Discurso durante a 77ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Participação, amanhã, de congresso sobre a infância, em Brasília. A importância da candidatura da Senadora Heloísa Helena à presidência da república. Reflexões sobre as próximas eleições.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA SOCIAL. ELEIÇÕES. POLITICA PARTIDARIA.:
  • Participação, amanhã, de congresso sobre a infância, em Brasília. A importância da candidatura da Senadora Heloísa Helena à presidência da república. Reflexões sobre as próximas eleições.
Publicação
Publicação no DSF de 09/06/2006 - Página 19849
Assunto
Outros > POLITICA SOCIAL. ELEIÇÕES. POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • ELOGIO, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, PATRICIA SABOYA, SENADOR, PRIORIDADE, DEFESA, INFANCIA, EDUCAÇÃO, NECESSIDADE, ATENÇÃO, EDUCAÇÃO PRE-ESCOLAR, COMENTARIO, IMPORTANCIA, ADOÇÃO.
  • SAUDAÇÃO, HELOISA HELENA, SENADOR, CANDIDATURA, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, PROCESSO, TRANSFORMAÇÃO, BRASIL.
  • ANALISE, VIOLENCIA, ATUAÇÃO, CRIME ORGANIZADO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), INVASÃO, SEM-TERRA, DEPREDAÇÃO, CONGRESSO NACIONAL, COMENTARIO, PESQUISA, OPINIÃO PUBLICA, PROTEÇÃO, RESPONSABILIDADE, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • COMENTARIO, REVISÃO, DECISÃO, TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL (TSE), FLEXIBILIDADE, COLIGAÇÃO PARTIDARIA, ESTADOS, APREENSÃO, SITUAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), RETROCESSÃO, DEBATE, APRESENTAÇÃO, CANDIDATO, ELEIÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, CRITICA, LOBBY, LIDER.
  • ANALISE, DIFICULDADE, ADMINISTRAÇÃO, ESTADOS, MUNICIPIOS, CENTRALIZAÇÃO, RECEITA, UNIÃO FEDERAL, PREJUIZO, FEDERAÇÃO.
  • QUESTIONAMENTO, ATUAÇÃO, RENAN CALHEIROS, JOSE SARNEY, NEY SUASSUNA, SENADOR, LIDERANÇA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB).

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Sérgio Zambiasi, justiça seja feita e que V. Exª seja o Presidente da Comissão do Mercosul, que trará o funcionamento do Congresso no Mercosul. É uma missão histórica que V. Exª está levando com muita categoria, e eu o felicito com muito orgulho.

Vejo, neste final de sessão, na Mesa, o Senador Sérgio Zambiasi e, ali, duas moças a quem poderíamos fazer as mais variadas interpretações. Quem seriam elas? Uma mais bonita que a outra. Estilos diferentes, mas grandes lideranças e que fazem, neste Senado, talvez os papéis mais bonitos que possamos ter.

Amanhã estarei no Ginásio Ulysses Guimarães para assistir ao pronunciamento de abertura da Senadora Patrícia num congresso extraordinário sobre a infância - assunto que S. Exª tem feito talvez a razão número um de sua presença nesta Casa. E vejo com um carinho muito grande. Assim como lembro o Paim na questão de certos problemas que ele levanta e que nunca eram levantadas antes, V. Exª está trazendo aqui realmente questões que não se ouviam com a profundidade, com o conteúdo e com a sinceridade que V. Exª fala.

Nós temos lá, no nosso bloco do Senado Federal, uma nova vizinha, que é a filha da Patrícia, que, segundo me diz a Heloísa, herdou a personalidade, a firmeza e é um exemplo magnífico e emocionante que nos apresenta essa querida Senadora.

A minha mulher fez o mesmo, nós estamos com uma guriazinha moreninha de dois anos. A babá do Pedrinho ficou grávida e a Ivete adotou a babá e a filha da babá. E vejo que não há sentimento mais espetacular - e acho que a Patrícia pensa isso, como eu - do que se ver uma criança e perceber que o futuro dela seria uma favela ou não sei o que e, de repente, não mais que de repente, poder transformar o futuro dela. Você dá vida, você faz com que surjam oportunidades.

