Discurso durante a 92ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Manifestação de pesar pelo falecimento do pai dos Senadores Osmar Dias e Alvaro Dias. Anúncio da candidatura de S.Exa. pelo PMDB para o Governo do Piauí.

Autor
Mão Santa (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PI)
Nome completo: Francisco de Assis de Moraes Souza
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. ELEIÇÕES.:
  • Manifestação de pesar pelo falecimento do pai dos Senadores Osmar Dias e Alvaro Dias. Anúncio da candidatura de S.Exa. pelo PMDB para o Governo do Piauí.
Aparteantes
João Batista Motta.
Publicação
Publicação no DSF de 30/06/2006 - Página 22021
Assunto
Outros > HOMENAGEM. ELEIÇÕES.
Indexação
  • SOLIDARIEDADE, HOMENAGEM POSTUMA, PAI, ALVARO DIAS, OSMAR DIAS, SENADOR.
  • REGISTRO, PARTICIPAÇÃO, ESTADO DO PIAUI (PI), CONSOLIDAÇÃO, DEMOCRACIA, ANUNCIO, CANDIDATURA, ORADOR, GOVERNADOR.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Marcos Guerra, Senadoras e Senadores presentes na Casa, brasileiras e brasileiros aqui presentes e os que nos assistem pelo eficiente sistema de comunicação do Senado - a televisão, as rádios AM e FM, o próprio Jornal do Senado -, quero dizer, Senador João Batista Motta, que me associo, como todo o Estado do Piauí, à nota de pesar lida por V. Exª e ao documento apresentado pelo Senador Paulo Paim de condolências à família Dias, do Paraná, pelo falecimento de Silvino Dias, cujos filhos dão brilho e importância a este Senado e à política brasileira.

Senador Paulo Paim, é difícil este momento para os irmãos Dias, nossos companheiros fraternos, brilhantes.

Só Deus sabe das coisas! No Livro de Deus, o Eclesiastes, há uma passagem muito importante para se fazer uma reflexão neste momento. O autor, que se chama Coélet, o pregador, diz que ninguém tem mais entendimento do que ele, Senador João Batista. Coélet é neto de Davi e filho do sábio Salomão. Então, avô e pai lhe ensinaram. Ele disse que ninguém no mundo teria mais entendimento do que ele: os pais, os avôs, os professores e a vida. Ele tinha tanta terra que não conseguia ver todas. Ele tinha mais gado do que estrelas no céu. Tinha ouro, prata, mulheres mil. Senador João Batista, só tenho uma, a minha Adalgizinha, e estou feliz.

Coélet diz que, para entender a morte, sob os céus, tudo é vaidade. Diz Coélet, Senador João Batista: “Não vá se fadigar demais de trabalhar; às vezes, deixa-se riqueza para quem não merece”. A sabedoria é muito importante, mas ele viu sábios perderem a sabedoria pela idade e terem o mesmo fim: nascem nus, morrem nus. Então, ele dá um grande ensinamento, Senador João Batista, que tem um nome bíblico. Ele diz que, na vida, o melhor que podemos fazer é beber bem, comer bem e fazer o bem. Essa mensagem não é para ser aceita em uma festa, em uma boda, no carnaval, mas em um momento de reflexão, quando se perde um ente querido. E essa é a mensagem aos nossos companheiros, irmãos e camaradas Alvaro Dias e Osmar Dias, para entenderem a perda de Silvino Dias.

E, mais ainda, posso reproduzir a assertiva do Livro de Deus, que diz que árvore boa dá bons frutos. Não conhecemos o Silvino, mas seus frutos são os melhores que conheço da raça humana.

Mas vim aqui, Senadores Paulo Paim e João Batista Motta, dizer ao Brasil que nem tudo está perdido. “O homem é um animal político”, disse Aristóteles, e ninguém o contestou. O homem busca formas de governo múltiplas. Na história do mundo, os reis caíram com o povo nas ruas gritando “liberdade, igualdade e fraternidade”, e assim nasceu esse regime do povo, a democracia.

Senador Paulo Paim, e a nossa democracia? Esse grito só chegou aqui depois de 100 anos, mas chegou.

Digo e repito: há uma admiração extraordinária pela bravura do gaúcho. Não houve nenhuma batalha tão nobre e tão histórica como a dos Farrapos, que antecedeu a liberdade dos escravos e a queda da República. Rendo minhas homenagens a esse povo, Senador Paulo Paim, mas, ao mesmo tempo, tiro - já que estamos nas Olimpíadas, com a medalha dos jogos de futebol da Copa do Mundo - o troféu e a medalha de ouro do gaúcho e volto a colocá-la no peito do povo do Piauí. O Rio Grande do Sul fica com a medalha de prata. Nós somos a melhor gente do Brasil, a gente do Piauí!

