Discurso durante a 89ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Esclarecimentos sobre a posição do PFL com relação à candidatura ao Governo do Distrito Federal.

Autor
Paulo Octávio (PFL - Partido da Frente Liberal/DF)
Nome completo: Paulo Octávio Alves Pereira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA PARTIDARIA.:
  • Esclarecimentos sobre a posição do PFL com relação à candidatura ao Governo do Distrito Federal.
Publicação
Publicação no DSF de 27/06/2006 - Página 21647
Assunto
Outros > POLITICA PARTIDARIA.
Indexação
  • REGISTRO, HISTORIA, POLITICA, BRASILIA (DF), DISTRITO FEDERAL (DF), IMPORTANCIA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA FRENTE LIBERAL (PFL), AUMENTO, NUMERO, ASSOCIADO, DEPUTADO FEDERAL, DEPUTADO DISTRITAL, SENADOR.
  • ESCLARECIMENTOS, MOTIVO, CANDIDATURA, ORADOR, VICE-GOVERNADOR, DISTRITO FEDERAL (DF), PARCERIA, JOSE ROBERTO ARRUDA, DEPUTADO FEDERAL, CANDIDATO, GOVERNADOR, PREFERENCIA, ELEITORADO, COMENTARIO, IMPORTANCIA, ACORDO, MANUTENÇÃO, UNIDADE, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA FRENTE LIBERAL (PFL).

O SR. PAULO OCTÁVIO (PFL - DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Srª Presidente Heloísa Helena, a quem antecipadamente cumprimento pela Convenção do P-SOL, Senador Leonel Pavan, a quem cumprimento pelo pronunciamento.

Brasília, a capital da República, completou 46 anos no último 21 de abril. Mas só ganhou autonomia depois da Constituinte de 1988. Política é aqui arte recente, porque tudo é novidade nesta curtíssima história que ainda não completou duas décadas de exercício da escolha de governantes e representantes no Distrito Federal.

Tancredo Neves disse certa vez: “conheci pessoas cassadas, instituições cassadas, mas cidade cassada só Brasília”.

Em termos de política, Brasília está construindo história, partidos e preferências. Experimentamos a radicalização dos anos 80.

O Partido dos Trabalhadores ficou de um lado e, de outro, os correligionários do Governador Joaquim Roriz, que teve, ao longo desse período, enorme êxito. Governou o Distrito Federal por quatro vezes.

Os demais Partidos sobreviveram à sombra das duas principais referências. O Senador Cristovam Buarque governou o Distrito Federal eleito pelo PT. A divisão de forças, refletida no eleitorado, opunha os dois fortes blocos e obrigava outras legendas à existência tímida.

Essa é a fotografia da política do Distrito Federal, desde que o eleitor daqui passou a ter o direito de escolher seus representantes. Ocorre que as cidades que integram o quadrilátero onde se situa a capital da República cresceram muito. Hoje somam uma população que chega perto de dois milhões e trezentos mil habitantes.

A utopia de Juscelino ganhou pernas e vida própria. Passou a caminhar. Buscou abrir perspectivas e começou a demandar do Governante, como ocorre em qualquer outra cidade brasileira. Brasília deixou de ser apenas a referência política nacional. Passou a se constituir em importante pólo de ação partidária local. É nessa moldura que outras legendas começaram a buscar o caminho que também as conduzisse ao poder. O Partido da Frente Liberal foi uma delas.

Assumi a Presidência do PFL no DF e procurei promover a sua revitalização. Fiz comícios, reuniões, visitas e convidei correligionários a preencher fichas de filiação.

Hoje, o PFL do Distrito Federal possui algo em torno de 35 mil filiados. É um grande partido! Possui três Deputados Federais, cinco Distritais, um Senador da República, a Líder do Governo e o Presidente da Câmara Legislativa. Ou seja, o PFL do DF ganhou musculatura política.

E, segundo as pesquisas de opinião, dois nomes ganharam destaque dentro do Partido: o meu e o do Deputado José Roberto Arruda. A soma dos índices obtidos por um e outro, revelada por diversos mecanismos de apuração, é igual à metade dos eleitores do Distrito Federal. Experimentamos uma situação singular: a principal disputa ocorreria antes da eleição. A escolha do candidato poderia antecipar, ao menos, aquele que estaria no segundo turno da eleição. Minha responsabilidade de Presidente do PFL-DF é grande. Não poderia comprometer a unidade da legenda.

Brasília resulta de uma manobra política notável. O Presidente Juscelino foi exímio artesão das soluções engenhosas. Ele, que era do PSD, criou a Novacap, entregou uma de suas diretorias à UDN. O primeiro representante udenista foi o Deputado Íris Meinberg. Virgílio Távora, o grande político cearense, também foi Diretor da Novacap, embora pertencesse à União Democrática Nacional, Partido que fazia oposição ao plano de metas de JK. Negociação, transigência e conciliação permitiram que Juscelino fizesse aprovar no Congresso as leis que permitiram a mudança da nossa Capital.

Esse é um belo exemplo. Lembro-me de outros do quilate de Tancredo Neves, Ulysses Guimarães, José Sarney ou Marco Maciel, gigantes na política e habilíssimos na arte de conversar. Brasília, portanto, assistiu, ou é conseqüência, de exemplos notáveis, de negociações complexas que se transformaram em luminosos exemplos da arte de conduzir o bem público.

Não me comparo a nenhum desses monumentos da política nacional, mas fui buscar neles a inspiração para agir da melhor maneira possível, frente a um ambiente político-partidário que corria o risco de radicalização. Conversei muito. Ouvi conselhos de políticos experientes, de todos os partidos, e aceitei, de bom grado, a mediação do presidente Jorge Bornhausen. Diante de um possível impasse, decidi, solitariamente, aceitar a composição com o Deputado José Roberto Arruda. Ele será o candidato do PFL ao Governo de Brasília. Vou compor a chapa na qualidade de candidato a vice-Governador.

Quero oferecer este esclarecimento aos meus eleitores. Gostaria de dizer a todos eles que entendimento, negociação e busca da conciliação é a marca registrada da política nacional. O confronto levou à ditadura. A negociação reimplantou a democracia. No regime das liberdades plenas não há espaço para voluntarismo. Vamos sim, Arruda e eu, caminhar juntos, porque essa é a vontade majoritária dos eleitores do PFL aqui em Brasília.

Quem apostou na divisão do PFL perdeu. Demos o exemplo contrário. Fizemos o acordo que se dizia impossível. Criamos as condições para uma administração tranqüila e estável nos próximos tempos, como fizeram os cearenses, com Tasso Jereissati e Ciro Gomes; e os paulistas, com Mário Covas e Geraldo Alckmin.

Política é a arte da convivência de diferenças dentro do mesmo espaço. Acordos feitos às claras servem ao bem coletivo e sinalizam o futuro. Eles revelam confiança na parceria e fé no amanhã do nosso País.

Portanto, Srª Presidente, era esse o esclarecimento que julguei hoje ser oportuno dar a esta Casa, o Senado Federal, e aos meus pares aqui para que todos possam entender o meu sentido de união, parceria e entendimento dentro de um partido pelo qual trabalhei muito e que presido há bastante tempo: o PFL de Brasília, que, com muito orgulho, hoje representa 35 mil brasilienses e não tenho dúvidas de que vai mudar a história política da nossa cidade.

Muito obrigado e vamos em frente!

            A SRª PRESIDENTE (Heloísa Helena. P-SOL - AL) - Agradeço a V. Exª, Senador Paulo Octávio.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/06/2006 - Página 21647