: que o Sr. Joacir, o cidadão Joacir, teria ouvido, dentro da casa do Arcanjo, a conversa de pessoas tramando a morte do Prefeito Celso Daniel.

Senador César Borges, o que eu ouvi da Zildete, na caboclice de suas respostas, é que ali se reunia uma quadrilha. Que quadrilha? Uma quadrilha composta por um ex-Ministro, Antonio Palocci, por um outro ex-Ministro chamado José Dirceu, por um amigo pessoal pagador das contas do Presidente Lula chamado Paulo Okamotto e, de quebra, o Sombra. Todos reunidos lá.

            Eu posso deixar de apresentar um requerimento de presença do Sr. Joacir para que ele também vá lá? Eu posso deixar de votar num requerimento do Senador Alvaro Dias para que seja feita uma acareação entre as pessoas citadas - Palocci, Zé Dirceu, Paulo Okamotto - para ver as malinhas de dinheiro onde é que iam parar? Não tenho como. Eu tenho contas a prestar à sociedade brasileira. Eu tenho a obrigação de fazê-lo.

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN) - Encerrarei em seguida, Sr. Presidente.

Venho hoje trazer a minha indignação, porque algumas pessoas colocaram dúvida sobre o que a brasileira Zildete Reis disse hoje. Talvez pelo fato de ela ter cor parda, de ela estar modestamente vestida, com uma sandália baratinha, só por isso? Ela teve a coragem de dizer o que muito brasileiro bacana - como ela dizia - não teve nem de longe a coragem. É uma brasileira padrão, como Jack, como alguns que vieram depor, a começar pelo Francenildo. Brasileiros que, mais dia, menos dia, vão nos ajudar a colocar muito corrupto na cadeia e remover o pior dos males: a impunidade. Um instrumento permanente de fomento à prática do ilícito que é a impunidade.

Obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 01/06/2006 - Página 18662