Discurso durante a 94ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Manifestação de solidariedade ao Ministro Roberto Rodrigues, da Agricultura, que recentemente se afastou daquela Pasta. Comentários sobre a matéria "Conversão do PMDB a Lula", publicada no jornal Folha de S.Paulo, edição do último sábado. A derrota do Brasil na Copa do Mundo.

Autor
Antonio Carlos Magalhães (PFL - Partido da Frente Liberal/BA)
Nome completo: Antonio Carlos Peixoto de Magalhães
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA AGRICOLA. POLITICA PARTIDARIA. ESPORTE.:
  • Manifestação de solidariedade ao Ministro Roberto Rodrigues, da Agricultura, que recentemente se afastou daquela Pasta. Comentários sobre a matéria "Conversão do PMDB a Lula", publicada no jornal Folha de S.Paulo, edição do último sábado. A derrota do Brasil na Copa do Mundo.
Publicação
Publicação no DSF de 04/07/2006 - Página 22225
Assunto
Outros > POLITICA AGRICOLA. POLITICA PARTIDARIA. ESPORTE.
Indexação
  • SOLIDARIEDADE, PEDIDO, DEMISSÃO, EX MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA AGRICULTURA PECUARIA E ABASTECIMENTO (MAPA), LUTA, FALTA, PRIORIDADE, AGRICULTURA, GOVERNO FEDERAL, ESPECIFICAÇÃO, COMPROMISSO, NEGOCIAÇÃO, DIVIDA AGRARIA, PREVISÃO, AUMENTO, CRISE, SETOR.
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), DIVULGAÇÃO, UNIÃO, LIDERANÇA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PERDA, PRESTIGIO, MEMBROS, FUNDADOR, ESPECIFICAÇÃO, EDUARDO SUPLICY, SENADOR.
  • COMENTARIO, PERDA, BRASIL, CAMPEONATO MUNDIAL, FUTEBOL, CRITICA, DECLARAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • ANALISE, PREVISÃO, ELEIÇÕES, AGRADECIMENTO, POVO, ESTADO DA BAHIA (BA), SAUDAÇÃO, ORADOR, SENADOR.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Agradeço a V. Exª.

Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, em primeiro lugar, quero, desta tribuna, manifestar minha solidariedade ao Ministro Roberto Rodrigues. Realmente, não sei como teve paciência de tolerar tanto um governo que não lhe dava a atenção devida, sendo ele, talvez, o melhor técnico do País. Com a sua capacidade, com os seus méritos, entretanto, era ignorado pelo Governo, que, inclusive, não lhe dava verbas.

Uma das causas foi o problema da renegociação das dívidas dos agricultores brasileiros. Isso foi a gota d’água, talvez, porque era um compromisso que o Ministro tinha e que o Presidente Lula não gostaria de cumprir. E, não gostando de cumprir, aproveitou a oportunidade para aceitar seu pedido de demissão - e ele já havia pedido demissão quatro ou cinco vezes! Acho que o Presidente Lula tem o direito de demitir seus Ministros, sobretudo se eles pedem demissão, mas não tem o direito de fazer com que um homem com a capacidade e a credibilidade do Dr. Roberto Rodrigues seja tão humilhado quanto o foi neste Governo. Ele agora poderá não digo reclamar do Governo Lula, mas juntar-se aos agricultores brasileiros nessa revolta, que é total, em relação à agricultura nacional.

Vivemos, realmente, um momento grave, muito grave mesmo, da agricultura. E, se não tomarmos as providências devidas, o Governo Lula vai sofrer uma grande baixa, inclusive na arrecadação. Ele, que não sabe utilizar a arrecadação, que tem sido crescente, ficará em situação pior, quando não arrecadar o que vem arrecadando. O Brasil não suporta mais tanta incompetência!

Mas agora, Srª Presidente, a Folha de S.Paulo. Não quero que os meus colegas que estão na foto se zanguem comigo, porque muitos deles são meus amigos fraternos, e não tenho nada a dizer sobre eles. Mas vejam, em uma só reportagem, em uma só, “Conversão do PMDB a Lula”: Renan Calheiros, José Sarney, Ney Suassuna, Eunício Oliveira, Jader Barbalho, Geddel Vieira Lima, Moreira Franco. E, não sei por quê, ocultaram Newton Cardoso. Não há motivo. Newton Cardoso agora está protestando: “tenho direito de sair na foto; hoje sou um dirigente do PT, sou um homem forte do PT, como esses todos”.