Vivo dizendo isto: o Brizola, que, na minha opinião, foi a pessoa que mais cuidou da educação no Brasil, que mais se apaixonou pela educação no Brasil - quando governador do Rio Grande do Sul foi espetacular e, no Rio de Janeiro, mais ainda -, e o próprio Darcy Ribeiro, que era o seu orientador principal, previu os Cieps, onde as crianças entravam apenas aos sete anos. Mas e de zero a quatro anos? De zero a seis anos? Essa é a idade em que a personalidade da criança é formada e os nervos do cérebro começam a funcionar ou não funcionam nunca mais. Depois dos sete anos, podemos passar fome por um ou dois dias, mas isso não altera em nada a nossa personalidade e a nossa vida; não modifica nada. Claro que vamos passar fome, mas não haverá danos. O cérebro da criança até os sete anos vai-se formando. E aí ele vai-se formar metade viva e metade não. Vamos ter uma criança pela metade para o resto da vida. Não existe solução, não existe alteração, nem modificação; ela pode comer e viver extremamente bem o resto da vida, mas o seu cérebro já estará comprometido.

Por isso, não vejo nada mais bonito na vida do que se adotar uma criança. Por isso, quando falam que o meu amigo Garotinho tem mil defeitos - não me importa se os tem ou não; eu acho que não os tem -, mas há algo nele para que eu tiro o chapéu...

E isso não foi agora, por ser ele um político; ele era locutor de rádio, tinha quatro filhos e adotou cinco. Isso não tem preço! Cá entre nós, isso não tem preço!

Mas do outro lado está a Senadora Heloísa. Olha, nós estamos vivendo, sem nos dar conta, um momento muito importante neste Congresso Nacional, que é a candidatura da Heloísa. Eu acho que a Heloísa está representando aqui um papel que haverá de ser um papel de transformação da sociedade brasileira.

Se eu tivesse força no PMDB, eu traria a Heloísa para o Partido para ser a nossa candidata, e ganharíamos estourado. É claro que nós conversaríamos, sentaríamos a uma mesa e eu diria: “Heloísa, não é por aqui”. Lembro-me de uma vez que ela veio com uma camiseta escrito “Não ao Bush”. E eu disse: Heloísa, não pode. Aí ela me respondeu: “Mas V. Exª está aí abrindo as baterias contra o Bush”. Mas eu não sou candidato; você pode ser e vai ganhar. E aí como é que vai discutir com o Bush? Ele vai dizer que V. Exª estava com uma camiseta repelindo-o.

Isso nós acertamos. Mas a pureza, a dignidade, a seriedade, a grandeza de espírito... olha, minha querida Heloísa, é sensacional!

Tenho andado por este País e vejo o carinho com que as pessoas falam de V. Exª e de sua candidatura. E quando eu digo para eles que este é um País que, infelizmente.... Dêem oito minutos para Heloísa na televisão para ver o que é que acontece. Dêem oito minutos para Heloísa na televisão, podem dar meia hora para o Lula e vinte minutos para o candidato do PSDB. Não dão, o problema é que não dão!

Estamos caminhando para uma eleição que não sei no que vai dar.

Vi o que aconteceu esta semana no Congresso Nacional. Vim para esta tribuna dizer que o que aconteceu em São Paulo não foi um acontecimento vulgar.

Para minha alegria, Sr. Presidente, lá está meu filho, Tiago. Aquela é Heloísa, de quem falo tanto; e aquela é a nossa querida companheira. V. Exªs já o conhecem. Está ali, todo importante! A esposa dele passou no mestrado. Então, é catedrática. Ele está feliz. E está certo!

Eu dizia que o que ocorreu em São Paulo não foi um acontecimento vulgar - minhas amigas estão dizendo que tenho que arrumar o cabelo! Aquilo era o início de um movimento da organização oficial da máfia no Brasil. Foi o que aconteceu em São Paulo. E, como disse o jornalista, não sei se houve um acordo com o Governador de São Paulo para acabar com a violência ou não houve. O que sei é que eles acabaram quando quiseram, o que significa que eles retomam também quando quiserem.

