Discurso durante a 85ª Sessão Especial, no Senado Federal

Reverencia à memória de Leonel de Moura Brizola, pelo transcurso do segundo ano de seu falecimento.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Reverencia à memória de Leonel de Moura Brizola, pelo transcurso do segundo ano de seu falecimento.
Publicação
Publicação no DSF de 22/06/2006 - Página 21080
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, LEONEL BRIZOLA, EX GOVERNADOR, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), ELOGIO, ATUAÇÃO, VIDA PUBLICA, RESISTENCIA, DEFESA, LEGALIDADE, DEMOCRACIA, PERIODO, GESTÃO, JOÃO GOULART, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, IMPORTANCIA, INICIATIVA, CONSTRUÇÃO, ESCOLA PUBLICA, MODELO, EDUCAÇÃO INTEGRADA, ATENDIMENTO, POPULAÇÃO CARENTE.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Cristovam Buarque, hoje candidato à Presidência da República pelo PDT; prezados Presidente Neiva Moreira e Manuel Dias, que aqui representam o Partido de Leonel Brizola; meus queridos companheiros e companheiras de batalha e de ideais, gostaria de também me solidarizar com esta homenagem que os Senadores Cristovam Buarque, Pedro Simon, Paulo Paim e Heloísa Helena prestam a Leonel Brizola.

Em algumas passagens de minha vida, reconheci em Leonel Brizola uma pessoa que tanto lutou por democracia e por justiça a fim de que o Brasil pudesse ser um País muito próximo dos sonhos da maioria do povo brasileiro.

Durante os anos 60, conheci Leonel Brizola, mas pouco, quando eu era estudante e acompanhava com muita atenção os fatos no País.

De 1963 a 1964, eu era Diretor Cultural, depois Presidente do Centro Acadêmico da Escola de Administração de Empresas, e muito me preocupei com os movimentos que vieram a desencadear o golpe de 31 de março e 1º de abril de 1964.

Percebi, ali, que acabaríamos entrando em um período de trevas, em muitos aspectos. Organizei, na época, uma reunião com todos os alunos da Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas, convidando professores e estudantes para debaterem. Tomamos a decisão conjunta, às vésperas do 31 de março, de que fosse respeitada a Constituição Federal e de não admitirmos a derrubada do Presidente João Goulart daquela maneira.

Dentro desse espírito, acompanhei a defesa que fazia Leonel Brizola na campanha pela legalidade. E tantos outros fatos fizeram com que dele eu me aproximasse, inclusive quando, nos idos dos anos 70, ele se encontrava exilado. Fui visitá-lo, uma vez em Nova Iorque, outra em Estocolmo, na Suécia. Nessa ocasião, encontrei-me com Leonel Brizola e também com Fernando Gabeira, que trabalhava no metrô de Estocolmo. Vivemos momentos de lembranças e de expectativas de democratização do Brasil.

Quando foi formado o Partido dos Trabalhadores e Leonel Brizola veio, então, do exílio, o primeiro encontro significativo e importante que teve o Presidente Lula com o Presidente do PDT, Leonel Brizola, se deu em minha residência, Senadora Heloísa Helena. Tive ali a honra de propiciar o encontro de ambos. Tivemos um almoço e uma longa conversa. E sempre percebi que seria positiva a aproximação do Partido dos Trabalhadores com o Presidente do PDT, Leonel Brizola, o que muitas vezes acabou acontecendo, especialmente quando Leonel Brizola integrou a chapa do Presidente Lula.

Por isso, considero muito importante estarmos sempre aqui recordando os aspectos da vida de Leonel Brizola, como fizeram aqui Pedro Simon, Paulo Paim, Cristovam Buarque, Heloísa Helena. São ensinamentos tão significativos para nós que queremos continuar na luta pelos ideais que ele, conosco, abraçou: os ideais de construção de democracia, de libertação do povo e, efetivamente, compreendendo-o tão bem, como fez hoje o candidato a Presidente pelo PDT, Cristovam Buarque, ressaltando a educação - como fazia Leonel Brizola juntamente com Darcy Ribeiro e os que criaram com eles os Cieps. Eles enfatizavam a importância da universalização da educação de boa qualidade.

Há poucos dias, Fausto Wolff escreveu no Jornal do Brasil um artigo muito interessante sobre os Cieps e sobre o fato de O Globo, que tantas vezes teceu críticas ferozes aos Cieps, em dias recentes, fazer reportagens dizendo como os Cieps, que continuam funcionando bem - refiro-me àqueles que estão funcionando bem -, acabaram sendo exemplos tão importantes à luz dos ideais de Leonel Brizola.

Lá em São Paulo, os Centros de Educação Unificada (CEUs), construídos pela Prefeita Marta Suplicy, tiveram como exemplo os Cieps de São Paulo e se constituíram em modelos que não podem agora ser abandonados, dada a aceitação tão forte pelo povo mais pobre das áreas periféricas de São Paulo, que deseja escolas de boa qualidade quanto os CEUs.

Os Cieps devem receber o cuidado necessário para que seja honrada a memória e os ideais de Leonel Brizola, porque efetivamente constituem uma experiência que não pode ser abandonada, nem menosprezada.

Portanto, deixo aqui o meu abraço, cumprimentando-os por esta sessão de homenagem à memória de Leonel Brizola.

Muito obrigado. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/06/2006 - Página 21080