Discurso durante a 84ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Contraditando as denúncias contra S.Exa. publicadas no jornal Correio Braziliense de hoje. (como Líder)

Autor
Ideli Salvatti (PT - Partido dos Trabalhadores/SC)
Nome completo: Ideli Salvatti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR.:
  • Contraditando as denúncias contra S.Exa. publicadas no jornal Correio Braziliense de hoje. (como Líder)
Aparteantes
Ana Júlia Carepa, Arthur Virgílio, Leonel Pavan, Paulo Paim.
Publicação
Publicação no DSF de 21/06/2006 - Página 20847
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR.
Indexação
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, CORREIO BRAZILIENSE, DISTRITO FEDERAL (DF), ACUSAÇÃO, ORADOR, ILEGALIDADE, MOVIMENTAÇÃO, CONTA BANCARIA, ORIGEM, DINHEIRO, PAGAMENTO, GASTOS PESSOAIS.
  • DEFESA, MOVIMENTAÇÃO, CONTA BANCARIA, PAGAMENTO, CONTRIBUIÇÃO PROVISORIA SOBRE A MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA (CPMF), VENDA, PATRIMONIO INDIVIDUAL, REALIZAÇÃO, EMPRESTIMO, REGISTRO, IMPORTANCIA, REPRESENTAÇÃO, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), SENADO, PARTICIPAÇÃO, ORADOR, LIDERANÇA, BANCADA, GOVERNO.
  • APRESENTAÇÃO, DOCUMENTO, COMPROVAÇÃO, INOCENCIA, ACUSAÇÃO, SOLICITAÇÃO, PROCURADOR GERAL DA REPUBLICA, ABERTURA, PROCESSO JUDICIAL, INVESTIGAÇÃO, ORADOR.
  • CRITICA, VIOLAÇÃO, SIGILO BANCARIO, ORADOR, SOLICITAÇÃO, RECEITA FEDERAL, INVESTIGAÇÃO, DECLARAÇÃO, IMPOSTO DE RENDA, COMPROVAÇÃO, AUSENCIA, IRREGULARIDADE, MOVIMENTAÇÃO, CONTA BANCARIA.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC. Pela Liderança do PT. Sem revisão da oradora.) - Sim, Sr. Presidente. Agradeço a compreensão de V. Exª.

Agradeço, em primeiro lugar, aos meus companheiros de Bancada que aqui já se pronunciaram e a vários outros Parlamentares que, ao longo do dia, prestaram-me solidariedade. Agradeço também ao Presidente da Casa, Senador Renan Calheiros, que, por telefone, manifestou sua solidariedade.

Quem acessou ao jornal Correio de hoje, não à clipagem, tem a dimensão exata do que acontece, do porquê desta reportagem ter sido publicada hoje. Quatro quintos ou mais da matéria tratam de assuntos requentados, de mais de um ano, de outdoors, de pagamentos, de como paguei, de onde veio o dinheiro etc. Isso já vem pipocando há mais de um ano e, sempre que há acirramento de ânimos no Congresso Nacional, esses assuntos voltam à baila.

Apenas no rodapé está o motivo por que a matéria saiu no dia de hoje - Governo tenta derrubar o relatório: porque o assunto hoje é o relatório da CPI. Esse é o assunto. Para isso eu, Líder da Bancada do Bloco de Apoio ao Governo, deveria estar voltando toda a minha energia. Hoje haverá a votação do relatório da CPI e a indicação dos membros da CPI dos Sanguessugas, mas eu não pude cuidar de nada disso, porque estou, desde esta manhã, respondendo a essa matéria, que é extremamente interessante, porque faz confusão entre o que é rendimento e o que é movimentação financeira.

Tenho como rendimento meu salário de Senadora, que é igual ao de todos aqui. Além do salário, todos nós aqui, todos recebemos as indenizações: auxílio-moradia, para quem não utiliza o apartamento funcional - é o meu caso -, indenização do escritório no Estado, se se mantém a estrutura lá, e ressarcimento, quando nós ou nossos familiares temos problemas médicos. Isso tudo não é considerado salário, mas é movimentação financeira.

