O SR. LEOMAR QUINTANILHA (PCdoB - TO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Senadora Heloísa Helena, nossa querida Presidente, eminentes Senadores, nesta noite avançada, eu gostaria apenas de fazer um registro.

O PCdoB é um dos mais antigos Partidos deste País, é um Partido forjado na luta pela democracia, pela liberdade, pela igualdade de direitos e pela soberania nacional. O PCdoB existe nas trincheiras partidárias do meu Estado, o Tocantins, desde sua criação, há pouco mais de 17 anos, mas é um Partido em fase de reestruturação. Agora, que tenho a honra de a ele pertencer, buscamos dar-lhe nova dimensão, reestruturando suas forças, procurando fazer com que esteja presente em cada um dos Municípios e com que possa, efetivamente, participar das discussões das políticas públicas no meu Estado, o Estado de Tocantins.

E é por isso que o PCdoB estará, no próximo dia 25, domingo, pela manhã, reunindo os seus filiados, seus líderes, para a realização da sua convenção estadual, para definição e escolha das candidaturas às vagas que serão disputadas na próxima eleição. O PCdoB terá candidato a Governador, a Vice-Governador, a Senador, a Deputado Federal, a Deputado Estadual. Enfim, o Partido vai se inserir definitivamente no processo de discussão democrática que existe no Estado há muito tempo. É um Partido em fase de estruturação, mas pretende ser o grão de mostarda semeado em terreno fértil, que é o Estado, um Estado promissor, que foi criado, exatamente, para erigir-se sem os vícios, sem os problemas, sem os cacoetes que tomam conta de muitos Estados brasileiros, numa deformação política que prejudica, sobretudo, os mais pobres, os mais necessitados. O PCdoB pretende ser o grão de mostarda para apresentar uma proposta modernizante ao Estado do Tocantins, uma proposta que tem como foco primeiro, prioritário, o cidadão, o ser humano, entendendo que as políticas públicas no Estado têm, efetivamente, de priorizar as nossas crianças, a juventude, os nossos idosos, homens e mulheres, que, com o seu esforço, com o seu trabalho, com a sua inteligência, constroem a grandeza do Tocantins.

Não queremos, eminente Senadora Heloísa Helena, meu querido amigo e companheiro, ilustre Senador Magno Malta, que esse Estado novo, de infra-estrutura rural, cuja população se debate em enorme dificuldade para superar os seus problemas e os seus sofrimentos, já experimente, de forma tão acentuada, os constrangimentos que cidades e Estados importantes da Federação vêm experimentando com a violência e com a criminalidade.

Não temos e não queremos abrigar no Estado do Tocantins situações constrangedoras como as que estamos assistindo, em que cidades importantes do Brasil têm setores reféns do crime. Ali, nós queremos evitar que isso ocorra, combatendo principalmente a causa, protegendo e dando a condição adequada à educação e à criação das nossas crianças, procurando ocupar de forma saudável e edificante a nossa juventude, com ensino de qualidade, com oportunidade laboral, com envolvimento nas atividades culturais, recreativas e desportivas, para que o jovem, tendo seu tempo ocupado com esse tipo de atividade, que lhe será útil no momento e na sua vida futura, não tenha tempo para percorrer os descaminhos da vida.

Queremos, no Tocantins, já discutir inovação tecnológica, utilizar os recursos da ciência e da tecnologia como forma de inclusão social, para dar oportunidade aos mais pobres e necessitados, para combater, fortemente, o desemprego e evitar que o Estado, novo, moderno, rico e promissor, que foi inclusive anunciado pela ONU como o coração, o centro da última fronteira agrícola do planeta, esteja, em detrimento do desenvolvimento da sua população, importando os insumos comezinhos e básicos para a sustentação da nossa gente. Não posso me conformar em ver o Tocantins importando farinha de mandioca, ovo de galinha, feijão, arroz, milho e óleo, a necessidade básica num Estado cuja vocação natural são exatamente as atividades econômicas do setor agropastoril. Não posso ver a força da nossa economia saindo do Estado in natura, sendo a ela agregado valor, gerando emprego, riqueza, impostos em outros Estados e, depois, voltando o produto manufaturado ou industrializado para o Tocantins; em benefício da industrialização, da construção, da agricultura, do trabalho em outros Estados, e em detrimento do desenvolvimento da nossa gente.

Uma das atividades econômicas mais importantes do Tocantins é a pecuária. Temos oito milhões de cabeças de gado bovino, de boa qualidade, oito vezes a população humana, e mal sabemos o que é feito desse produto. Se o desfrute for de apenas 20%, serão um milhão e seiscentos mil cabeças de gado abatidas no Tocantins, de cuja carne mal sabemos o que é feito, que é exportada na sua condição primária, os quatro quartos ou uma pequena parte desossada. Mas, e a pele, e o couro da melhor qualidade, que poderia estar fomentando a indústria de calçados, de couro, de mala, de bolsa, dando emprego para nossa gente, gerando riquezas para nosso Estado? O sebo, que vai embora, que poderia estar sendo utilizado no território tocantinense como matéria-prima para o fabrico de sabão, sabonete, detergente, amaciante, cosmético, biodiese!? E, no entanto, sai a matéria-prima in natura, baratinha, e, lá fora, a ela é agregado valor, manufaturada, industrializada e vem para comprarmos, com dificuldade, sem emprego, sem geração de receita, sem rendas no Estado. E as vísceras, o chifre e o osso, para não falar de outras matérias-primas que saem do Tocantins in natura, dando alegria e satisfação para outros Estados, para produtores, para homens e mulheres de outros Estados, em detrimento do povo tocantinense?

Só há uma coisa no Tocantins que produzimos muito, que é energia elétrica. E, de seis partes da energia elétrica ali produzida, uma é utilizada no Tocantins; as outras cinco são vendidas para os Estados mais ricos da Federação: para o próprio Distrito Federal e para os Estados das Regiões Sul e Sudeste. E, pasmem, a energia para o povo mais rico é vendida mais barata do que para o tocantinense. Estamos vendendo para a população tocantinense a quarta energia mais cara do Brasil.

Então, com a intenção de baixar o preço da energia, de estimular a industrialização do Estado, de melhorar e aprimorar a educação e a formação das nossas novas gerações, de combater, efetivamente, o desemprego é que o PCdoB estará, a partir do dia 25, anunciando a sua proposta de transformação para o Estado numa bela convenção que será realizada no Memorial Prestes, na principal praça do Estado do Tocantins.

Espero que todos possam estar lá, os tocantinenses e o Brasil inteiro, para ver que, no coração do Brasil, ainda existe um Estado que quer, efetivamente, participar, inserir-se nesse modelo e no processo de desenvolvimento do País. E o Tocantins haverá de dar a sua contribuição para que o Brasil possa encontrar o caminho da prosperidade, onde a sua população possa usufruir desse processo de desenvolvimento.

Senadora Heloísa Helena, obrigado pela generosidade de V. Exª de, até nestes minutos, nestas horas avançadas da noite, estar ouvindo este registro que considero importante para o PCdoB e para o Tocantins.

Muito obrigado.