Discurso durante a 80ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

A importância da iniciativa do governo federal de melhorar as estradas e levar energia elétrica ao norte do Araguaia, em Mato Grosso.

Autor
Serys Slhessarenko (PT - Partido dos Trabalhadores/MT)
Nome completo: Serys Marly Slhessarenko
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE TRANSPORTES. PREVIDENCIA SOCIAL. POLITICA ENERGETICA.:
  • A importância da iniciativa do governo federal de melhorar as estradas e levar energia elétrica ao norte do Araguaia, em Mato Grosso.
Publicação
Publicação no DSF de 14/06/2006 - Página 20194
Assunto
Outros > POLITICA DE TRANSPORTES. PREVIDENCIA SOCIAL. POLITICA ENERGETICA.
Indexação
  • SOLIDARIEDADE, DISCURSO, PAULO PAIM, SENADOR, IMPORTANCIA, APOIO, RECUPERAÇÃO, VIAÇÃO AEREA RIO GRANDENSE S/A (VARIG), JUSTIÇA, REAJUSTE, APOSENTADORIA, INDICE, AUMENTO, SALARIO MINIMO, GARANTIA, DIGNIDADE, IDOSO.
  • VISITA, MUNICIPIOS, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), DIFICULDADE, ESCOAMENTO, PRODUÇÃO, ELOGIO, RETOMADA, OBRA PUBLICA, CONSTRUÇÃO, RODOVIA, REGISTRO, COMPROMISSO, ASSEMBLEIA LEGISLATIVA.
  • SAUDAÇÃO, APROVAÇÃO, CONSTRUÇÃO, LINHA DE TRANSMISSÃO, LIBERAÇÃO, RECURSOS, CENTRAIS ELETRICAS BRASILEIRAS S/A (ELETROBRAS).
  • AVALIAÇÃO, ECONOMIA, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), SUPERIORIDADE, EXPORTAÇÃO, SOJA, ALGODÃO, GADO, IMPORTANCIA, BUSCA, ALTERNATIVA, DIVERSIFICAÇÃO, INCENTIVO, AGRICULTURA, ECONOMIA FAMILIAR, Biodiesel, REFLORESTAMENTO, MANEJO ECOLOGICO.

A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, antes de iniciar minha fala, gostaria de reforçar os dois aspectos a que o Senador Paulo Paim acabou de se referir nesta tribuna. O primeiro deles é a necessidade de salvar a Varig, o que é fundamental, de extrema relevância. Não tenho nenhuma dúvida disso. Como minha fala hoje não é sobre a Varig, faço das suas palavras, Senador Paulo Paim, as minhas.

Também quero ressaltar a justiça que se faz com relação ao reajuste dos aposentados, solidarizando-me com V. Exª na luta que trava a esse respeito. Temos certeza de que eles, mais do que ninguém, precisam que esse reajuste se dê de conformidade com o reajuste daqueles que estão na ativa.

Disseram muito bem o Senador Roberto Saturnino, o Senador Romeu Tuma, a Senadora Heloísa Helena e outros Senadores que se pronunciaram a respeito do assunto que realmente é nessa faixa etária que o ser humano mais precisa de condições mínimas para se sustentar com dignidade, especialmente com relação à saúde. Como disse o Senador Romeu Tuma, alguns afirmam que o aposentado não precisa de luxo. Mas como pode o salário mínimo dar a alguém condições de luxo? Esse salário mínimo vai proporcionar condições mínimas para se comprarem apenas remédios, nada mais nada menos que isso.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, estive, nesse fim de semana, no nosso Araguaia, no norte Araguaia - norte do Araguaia ou Araguaia do Norte, como se queira -, no meu Estado de Mato Grosso. Estivemos reunidos com lideranças de vários Municípios em Porto Alegre do Norte, juntamente com representantes de Vila Rica, de Santa Terezinha, de Confresa, de Alto Xingu, enfim, de todas as proximidades daquele Município de Porto Alegre do Norte.

Há dias, referindo-me ao Araguaia, mencionei as excelentes terras lá existentes, o povo trabalhador, determinado e decidido que mora numa região de acesso difícil, mas de belezas naturais incríveis, onde a terra é da melhor qualidade. Infelizmente, as dificuldades de sobrevivência daquele povo são grandes. Há dificuldade, inclusive, no escoamento da produção, porque a BR-158 estava com seu asfaltamento parado há mais de dez anos, faltando apenas, no Estado de Mato Grosso, em torno de quatrocentos quilômetros a serem completados. Já está retomada essa obra, esse asfaltamento, assim como também o Linhão.

Há um compromisso sério, eu diria, de praticamente toda a Assembléia Legislativa de Mato Grosso, de Parlamentares como a Deputada Verinha Araújo, os Deputados José Carlos do Pátio e Silval Barbosa, Presidente da Assembléia Legislativa, aliás, de todos os membros da Assembléia - justiça tem de ser feita -, independentemente de coloração partidária.

Nós estivemos sempre nessa luta permanente pela questão das estradas em Mato Grosso, pela BR-364, pela BR-163, pela continuidade da BR-163 no Pará, pelas pontes no Pará, que estão sendo licitadas; em algumas, já estão sendo iniciados trabalhos pelo Exército, porque se faz necessário, imprescindível a saída, pela BR-163, por Santarém, da produção e a entrada dos fertilizantes por Santarém, o que barateia grandemente o frete da saída do produto do chamado nortão do nosso Estado de Mato Grosso e da entrada dos fertilizantes de forma mais barata, por Santarém também. Portanto, isso é extremamente importante.