E o que aconteceu aqui? E o que aconteceu aqui? Meus Deus! A televisão mostrou que as pessoas estavam preparadas, que vieram de lugares diferentes, reuniram-se e prepararam tecnicamente a maneira de agir. E o amigão do Lula - como o Lula tem amigos complicados, meu Deus do céu! - era o chefe da coordenação.

Filmaram. Para mim, eles só podem ter filmado e entregue a fita de propósito! Quem filmou? Um deles que veio aqui estava com o filme no bolso, com o filme que mostrava as reuniões preparatórias.

Cá entre nós, para mim aquilo não foi um fato isolado. Não me surpreende se aquele episódio estiver ligado ao movimento de São Paulo, como outra fórmula de aparecer. Isso não seria surpresa para mim.

Esses fatos estão mostrando para onde estamos caminhando.

Li sobre duas manifestações que ocorreram hoje: uma dizendo que 80% das pessoas que foram ouvidas disseram: “Bem feito! O Congresso Nacional merece mesmo ser apedrejado”. E a outra, embora as pessoas fossem do PT e o coordenador, da Executiva Nacional do PT, disse: “Não, o Lula não tem nada a ver com isso”. “Você acha que o Lula não tem nada a ver com isso?” “Não, não tem nada a ver com isso”. “Mas você acha que o Lula não tem nada a ver com essas coisas que estão acontecendo no Brasil?” “Não tem nada a ver com isso”. Conte-me uma coisa: e se fosse filmado um episódio em que o Lula aparecesse invadindo e roubando um supermercado, o que você diria”? “Ele está pegando comida para dar para os pobres”.

Esse argumento é para mostrar que nada pega contra o Lula. Se o Lula aparecesse na televisão roubando comida, o povo ia dizer que ele estava levando comida para dar para os pobres, coitadinho! Realmente, nada pega contra o Lula. Essa é a grande verdade.

A grande verdade é que está havendo - e este é o lado ruim - um debate PSDB/PT; Fernando Henrique/Lula. Ninguém se lembra com carinho do Fernando Henrique. E o mal do Alckmin não é o Alckmin. Eu gosto muito do Alckmin, ele foi um grande Governador. O Alckmin não é da ala do Fernando Henrique, é da ala do Covas; e o Covas é uma pessoa espetacular. Ele que devia ter sido Presidente da República. O Covas é o Covas, é um homem de Esquerda, progressista, um extraordinário companheiro. Lamentavelmente, não foi ele. O Alckmin é um homem do Covas, mas, na imprensa, ele aparece como sucessor do Fernando Henrique. Esse é o problema. Entregar o País para o Fernando Henrique? Não!

Por isso, creio que deve aparecer outra candidatura. A Senadora Heloísa Helena, logo, logo, estará com 15 a 20% dos votos. É natural, pelas suas qualidades, de um lado, é verdade; mas, pela raiva do povo, do outro lado. Isso também é verdade.

E nós, do PMDB?

Felizmente, ontem, houve uma reunião muito importante do PMDB. No meio da decisão do Tribunal Superior Eleitoral, que pegou todo mundo na contramão, aquelas pessoas, como o Dr. Sarney, como o Dr. Renan, que já estavam praticamente compromissadas, pararam para pensar.

O SR. PRESIDENTE (Sérgio Zambiasi. PTB - RS) - Senador Pedro Simon, quero apenas, se me permite interrompê-lo, informar que o TSE acaba de rever a interpretação da verticalização, realizada na terça-feira, que restringia as coligações.

É a informação que estamos recebendo agora e, posteriormente, seguramente, toda a imprensa vai noticiar. O placar, desta vez, foi de sete a zero, revertendo a situação da última terça-feira.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Quer dizer, anulou a decisão da última terça-feira?

O SR. PRESIDENTE (Sérgio Zambiasi. PTB - RS) - Sim. O TSE, portanto, reviu a interpretação da verticalização, que restringia as coligações.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - É! O Dr. Renan, o Dr. Sarney e o Dr. Antonio Carlos têm força. Não sei se foram em nome do Senado, mas foram lá, falando pelo Senado. O Presidente do Tribunal disse que ia estudar, que ia analisar, e que, se fosse o caso, ele teria coragem de rever a situação.

