Discurso durante a 79ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Análise do discurso do candidato do PSDB à presidência da República, Geraldo Alckmin. Apelo para a reabertura do diálogo com os servidores do Judiciário que estão em greve. Cumprimentos ao tetracampeão de boxe Acelino 'Popó' de Freitas, que se encontra no plenário. Dificuldades enfrentadas pelo Pólo Industrial de Manaus.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES. HOMENAGEM. MOVIMENTO TRABALHISTA. POLITICA INDUSTRIAL.:
  • Análise do discurso do candidato do PSDB à presidência da República, Geraldo Alckmin. Apelo para a reabertura do diálogo com os servidores do Judiciário que estão em greve. Cumprimentos ao tetracampeão de boxe Acelino 'Popó' de Freitas, que se encontra no plenário. Dificuldades enfrentadas pelo Pólo Industrial de Manaus.
Aparteantes
Magno Malta.
Publicação
Publicação no DSF de 13/06/2006 - Página 20001
Assunto
Outros > ELEIÇÕES. HOMENAGEM. MOVIMENTO TRABALHISTA. POLITICA INDUSTRIAL.
Indexação
  • COMENTARIO, DISCURSO, GERALDO ALCKMIN, CANDIDATO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, RESUMO, PROGRAMA DE GOVERNO, CRITICA, RESPOSTA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PREVISÃO, ORADOR, VITORIA, COLIGAÇÃO PARTIDARIA, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), PARTIDO DA FRENTE LIBERAL (PFL), PARTIDO POPULAR SOCIALISTA (PPS), ELOGIO, APOIO, ROBERTO FREIRE, DEPUTADO FEDERAL.
  • SAUDAÇÃO, PRESENÇA, SENADO, ATLETA PROFISSIONAL, ELOGIO, CONTRIBUIÇÃO, ESPORTE, BRASIL.
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, DEMORA, NEGOCIAÇÃO, GREVISTA, JUDICIARIO, INCLUSÃO, SERVIDOR, TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL (TRE), RISCOS, PRAZO, REALIZAÇÃO, ELEIÇÕES, JUSTIÇA, REIVINDICAÇÃO, APROVAÇÃO, PLANO DE CARGOS E SALARIOS.
  • PROTESTO, AMEAÇA, POLO INDUSTRIAL, ZONA FRANCA, TENTATIVA, ESTADOS, QUEBRA, CONTRATO, EXCLUSIVIDADE, PRODUÇÃO, TELEVISÃO, ALEGAÇÕES, TECNOLOGIA DIGITAL, RECEBIMENTO, INCENTIVO, LEI DE INFORMATICA, COMPROMISSO, VIGILANCIA, ORADOR, BANCADA.
  • CRITICA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), REALIZAÇÃO, COMICIO, PARTICIPAÇÃO, POLITICO, REU, PROPINA, MESADA.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Pronuncia o seguinte discurso. Com revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, tratarei de três tópicos no tempo que V. Exª me concede, Sr. Presidente.

O primeiro, sem dúvida, é prosseguir na análise tão competente que o Líder, Senador Alvaro Dias, acaba de oferecer a esta Casa. E não redundarei, pois darei uma versão que busca acrescentar ao que foi posto pelo Senador Alvaro Dias.

Para mim, ficou patente, no discurso sóbrio, que muitos disseram ser longo e que a mim pareceu necessariamente longo, porque resumia os tópicos principais daquilo que será um futuro programa de Governo do agora candidato Geraldo Alckmin, não mais pré-candidato. Esse pronunciamento, necessariamente longo,mostra a diferença entre sua posição e a de adversário, sempre com posições ligeiras, apressadas, não raro levianas. Só se estende o Presidente Lula quando fala de futebol e, como ele não perde o bom humor, afirmou certo dia que não gosta de ver futebol acompanhado, porque as pessoas dizem muita besteira quando assistem a futebol ao lado dele. Chega a ser irônico, porque foi precisamente ele, tratando de futebol, a praticar aquela grosseria com o craque Ronaldo, o qual respondeu de maneira altiva à pergunta. Imaginem se o Ronaldo se estende e resolve perguntar sobre mensalão, suborno, prevaricação, falcatruas.

