O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, serei breve, porque sei que o Senador Aelton Freitas assumirá a tribuna antes que V. Exª dê início à Ordem do Dia.

Sr. Presidente, quero apenas registrar o meu descontentamento. Durante 12 anos o Espírito Santo foi refém do crime organizado. V. Exª e o Brasil acompanharam a nossa luta contra o crime organizado e institucionalizado, de estola, de toga, de patente, de uniforme e de gravata, contra a existência do estado bandido dentro do Estado de Direito. Lutamos juntos e trouxemos todos à luz.

A OAB e os homens de bem do Espírito Santo pedimos a intervenção do Governo Federal. O então Ministro da Justiça, Reale Júnior, pediu demissão porque o Presidente Fernando Henrique se recusou a fazê-la.

Hoje, o jornal A Gazeta, do meu Estado, publica matéria da jornalista Kenia Amaral dizendo que “o pedido de intervenção no Espírito Santo sequer chegou a ser analisado pelo ex-presidente porque, no dia em que a solicitação foi feita, ele estava ‘ocupadíssimo’.”

Vejam V. Exªs: o nosso Estado estava pegando fogo, era refém - pode-se falar que já se passou muito tempo, mas alguém deve mostrar indignação -, e ele disse que estava “ocupadíssimo” para tratar da questão do Espírito Santo, de um povo que recolhe imposto, de um povo trabalhador que precisava de um Presidente da República que o socorresse naquele momento. O Ministro reagiu e pediu demissão.

Sr. Presidente, faço, apaixonado e entristecido, este desabafo. Como ele ainda teve coragem? Será que não fez correção nesse seu livro? Como deixou esse texto ser publicado? É como se o ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso estivesse escarrando, cuspindo no rosto do povo do Espírito Santo.

Fica aqui o meu protesto pelo seu descaso. Quando mais precisávamos da ação de um Presidente da República para nos ajudar a debelar o crime organizado no Estado do Espírito Santo, ele estava ocupado, talvez com os Estados maiores, ou pensando na sua reeleição. Quem sabe, por ser época de reeleição, ele estivesse trabalhando tanto, tão intensamente ocupado que nos esqueceu? Parece, também, que não teve nem mesmo o cuidado de revisar seu livro.

Parabéns à jornalista Kenia Amaral pela matéria.

Deixo registrado meu repúdio, em nome do povo do Estado do Espírito Santo, pelo comportamento do ex-Presidente da República.