Discurso durante a 79ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Solicitação ao governo federal para que volte a equalização aos plantadores de cana-de-açúcar. (como Líder)

Autor
Ney Suassuna (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: Ney Robinson Suassuna
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA AGRICOLA.:
  • Solicitação ao governo federal para que volte a equalização aos plantadores de cana-de-açúcar. (como Líder)
Publicação
Publicação no DSF de 13/06/2006 - Página 19981
Assunto
Outros > POLITICA AGRICOLA.
Indexação
  • ANALISE, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, EXPANSÃO, INDUSTRIA, EMPRESA DE AÇUCAR E ALCOOL, SAIDA, EMPRESARIO, ESTADO DA PARAIBA (PB), ABERTURA, USINA, ESTADO DO TOCANTINS (TO), ESTADO DE GOIAS (GO), MECANIZAÇÃO, COLHEITA, CANA DE AÇUCAR, REDUÇÃO, EMPREGO.
  • REGISTRO, DADOS, REDUÇÃO, NUMERO, ASSOCIADO, ASSOCIAÇÃO RURAL, AGRICULTOR, PLANTIO, CANA DE AÇUCAR, ESTADO DA PARAIBA (PB), REITERAÇÃO, PEDIDO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA AGRICULTURA PECUARIA E ABASTECIMENTO (MAPA), RETORNO, EQUIPARAÇÃO, PREÇO, COLHEITA, OBJETIVO, PRESERVAÇÃO, EMPREGO, SETOR, COMBATE, CONCENTRAÇÃO, TERRAS.

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Nobre Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a primeira riqueza vegetal do nosso Nordeste foi o pau-brasil. E o pau-brasil do Nordeste era muito mais tenro, e por isso foi muito mais buscado na época da colonização.

Há algum tempo, principalmente na Paraíba, nossa riqueza era o algodão, o agave, o sisal, a oiticica e frutas, em alguns lugares onde havia irrigação. Agora estamos vivendo um outro boom econômico, o álcool, que está sendo, depois do Protocolo de Kyoto, buscado em todo o mundo. A Europa quer álcool para misturar ao petróleo, o Oriente quer álcool para misturar ao petróleo, e nós também usamos álcool nos nossos carros. Daí o boom econômico enorme do álcool.

Senador Marco Maciel, o álcool trouxe uma riqueza enorme para o usineiro, que pode escolher entre produzir álcool ou produzir açúcar, ambos bastante valorizados. Está havendo, com essa riqueza, uma verdadeira expansão no setor. Da Paraíba já saíram empresários, na área de usinas, que foram para o Tocantins, para Goiás, para Minas Gerais e para Pernambuco. Temos o mesmo grupo de empresários: Tocantins, Goiás, Minas Gerais, São Paulo. E aí o que acontece na nossa região? A nossa região está definhando em relação a um importante personagem dessa economia: o plantador de cana.

O meu Estado tinha 2.600 plantadores de cana na associação; hoje, só temos 900. Por quê? Porque ele só tem um comprador: o usineiro. Havia um equilíbrio. Nós concorremos com quem? Com o Sul, com o Sudeste, com o Tocantins, com Goiás, onde há chuva regular, terras boas, e onde se pode, até pela equação econômica, usar máquinas. Cada máquina que colhe a cana-de-açúcar cobre o trabalho de setenta trabalhadores. Setenta! E o que está acontecendo? Usineiros que saíram da Paraíba, que estão com usinas fora da Paraíba, já têm setenta ou oitenta máquinas. Estamos falando do trabalho de cinco mil pessoas que deixou de ser feito manualmente em cada usina dessas. Cinco mil pessoas!

No Nordeste, não temos essa condição econômica, nem no meu Estado, nem no Estado de V. Exª, nem em Alagoas, onde se planta cana-de-açúcar. Nós usamos o trabalho manual. E o que está acontecendo com esse plantador de cana? Ele está definhando. Eram 2.700 na associação, e agora são apenas 900. Eles ainda empregam milhares de pessoas, graças a Deus. É um emprego difícil, mas é o emprego que temos.

Peço ao Presidente da República e ao Ministro da Agricultura que voltem com a equalização. Havia uma equalização que fazia o equilíbrio econômico desses plantadores. Eram R$5,00 por tonelada, e foi abolida. Já foram várias vezes ao Presidente, já se reuniram, os políticos acompanharam. Fomos ao Ministro da Agricultura, mas a equalização não sai. Resultado: estão perdendo os empregos. A categoria está sofrendo muitíssimo enquanto vê o progresso, o crescimento dos que têm a usina e que passam a comprar as terras desses plantadores de cana. É um setor que está tendo um boom econômico, e paga caríssimo, porque não tem condições de mecanizar. E, se mecanizar, vai desempregar uma verdadeira legião de trabalhadores que vivem disso, o que é, com toda certeza, uma injustiça.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, peço que o Ministro da Agricultura e o Presidente da República voltem a usar a equalização que existia no tempo do IAA, que existia até há pouco tempo e, de repente, foi retirada sem nenhuma explicação, o que está causando uma verdadeira celeuma, uma verdadeira hecatombe aos plantadores de açúcar.

Concedo um aparte ao Senador Marco Maciel.

O Sr. Marco Maciel (PFL - PE. Com revisão do orador.) - Nobre Líder, Senador Ney Suassuna, em rápido aparte, gostaria de dizer que subscrevo integralmente a manifestação de V. Exª com relação ao retorno do pagamento da equalização. Fico à vontade para fazê-lo porque o instituto da equalização, se assim posso denominá-lo, foi aprovado ao tempo em que eu era vice-Presidente da República e presidia o País o ex-Senador Fernando Henrique Cardoso. Realmente, é algo que vem compensar as diferenças de produtividade do produtor nordestino, vis-à-vis, do produtor nacional, sobretudo aqueles situados nas regiões mais desenvolvidas do País, como Sul e Sudeste, e também o Centro-Oeste, outra área de grande afluência econômica. Cumprimento V. Exª, que suscita com muita oportunidade o tema nesta Casa. Espero que ele venha a receber efetiva decisão do Poder Executivo, que, infelizmente, não tem demonstrado preocupação em dar continuidade a esse programa. Obrigado a V. Exª.

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB) - Eu é que agradeço, Senador Marco Maciel. Com muita honra, os dizeres de V. Exª passam a fazer parte do meu discurso.

Estou tentando realizar um encontro dos plantadores de cana do meu Estado e de Pernambuco com o Presidente Lula. É preciso voltar a equalização. Que distorção a equalização cria? Como só existe um comprador, a usina, que está ganhando com esse boom econômico, compra a terra dos plantadores, causando uma concentração de riqueza ainda maior, e nós estamos perdendo milhares de empregos.

Gostaria, portanto, Sr. Presidente, Srªs e Srs Senadores, de pedir ao Ministro da Agricultura que volte os seus olhos para a indústria sucroalcooleira do Nordeste, que sofre, com toda certeza, uma injustiça muito grande. A equalização, que era justa e que criava equilíbrio, deixou de existir. Com isso, como acabei de dizer, 2.700 empresas que plantavam cana-de-açúcar deixaram de existir. Agora, são pouco mais de 700 associados. Isso representa desemprego e um prejuízo muito grande à minha região.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/06/2006 - Página 19981