Atentai bem, começou a Guerra dos Farroupilhas, mas nós é que colocamos os portugueses para fora, em batalha sangrenta, no dia 13 de março, na Batalha do Jenipapo. É lógico que perdemos, porque este País estava dividido: o Sul seria o Brasil; e o Norte, de Portugal, o país Maranhão. Mas, atemorizados, deixaram João José da Cunha Fidié, sobrinho e afilhado de D. João VI, no seu palácio de Oeiras. Ele foi se refugiar no Maranhão, que era aliado de Portugal.

Mas, Senador Paim, não é só isso, não! Atentai bem, Senador João Batista! Este País não é comunista também pelo Piauí. Nós somos a melhor gente do Brasil!

A Coluna Prestes saiu do Rio Grande do Sul e do Paraná, com Luiz Carlos Prestes e com o melhor currículo de vida militar, Juarez Távora, agregando aqueles que queriam fazer desta Pátria um País comunista, quando, na época, o Comunismo florescia na Alemanha, na Itália e na Rússia.

E a Coluna Prestes idealizou. Tomaram a Capital do Piauí, Teresina, para ser a primeira capital comunista deste País. Mas, Senador João Batista Motta, não conseguiram fazê-lo. Fizeram valas, lutaram, e a Coluna Prestes apagou-se no Piauí. Nós prendemos Juarez Távora, companheiro de Luiz Carlos Prestes. Este País não foi comunista por nossa causa.

Atentai bem, Senador Paulo Paim, aprenda a história! Atenção, jovem, que está atrapalhando o Senador Paulo Paim! Rui Barbosa perdeu as eleições no Brasil e ganhou em Teresina. Nós somos diferentes. E esse PT, amaldiçoado, foi ao PMDB, corrompeu e estuprou a Executiva. Germano Rigotto era uma criança: “Não serve para ser Presidente, serve para ser o mais honrado dos Governadores que estão aí”. Diziam: “É menino, não pode...” Quanto a Garotinho, até chifre colocaram-lhe na capa da maior revista. Quanto a Itamar, eu não posso nem repetir o que eles disseram dele. E, por fim, houve o maior estupro e a maior vergonha: negou-se a candidatura de Pedro Simon, símbolo da virtude, da decência, da dignidade, o maior dos brasileiros. Negou-se a candidatura de Pedro Simon. Que vergonha!

A história se repete: Rui Barbosa lutou pela independência, pela libertação dos negros, pela abolição, pela República, fez parte do Governo de Deodoro, foi Ministro. Saiu Floriano, quiseram meter outro militar e calar Rui, aqui. Ele disse, Senador João Batista Motta: “Não troco a trouxa de minhas convicções por um Ministério”. E os traquinos trocaram por carguinhos que envergonham a democracia.

Esse PT, há pouco tempo pai e mãe da corrupção - nunca vi proliferar tanto! -, foi para o Piauí, querendo estuprar lá. Mas lá foi diferente, Senador João Batista. Aqueles mesmos piauienses, inspirados na Batalha do Jenipapo, por derrotarmos a Coluna Prestes, por votarmos em Rui Barbosa, foram lá. Como tem dinheiro este País!

Lembra-se dos Lanceiros Negros, Senador Paulo Paim? Foram os delegados, os convencionais do PMDB do Piauí.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - O Deputado Enio Bacci, que nos visita neste momento, diz que conhece bem a histórias dos Lanceiros Negros...

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Pois ela foi revivida lá. E o PMDB do Piauí jamais será rabo de PT. Jamais o Piauí deixou e permitiu que aquela bandeira do PMDB, levantada por Ulysses; Teotônio, moribundo; Tancredo se imolando; Juscelino, humilhado e cassado aqui; fosse pano de chão do Karnak do Planalto.

Vencemos a mais bela convenção da história política do Piauí!

Ó, Presidente Michel Temer, a V. Exª, que sofreu as humilhações, firme no direito, firme nas bases, ao pedir candidatura própria, trago e ofereço a V. Exª, digno e honrado Presidente do PMDB, Michel Temer. Ele não conseguiu resistir aqui, mas a resistência foi lá no Piauí.

Senador Paulo Paim, leve a Pedro Simon aquilo foi um desagravo ao maior ato de canalhice na história política deste País. Impedir um homem como Pedro Simon de disputar a Presidência da República! Então, leve aos gaúchos a coragem e a bravura dos convencionais do PMDB que não se venderam e não se renderam e se solidarizaram com Pedro Simon.

Deus escreve certo por linhas tortas. Nós seremos o candidato do PMDB a Governador do Estado. Aceito essa missão, João Batista, como servo fiel e justo. Já fui Governador do Estado por duas vezes. Como diz a Bíblia, fé sem obra já nasce morta. A nossa foi com obra.