Além das verbas indenizatórias: auxílio-moradia, verba de gabinete e ressarcimento no caso de doença, entra na movimentação financeira toda e qualquer movimentação que eu faça durante o ano, como venda de patrimônio - em 2004 e em 2005, vendi e comprei veículos -, empréstimos bancários - eu fiz três empréstimos bancários. Aliás, no caso de empréstimo bancário, o pagamento de CPMF é amargo, porque quando o dinheiro entra na conta e utilizamos o empréstimo, pagamos a contribuição, depois, quando começamos a pagar o empréstimo, pagamos novamente; ou seja, o pagamento é dobrado.

A jornalista faz essa confusão entre rendimento e movimentação bancária. O grave é que tudo isso vem com viés político em um dia como hoje.

Não é a primeira vez que isso acontece. Senadora Ana Júlia Carepa, não é a primeira vez que tentam me calar. Já tive de dizer aqui, em outros episódios, que não vim agradar ninguém, mas cumprir minha tarefa, que é representar bem o meu Estado e conduzir, quando estou na Liderança, a Bancada de Apoio ao Governo, endossando as ações do Governo no Congresso Nacional e no Senado da República. Se isso agrada ou desagrada Senadores ou Senadoras da Oposição, não me preocupa, porque tenho apenas a obrigação de cumprir com as responsabilidades para as quais fui eleita: representar Santa Catarina e defender o Governo Lula. Foi assim que pedi voto. Vim a esta Casa para fazer isso.

Não vou me calar. Muita gente não teve coragem de enfrentar o Sr. Roberto Jefferson, mas eu tive. Levei o Sr. Roberto Jefferson ao Supremo Tribunal Federal para que ele provasse... E ele recuou, voltou atrás, desdisse.

A própria reportagem disse que a documentação circulou em várias mãos, até na de um banqueiro famoso. Senadora Ana Júlia, eu lhe dou três chances de V. Exª acertar quem é o banqueiro famoso que pode ter tido acesso ou, quem sabe, participação.

A Srª Ana Júlia Carepa (Bloco/PT - PA) - Não precisa me dar chance. Se V. Exª me der o aparte...

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Já estou lhe concedendo.

A Srª Ana Júlia Carepa (Bloco/PT - PA) -... acredito que eu acerte de primeira, Senadora. Gostaria, primeiro, de me solidarizar com V. Exª. Nós sabemos como é que alguns setores agem quando querem nos atingir, quando tentam desviar a atenção para uma coisa importante de uma CPI que desviou completamente o seu caminho, o seu objeto de investigação, deixou de investigar o que era necessário investigar: a ligação dos bingos com o crime organizado. Quer dizer, prefere deixar o crime organizado à solta a voltar a fazer perseguição política a um partido. Porque se pelo menos fosse, democraticamente, investigar todos... Mas não. Então, Senadora Ideli, quero dizer que eu tenho certeza de que esse banqueiro famoso que V. Exª tem enfrentado, outras pessoas aqui enfrentam, eu enfrentei - inclusive há uma revista que o chama de “orelhudo” - é o Sr. Daniel Dantas. Eu não tenho nenhuma dúvida. Se não for, não tenho nenhum problema de dizer. Mas V. Exª, como eu, provou que ele é mentiroso; provou que a palavra dele não tem credibilidade nenhuma; provou que ele é um cidadão que ganhou muito dinheiro à custa de privatizações, com o dinheiro dos trabalhadores dos fundos de pensão. E V. Exª teve a coragem de enfrentá-lo nas CPIs, aqui, nas comissões, como eu tive. Então, eu não tenho dúvida, porque essa é uma prática conhecida desse famoso banqueiro. Ele não tem banco nenhum, Senadora, não tem nada de dinheiro, mas ele usa muito bem o dinheiro dos outros. Ele não deveria ser banqueiro. Ele tem muito dinheiro, mas ele, como banqueiro, no máximo é um tamboretezinho - estou falando aqui como bancária. Então, quero lhe dizer que não tenho dúvida, até porque é uma prática comum do Sr. Daniel Dantas plantar matérias contra as pessoas que têm coragem de enfrentá-lo, que têm coragem de desmenti-lo, que têm coragem de desmascará-lo. E V. Exª é esta mulher - como outras e outros também - que está recebendo a perseguição desse cidadão de triste história em nosso País, por conta da sua atuação correta, séria e por conta de V. Exª incomodar aqueles que já usaram tanto, já usufruíram tanto o dinheiro do nosso País. Obrigada.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Eu agradeço a V. Exª, Senadora Ana Júlia. Antes de conceder o aparte ao Senador Arthur Virgílio e ao Senador Leonel Pavan, quero aqui mostrar, porque está tudo documentado. Quando começaram a aparecer notinhas em junho, julho e agosto, do ano passado, pessoalmente, fui duas vezes ao Procurador-Geral da República encaminhar toda a documentação e pedir ao Procurador, Dr. Antonio Fernando, que pare a futrica pela imprensa. Que o Dr. Celso Três me processe, para eu poder ter o direito de me defender e apresentar a minha documentação em juízo - direito de defesa.

