Discurso durante a 104ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Registro da realização de ato, para comemorar os 30 anos da Lei 6.346, de 1976, que incluiu no Plano Nacional de Viação a ligação ferroviária entre as cidades de Aparecida do Taboado-MS, Rubinéia-SP e Cuiabá-MT.

Autor
Serys Slhessarenko (PT - Partido dos Trabalhadores/MT)
Nome completo: Serys Marly Slhessarenko
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • Registro da realização de ato, para comemorar os 30 anos da Lei 6.346, de 1976, que incluiu no Plano Nacional de Viação a ligação ferroviária entre as cidades de Aparecida do Taboado-MS, Rubinéia-SP e Cuiabá-MT.
Publicação
Publicação no DSF de 07/07/2006 - Página 23052
Assunto
Outros > POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • HOMENAGEM, VICENTE EMILIO VUOLO, EX SENADOR, EX-DEPUTADO, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), INICIATIVA, DEFESA, CONSTRUÇÃO, FERROVIA, LIGAÇÃO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ANUNCIO, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO, LEGISLAÇÃO, INCLUSÃO, PLANO NACIONAL DE VIAÇÃO (PNV).
  • DETALHAMENTO, HISTORIA, REIVINDICAÇÃO, TRANSPORTE FERROVIARIO, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), PROJETO, FERROVIA, LIGAÇÃO, REGIÃO NORTE, REGIÃO SUL, DADOS, INICIO, IMPLEMENTAÇÃO, ANALISE, VANTAGENS, ESCOAMENTO, PRODUÇÃO, ALTERNATIVA, SAIDA, ESTADO DO PARA (PA).

A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Em primeiro lugar, Sr. Presidente, quero agradecer ao Senador João Batista Motta por ter feito a permuta comigo.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, hoje, à noite, o Fórum Pró-Ferrovia promoverá, em Cuiabá, um ato comemorativo pelos 30 anos da Lei nº 6.346/76, a Lei que incluiu no Plano Nacional de Viação a ligação ferroviária entre as cidades de Aparecida do Taboado (Mato Grosso do Sul), Rubinéia (São Paulo), e Cuiabá (Mato Grosso).

Sr. Presidente, trata-se de um ato comemorativo mais do que oportuno e que nos relembra, especialmente a nós mato-grossenses, a histórica iniciativa do saudoso Senador e Deputado Federal Vicente Emílio Vuolo.

A luta do nosso Senador Vicente Vuolo está registrada na história de Mato Grosso. Nunca é demais lembrar Vicente Vuolo como um homem que soube projetar o progresso e desenvolvimento que hoje já destacam o Estado de Mato Grosso. Vicente Vuolo é, sem dúvida nenhuma, um Senador, um político que marcou a história de Mato Grosso.

No auditório do Cine Multiplex, no Pantanal Shopping, o Prefeito de Cuiabá, Wilson Santos, um dos homenageados, vai recepcionar, na noite desta quinta-feira, as autoridades que estarão em Cuiabá, como o Prefeito de São José do Rio Preto, São Paulo, Edinho Araújo; Presidente de Honra da Associação dos Municípios do Oeste Paulista, o ex-Deputado Estadual por Mato Grosso do Sul Luisinho Tenório e o filho do saudoso Senador Mendes Canalle. O Prefeito da nossa capital, Wilson Santos, é autor do projeto que denomina a ponte rodoferroviária como Ponte Senador Vicente Vuolo.

Vicente Vuolo, que foi Deputado Federal e Senador pelo nosso Estado de Mato Grosso, tinha um sonho: a ferrovia. Lutou pelo seu sonho. Sua luta faz 30 anos. Infelizmente, o Senador Vicente Vuolo não está mais entre nós, mas é um vitorioso. É um vitorioso porque os trilhos já chegaram a Mato Grosso. Eles precisam avançar, como vou falar no meu discurso, mas já estão em Mato Grosso.

Na comemoração destes 30 anos, nada mais justo do que fazer um resgate histórico da luta que tanto tem apaixonado a comunidade de Cuiabá e toda a população de Mato Grosso, recordando que a ferrovia é uma aspiração muito antiga dos mato-grossenses.

