Fala da Presidência durante a 85ª Sessão Especial, no Senado Federal

Reverencia à memória de Leonel de Moura Brizola, pelo transcurso do segundo ano de seu falecimento.

Autor
Renan Calheiros (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/AL)
Nome completo: José Renan Vasconcelos Calheiros
Casa
Senado Federal
Tipo
Fala da Presidência
Resumo por assunto
Outros:
  • Reverencia à memória de Leonel de Moura Brizola, pelo transcurso do segundo ano de seu falecimento.
Publicação
Publicação no DSF de 22/06/2006 - Página 21072
Assunto
Outros
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, LEONEL BRIZOLA, EX GOVERNADOR, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), ELOGIO, ATUAÇÃO, ETICA, VIDA PUBLICA, DEFESA, DEMOCRACIA, REGISTRO, CAPACIDADE, ADMINISTRAÇÃO PUBLICA, PRIORIDADE, EDUCAÇÃO, COMBATE, DESIGUALDADE SOCIAL.

O SR. PRESIDENTE (Renan Calheiros. PMDB - AL) - Eu gostaria de destacar a presença neste plenário de várias pessoas, inclusive do Prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que por aqui passou; do Presidente da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo; do ex-Deputado Afif Domingos, Presidente da Federação das Associações Comerciais de São Paulo; de Paulo Ziulkoski, Presidente da Confederação Nacional dos Municípios; de meu querido Deputado Neiva Moreira, ex-Presidente do PDT; de Manoel Dias, Secretário-Geral do PDT do Rio de Janeiro.

E queria dizer às Srªs e aos Srs. Senadores que, há exatos dois anos, o Brasil perdia Leonel Brizola.

Como Presidente do Senado Federal, é uma honra para mim muito grande homenagear um dos mais extraordinários homens públicos do século XX, um líder respeitado até mesmo por seus adversários políticos, como aqui disse há pouco o Senador Pedro Simon.

Em sessenta anos de vida pública, nunca houve um arranhão, nunca se teve notícia de um deslize ético de Brizola. O velho líder trabalhista era um exemplo de fidelidade absoluta e irrestrita aos seus ideais, ao seu Partido, à causa da educação e à classe dos menos favorecidos, e à causa do Brasil também.

Muito do espírito guerreiro e até implacável de Leonel Brizola se deve, sem dúvida, às suas origens. Com apenas um ano de idade, perdeu o pai, o lavrador José de Oliveira Brizola, assassinado na Revolução Federalista de 1923. Foi alfabetizado pela mãe, Dona Onívia, e, ainda menino, teve que trabalhar duro em Porto Alegre para completar o ensino básico.

Foi deputado estadual e prefeito de Porto Alegre antes de comandar uma revolução educacional no Rio Grande do Sul, quando construiu 6 mil escolas, 278 escolas técnicas e 131 ginásios e escolas normais.

Brizola também revolucionou a economia gaúcha. Investiu, de forma maciça, na infra-estrutura; estatizou judicialmente as subsidiárias da I.T.T. e da Companhia de Energia Elétrica Norte-Americana; criou a Caixa Econômica Estadual, o Banco do Estado do Rio Grande do Sul, a Aços Finos Piratini e a Refinaria Alberto Pasqualini.

Brizola foi, sem dúvida, sem demérito a ninguém, o maior Governador do Rio Grande do Sul de todos os tempos.

Ainda como Governador, teve seu grande momento político ao comandar a cadeia da legalidade. Foi a grande resistência contra a tentativa de golpe militar depois da renúncia de Jânio Quadros.

Brizola viveu no exílio por longos quinze anos, com sérias conseqüências para a sua família. Na volta ao Brasil, perdeu a legenda PTB, por arte do antigo regime militar. Criou, então, o PDT, elegeu-se Governador do Rio de Janeiro e deixou também, a exemplo de sua gestão no Rio Grande do Sul, a sua marca registrada, com a implantação dos Centros Integrados de Educação Popular - CIEPS, escolas em tempo integral para crianças mais pobres, idealizadas por Darcy Ribeiro e inspiradas no grande educador Anísio Teixeira.

A principal mensagem de Brizola continua bem nítida e atual: a única saída para o Brasil é a educação de qualidade para todas as nossas crianças, todos os nossos jovens.

O líder que todos aprendemos a admirar - e este já é o segundo ano que nós reverenciamos a sua memória, a data da sua morte - teve vitórias e derrotas ao longo de sua trajetória, mas nunca, nunca mesmo, nunca desistiu de lutar. A militância política - o Neiva é um testemunho aqui - era parte intrínseca de sua personalidade. Tanto que, aos 82 anos de idade, sonhava ainda, pensava ainda eleger-se prefeito do Rio de Janeiro. Mas o conhecido e admirado vigor físico já não era o mesmo, embora a têmpera ainda fosse a mesma, a mesma têmpera forte.

Entre os muitos exemplos que nos legou Leonel Brizola, quero destacar aqui a honra pessoal dele, o patriotismo, a fidelidade às próprias idéias e ao seu Partido. Que essas qualidades inspirem, Neiva, todos nós, a lutarmos sempre, como fazemos, por um Brasil melhor.

Tenho a honra de conceder a palavra ao Senador Leonel Pavan.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/06/2006 - Página 21072