Fiz isso - está aqui a documentação protocolada no dia 12 de agosto. Como o Dr. Celso Três foi reincidente, no dia 24 de agosto eu voltei a apresentar toda a documentação e terminei o meu requerimento dizendo assim:

Diante do exposto, requer se digne determinar a juntada desse aditamento à petição anterior, na expectativa de que, em decorrência das providências reclamadas, não se repita a questionada atuação ministerial, sem prejuízo, é claro, da rigorosa apuração dos fatos, em homenagem ao Direito e à Justiça.

Eu fui pedir para ser processada, porque queria, na Justiça, me defender. Na imprensa é complicado, Senadora Ana Júlia Carepa, porque vai sair uma página inteira. Agora, qualquer explicação que eu dê, qualquer documento que eu apresente para comprovar que é aritmeticamente vergonhoso confundir rendimentos com movimentação financeira, o que é das coisas mais elementares, é primária, isso não vai dar capa novamente, ou seja, eu vou ter de ficar correndo atrás do prejuízo.

Mas escuto com muito prazer, em primeiro lugar, o Senador Arthur Virgílio e, depois, o Senador Leonel Pavan.

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Senadora Ideli Salvatti, eu apenas agora tomei conhecimento da matéria publicada hoje pelo jornal Correio Braziliense, com chamada de primeira página e com o que me parece uma página, porque estou com a resenha da Radiobrás.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - É uma página inteira, Senador Arthur Virgílio.

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Antes de tudo, eu gostaria de dizer que V. Exª, de minha parte, merece todo o benefício da dúvida - todo! Eu não conseguiria mesmo, a partir do que estou vendo aqui, formular qualquer acusação a V. Exª. Em segundo lugar, eu gostaria de estabelecer a estranheza pelo fato de dados pessoais, dados de seu sigilo estarem em terceiras mãos.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - V. Exª só me permite uma coisa, Senador Arthur Virgílio?

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Pois não.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Vou pedir abertura de investigação de como é que isso vazou, entre tantas outras coisas que quero anunciar aqui. Mas é interessante, porque o documento da Receita que está publicado no Correio Braziliense tem em cima escrito: “Informação protegida por sigilo fiscal”, que desapareceu do fac-símile na publicação de jornal. Interessante, não é?

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Muito bem. Então, Senadora, entendo muito bem seu estado, mas a discordância que tenho nem é tanto de V. Exª, mas de certos apartes, porque, do jeito que começou o discurso, parecia que seria, assim, uma manobra da Oposição. E é bom que fique bem claro que não, são dados vazados pela Receita Federal, que é um órgão do Governo.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Não, Senador Arthur Virgílio, a Receita repassou, a pedido do Procurador da República, Dr. Celso Três, em Santa Catarina, esses dados, essa documentação. Isto aqui chegou à CPI dos Bingos em maio.