A convenção do PSDB foi um fato bonito, expressivo e marca o início de uma caminhada que, a partir da progressiva equalização, do progressivo equilíbrio das oportunidades de divulgação da proposta dos candidatos, levará, sem dúvida, também ao equilíbrio dos votos na aferição inicial das pesquisas.

Até então, Lula estava sozinho. Daqui para frente, ainda com muita propaganda, com os exageros que pratica a Petrobras, falando de uma auto-suficiência ilusória, pois é apenas uma situação de equilíbrio momentâneo entre o que se importa e o que se exporta. O Brasil importa ainda o petróleo leve de que precisa e exporta o petróleo pesado, de que não faz uso e, portanto, continua dependente não só dessa commodity do exterior para cá, como também depende dos preços dela nos mercados internacionais. Do mesmo jeito, nós vivemos em uma situação de equilíbrio. E eu procuro dizer, de uma maneira equilibrada, que não é mais do que uma situação de equilíbrio, porque o crescimento econômico um pouco a mais já faria o Brasil, novamente, ter déficit em relação à relação exportação e importação de petróleo.

Geraldo Alckmin falou como estadista. Falou com firmeza. A parte ética foi bem posta. A resposta do PT foi pífia. O Presidente Berzoini usa aquela estória de que se está desesperado... Desesperado por quê? O que denotou desespero? E o que leva o Presidente Berzoini a achar que o candidato Geraldo Alckmin estaria desesperado? Digamos que fosse para perder a eleição. Qual é o problema, Sr. Presidente, de um democrata perder uma eleição? Qual é o problema? Não gostam de perder eleição dois tipos de gente: o corrupto e o ditador. O autoritário e o corrupto. Aquele não quer perder porque quer continuar mandando, e o outro que não se afastar do cofre público. Mas, a pessoa normal, equilibrada, decente, por que não pode perder uma eleição? Pode e ganha. Pode perder como pode ganhar. E, ganhando, trata do mesmo jeito a sua vida e trata, de maneira especial, a vida das pessoas a quem vai governar. Se perder, que o Brasil cumpra com a sua destinação, com o seu destino, enfim... Mas só na cabeça de quem está com visão deturpada é que parece uma aberração, Senador Paulo Paim, se perder uma eleição. Qual é o problema? Em uma democracia, e na eleição não têm empate, as pessoas ganham ou perdem a eleição. Então, quando o Presidente Berzoini diz “está desesperado”, a impressão que passa é que ele se reflete no espelho. Quer dizer, estaria desesperado se fosse ele a estar ameaçado de perder a eleição. Um democrata, não! Um democrata perde ou ganha, mas desesperado não fica. Só fica se não for honesto - e esse não é o caso do Berzoini, eu tenho, por ele, um respeito grande nesse campo - ou autoritário. Aí, sim,ele me parece autoritário, porque, se não fosse autoritário, não teria colocado pessoas de 90 anos nas ruas, nas filas das madrugadas lá na Previdência Social.

Sr. Presidente, foi um grande fato, foi um grande feito. Estamos caminhando. Estamos em marcha batida para buscar a vitória de Geraldo Alckmin e José Jorge e já com o apoio do PPS, Partido de enorme significação, do Deputado Roberto Freire, figura símbolo das lutas por democracia no País, alguém de quem se pode discordar e com quem se pode concordar, mas que me parece uma unanimidade quando a análise parte das pessoas de boa-fé. Roberto Freire é um homem de bem, Roberto Freire é um homem corajoso, Roberto Freire é um homem que pensa, acima de tudo, no País. Poderia perfeitamente demorar com uma pré-candidatura, levar até o último momento. Não pensa nele próprio, pensa no País. Por isso, aqui desta tribuna, rendo uma homenagem muito especial a Roberto Freire, ao seu espírito público e ao seu Partido, que, sem dúvida nenhuma, honra as tradições, tradições libertárias sim, tradições humanistas sim, tradições que fazem parte da melhor história política do Brasil, que são as tradições do Partido Comunista Brasileiro, o Partido ao qual Roberto Freire deu os melhores anos de sua vida - uma vida que continua dando frutos significativos até hoje.