Paulo Paim, Deus me permitiu criar naquele Estado 78 novas cidades, 400 faculdades, 36 campi universitários, o projeto Sanear com o qual Teresina verticalizou-se, o maior combate ao analfabetismo. A mortalidade infantil diminuiu. E aumentou a longevidade.

O essencial é invisível aos olhos. Acho, Paulo Paim, que a minha maior obra foi respeitar o povo, trabalhar pelo povo e amar o povo. E o povo do Piauí vai cantar como o povo de Deus canta “aleluia, aleluia”. No Piauí o povo é o poder.

Concedo um aparte ao Senador João Batista Motta, se permitir o Presidente Paulo Paim, símbolo maior, o Martin Luther King do nosso Brasil.

O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco/PT - RS) - V. Exª já permitiu.

O Sr. João Batista Motta (PSDB - ES) - Senador Mão Santa, V. Exª, que tem gabarito, valores para ser um candidato a Presidente da República do nosso País, ficou afastado deste Senado por alguns dias, depois de brilhantes pronunciamentos que o consagraram pelo País afora. Comecei a ser perguntado, no meu Estado: “Onde está o Senador Mão Santa? Não o vi falar mais. Está fazendo falta.” Também fiquei meio preocupado com a ausência de V. Exª nesta Casa. Depois, para felicidade nossa, do seu Estado e deste País, V. Exª sai do seu querido Piauí com uma vitória que jamais alguém poderia pensar que aconteceria. Derrota adversários fortes, que até poucos dias estavam nos Correios, gente de dinheiro, gente de poder. V. Exª enfrentou a tudo e a todos, conseguindo se consagrar como candidato a Governador do Piauí. Tenho certeza de que, ao passar por essa prova, V. Exª pode-se considerar Governador do seu Estado. Não tenho dúvidas de que aquele povo trabalhador, de uma história impecável, não deixará passar a oportunidade de vê-lo como seu primeiro mandatário. O seu palanque será o da vitória e ela será a felicidade do povo do seu Estado. V. Exª jogou certo, porque jogou com a consciência, jogou com a verdade, jogou com o interesse do povo, como sempre fez quando votou nesta Casa. V. Exª vai ganhar a eleição para Governador do Piauí juntamente com o ex-Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que terá, no seu palanque, oportunidade de crescer na pesquisa no Nordeste, ultrapassando seu adversário. Não tenho dúvida de que, com apoio de Geraldo, candidato a Presidente, V. Exª haverá de ser, desta vez, o maior Governador do Piauí, como já o foi no passado. V. Exª, por certo, poderá galgar um cargo ainda maior no cenário brasileiro. Meus parabéns, Mão Santa, V. Exª merece muito mais, porque a sua coragem, a sua honestidade, a sua serenidade fazem a sua história.

O SR. MÃO SANTA (PMDB - PI) - Agradeço ao Senador João Batista Motta, uma das melhores inteligências que temos.

Senador Paulo Paim, tenho aprendido muito com o Senador João Batista Motta, mas peço permissão para lhe passar um ensinamento de Petrônio Portella.

Tenho, no meu gabinete, fotografias de dois homens: Papa João Paulo II, que abençoou a mim e a minha esposa, Adalgisa, em dezembro de 1995, quando eu era Governador do Estado do Piauí, e Petrônio Portella.

Olha, aprendi muito com Petrônio, mas a frase que eu mais o ouvi dizer foi: “Não agredir os fatos.”. Atentai bem, João Batista, que há um fato claro. Este País está dividido: de um lado, está quem quer o PT e o Lula; do outro, quem não os quer. Então, estamos no mesmo lado: eu, João Batista, Alckmin e tantos outros.

Para estimular, Paim, o povo do Piauí, não me inspirei no patrono do Deputado João Batista, que foi santo e de quem tiraram a cabeça. Eu me inspirei no apóstolo Paulo, jovem, soldado. Nos momentos difíceis em que ia à guerra, ele dizia: “Se Deus está conosco, quem está contra nós?”

O PT, a corrupção, isso é o que combatemos, mas recebo isso como o servo fiel e bom, Senador Paulo Paim, aquele a quem o senhor deu os cinco talentos e que, quando voltou, disse-lhe: “Estão aqui os cinco talentos e mais cinco que ganhei.”

Recebo isso com a humildade que une os homens, como talentos que Deus está me dando para fazer o Piauí reencontrar-se, numa visão de futuro, numa sensibilidade política e numa responsabilidade administrativa.

No passado, vencemos na convenção e vamos vencer a eleição, mas isso não é o importante. Que o Lula aprenda que o importante não é a festa de entrada, mas que o bonito é, ao deixar um governo, poder olhar para todos e dizer: “Valeu a pena.”.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 30/06/2006 - Página 22021