Discurso durante a 85ª Sessão Especial, no Senado Federal

Reverencia à memória de Leonel de Moura Brizola, pelo transcurso do segundo ano de seu falecimento.

Autor
Lúcia Vânia (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/GO)
Nome completo: Lúcia Vânia Abrão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM.:
  • Reverencia à memória de Leonel de Moura Brizola, pelo transcurso do segundo ano de seu falecimento.
Publicação
Publicação no DSF de 22/06/2006 - Página 21081
Assunto
Outros > HOMENAGEM.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, LEONEL BRIZOLA, EX GOVERNADOR, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), ESTADO DO RIO DE JANEIRO (RJ), ELOGIO, ATUAÇÃO, VIDA PUBLICA, DEFESA, ESTADO DEMOCRATICO, CRIAÇÃO, ESCOLA PUBLICA, MODELO, EDUCAÇÃO INTEGRADA, ATENDIMENTO, NECESSIDADE, POPULAÇÃO CARENTE, REGISTRO, CONTRIBUIÇÃO, HISTORIA, BRASIL.

A SRª LÚCIA VÂNIA (PSDB - GO. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a sessão de hoje, representa para todos nós, Parlamentares, independente de partido político, uma tarefa bastante nobre: recordar uma das figuras mais importantes do cenário político brasileiro.

            Leonel Brizola representou um dos mais significativos papéis da História brasileira na segunda metade do Século XX, sempre visando ao interesse da nossa população.

            Foi aquele político arraigado aos seus ideais que não desistiu diante das derrotas.

            Que não se abateu diante das sombrias nuvens que cobriram o solo brasileiro durante duas décadas.

            Que não recuou quando artimanhas de todas as espécies foram tentadas contra ele; que não esmoreceu quando foi exilado de sua terra; enfim, ao final da vida, não temeu apontar o dedo para o falso profeta que prometia o paraíso sem fome e nos entregou a maior devassidão moral já vista na história da república brasileira.

            Sua primeira militância política se deu quando ingressou no antigo PTB, em agosto de 1945. Ainda verde no mundo da política, admitia que era movido mais pela paixão do que por profundos conhecimentos ideológicos.

            Minha intenção com esse breve depoimento que faço de Leonel Brizola, não é apenas mostrar seus primeiros anos na seara da política, mas também se constitui em uma verdadeira declaração de princípios do que foi toda a sua vida: apaixonada, vibrante, mas, sobretudo, dedicada aos mais pobres, aos mais humildes, aos mais necessitados.

            Assim foram as suas ações como administrador. Depois de ter sido Deputado Federal, tornou-se, em 1955, Prefeito de Porto Alegre. À frente de um cargo executivo, deu especial atenção ao atendimento das reivindicações das classes operárias, como saneamento básico, melhoria dos transportes coletivos e criação de escolas.

            Esse último ponto, aliás, foi sempre uma das lutas de Brizola: aumentar a oferta de educação, principalmente nas regiões mais pobres e carentes.

            Três anos depois, em 1958, Brizola foi eleito Governador graças à sua atuação como Prefeito da capital sul-rio-grandense. É a partir de então que assume papel de destaque no cenário nacional.

            Suas iniciativas no campo da educação sempre se salientaram, com a abertura de cinco mil, novecentos e duas novas escolas primárias, 278 escolas técnicas e 131 ginásios e escolas normais no Estado gaúcho. Repetia, na educação estadual, o que fizera em Porto Alegre.

            Mas o grande papel de Brizola foi o de mantenedor da legalidade após a renúncia de Jânio Quadros ao cargo de Presidente da República, em 25 de agosto de 1961.

            Naquele momento, diversas lideranças militares se opuseram à posse de João Goulart, vice-presidente eleito, como novo Presidente da República.

            Brizola, comandando mais de 100 emissoras de rádio da Região Sul do País, estabeleceu a “cadeia da legalidade”, isto é, a mobilização popular para garantir que João Goulart se tornasse Presidente da República, tal qual assegurava a Constituição de 1946.

            Em breve, o movimento se alastrou por outros Estados e a tentativa de golpear as instituições republicanas foi posta abaixo.

            Por meio de um acordo, Goulart tomou posse em troca do estabelecimento do Parlamentarismo como forma de governo.

            O Governo de João Goulart foi dos mais tumultuados de nossa história, ocasião em que o acirramento das disputas ideológicas levou o Brasil a se dividir, de forma inconciliável, entre pólos que defendiam projetos opostos de país.

            O resultado foi a ruptura institucional, com o Golpe Militar de 31 de março de 1964.

            Milhares de brasileiros, diante da implacável perseguição política, buscaram asilo em outras terras.

            Tal foi o caso de Brizola, que primeiro se asilou no Uruguai, depois nos Estados Unidos e, finalmente, em Portugal.

            Nesse último país, ocorreu um encontro que resultaria, mais tarde, na fundação de um novo partido político: o PDT.

            Em 6 de setembro de 1979, se inicia a segunda fase da carreira política de Leonel Brizola, ao retornar do exílio. Mudando-se para o Rio de Janeiro, elege-se governador daquele Estado em 1982.

            No Rio de Janeiro, criou, ao lado de Darcy Ribeiro, seu Secretário de Educação, os Cieps, considerados modelos de estabelecimentos educacionais.

            Após seu falecimento, em 21 de junho de 2004, Brizola recebeu inúmeras homenagens de políticos.

            Porém, as mais importantes foram as manifestações populares, sobretudo as que ocorreram no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, seus dois maiores redutos políticos.

            Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, recorro à sabedoria popular. Brizola foi um guerreiro do povo brasileiro. Um autêntico herói nacional. Nem sempre se saiu vencedor das batalhas, nem sempre foi bem-sucedido, mas, em todos os momentos, lutou com uma força de vontade, uma paixão pela vida pública e uma dedicação aos mais necessitados que se mostrou inabalável.

            Leonel Brizola deixou muitos exemplos para todos aqueles que se dedicam à vida pública, mas o principal e que todos nós devemos seguir sempre, independentemente de filiação partidária ou ideológica é: Ame o Brasil, mesmo que esse amor nem sempre seja correspondido na mesma medida.

            Obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/06/2006 - Página 21081