Sr. Presidente, na semana passada, fiz desta tribuna apelo ao Governo para a reabertura do necessário diálogo com os servidores do Judiciário, em greve em todo o País.

O início dos entendimentos é urgente. Até aqui, o Governo mantém-se insensível, e a continuidade do movimento grevista pode colocar em risco, inclusive, a realização das eleições de 1º de outubro. Dou exemplo do meu Estado: alguns meses são demandados para que se possa preparar uma eleição num Estado tão vasto e de comunicação tão complicada quanto o Amazonas.

A greve atinge 24 Estados, incluindo os servidores dos tribunais regionais eleitorais. Procurarei o Ministro Tarso Genro para levar-lhe a preocupação que acabo de relatar.

Os servidores pretendem a aprovação do projeto de lei que trata do plano de cargos e salários da categoria. Outro dia, estive com os grevistas quando fui fazer uma visita de cortesia ao Presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Amazonas, Desembargador Glacimar.

Neste momento, saúdo a entrada, neste plenário, do tetracampeão mundial de boxe, nosso querido Popó, Acelino Freitas. O Senador Magno Malta está trazendo esse cinturão que tem custado tanto esforço, suor e lágrimas a Popó e aos que acreditam nele. Faço essa saudação, com todo empenho, ao querido amigo, uma figura por quem tenho muito carinho e a quem o Brasil deve muito.

Concedo um aparte ao Senador Magno Malta. Em seguida, retomo o fio do meu discurso.

O Sr. Magno Malta (Bloco/PL - ES) - Senador Arthur Virgílio, foi providência divina a presença de V. Exª agora na tribuna. V. Exª é lutador de jiu-jitsu e ama tanto as artes marciais, os esportes e aqueles que os praticam. Certamente, o esporte é o antídoto e também o preventivo mais significativo contra as drogas e a violência. Popó simboliza isso tudo para nós. É o orgulho brasileiro, porque é o único tetracampeão mundial de boxe. O Brasil tinha dois eventos importantes neste ano: esse tetracampeonato do Popó nos Estados Unidos e a Copa do Mundo. O Popó foi e já resolveu o problema: já ganhou e está com o cinturão. Vamos torcer agora para a nossa Seleção trazer o campeonato do mundo para nós. O Popó simboliza muito porque a história dele... Senador Tião Viana, V. Exª que está na Presidência, enquanto recebe o Popó, eu tive...

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM) - Vamos parar tudo para dar um abraço no Popó.

O Sr. Magno Malta (Bloco/PL - ES) - Senador Arthur, eu dizia ao Presidente Lula - e até citei o nome de V. Exª - que o Popó vai receber patrocínio do Governo. Nós somos o País do futebol, o Ronaldinho ser o primeiro do mundo não é novidade. Daqui a pouco será o Robinho, depois outro Robinho, depois outro Ronaldinho... Vai ser sempre assim aqui, porque somos o País do futebol. Mas não somos o País do boxe e temos o tetracampeão do mundo aqui, sem a tradição. Quer dizer, você tem o Servílio, o nosso Éder Jofre, o Sertão, o Miguel de Oliveira, mas não um tetracampeão. Então, Senador Arthur, eu tive o privilégio de assistir à última luta do Popó, quando vi nossos irmãos americanos tentando construir outro ídolo, depois do Mike Tyson. Refiro-me a Zahir Raheem, tratado nas televisões americanas como rei. Eu fiquei constrangido ao ver isso. O Popó era mostrado rapidinho, por uns trinta segundos, como se nada fosse, para construir esse novo rei, esse novo ídolo nos Estados Unidos. Eu acompanhei, sofrendo, aquela luta de doze rounds. Popó, brasileiro pobre, da Baixa de Quintas, tinha tudo para ser um drogado, um alcoólatra, mas fez do esporte a sua razão de viver, o seu objetivo. A vida dele nos chama a atenção e nos dá muito orgulho. Ao Presidente Lula, eu dizia: “Presidente, o senhor fique absolutamente tranqüilo, porque o Popó é unanimidade no Brasil e também no Senado. O Senador Arthur Virgílio sente pelo Popó o mesmo que eu sinto”. Eu disse tudo isso ao Presidente, que agora descobriu que nós temos tanta vocação para esse esporte quanto temos para o futebol, mas nada se fez pelo boxe, nada se investiu nesse esporte. Senador Tião Viana, é a Petrobras que vai patrocinar o Popó e também outros campeões brasileiros, como o Sertão, um homem analfabeto, baiano, que foi para São Paulo ganhar a vida, acreditando no esporte que ia praticar. Ele foi lá e ganhou o título mundial, como tantos outros que estão espalhados nas academias. Eu concluo o meu aparte, Senador Arthur Virgílio, dizendo que na minha instituição - o Projeto Vem Viver, de recuperação de drogados - há uma academia chamada “Academia Popó, Mão de Pedra”, que é a academia do Popó. Lá há crianças de nove anos, traficantes de crack; de oito anos, alcoólatras; de doze anos de idade, traficantes. Eu os tenho acolhido como filhos. Eles estão dentro da academia, treinando, se disciplinando e vivendo o sonho de, daqui a pouco, virarem um campeão brasileiro, um campeão capixaba, um campeão do mundo, como Popó, inspirados na vida desse baiano, desse brasileiro, que inspira a todos nós. Sentimos muito orgulho de tê-lo como amigo e saber que ele nos representa muito bem. Muito obrigado pelo aparte. Os Senadores Pedro Simon e Paulo Paim e todos os que aqui estão querem abraçar o nobre tetracampeão mundial de boxe.