Já não sei o que vai acontecer amanhã! Já não sei se os membros governistas do PMDB irão para a reunião de segunda-feira, marcada pela Executiva, com todas as Lideranças do PMDB no Brasil, para escolher uma fórmula de entendimento. Não sei, com essa decisão, o que acontecerá.

Eu tinha achado a decisão importante. Dura, sim, mas importante. Ela obrigava os Partidos a terem que se identificar.

Se o PMDB quisesse fazer acordo com o PT, que fizesse. Mas não o PMDB fazer acordo com o PT para Presidente da República, e o Dr. Sarney votar na filha dele, Roseana, do PFL, para Governadora do Maranhão, e votar no candidato do Partido Socialista para Governador do Amapá. E não o PMDB de Pernambuco votar no PSDB e no PFL para governador e para Presidente da República, no Lula. É essa a decisão que o Tribunal tinha tomado.

Realmente, a força que pressionou foi muito grande.

Eu estava na expectativa, e a expectativa que eu tinha era de dizer que o PMDB poderia, na reunião de segunda-feira, tomar uma posição muito importante: apresentar uma terceira via que representasse um pensamento diferente do do PSDB e do PT.

Deixei muito claro, na oportunidade, que a minha candidatura não seria obstáculo para se buscar o entendimento. O meu nome estava colocado a Presidente da República com um sentimento: o da candidatura própria. Mas, se o Dr. Sarney, o Dr. Renan, se o Partido se reunisse em torno de um nome - e citava o Governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos -, poderia ser. Poderia ser. Se nos reuníssemos e chamássemos a Oposição, de repente, teríamos aí uma grande candidatura que representasse a sociedade brasileira.

Eu acho, com toda sinceridade, que o PMDB não pode desempenhar esse papel triste e melancólico. Vejam que o nosso amigo Renan diz que temos que eleger Governador, mas apóia o PSDB em Alagoas. O Dr. Sarney diz que o papel do PMDB é eleger Governador, mas apóia a filha no Maranhão e o candidato do PS no Amapá. Assim, fica difícil de entender ou de compreender.

O Jader Barbalho, o todo poderoso ex-presidente do Partido, diz que quer um Partido forte, mais apóia o PT no Pará. Então, que fórmula é essa de ter um Partido forte?

O engraçado é que, no PMDB, os Estados que têm Governador ou que têm candidato a Governador querem candidato a Presidente da República. O Rio Grande do Sul tem Governador, tem candidato a Governador e quer candidato a Presidente da República pelo PMDB. Santa Catarina tem Governador, tem candidato a Governador e quer candidato a Presidente da República. No Paraná, o Requião é Governador, é candidato à reeleição e quer candidato a Presidente da República. O Rio de Janeiro tem Governador, quer Governador e tem candidato a Presidente da República.

Os que querem candidato a Presidente da República têm candidato a Governador. Os que não querem candidato a Presidente da República e desejam fortalecer o Partido elegendo os Governadores não têm candidato a Presidente da República. Não tem explicação.

Cá entre nós, vamos ser sinceros: eu fui Governador de Estado e, quando isso aconteceu, não havia a Lei Kandir. Eu recebia o dinheiro das exportações, porque elas pagavam ICMS. O Rio Grande do Sul está deixando de receber R$1 bilhão por ano, por causa da isenção das exportações. São R$4 bilhões que o Rio Grande do Sul está deixando de receber, no Governo Rigotto, e o nosso querido Presidente da República dá zero na compensação. Zero na compensação!

Estamos vendo os Prefeitos chorando por migalhas. Eles vieram aqui e fizeram uma solenidade espetacular para o Presidente Lula, que foi quase carregado como herói porque prometeu aumentar 1% do retorno aos Municípios. Um por cento do retorno aos Municípios! Os Municípios receberam aquilo como água benta caída do céu e endeusaram o Lula. Não foi aprovado e não o será.