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Muito bem, Senadora. Veja, eu não consigo ver ligação entre essa matéria e sua atuação na CPI dos Bingos. Se fosse o contrário - bato na madeira -, comigo, eu cumpriria meus dois deveres: o de me defender e o de atuar na CPI dos Bingos, defendendo o Governo no qual eu, porventura, acreditasse. Mas eu gostaria de lhe dizer, de maneira muito sóbria, que não vejo aqui como acusar V. Exª. Não vejo sinceramente. Pelo que li - eu não tinha conhecimento da matéria -, não vejo.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Até porque, Senador Arthur Virgílio, eu imagino que a sua movimentação financeira como Senador não deve estar muito longe da minha.

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Eu espero que a sua seja melhor, sinceramente.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - A minha foi melhor por conta de empréstimos que eu fiz, e um deles eu estou devendo.

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Eu desejo sinceramente, de coração, que, se a sua for pior, eu vou ter que me solidarizar com V. Exª, depositando algum na sua conta.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Isso. Quem sabe?!

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Ainda há pouco, eu conversava com o Senador Tião Viana e creio que todas essas lições devem ficar. Estou aguardando uma manifestação do Ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, com quem eu já tive várias idas e vindas neste Governo e não quero ter mais nenhuma ida e nenhuma vinda. Ou eu me acerto com ele ou me desacerto de uma vez. Eu insisto em que aquelas listas de Furnas são falsas. Insisto! Insisto que é de uma leviandade brutal continuarem dando vezo e voz a um escroque. Insisto que seria tão grave ser veraz uma lista que tem o nome do candidato à Presidência da República, do meu Partido, o nome do candidato a Governador de São Paulo, do meu Partido, o nome do Governador de Minas Gerais. É tão grave... Ou isso aí é falso ou seria uma hecatombe. Então, eu estou aguardando um pronunciamento. Eu disse ao Senador Tião Viana ainda há pouco: eu não quero as habilidades do Ministro Márcio Thomaz Bastos, eu quero uma declaração cabal dele, ou eu vou declarar guerra ao Ministro Márcio Thomaz Bastos. Eu quero uma declaração cabal de S. Exª. Não quero mais essa água parada, eu não gosto disso. Se V. Exª me conhece e me percebe, eu não gosto de fazer injustiça, e, neste momento, eu não poderia deixar de dar a palavra que lhe dei. Eu poderia não falar nada, ficar no meu canto...

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Claro.

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) -... mas não é do meu feitio ficar no meu canto. Então essa água parada, essa água estagnada, essa água que fica ali, aquele rebojo, como nós chamamos na minha região e na região da Senadora Ana Júlia, aquele rebojo, aquilo ali, eu não aceito. Eu quero uma manifestação cabal do Ministro. Gostaria que ele desse essa manifestação ou, sinceramente, vou ser obrigado a ir à tribuna acusá-lo de estar usando a Polícia Federal com fins sórdidos, com fins de tom-tom-macute, de perseguição em ano eleitoral a adversários seus. Porque a lista de Furnas é um absurdo. Se alguém me pergunta se, porventura, possa ter tido, possa estar tendo ou possa amanhã haver corrupção em Furnas, não está mais aqui quem falou. Estou dizendo que aquela lista é um absurdo, é uma aberração e que estão usando um escroque para tentar criar situações de desestabilização política de pessoas que para mim são pessoas de bem. É em cima dessa mesma indignação que eu venho dizer a V. Exª assim que dei um prazo ao Ministro Márcio Thomaz Bastos; estou dando um prazo... Com toda sinceridade, não dá mais para marcar um jantarzinho para cá, um almoçozinho para acolá. Eu quero realmente que S. Exª se defina como caráter para mim, como caráter. Quero que S. Exª desqualifique essa lista desqualificada de uma vez por todas. Do mesmo modo que eu não poderia vir à tribuna para tripudiar de V. Exª num momento em que não vejo nada de concreto e nada que justificasse tomar um gesto que seria um gesto de revanche, um gesto injusto, um gesto menor, porque volto a lhe dizer: V. Exª não perde em conceito por mim pelo que estou lendo. Não perde. Não perde. O que estou lendo é pura e simplesmente algo que deve ser apurado e V. Exª deve ser a primeira a pedir apuração, como está fazendo.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Faz um ano que estou pedindo, Senador Arthur Virgílio. Um ano. Um ano.

