Discurso durante a 74ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Preocupação com o Programa Bolsa Família e alerta ao governo federal no sentido da necessidade de profissionalizar a população.

Autor
Ney Suassuna (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: Ney Robinson Suassuna
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
EDUCAÇÃO.:
  • Preocupação com o Programa Bolsa Família e alerta ao governo federal no sentido da necessidade de profissionalizar a população.
Publicação
Publicação no DSF de 06/06/2006 - Página 19059
Assunto
Outros > EDUCAÇÃO.
Indexação
  • COMENTARIO, INAUGURAÇÃO, CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLOGICA (CEFET), ESTADO DA PARAIBA (PB), IMPORTANCIA, ENSINO PROFISSIONALIZANTE, MELHORIA, QUALIDADE DE VIDA, TRABALHADOR, REGISTRO, EXPANSÃO, CAMPUS UNIVERSITARIO, INSTALAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, CENTRO DE SAUDE, SETOR, ODONTOLOGIA, ATENDIMENTO, POPULAÇÃO CARENTE, MUNICIPIOS.
  • SOLICITAÇÃO, CRIAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, UNIVERSIDADE FEDERAL, TECNOLOGIA, OBJETIVO, QUALIFICAÇÃO, TRABALHADOR, CONSTRUÇÃO, POLO PETROQUIMICO, ESTADO DA PARAIBA (PB).
  • COMENTARIO, INEFICACIA, PROGRAMA, BOLSA FAMILIA, NECESSIDADE, QUALIFICAÇÃO, POPULAÇÃO CARENTE, ENSINO PROFISSIONAL.

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Srª Presidente.

Srª Presidente, Sras e Srs. Senadores, como é interessante nossa vida de Parlamentar. V. Exª em seu discurso, Srª Presidente, falou sobre a universidade tecnológica, exatamente o nosso assunto no final de semana na Paraíba.

Temos o Cefet em João Pessoa, que agora também está sendo aberto em Campina Grande, onde conseguimos que a Prefeitura fizesse a doação do terreno e do projeto. Foi uma doação de R$2,7 milhões para o projeto e de R$800 mil para o terreno.

Na quinta-feira passada, Senadora Ideli Salvatti, estivemos no Ministério da Educação agradecendo pelo Cefet de Campina Grande e pedindo que fossem cumpridas as promessas de Guarabira, e que também fossem beneficiadas Bayeux e Santa Rita.

Srª Presidente, só mesmo por meio da qualificação podemos melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores. Os Senadores de Santa Catarina pedem que o Cefet seja transformado em universidade tecnológica, e nós também pensamos em pedir o mesmo: que se crie mais um instituto de ensino superior, que também continuará com seu papel no nível médio. Isso também está sendo solicitado na Paraíba.

Essa foi uma idéia espetacular. A Paraíba tem as seguintes universidades: a federal de João Pessoa, conhecida como Universidade da Paraíba, a Universidade Federal de Campina Grande e o Cefet, que queremos transformar em universidade tecnológica. Também há no Estado algo muito interessante: a Universidade Corporativa, que era um antigo estabelecimento, as oficinas mecânicas do DNOCS. Quando fui Ministro, aquilo só nos dava trabalho, porque estava lá todo um acervo - tornos mecânicos, oficinas completas - e todos os dias sumiam peças, sumiam máquinas. Fizemos um acordo com a FIEP, que criou lá a Universidade Corporativa, que tem feito pesquisas, como é o caso da casa com todo o sistema integrado de eletricidade eólica e eletricidade solar. Portanto, uma casa muito econômica. Quando falamos hoje no projeto Luz no Campo, sabemos que ele é muito importante, mas quando uma casa está a 30, 40, 50 quilômetros, é uma unidade isolada, ela jamais vai pagar a conta pagando a sua mensalidade, que é muito pequena. Mas uma casa como essa não precisa receber todo esse investimento. Tudo isso foi feito lá na Universidade Corporativa, e está sendo um exemplo essa pesquisa. Fizemos um convênio com o governo alemão e também houve o apoio de várias outras instituições. A Universidade Corporativa está lá, formando pessoas, que saem de lá completamente resolvidas, porque saem direto para um emprego.