O SR. PRESIDENTE (Tião Viana. Bloco/PT - AC) - Senador Arthur Virgílio, peço licença a V. Exª para, em nome da Presidência, cumprimentar Popó e dizer que seu exemplo tem de ser observado e seguido por todas as gerações. Sua luta é motivo de orgulho para todo o País, assim como a sua trajetória como homem, como esportista e como brasileiro.

Parabéns.

O SR. ARTHUR VIRGILIO (PSDB - AM) - Muito bem, Sr. Presidente. Antes de retomar o fio do discurso, lembro-me de que tivemos dois pugilistas de bom nível no País: o Doria e o Maguila, que chegaram a campeões do mundo por entidades de importância menor que as que consagraram Popó. Tivemos recentemente o Sertão; Miguel de Oliveira, por um breve período; o Servílio*, que foi medalha de bronze na Olimpíada; antes desses, tivemos Éder Jofre*, excepcional lutador nos pesos: galo, primeiro, depois, pena, excepcional campeão.

Nesse mesmo pé, nesse mesmo calibre, há o Popó que resume toda a garra, toda a luta e todo o espírito de resistência do povo brasileiro. A ele, todas as minhas homenagens, Sr. Presidente.

Retomo o discurso para dizer que a greve dos servidores da Justiça atinge 24 Estados, incluindo os servidores dos Tribunais Regionais Eleitorais. Procurarei o Ministro Tarso Genro para levar-lhe a preocupação que acabo de relatar.

Os servidores querem a aprovação do Projeto de Lei que trata do Plano de Cargos e Salários da categoria. O Projeto deve ser votado amanhã na Comissão de Constituição e Justiça e de Redação da Câmara dos Deputados, e sua aprovação é necessária.

A proposição foi elaborada em comum acordo entre o Executivo e o Poder Judiciário. Espero que o Governo seja sensível e dialogue com os servidores em greve. Eles advertem que a aprovação deve ocorrer em tempo, ou seja, até o dia 30 deste mês, tendo em vista as proibições legais, a partir de 1º de julho, por causa das eleições de outubro. Então, o prazo é muito curto.

Falei sobre o tema com o ilustre Deputado pernambucano Maurício Rands, do PT, que é o relator do Projeto. Repito que procurarei o Ministro Tarso Genro. Insisto que é hora de negociação. A greve é justa e, portanto, desta vez entro no mérito, sim, e me solidarizo com o movimento.

Repito que visitei o Presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas, Embaixador Manuel Glacimar, e lá mantive contato com os grevistas e coloquei à disposição toda a estrutura do meu gabinete. Resolvi apoiá-los por entender ser uma greve justa.