Também a BR-158, no norte do Araguaia, é fundamental, porque é a única forma de chegarmos até o nosso Araguaia. Assim também é importante o Linhão. Digo sempre: sem energia, sem estrada, não dá. O Linhão já está aprovado - Querência, Vila Rica -, com seus tentáculos em dezesseis Municípios do Araguaia. E, na história inteira do Araguaia, essa luta sempre foi muito grande por parte de todas as lideranças, de lideranças comunitárias, de lideranças políticas, de todas as organizações da sociedade dessa região, para que houvesse realmente energia de um Linhão e não só dos motores a diesel, que eram apenas quebra-galhos. Ainda há Municípios em que a energia acaba em determinado momento da noite, Senador Romeu Tuma, e em que a população fica sem energia, porque não tem como tocar os motores em determinados momentos em que o diesel acaba.

O projeto do Linhão está aprovado, e os recursos - são R$115 milhões - foram liberados pela Eletrobrás. A população do norte do Araguaia, no prazo máximo de um ano e meio, contará com o Linhão, fazendo passar energia por dezesseis Municípios, com o Luz Para Todos na área rural, com energia na área urbana.

Já falei da BR-163 e, agora, quero voltar a outro assunto. Temos lutado bastante em Mato Grosso ao lado do movimento que apóia a continuidade da produção da soja e do algodão. Infelizmente, hoje, nosso Estado está restrito à produção de produtos primários para exportação. Sempre digo que o produto para a exportação é extremamente importante. Mato Grosso é, hoje, o maior produtor de soja, de algodão e de gado para exportação. Precisamos continuar exportando soja, algodão, carne de boi e também outros produtos, mas principalmente esses três, que são fundamentais para o nosso Estado e para a busca de divisas para o País. Precisamos, porém, estimular a agricultura familiar e a busca de alternativas de produção que, realmente, tragam condições de sobrevivência digna para todos em nosso Estado do Mato Grosso.

Não é possível continuar na monocultura, que é problemática. A produção em nosso País é cíclica, toda a nossa história conta isso. Não podemos continuar insistindo em produzir apenas um ou dois produtos. Quando há um crack, quando há uma quebra num desses produtos, fica todo mundo em estado de pânico e até mesmo de desespero, como estão hoje os produtores rurais em Mato Grosso, especialmente os médios e os grandes. Os pequenos também enfrentam problemas, mas ainda buscam alternativa e conseguem, em algumas situações, sobreviver; em outras, estão em condição também desesperadora.

Estamos atuando permanentemente aqui, lutando. De trinta dias para cá, temos agido junto ao Ministro da Agricultura, ao Ministro do Planejamento, ao Ministro da Fazenda e à Casa Civil, para que, realmente, se busquem saídas e alternativas na tentativa de atender às reivindicações importantes trazidas especialmente pelo movimento Grito do Ipiranga. Algumas dessas reivindicações já foram atendidas em sua totalidade pelo Governo do Presidente Lula, outras foram atendidas em parte. Nosso Governo busca, realmente, fazer com que a produção em Mato Grosso continue no mesmo patamar que havia alcançado.

Não podemos deixar que a produção em Mato Grosso caia, porque será um prejuízo para o Brasil e para o nosso Estado, indiscutivelmente. Por isso, nós estamos - quando digo “nós”, refiro-me ao nosso Governo, ao Governo do Presidente Lula - buscando alternativas e soluções para que a produção continue no mesmo patamar alcançado nos anos anteriores no Estado de Mato Grosso.

Não vou falar aqui das reivindicações, porque todos já as conhecem, e o tempo é curto. Não vou falar aqui das conquistas, que também foram amplamente divulgadas.

Queria apresentar alguns dados, mas tenho apenas mais um minuto. De qualquer modo, quero ressaltar que, em Mato Grosso, temos motivos de sobra para afirmar que temos alternativas extremamente significativas, como o biodiesel, a cana-de-açúcar e o bagaço da cana-de-açúcar - pensava-se antes no bagaço como poluição apenas, mas hoje já se sabe que, tratado de forma devida, o bagaço pode resolver o problema da energia elétrica, pois permite a produção de energia limpa para o Estado de Mato Grosso. Isso é de um significado espantoso.

Ontem mesmo, numa reunião em São Paulo, eu discutia o crédito de carbono, que é alternativa extremamente significativa para Mato Grosso. Podem ser usados para a obtenção de créditos de carbono o farelo de arroz, o farelo de serragem de madeira e o bagaço de cana, além de muitos outros produtos.

E temos de tratar também do reflorestamento. Mato Grosso tem muita madeira, mas não pode continuar sendo desmatado de forma desorganizada. Para evitar que isso se dê assim, precisamos de projetos de manejo florestal.

Isso acontecendo, Mato Grosso terá todas as alternativas para estourar, para produzir um grande boom. Queremos ser um grande Estado, mas um grande Estado com uma produção diversificada e não restrito à monocultura como está hoje, o que vem dando um prejuízo significativo aos produtores do nosso Estado de Mato Grosso. É nessa busca que estamos empenhados. Voltaremos a esse assunto.

Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/06/2006 - Página 20194