Esse progresso também ocorreu nas universidades. Este ano nós conseguimos abrir o campus de Cuité, o campus de Mamanguape, o campus de Pombal e ainda o campus de Rio Tinto.

Se V. Exª prestar atenção, verificará que os campi da Universidade da Paraíba e da Universidade de Campina Grande, as duas universidades federais, cresceram em quatro unidades. Já há um projeto de expansão para muito mais. Há anos sonhávamos com isso! Só conseguimos isso agora, neste começo de ano.

Foi um trabalho muito grande da Bancada, um trabalho muito grande meu e do Senador José Maranhão, mas nós conseguimos implantar mais quatro campi das duas universidades, que são grandes.

Mas eu vinha hoje pela manhã, Senador Antonio Carlos Magalhães, no avião, pensando sobre o Bolsa-Família, que, na Paraíba, está atingindo 350 mil famílias. Mas é uma ajuda que se entrega todos os meses, mas não tem maiores compromissos. Lembrava-me do tempo em que eu estava no Ministério da Integração e tínhamos um programa, Srª Presidente Ideli Salvatti, que era excelente, chamado Pronager, voltado para emprego e renda. E o que fazíamos no Pronager? Ensinávamos a fazer sabão, sabonete; a trabalhar com espermacete para fazer velas, artesanato; a fazer pão; a ser cabeleireiro; enfim, além de darmos o peixe, ensinávamos a pescar.

Acho que essa sugestão precisa ser levada ao Governo Federal. O Governo Federal está fazendo um trabalho incrível na área do Bolsa-Família, na escola etc., mas é preciso que cobremos uma ligação com o futuro, um aperfeiçoamento.

No caso do Bolsa-Escola, nós exigimos, entre outras coisas, que a criança esteja na escola, seja vacinada. Mas é preciso profissionalizar e qualificar. E esse é um trabalho que está abaixo do nível, por exemplo, das Cefets, das universidades, das escolas técnicas, porque se trata de fazer um trabalho de massa. E eu estou exatamente trabalhando nessa complementação, fazendo uma pesquisa do que já existe, porque os Ministérios, às vezes, têm dualidade de missões. Por exemplo, quando eu fui Ministro, eu vi que havia cinco Ministérios envolvidos na pesca. Outro exemplo é a previsão do tempo; há vários observatórios do tempo, quando tudo podia ser integrado e teríamos menos despesas e mais eficiência.

Então, é preciso que olhemos toda essa gama de trabalho para ver o que está sendo feito. Não se pode tapar o sol com a peneira. Quando se vai ao Vale do Piancó, ao sertão da Paraíba, à região do Cariri e de Curimataú e verificam-se os dados das pesquisas, vê-se que o Presidente Lula chega a ter 76% de aprovação. Hoje, no meu Estado, o Presidente tem 65% de aprovação, mas, nessas regiões mais carentes e mais vulneráveis, sua aprovação é de 76%. Por que tudo isso? Porque está olhando o pobre.

Nesta semana, inauguramos três clínicas odontológicas com o apoio do Governo Federal. Para não faltar com a verdade, isso já ocorreu, nos últimos dois meses, em seis cidades diferentes, onde o pobre, que tinha direito somente a arrancar o dente, agora pode obturar e fazer o tratamento de saúde bucal. Enfim, ele é tratado como gente. Já não é mais o banguela, que se livra da dor de dente, arrancando-o; ele trata dos dentes e faz até a profilaxia.

Isso é impressionante e se vê a repercussão disso no meio do povo. Eles não acreditam ao ver todos aqueles laboratórios, aqueles médicos, aqueles odontólogos à disposição, cuidando de uma área que, no Brasil, sempre foi muito descuidada.

Ao substituir V. Exª na tribuna, eu queria dizer como é incrível a nossa vida. Enquanto V. Exª, em Santa Catarina, corre atrás...

