Discurso durante a 86ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração, no próximo dia 23 de junho, do Dia Mundial do Desporto Olímpico.

Autor
Valmir Amaral (PTB - Partido Trabalhista Brasileiro/DF)
Nome completo: Valmir Antônio Amaral
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. ESPORTE.:
  • Comemoração, no próximo dia 23 de junho, do Dia Mundial do Desporto Olímpico.
Publicação
Publicação no DSF de 22/06/2006 - Página 21188
Assunto
Outros > HOMENAGEM. ESPORTE.
Indexação
  • HOMENAGEM, DIA INTERNACIONAL, ESPORTE, OLIMPIADAS.
  • ANALISE, IMPORTANCIA, ESPORTE, APROXIMAÇÃO, PAIS, MUNDO, BENEFICIO, SAUDE, COMENTARIO, DADOS, PUBLICAÇÃO, DIAGNOSTICO, SITUAÇÃO, BRASIL.

O SR. VALMIR AMARAL (PTB - DF. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o art. 86 da Lei nº 9.615, de 24 de março de 1998, instituiu o Dia do Desporto, a ser comemorado todo dia 23 de junho. A data, evidentemente, não foi escolhida por acaso: é no 23 de junho que se comemora o Dia Mundial do Desporto Olímpico. E isso porque foi nesse dia, no distante ano de 1894, que o Barão Pierre de Coubertin fundou o Comitê Olímpico Internacional, o COI, instituição que comanda, desde então, o esporte em nosso planeta.

Cumpre destacar, Srªs e Srs. Senadores, que esse artigo 86 da Lei nº 9.615 tornou sem efeito o artigo 54 da Lei nº 8.672, de 6 de julho de 1993, que instituíra o 19 de fevereiro como o Dia do Desporto. Portanto, antes de mais nada, é preciso que se desfaça o mal-entendido: o Dia do Desporto deve ser comemorado, efetivamente, no dia 23 de junho, e não em 19 de fevereiro.

Nada mais justo! Afinal, nestes tempos de vale-tudo, nestes tempos em que o mais importante é a vitória a qualquer custo, nestes tempos em que parece consolidada a convicção de que “o feio é perder”, nunca é demais associar a prática do esporte à figura do Barão Pierre de Coubertin. Até para que possamos recordar, em todos os momentos, seu ensinamento de que o que mais conta, em qualquer circunstância, é competir com honra e dignidade.

Nesse sentido, Srªs e Srs. Senadores, há que se louvar o esporte, sempre, como fator de congraçamento entre as pessoas; e, mais ainda, como instrumento de aproximação entre grupos e nações.

Não foram poucas, ao longo da História, as ocasiões em que o esporte exerceu essa nobre função. No auge da Guerra Fria, por exemplo, no auge da dicotomia comunismo versus capitalismo, um torneio de pingue-pongue tornou menos tensas as relações entre a China e os Estados Unidos. Numa partida da Copa do Mundo de 1998, jogadores de futebol dos Estados Unidos e do Irã posaram juntos para uma foto, logo após entrar em campo. Irmanados no espírito do esporte, esqueceram por alguns momentos as quase duas décadas que haviam transcorrido desde a crise dos reféns. O quadriculado da camisa da seleção da Croácia, que nos enfrentou na primeira fase deste Mundial da Alemanha, faz referência a uma disputa entre facções inimigas locais, uma simbolizada pela cor vermelha, outra pela branca, disputa essa que foi solucionada num torneio de xadrez.

São inúmeros, enfim, os exemplos que poderíamos lembrar, todos a apontar a contribuição do esporte para a saudável e harmoniosa convivência entre os seres humanos.

Mas o desporto, Sr. Presidente, faz muito mais que aproximar pessoas e nações. São inegáveis, afinal, os benefícios que ele traz à saúde física e mental daqueles que o praticam. A tal ponto que a vida sedentária, ou seja, aquela que se leva sem fazer qualquer exercício físico, tornou-se sinônimo de vida sem qualidade.

Nessa linha, embora reste muito chão a percorrer, o Brasil tem motivos para comemorar. Pelo menos, é isso que nos revela o Atlas do Esporte no Brasil, publicação lançada há pouco mais de um ano, que fez um amplo diagnóstico da prática do esporte em nosso País.

Ao classificar como esporte não só a disputa de campeonatos, mas também toda a atividade física de competição, ou por motivos de saúde, ou por motivos estéticos, ou por simples lazer, o que abrangia desde a pelada do final de semana até a prosaica caminhada diária, as pesquisas realizadas para a elaboração do Atlas constataram que, entre as pessoas em condições de exercer alguma atividade esportiva, 89% efetivamente o faziam. Isso equivalia, na época, a 110 milhões de brasileiros. Cabe ressaltar ainda que, daqueles 89% que podiam ser classificados como esportistas, 51% cumpriam a atividade com regularidade; 12% eram muito ativos, ou atletas; e 26% se declararam ocasionais. Em resumo: a publicação chegou à conclusão de que apenas 11% dos brasileiros podiam ser considerados sedentários.

São números como esses, Srªs e Srs. Senadores, que nos levam a ser otimistas. Se nossa população mantiver sua dedicação às práticas esportivas - mais ainda, se conseguirmos atrair para tais práticas aqueles 11% de sedentários -, é bem provável que diminuam, em nosso País, os índices de mortalidade por doenças cardiovasculares e coronarianas; é bem provável que haja menos casos de diabetes; é bem provável que se note uma redução no número de brasileiros afetados por depressão ou ansiedade.

Outro aspecto de grande relevância, Sr. Presidente, diz respeito à caracterização de esporte como fenômeno econômico. O Atlas que mencionei há pouco chegou à conclusão de que a atividade emprega, em nosso País, um milhão e meio de pessoas, das quais 870 mil diretamente. Ora, isso equivale, por exemplo, a um quarto da população empregada na construção civil.

Quanto aos recursos financeiros envolvidos, a publicação destaca que a indústria do esporte movimenta no Brasil, anualmente, US$12 bilhões, o que equivale a 1,7% de nosso Produto Interno Bruto.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, neste 23 de junho, neste dia em que se comemora o Dia do Desporto, quero saudar, de forma muito carinhosa, todas as brasileiras e todos os brasileiros que se dedicam à prática do esporte: os 23 milhões que jogam futebol; os 15 milhões que jogam vôlei; os 12 milhões que se dedicam ao tênis de mesa; os 11 milhões que praticam natação; os 2 milhões que fazem atletismo; os 2 milhões que fazem judô; os milhões e milhões de compatriotas que jogam tênis, basquete, bocha, e tantas outras modalidades, ou que simplesmente correm ou caminham em nossas ruas e parques.

Era o que eu tinha a dizer.

Muito obrigado!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/06/2006 - Página 21188