Discurso durante a 75ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Vandalismo promovido pelo Movimento de Libertação dos Sem-Terras (MLST) nas dependências da Câmara dos Deputados.

Autor
Eduardo Suplicy (PT - Partido dos Trabalhadores/SP)
Nome completo: Eduardo Matarazzo Suplicy
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MANIFESTAÇÃO COLETIVA. REFORMA AGRARIA.:
  • Vandalismo promovido pelo Movimento de Libertação dos Sem-Terras (MLST) nas dependências da Câmara dos Deputados.
Publicação
Publicação no DSF de 07/06/2006 - Página 19183
Assunto
Outros > MANIFESTAÇÃO COLETIVA. REFORMA AGRARIA.
Indexação
  • DEFESA, DEMOCRACIA, AUSENCIA, VIOLENCIA, PREJUIZO, LUTA, REFORMA AGRARIA, DEPREDAÇÃO, PATRIMONIO PUBLICO, CONGRESSO NACIONAL.
  • RECOMENDAÇÃO, PACIFICAÇÃO, ATUAÇÃO, MOVIMENTO TRABALHISTA, SEM-TERRA, SOLIDARIEDADE, REFORMA AGRARIA.

O SR. EDUARDO SUPLICY (Bloco/PT - SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, quero também, juntamente com os meus colegas de Senado, dizer a todos aqueles que lutam pela reforma agrária que o procedimento violento acaba prejudicando os movimentos, seja do MST, seja do MLST. Acabo de ver ali no salão de tapete verde, da Câmara dos Deputados, onde estão reunidos, ainda fazendo manifestações, o desrespeito ao ser humano, à propriedade pública, àquilo que é propriedade do povo. Quebrar as instalações do Congresso Nacional não vai ajudar a própria causa do movimento, que, legitimamente, deseja que seja apressada a realização da reforma agrária em nosso País, dos assentamentos, das desapropriações por interesse social, e assim por diante.

É importante que o MLST ou outros movimentos que lutam pela reforma agrária criem formas não-violentas para os seus objetivos. Os ensinamentos de Mahatma Gandhi, de Madre Tereza de Calcutá, de Martin Luther King Junior são os de que nós sempre precisamos confrontar a força física com a força da alma; nunca aceitar tomar do chá do gradualismo, daqueles que dizem sempre que as coisas poderão ser transformadas com o tempo, porque as transformações se fazem urgentes. Mas também não é o caso de tomar o cálice da violência, do ódio, da vingança, da guerra, como, infelizmente, acontece em alguns lugares do mundo, às vezes, até por chefes de Estados dos países mais ricos.

Precisamos aqui no Brasil, Sr. Presidente, usar dos métodos da não-violência, da democracia.

Infelizmente, hoje, as palavras, em ambas as Casas, são nessa direção.

Presidente João Alberto, no domingo estive em Piracicaba, convidado que fui para participar do Movimento pela Paz. Mais de cinco mil pessoas - talvez dez mil - se reuniram, caminharam cerca de três quilômetros para se juntar e ouvir canções pela paz, conclamando pessoas de todos os partidos, de Piracicaba e do Brasil. Para lá foram cantores da Bahia, porque o primeiro movimento nesse sentido se realizou em Feira de Santana, e ali milhares e milhares de pessoas conclamaram, diante dos atos de violência que têm ocorrido no Estado de São Paulo, no Rio de Janeiro, em Alagoas, no Piauí, no Acre, em outros lugares do Brasil, que procedamos com os esforços para não aplicarmos atos de violência, quebrando os mais diversos tipos de instalações de edifícios, como agora da Casa dos representantes do povo.

É claro que todos nós, neste momento - Governo, Poder Executivo, Congresso Nacional, a própria Justiça -, desejamos todos unir as nossas vozes para com essas pessoas, para que compreendam os exemplos daqueles que souberam, com sucesso, muitas vezes transformar as instituições do mundo na direção de maior justiça por meios democráticos, firmes, incisivos, mas nunca usando da violência.

É a recomendação que faço, solidário à causa da reforma agrária, aos membros do MLST, que hoje agiram de maneira não-aprovada por nós, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/06/2006 - Página 19183