Discurso durante a 81ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre o triste ato de vandalismo praticado pelos integrantes do MLST contra as instalações da Câmara dos Deputados.

Autor
Antonio Carlos Magalhães (PFL - Partido da Frente Liberal/BA)
Nome completo: Antonio Carlos Peixoto de Magalhães
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MANIFESTAÇÃO COLETIVA. PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.:
  • Considerações sobre o triste ato de vandalismo praticado pelos integrantes do MLST contra as instalações da Câmara dos Deputados.
Publicação
Publicação no DSF de 15/06/2006 - Página 20512
Assunto
Outros > MANIFESTAÇÃO COLETIVA. PRESIDENTE DA REPUBLICA, ATUAÇÃO.
Indexação
  • REPUDIO, VIOLENCIA, MOVIMENTO TRABALHISTA, SEM-TERRA, DEPREDAÇÃO, CAMARA DOS DEPUTADOS, PARTICIPAÇÃO, MEMBROS, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), COMPARAÇÃO, ATUAÇÃO, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, CRIME ORGANIZADO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ).
  • CRITICA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, APOIO, MOVIMENTO TRABALHISTA, SEM-TERRA, EXPECTATIVA, INSUCESSO, REELEIÇÃO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, não me saem da cabeça, como tão cedo não devem sair da cabeça de nenhum brasileiro com um mínimo de responsabilidade com os destinos de seu país, as imagens dos atos covardes, selvagens e criminosos do Movimento de Libertação dos Sem-Terra, atentando contra a integridade física de funcionários indefesos e encurralados, praticamente emboscados em seu próprio local de trabalho, as instalações e equipamentos de um dos símbolos mais sagrados da democracia em qualquer país civilizado do mundo, que é o Parlamento, por maiores que sejam os erros de muitos dos que o compõem.

Já está comprovado que houve premeditação nos crimes da gigantesca quadrilha. Os integrantes do Primeiro Comando da Capital, aliás, embora aparentemente com outros objetivos, agem de maneira idêntica, planejando com antecedência cada uma de suas ações criminosas. O ataque à Câmara não foi, pois, um ato impensado, o que nem por isso deixaria de ser uma abominável excrescência, mas um ato deliberado de insanidade coletiva, de comando identificado, com o apoio logístico do PT e, por conseguinte, do próprio governo de que é braço direito para tudo o que tem acontecido de ruim no País, incluindo os atos de corrupção que todos os dias aponto desta tribuna, desde janeiro de 2002.

Chocou-me pela violência e pela imagem emblemática da instituição depredada e ofendida, a Câmara Federal, como, de igual forma, me chocou, também na semana passada, o pânico das criancinhas da Escola Henrique Foréis, no Morro da Fazendinha, no Rio de Janeiro, baleadas por traficantes em troca de tiros com a polícia, dentro da sala de aula, mas a bárbara invasão e a depredação criminosa das instalações da Câmara Federal para mim não foram surpresas. Temo o pior.

A quadrilha de Bruno Maranhão, ele até bem pouco membro da Executiva Nacional do PT, Partido dos Trabalhadores, e amigo íntimo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, já havia invadido, neste Governo, as instalações do Ministério da Fazenda. Em que deu essa invasão? O Presidente de República, com as câmeras da televisão mostrando para o Brasil e para o mundo sua conduta infantil e irresponsável, já não havia posto o boné deles na cabeça, como que os apoiando, e revelando a absurda e inaceitável identidade de um chefe de Estado, despreparado, é bem verdade, mas de um chefe de Estado que tem cabeça apenas para usar bonés, com grupos que agem como autênticos fora-da-lei?

Assim agiu o presidente. Pena que o PCC também não tenha boné, porque, se tivesse, com certeza o Presidente da República também o estaria usando. Seu Governo, em dezoito meses, já não liberou para a Anara, a malfadada Associação Nacional de Apoio à Reforma Agrária, comandada, nada mais, nada menos, que por Bruno Maranhão, R$5,6 milhões? É o governo financiando a subversão, é o Brasil assistindo ao Presidente da República financiar, com o dinheiro do contribuinte, a subversão em toda a parte, nas terras invadidas e também no Congresso Nacional. Não é possível se continuar nessa posição. O presidente é também um fora-da-lei como esses que invadiram o Congresso Nacional.

Temo o pior. Tem de haver um freio, Sr. Presidente, para os excessos dos movimentos rurais, cujas reivindicações, das mais legítimas, aliás, e para as quais o Presidente Lula pouco tem ligado, não podem ser alcançadas na marra como se diz popularmente. Invadem-se propriedades privadas, ocupam-se e danificam-se instalações públicas, agridem-se funcionários, e o Governo do PT insiste em dizer que não enxerga nada.

Realmente não enxerga. Ele, sim, deveria estar na Venezuela, já que não acredita nos médicos nem na medicina brasileira e é responsável pelas agruras que todos sofrem no SUS.

A passividade com que o Governo assiste à escalada da baderna e da violência equivale na prática a uma cumplicidade inaceitável. Ontem, foi a Câmara dos Deputados; amanhã, quem pode garantir que não será o Senado Federal; depois, os Tribunais e até os próprios jornais e televisões? O Brasil não pode continuar mergulhado nessa noite tenebrosa do PT.

Há dois versos do poema “Bandido Negro”, de Castro Alves, de que gosto muito e que, numa hora destas, de alguma forma me trazem uma certa esperança. O Poeta dos Escravos disse em seu famoso poema: “Toda noite tem auroras/raios - toda a escuridão”.

Sr. Presidente, tenho esperança no Brasil. Como dizia um grande pensador, a esperança é a aurora que desponta na noite de tempestade. Espero, Sr. Presidente, que, nesta noite de tempestade tenebrosa que vivemos, surja a aurora, e o Brasil possa renascer nos seus valores éticos, nos valores que, realmente, possam comandar a Administração Pública dentro da seriedade e não da roubalheira que existe, comandada pelo Palácio do Planalto. Agora vai ser o leilão do PMDB e o leilão dos outros partidos para que se faça uma reeleição, que as pesquisas podem dizer que existe, mas não acredito, porque acredito firmemente na integridade do povo brasileiro, na vontade de mudar o estilo de governo, perpetrado por esse homem que deveria honrar a democracia, mas a desonra com a sua atuação no Palácio do Planalto.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/06/2006 - Página 20512