Discurso durante a 75ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Vandalismo promovido pelo Movimento de Libertação dos Sem-Terras (MLST) nas dependências da Câmara dos Deputados.

Autor
Ramez Tebet (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/MS)
Nome completo: Ramez Tebet
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
MANIFESTAÇÃO COLETIVA.:
  • Vandalismo promovido pelo Movimento de Libertação dos Sem-Terras (MLST) nas dependências da Câmara dos Deputados.
Publicação
Publicação no DSF de 07/06/2006 - Página 19184
Assunto
Outros > MANIFESTAÇÃO COLETIVA.
Indexação
  • GRAVIDADE, TUMULTO, PREJUIZO, DEMOCRACIA, BRASIL, VIOLENCIA, DEPREDAÇÃO, PATRIMONIO PUBLICO, IMPUNIDADE, CORRUPÇÃO, ANIVERSARIO, DENUNCIA, PROPINA, MESADA, CONGRESSISTA.
  • REPUDIO, INVASÃO, CAMARA DOS DEPUTADOS, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, SEM-TERRA, EXPECTATIVA, PROVIDENCIA, PRESIDENTE, PUNIÇÃO, RESPONSAVEL.

O SR. RAMEZ TEBET (PMDB - MS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o que está acontecendo no Brasil? Eu não sei, Senadora Heloísa Helena. Nós vivemos tempos diferentes. Estamos vivendo tempos de desordem; estamos vivendo tempos de anarquia; estamos vivendo tempos de leniência, em que as coisas vão se sucedendo, acontecendo uma atrás da outra. Faz mais de um ano, Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores, que este País vem sendo atormentado pelo escândalo do mensalão, vem sendo atormentado pela corrupção, vem sendo prejudicado pela impunidade, pela violência que grassa, pela ameaça as nossas famílias, aos nossos entes queridos, aos nossos semelhantes.

Sr. Presidente, agora assistimos a isto. É é a repetição de atos que vêm se sucedendo. Invasões de prédios públicos são inadmissíveis. E quantos prédios públicos já não foram invadidos por aí? Sedes do Incra, até Ministério já foi invadido. Quem é que sabe de alguma punição?

Sr. Presidente, este é o Senado da República. Estive agora com o Presidente Renan Calheiros e pude ver o quanto o nosso Presidente está preocupado, em contato permanente com o Presidente da Câmara. Para coibir o quê? Uma invasão na Câmara dos Deputados, invasão com automóvel, vidros quebrados. Em nome de quê, Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Senadores? Ganham o que os invasores com isto? Ganha o que a Nação brasileira com isto, com esta falta de autoridade, com esta violência.

Quem é que constrói isto? A democracia é o regime que pressupõe um Legislativo forte. Nós aqui somos os pulmões da democracia. Invadiu-se a Câmara dos Deputados. E eu garanto, Sr. Presidente, que tem gente que ainda vai dizer que até merece ser invadida, porque lá os escândalos se sucedem e a impunidade paira - as absolvições aconteceram. Aconteceram as absolvições que a Nação brasileira não esperava. Parlamentares que praticaram atos atentatórios à moral, que praticaram crimes, foram absolvidos.

Mas, Sr. Presidente, não é por isso que a Câmara merece ser invadida. Nós temos que aprimorar o regime democrático. Os movimentos sociais que têm justas reivindicações, como muitos reconhecem - e eu também reconheço - não podem usar deste estilo, desta prática criminosa, porque isto atenta contra eles mesmos. Quando se invade a Casa do povo, que é a Câmara dos Deputados, se invade a sociedade brasileira como um todo. Portanto, esta agressão merece a nossa repulsa, a nossa mais veemente repulsa, Sr. Presidente. Na Câmara dos Deputados, eu espero que o Presidente Aldo Rebelo seja enérgico e tome as devidas providências, porque o País não pode continuar assistindo, de braços cruzados, a acontecimentos tão lamentáveis e tão funestos quanto este. As televisões vão mostrar isto para o País inteiro: a Câmara quebrada, a Câmara arrebentada, vidro, cacos de vidro pelo chão. 

Não, não é isso! Não é isso! Positivamente, assim não dá, Sr. Presidente. Assim não dá! V. Exª tem sido tolerante comigo, mas pode acreditar que ainda não consegui desabafar. Não é possível continuar acontecendo isso. Temos de reagir diante da violência: a violência contra as pessoas, contra os prédios públicos, contra as casas também, principalmente as casas dos nossos familiares, as casas onde moram os nossos semelhantes. A violência está atingindo a todos indistintamente. As famílias estão presas em suas casas e os bandidos estão soltos. Concordo com a Senadora Ana Júlia: não vamos partidarizar essa questão. Vamos fazer as nossas preces para que tudo corra bem neste País, para que se compreenda que há defeitos no Legislativo, mas nem todos são iguais e mesmo quem tem os defeitos que no início do meu pronunciamento apontei, quem praticou atos de corrupção, não merece ataques de violência assim. Merece ir para a cadeia, sim, Senador Magno Malta, defensor das boas causas, mas não merece nenhum apedrejamento. Não há nada que justifique esta invasão à Câmara dos Deputados. Falo isso, Sr. Presidente, porque não é possível. Todos nós somos brasileiros, todos nós precisamos nos manifestar nesta hora, neste momento. Nós, aqui, representamos o povo e os Estados da Federação brasileira. A Câmara dos Deputados representa o povo, é irmã gêmea do Senado da República. Passei ali ligeiramente e olhei de longe o quão grave é a situação que se apresenta.

Por isso, hipoteco solidariedade ao Presidente da Câmara e a todos os Deputados, a todos os parlamentares, e a V. Exª, que está ocupando aí a Presidência. Já falei com o Presidente Renan Calheiros, coloquei-me à disposição de S. Exª e vi sua solidariedade aos Deputados quando conversava com o Presidente Aldo Rebelo.

Sr. Presidente, tomara que nunca mais aconteçam atos como este. Para isso, é preciso que haja pulso firme; é preciso que haja autoridade; é preciso punir aqueles que infringem a lei.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/06/2006 - Página 19184