Discurso durante a 79ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Evolução das técnicas de manipulação genética de plantas até às chamadas "plantas biofábricas", que podem contribuir para a agricultura brasileira como fonte de renda para a população e mecanismo de geração de empregos.

Autor
Valmir Amaral (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/DF)
Nome completo: Valmir Antônio Amaral
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA CIENTIFICA E TECNOLOGICA. POLITICA AGRICOLA.:
  • Evolução das técnicas de manipulação genética de plantas até às chamadas "plantas biofábricas", que podem contribuir para a agricultura brasileira como fonte de renda para a população e mecanismo de geração de empregos.
Publicação
Publicação no DSF de 13/06/2006 - Página 20040
Assunto
Outros > POLITICA CIENTIFICA E TECNOLOGICA. POLITICA AGRICOLA.
Indexação
  • COMENTARIO, HISTORIA, DESENVOLVIMENTO CIENTIFICO, DESENVOLVIMENTO TECNOLOGICO, ALTERAÇÃO, GENETICA, SELEÇÃO, ESPECIE, ANIMAL, VEGETAIS, BENEFICIO, PRODUTIVIDADE, RESISTENCIA, PRAGA, MELHORIA, NUTRIÇÃO, ATUALIDADE, PRODUÇÃO, SUBSTANCIA, APLICAÇÃO, INDUSTRIA, SAUDE, VANTAGENS, AGREGAÇÃO, VALOR, AGRICULTURA, IMPORTANCIA, INCENTIVO, PESQUISA, BRASIL, FORMAÇÃO, RECURSOS HUMANOS.

O SR. VALMIR AMARAL (PTB - DF. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, há milhares de anos, a humanidade vem desenvolvendo técnicas de manipulação genética, ainda que o conceito de gene seja algo recente.

De fato, sempre que promovia a seleção de um determinado indivíduo de uma espécie - seja ela animal, seja vegetal - em detrimento de outro menos desejável, o homem estava, sim, interferindo no processo natural de seleção e introduzindo um critério humano na transferência de genes daquela espécie. Ainda que indireta, essa é uma forma de manipulação genética praticada há milênios.

            Foi por meio de tais processos que os criadores de cães de todo o Planeta desenvolveram as diversas “raças” que hoje nos parecem tão naturais.

O mesmo é verdade em relação à manipulação de vegetais para o consumo humano. A seleção de plantas que apresentavam certas características mais desejáveis à produção agrícola é uma ação humana que se opõe ao mecanismo natural de seleção.

Em tempos mais recentes, os genes de vegetais vêm sendo diretamente modificados, visando a melhorias em seu desempenho agronômico, tais como resistência a determinadas pragas, maior taxa de produtividade, melhores índices de absorção de energia solar, etc.

            As plantas geneticamente modificadas visando a um melhor rendimento agrícola são classificadas como pertencentes à primeira geração de vegetais geneticamente modificados.

A segunda geração foi a dos vegetais que tiveram seu código genético alterado para apresentarem vantagens nutricionais. Por essa técnica, buscou-se, e ainda se busca, a melhoria de alguma característica nutricional do vegetal.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, estamos hoje no limiar de uma nova geração de vegetais geneticamente modificados, as plantas biofábricas.

Essas são plantas que, após terem seu código genético modificado em laboratórios, passam a ter a capacidade de produzir determinadas proteínas de interesse biomédico ou industrial, como anticorpos, vacinas, biofármacos, enzimas e polímeros. Essas plantas constituem a terceira geração de vegetais geneticamente modificados -- e estão relacionadas ao conceito de agricultura molecular.

Na agricultura molecular, em vez de sementes ou frutos, o produto que as plantas nos fornecem são moléculas com funcionalidade conhecida e desejável para alguma aplicação benéfica à humanidade.

Atualmente, antígenos usados em vacinas contra doenças que atacam seres humanos já são encontrados em plantas geneticamente modificadas. Alguns exemplos: um antígeno para a hepatite B, presente na batata, no fumo e na alface; e um outro para o rotavírus, também encontrado na batata. Semelhantemente, há plantas sendo usadas para elaborar vacinas contra doenças animais, tais como a febre aftosa e a raiva, cujo antígeno é uma glicoproteína encontrada no tomate.

Para a exploração de todo o potencial existente nessa nova modalidade de tecnologia de manipulação genética, Sr. Presidente, são necessários conhecimentos e técnicas avançadas de agricultura. Não surpreende, portanto, que os países que atualmente lideram o ranking de domínio dessas técnicas sejam os Estados Unidos e o Canadá, nações cujo conhecimento tecnológico é reconhecidamente superior.

Contudo, pode-se, com fundada razão, crer que exista uma larga fatia desse mercado à espera da agricultura brasileira, uma das mais modernas e avançadas do mundo.

Se soubermos aproveitar esse novo conceito de manipulação genética, explorando o potencial de nossa agricultura e de nosso clima favorável, certamente poderemos participar da oferta de plantas biofábricas para todo o planeta.

O produto obtido pelo emprego de plantas biofábricas possui grande valor agregado, que demanda um alto nível de integração entre a lavoura produtora e a indústria beneficiadora do vegetal. Em decorrência, é necessário o desenvolvimento de pesquisas avançadas e de treinamentos para a qualificação do pessoal que lidará com essa nova tecnologia.

Quero, portanto, Sr. Presidente, dizer que estou acompanhando a questão da agricultura molecular no Brasil e farei o máximo para que ela se torne uma importante fonte de renda para a nossa população e um mecanismo de geração de empregos.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/06/2006 - Página 20040