Os Prefeitos estão mendigando, Senador. Dá pena de ver um Prefeito. Prefeito que quer fazer alguma coisa, dos quatro anos, passa um ano entre a capital do seu Estado e a Capital da República.

E o Governador? Governador já foi gente importante. Eu até que era importante quando era Governador. Eu vinha aqui e os caras me recebiam. Eu vinha aqui e o Sarney me recebia, os Ministros me recebiam. Eu era o Governador do Rio Grande do Sul. Mas, hoje, ninguém liga para ninguém. Governador não toma conhecimento, ninguém toma conhecimento de nada. O Presidente vai para o interior, não comunica ao Governador que está indo, que não está indo, o que está fazendo ou deixando de fazer.

Num Estado como este, em que temos que mudar o pacto federativo, em que temos que mudar a organização da sociedade brasileira, vêm os nossos amigos e dizem: “Eleger o Presidente não é importante. Importante é eleger o Governador e um prefeitozinho ali”. Não é sério, tchê! Não é sério! É algo que choca a opinião pública brasileira.

Quando penso no Teotônio, no Uysses, no Tancredo, no Covas, no que foi o nosso Partido, no papel que desempenhamos, fico a pensar na nossa missão de hoje.

O Garibaldi, que saiu daqui, teve um trabalho fantástico como Relator. O nosso Relator na CPMI dos Correios foi sensacional, não há como discutir; mas a Bancada do PMDB, o Líder fez questão de não indicar. Eu, por exemplo, não fui indicado para Comissão nenhuma, nem para titular, nem para suplente. E, como eu, muita gente não o foi. A atuação da Bancada na CPMI foi dramática. Foi dramática! No entanto, o PMDB é um Partido que tem a sua história e a sua responsabilidade.

Andei com o Rigotto, candidato a Presidente, pelo Brasil inteiro. Na sua terra, em Alagoas, em que o Renan é contra, é impressionante como o povão estava todo conosco. O povo estava todo conosco! Até o irmão dele esteve presente. O povo de Alagoas quer eleição direta e quer candidato a Presidente da República.

Lá na sua terra, no Ceará, onde o ex-Ministro também não quer candidatura, a nossa reunião foi impressionante. O pessoal quer candidatura.

Agora, o que está acontecendo? Está acontecendo que, hoje, está muito difícil eleger, principalmente dentro do Governo. O PT vai chegar aqui com metade da Bancada. O MDB pode até chegar com uma grande Bancada, mas renovada. Vem para cá com gente nova. Gente que está aqui é muito difícil voltar. Então, essa gente está no desespero.

Estão lá o Dr. Renan, o Dr. Sarney, o Dr. Suassuna, o Líder na Câmara. Se for preciso uma emenda, são eles que dão. Se for preciso um pedacinho de estrada ou um pedacinho de construção de escola, são eles que dão. Então, não posso nem criticar esse Deputado. É quase uma questão de sobrevivência. É mais triste o que oferece do que o que recebe.

Dentro dessa situação, o PMDB vive o momento atual.

Eu gostaria de saber quantos cargos o PMDB tem e quem os indicou. Eu já digo que a Bancada do PMDB no Senado não indicou ninguém. Nunca houve uma reunião para escolher nome. A Bancada do PMDB na Câmara não indicou ninguém. Nunca houve reunião da Bancada para indicar um nome. A Executiva Nacional não indicou ninguém. Nunca houve reunião da Executiva Nacional para indicar ninguém.

Em nome de quem falam o Senador Renan, o Senador Sarney, o Senador Suassuna quando vão falar com o Presidente, eu não sei. Eu sei que eles conseguem. É nesse estilo que eles estão avançando.

Eu fico me perguntando se o nosso bravo Presidente Lula não deve estar falando com os seus botões: “Eu estou certo, eu estou com 70% de aprovação”. Mas há uma pergunta a ser feita: como pode estar com 70% de aprovação se 86% do povo diz que é um País de corrupção e nada se faz para combatê-la? Nós, do Senado, somos responsáveis pela corrupção? O que o Presidente da República fez até hoje para combatê-la? Apesar disso, a sua pesquisa vai lá em cima.