(Interrupção do som.)

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - ...da universidade tecnológica, nós, lá no outro extremo, na Paraíba, estamos correndo com o mesmo objetivo. Agradecemos pela nova Escola Técnica de Campina Grande, meta alcançada depois de muita dificuldade, muita promessa. Veja como é difícil conseguirmos uma obra como essa. Quando fui o Relator de um pedido de empréstimo de quase US$560 milhões para esse sistema, no Governo FHC, eu tive a promessa de que a Paraíba teria duas escolas. Agora, foi implantada uma escola; ainda está faltando a de Guarabira. Mas, neste momento, diante da abertura, temos uma promessa para Bayeux e para Santa Rita. Tivemos também uma extensão da universidade em Cajazeiras. Provavelmente, teremos cinco unidades que virão a formar essa universidade tecnológica.

Fico muito feliz e estou torcendo para que V. Exª consiga lá em Santa Catarina, porque tenho certeza de que V. Exª fará o mesmo torcendo por nós, da Paraíba, uma vez que o gap, a distância entre os dois Estados, é muito grande, seja pelo próprio solo, que é muito árido, seja pelas dificuldades que temos, já que o Nordeste está inserido em uma área que eu espero que mude.

No dia 28 de agosto, realizaremos um leilão de petróleo em Sousa, cotado em aproximadamente 15 mil barris/dia, o que causará uma verdadeira revolução naquela região.

Também descobrimos, Srª Presidente Ideli Salvatti, petróleo e gás na costa, na região de Touros - trata-se da mesma bacia potiguar - e na fronteira com Pernambuco. Sei que a Paraíba vai passar por essa explosão.

O Senador José Maranhão, eu e a Bancada de Deputados estamos lutando por um pólo petroquímico. Uma vez que Pernambuco vai ter a sua refinaria, nós queremos construir um pequeno pólo petroquímico na nossa região, porque, do outro lado, está a siderúrgica do Ceará, que será algo incrível. Só pelo canal que leva água passam 25 metros cúbicos por segundo, ou seja, é algo realmente sério que está sendo retirado do Castanhão. Com isso, os dois Estados crescerão muito.

O crescimento do Rio Grande do Norte já está bastante acelerado, por causa do petróleo, do sal, do turismo e do camarão. Porém, a Paraíba tem uma dificuldade. O nosso solo é inclinado para o lado do Rio Grande do Norte. Quando chove, a água corre para aquele Estado. Portanto, além de represar aquela região para não perdermos a água que cai em nosso território, precisamos realizar uma série de trabalhos mais difíceis, por se tratar de uma região mais árida.

Tenho certeza de que, nesse caminho, com essa luta que estamos travando para qualificar o nosso povo com os Cefets e a expansão da universidade, se conseguirmos fazer com que o Bolsa-Família tenha esse link para que também se ensine uma qualificação, um trabalho, uma profissão, haverá uma modificação no nosso Estado, com o petróleo e com o pólo frutífero que também iniciaremos na várzea de Sousa.

Então, perspectivas nós temos. Esperança, temos que continuar a ter, e temos certeza de que vai dar tudo certo. É como aquela música: “Vai dar tudo certo, vai dar tudo certo”.

Mas a nossa pressa se impõe por causa do tempo perdido. Nós perdemos muito tempo. O Brasil tem condições, mas nós não podemos mais perder tempo. Temos que parar com o blá-blá-blá e passar para a execução. E esta é a nossa obrigação: cobrar a execução.

Então, ao mesmo tempo em que, na quinta-feira, agradeci ao Ministro a Escola Técnica de Campina Grande, queria dizer que nós precisamos de mais expansão, seja na área universitária, seja na área dos Cefets, para, junto com as três universidades - a estadual, a federal de Campina Grande e a federal da Paraíba -, A Universidade Corporativa e, se Deus quiser, a tecnológica, podermos dar ao nosso povo mais instrução e mais futuro.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/06/2006 - Página 19059