            Superaram V. Exª, Senador Suplicy, um homem de luta, um homem que trabalha pelo seu Partido. V. Exª está aqui hoje, nesta segunda-feira deserta, em que somente os que são habituados ao trabalho vêm.

Mas V. Exª está numa posição, hoje, inferior. Quando quiser alguma coisa, Senador Suplicy, procure um desses nomes. Quando V. Exª quiser alguma coisa, mesmo em prol da sua candidatura em São Paulo, procure um desses nomes, que são hoje as figuras mais expressivas do seu Partido. Eles mandam mais do que os petistas. São nomes, evidentemente, nacionais, “muito conhecidos”, por várias razões, é claro. Mas veja bem V. Exª a que ponto chegamos: petistas do seu porte moral, do seu quilate, ficam subjugados a todos esses aqui. Não é que todos aqui sejam ruins, mas nem todos são bons.

De maneira que o Senador Tião Viana, que veio ao debate, deve estar não sei se indignado, mas não sei que explicação S. Exª poderia dar do reforço do seu Partido em relação a essas belas figuras que ostentam essa reportagem da Folha de S.Paulo de sábado, que guardei para vir hoje mostrar a V. Exª. Veja só V. Exª, Senador Suplicy: homens de porte do seu Partido estão nessa situação.

Outra coisa: todos nós estamos tristes com a derrota do Brasil. Ninguém queria que o Brasil fosse derrotado. Mas o Presidente Lula estragou a festa. Não só deu azar, como também não tinha nada que explorar politicamente esses fatos. Acho que V. Exª também foi contra quando ele disse, daqui, diretamente para o técnico, para os jogadores, que Ronaldo estava gordo e não deveria jogar. Depois, Ronaldo, na outra partida, fez dois gols; então, ele achou que Ronaldo havia melhorado, estava ótimo.

Veja V. Exª: não estamos vivendo uma boa fase: Alckmin aumentou na pesquisa, Lula derrotou o Brasil na copa, esses senhores passaram a tomar conta do seu Partido. E o que fazer? Roberto Rodrigues foi demitido. V. Exª, aliás, elogiava muito Roberto Rodrigues. Mas muitas vezes Roberto Rodrigues me disse que não tinha dinheiro para investir, nada, absolutamente nada, na agricultura.

De modo que esse caos que estamos vivendo - e amanhã vou detalhá-lo da tribuna desta Casa - deixa-nos numa situação desesperadora em relação ao futuro. Não é que eu acredite na reeleição do Lula; até hoje acredito muito pouco. Pode ser, mas pode não ser. Contudo, o País ficará ingovernável, qualquer que seja o Presidente.

E aí falo com certa autoridade, data venia, que ontem a Bahia tratou bem a Presidente, que esteve no Estado. Mas também posso dizer, com certo orgulho, que tive sete quilômetros de aplausos do povo baiano.

De maneira que estou falando, portanto, em nome do meu povo - como a Senadora poderia falar, porque também logrou aplausos. Mas o PT foi tratado com uma frieza! Não houve vaias, mas foi gelado; ninguém era aplaudido. O povo ignorou o Ministro da Defesa. O Ministro da Defesa foi lá desfilar, e nem soldado batia continência. Por aí vê V. Exª a situação do seu Partido. E o ex-Ministro Jacques Wagner, coitado, ignorado totalmente. Não quero que ele seja derrotado tão fragorosamente quanto será, mas estou convencido de que o povo baiano, no seu dois de julho, no dia de sua independência, que hoje realmente nós aqui estamos também a comemorar, deu realmente uma prova das pessoas que podem merecer seu aplauso, sua alegria e que lhe trazem felicidade quando comparecem ao desfile.

Quero agradecer desta tribuna ao povo da Bahia a manifestação que deu ao Governador Paulo Souto, a mim, ao próprio Senador Rodolpho Tourinho e ao Senador César Borges. Nós tivemos, durante um dia inteiro, pela manhã e à tarde, os aplausos que nos sustentam nesta tribuna, defendendo aquele Estado, que é a razão da minha vida.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/07/2006 - Página 22225