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - E que V. Exª, desejo sinceramente, seja feliz nessa empreitada, porque para mim as denúncias verdadeiras levam à punição de culpados verdadeiros. As denúncias em falso levam à punição de falsos culpados e, portanto, acabam levando à absolvição de culpados verdadeiros. Eu estranho, portanto, que estejam rondando o seu sigilo. Estranho isso. E, sinceramente, gostaria muito de ver isso tudo esclarecido e, a depender de mim, sem dúvida nenhuma, a seu favor. Muito obrigado, Senadora.

A SRª IDELI SALVATI (Bloco/PT - SC) - Agradeço a V. Exª, Senador Arthur Virgílio.

Senador Leonel Pavan, para eu poder concluir.

O Sr. Leonel Pavan (PSDB - SC) - Senadora Ideli, tomei conhecimento dessa matéria agora, quando estava ouvindo na televisão o Senador Tião Viana lendo uma nota de solidariedade. Aí fiquei sabendo do ocorrido. Mas eu, como catarinense que conhece a sua história, não poderia deixar de me pronunciar sobre sua luta sempre em defesa dos professores, da educação, da moral, da ética. Conheço a sua história como a de uma grande Líder do PT e Líder dos setores mais oprimidos, como no caso os educadores. V. Exª é uma pessoa respeitada aqui no Senado como uma grande Líder. Ao tomar conhecimento dessa nota, fui verificar e realmente fiquei surpreso, porque foi colocado o extrato bancário...

A SRª IDELI SALVATI (Bloco/PT - SC) -... de movimentação de CPMF, Senador Leonel Pavan. É o extrato da movimentação da CPMF, o que induz inclusive a várias deturpações. Têm certas movimentações financeiras na conta da gente em que a CPMF é paga mais de uma vez.

O Sr. Leonel Pavan (PSDB - SC) - Bom, se olharem a questão política no nosso Estado de Santa Catarina, vão dizer: - Puxa, o Pavan está defendendo a Ideli; são adversários políticos. Nós não somos inimigos. Somos adversários políticos. Não estou fazendo uma defesa, porque não tenho conhecimento de tudo que foi publicado. Mas, pela sua história, tenho certeza absoluta de que não estou errado em ficar solidário com V. Exª em sua defesa, por tudo que V. Exª já fez pela política de Santa Catarina. Somos adversários. Mas não vamos tripudiar em cima de coisas que não são concretas e que têm que ser provadas ainda. Assim, na dúvida, fico com V. Exª. Deixo aqui a minha solidariedade a V. Exª em relação ao ocorrido. Certamente V. Exª poderá comprovar logo, logo, que sempre tem trabalhado com lisura e que vai continuar honrando seu mandato, que foi conseguido com mais de um milhão de votos. V. Exª tem uma missão muito grande para com Santa Catarina e para com o Brasil.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Agradeço a V. Exª, Senador Leonel Pavan. Agradeço também ao Senador Arthur Virgílio.