Aqui faço este pronunciamento, que é o primeiro de uma série. Espero que possamos realmente abrir uma negociação decente com os grevistas.

Outro assunto:

Sr. Presidente, o principal pólo do Distrito Industrial de Manaus é o de televisores e está ameaçado por um facciosismo. Há Estados que começam uma discussão tênue, mas que quero pura e simplesmente esclarecer no nascedouro, tentando fazer com que a futura televisão digital seja enquadrada nos benefícios da Lei de Informática. Isso equivaleria a dizer que a televisão analogica, a atrasada, ficaria para o pólo de Manaus, ou seja, o pólo morreria, e a televisão digital, incentivada pela Lei de Informática, ficaria em outros Estados que não o Amazonas. Isso quebraria um contrato nacional, segundo o qual, na atual divisão social do trabalho, ao meu Estado caberia produzir televisores.

Eu devo deixar bem claro que estou vigilante. A minha Bancada está vigilante. E os Deputados e Senadores do Amazonas estamos vigilantes. Nós não compactuaremos com essa idéia e não aceitaremos isso de jeito algum, até porque, Sr. Presidente, para nós está muito claro que televisores e suas evoluções tecnológicas são, na divisão social do trabalho estabelecida no Brasil, contemplados pelos incentivos da lei que criou a Zona Franca de Manaus e ponto.

Então, se a televisão, amanhã, nadar, ela vai ser fabricada no Amazonas. Se ela voar, vai ser fabricada no Amazonas. Se ela flutuar, como aquele astronauta do Presidente Lula, ela vai flutuar no Amazonas, ou seja, não vamos abrir mão, sob nenhuma hipótese, da TV digital.

Deixo bem claro que isso será realmente um cavalo-de-batalha para nós, que temos o maior respeito e orgulho pelos avanços e progressos obtidos pelos outros Estados, mas saberemos defender a parte que é nossa, com muita disposição e garra. Não haverá nada que nos impeça de defender aquilo que é nosso.

Portanto, esse é o primeiro aviso. Eu digo isso com muita tranqüilidade. Que não usem de subterfúgios para dizer que televisão digital não é televisão, que é computador, porque não o é. Daqui a pouco alguém faz uma operação, coloca um chip para não morrer e vão dizer que aquele homem virou um computador. Não virou; é um homem. Então, a televisão com chip é televisão. E televisão, na divisão social do trabalho, repito, que tem regido a vida econômica brasileira, é um bem produzido no Pólo Industrial de Manaus; portanto, sob os benefícios fiscais do pólo da minha cidade, do meu Estado. Estamos alerta porque já percebemos uma tentativa insidiosa de se enfraquecer o pólo de Manaus, levando para outros Estados aquilo que hoje é a principal fonte de recursos, num pólo que este faturará alguma coisa entre US$20 e US$22 bilhões, algo que não é desprezível e que deve ser levado no devido respeito, na devida conta pelo conjunto deste País chamado Brasil.

Finalmente, Sr. Presidente, eu lamento que Lula e o PT aceitem mensaleiros no seu palanque. A direção do PT afirma nesta segunda que nem o Presidente Lula nem o PT se constrangerão em receber nos seus palanques Deputados acusados de receber mensalão e denunciados à Justiça por integrar esquemas de corrupção. Segundo o Presidente do PT, seriam pessoas sem interdição política e, portanto, com direito a disputar e que serão julgadas pelo povo.

Como mudou o PT! Como era e como é! Tenho muito medo de como venha a ser o futuro, porque dizem alguns, os pessimistas, que é para trás que se anda.

Eles falam aqui em biografia, mas o grande fato é que não se parece nem de leve com aquele partido que primava pelo cuidado com a ética na vida pública e que, portanto, hoje em dia acha que tudo soma, inclusive mensaleiros no palanque, só porque os mensaleiros não foram ainda condenados em última instância, apesar de todas as provas que as CPIs coligiram, de todas as evidências que as CPIs coligiram e de todas as circunstâncias que foram devidamente apuradas, Sr. Presidente.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/06/2006 - Página 20001