É verdade que nunca vi tanta propaganda. Nunca vi a televisão tão apaixonada pelo Dr. Lula e pelo Governo como agora. E está melhor. Não sei se, por fora, o ex-coordenador da campanha, o chefão da campanha de quatro anos atrás, que agora foi expurgado, Duda Mendonça, não está colaborando, porque a campanha está muito competente. Atualmente, há uma mistura na televisão: é possível ver “Governo somos todos nós”, é futebol, é Lula. Quando se vai dormir, ninguém sabe se sonha com Lula, com futebol ou com não sei o quê. Mas é um arranjo espetacularmente bem feito.

É claro que torço para o Brasil ser campeão, pelo amor de Deus! Embora na Comissão de Relações Exteriores, hoje, quando interpelamos o Embaixador que está indo para a Coréia, eu perguntava para S. Exª: “Quando é que o nome do senhor será posto em votação no plenário do Senado? O seu nome foi votado hoje na Comissão. Na semana que vem, terça-feira, joga o Brasil; quinta-feira é feriado”. E eu disse: “O senhor tem de ver. Já imaginou se, Deus nos livre, o Brasil perder para a Coréia e o seu nome for para o plenário na sexta-feira? O senhor vai levar um pau danado, pois será culpado de termos perdido para a Coréia”.

Mas eu torço para o Brasil ganhar.

A exploração que estão fazendo do futebol, como se o futebol fosse um esquema de Governo, dá uma raiva na gente realmente exagerada. Olha, eu falo do fundo do meu coração: eu não sei o que faremos depois desta eleição. Tenho falado com muita gente, e temos de sentar à mesa e conversar. Temos de sentar à mesa e conversar. Não nego que tenho medo se o Lula ganhar. Eu, que rezei por ele, pela sua vitória, acreditava que o Lula era a salvação do Brasil, que tinha chegado a nossa hora. Ele e os petistas que haviam saído da sacristia da Igreja da Sé com as bênçãos do Cardeal Dom Evaristo, debaixo da saia do Cardeal, para vir salvar o Brasil. E deu no que deu. Agora, fico a me perguntar quando ele for reeleito.

Vimos isso com o Fernando Henrique. Quando foi reeleito, ele fez as privatizações. Se formos olhar os quatro primeiros anos do Fernando Henrique, esse período foi razoável, tanto que ele terminou se reelegendo. Ele terminou se elegendo, de novo, contra o Lula! Por quê? Porque os primeiros quatro anos foram razoáveis. Foi nos últimos quatro anos que ele vendeu a Vale do Rio Doce - vendeu não, deu de presente -, que os escândalos aconteceram. Foi nessa época que as coisas aconteceram.

Não sei o que será um segundo Governo do Lula. O que sei é que temos de ter resistência para estarmos juntos. Pode acontecer um milagre, e acredito em milagre: de repente, não mais do que de repente, a sociedade brasileira se esclarecer.

V. Exª tem um papel muito importante, Senadora Heloísa Helena. V. Exª tem de ser mais branda. V. Exª tem de deixar externar o amor que tem no coração. V. Exª tem de pensar menos no Lula, no PT, nessa gente que está aí. V. Exª tem de pensar mais no que temos de fazer para o Brasil de amanhã. Acho que é por aí, porque a briga vai ser entre o PT e o PSDB. Um vai dizer do outro o que tem de dizer. E todos vão dizer a verdade. O que um fala do outro é verdade; o que o outro fala do outro também é verdade. Que V. Exª aponte outro caminho.

Recebi ontem um pensamento que achei magnífico:

Ninguém é tão forte que nunca

tenha chorado.

Ninguém é tão fraco que nunca

tenha vencido.

Ninguém é tão auto-suficiente

para nunca ser ajudado.

Ninguém é tão inválido que

nunca tenha contribuído.

Ninguém é tão sábio que nunca

tenha errado.

Ninguém é tão errado que nunca

tenha acertado.

Ninguém é tão corajoso que

nunca teve medo.

Ninguém é tão medroso que

nunca teve coragem.

Conclusão: Ninguém é tão

alguém que nunca precisou

de ninguém.

Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/06/2006 - Página 19849