O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Senadora Ideli, embora eu tenha feito um aparte ao Senador Tião Viana, sei que a Mesa vai ser tolerante, como foi com todos aqueles que, no meu entendimento, foram injustiçados e foram à tribuna não para dar explicações, mas para comentar o caso e colocar as questões no devido lugar. Se me permite, V. Exª disse, em certo momento, que eu não sou o Senador dos seus sonhos, pela minha rebeldia. Como Líder, V. Exª está correta. Mas posso dizer, com a maior tranqüilidade, que V. Exª é Líder do Governo e que eu não teria nenhuma dúvida em votar novamente em V. Exª para exercer essa função. E quero dizer que, nesse caso, com todo respeito aos oradores que se manifestaram, eu não tenho nenhuma dúvida de que V. Exª está com toda a razão. Receba a minha total solidariedade. Lembro-me de quando V. Exª esteve no Rio Grande do Sul e nós viajamos juntos por alguns lugares defendendo as mesmas teses. Eu ali percebi mais do que nunca a coerência da sua caminhada, da sua história e sua honestidade. Por isso, aceite aqui do rebelde meu total apoio e solidariedade. Eu não tenho nenhuma dúvida quanto a sua honestidade, que, no meu entendimento, é um exemplo para toda a nossa Bancada.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Agradeço a V. Exª, Senador Paim. Eu queria deixar aqui de público registrados os meus próximos procedimentos. Em primeiro lugar, eu vou dirigir-me ao Procurador-Geral da República, como fiz no dia 12 de agosto e no dia 24 de agosto do ano passado, exigindo... sob pena de abertura de processo contra o Procurador - porque se ele tem tanta convicção de que eu cometi algum crime, se ele não abre processo, ele está cometendo crime de prevaricação. Essa é a primeira questão. Então eu vou, como fiz um ano atrás, exigir de novo que, se há alguma suspeita de ilícito, que eu seja processada para me defender na Justiça.

Em segundo lugar - e já falei por telefone com o Dr. Rachid -, eu vou oficializar meu telefone. Eu exijo que a Receita Federal, que não viu nenhuma irregularidade nas minhas declarações de Imposto de Renda, na minha movimentação financeira de 2002, nem de 2003, nem de 2004 e nem 2005, eu vou exigir que a Receita Federal faça pente fino. Pente fino! Se não desconfiaram de nada, eu quero, eu exijo que faça pente fino, porque eu quero declaração de idoneidade dada pela Receita Federal, já que o fato de eu não ter sido questionada ou acionada na malha fina até agora não é suficiente para provar que não há nada com relação às minhas contas.

Por último, vou até as últimas conseqüências. Vou me reunir daqui a poucos minutos com o meu advogado para apurar, até as últimas conseqüências, a quebra do sigilo. Provocou uma situação bastante difícil, e acabou resultando na saída do Ministro da Fazenda e do Presidente da Caixa Econômica, a quebra do sigilo bancário do Sr. Francenildo, um cidadão brasileiro, que não poderia ter o seu sigilo quebrado nunca. O meu sigilo bancário, como cidadã brasileira, também não pode ser quebrado!

Então, da mesma forma, como até as últimas conseqüências se foi no caso do Francenildo, a ponto de sair Ministro, sair Presidente da Caixa, também vou às últimas conseqüências, como fui no caso do Roberto Jefferson até o Supremo e ele teve que recuar, voltar atrás e engolir em seco todas as ameaças, insinuações e ilações que ele fez.

Portanto, se tinha alguém que achava que, com isso, com esse tipo de reportagem, com esse tipo de insinuação, me faria calar... Quem enfrentou, quem encarou, quem bateu na mesa, quem fez o que eu fiz até agora dentro deste Congresso Nacional, em um ano e lá vão meses de crise, não vai agora se sentir acuada, porque não teria enfrentado se, ao deitar no travesseiro, a minha consciência não estivesse absolutamente tranqüila, Senador Paim. As pessoas, quando não estão com a consciência tranqüila, não têm a coragem que tenho tido ao longo desse tempo.

Portanto, estou tranqüila, vou tomar todas as providências e vou exigir: vamos parar com a futrica. Porque isto aqui é futrica. Há ilicitude, processe. Há um ano estou pedindo isso.

(Interrupção do som.)

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Portanto, Presidente, agradeço a sua gentileza por ter deixado que eu passasse do tempo. Agradeço a todos os Parlamentares que, de forma pública ou privada, prestaram solidariedade a minha pessoa.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/06/2006 - Página 20847