Como conta o jornalista Onofre Ribeiro, no início do século XX, Mato Grosso era um imenso Estado, com 1,2 Km², e já sonhava com uma ferrovia, então projetada para cobrir de Bauru, em São Paulo, a Cuiabá, em Mato Grosso. Por conseqüência da guerra com o Paraguai, os trilhos acabaram sendo desviados na direção oeste, protegendo a desguarnecida fronteira onde se dera a guerra. Os anos se passaram, veio a divisão do nosso Estado e a expectativa se manteve forte no peito dos mato-grossenses.

É essa expectativa que valoriza mais ainda o ato de Vicente Vuolo, que, em 1975, como Deputado Federal por Mato Grosso, apresentou um projeto de lei, incluindo a ligação ferroviária entre São Paulo e Cuiabá no Plano Nacional de Viação, apontando também a necessidade de construção de uma ponte rodoferroviária sobre o rio Paraná. Esse projeto foi aprovado pelo Congresso de forma relativamente rápida, tornando-se então a Lei nº 6.346/76, que foi sancionada pelo então Presidente Ernesto Geisel.

Foi em 1989 que nasceu o projeto ambicioso para interligar, por meio de 5 mil Km de ferrovias, o Centro-Oeste e a Amazônia Legal ao sul do Brasil. Era o projeto da Ferronorte, que, por sua grandiosidade, seria construído por etapas. A primeira etapa já está pronta, com 410 Km e investimentos da ordem de R$ 1,3 bilhão, interligando Aparecida do Taboado, em Mato Grosso do Sul, a Alto Taquari, no Mato Grosso.

A segunda etapa da Ferronorte deve chegar até Cuiabá, passando por Rondonópolis; de lá, deve partir para a terceira etapa com uma bifurcação na ferrovia, formando um “y”, seguindo à esquerda por mais 1,5 mil Km até Porto Velho, em Rondônia, e, à direita, até Santarém, no Pará, com mais 2 mil Km. Nesse ponto, a Ferronorte se interligará com a hidrovia do rio Madeira, onde podem operar navios oceânicos.

Além desses trechos, o projeto da Ferronorte inclui também outro ramal, que interligará as cidades de Alto Araguaia (MT), Rio Verde (GO) e Uberlândia (MG).

Aliás, a Ferronorte já se encontra com seus trilhos em Alto Araguaia.

Em 19 de maio de 1989, em licitação aberta pelo Presidente José Sarney, a empresa Ferronorte - Ferrovias Norte Brasil, venceu a concorrência de concessão por 90 anos para construção e operação da ferrovia. À frente dessa fabulosa empreitada estava Olacyr de Moraes, conhecido construtor e empresário agrícola, fundador do Grupo Itamarati.

Na época, ele era o maior produtor individual de soja no Brasil, dono também da Construtora Constran, entre outras empresas. Conhecedor dos obstáculos causados pela distância e custo do transporte das safras de grãos, decidiu investir num projeto que aponta para o definitivo estabelecimento da ferrovia como eixo estruturante do desenvolvimento do cerrado brasileiro, particularmente do nosso Estado de Mato Grosso.

Os trilhos já chegaram até Alto Taquari e Alto Araguaia. Uma enorme movimentação está sendo feita para que comecem a serem fincados rumo a Cuiabá.

O sonho da ferrovia, o sonho dos trilhos chegando a Cuiabá é meu, de todos os cuiabanos, de todos os mato-grossenses, de tantos quantos apostam e acreditam no desenvolvimento do nosso Estado. Esse sonho está vivo e se renova a cada dia.

Por tudo isso, não podemos nos esquecer dessa importante figura histórica que é Vicente Emílio Vuolo e do compromisso que ele, por meio dessa importante iniciativa, soube estabelecer com um futuro de prosperidade para Mato Grosso. Trata-se de homem de perspectiva, de futuro.

Minha saudação muito carinhosa à família do Senador Vicente Vuolo, ao povo de Cuiabá e de Mato Grosso e a todos os que partilham conosco desse sonho e dessa luta.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, hoje o meu Estado vivencia um problema sério com relação à necessidade de medidas estruturantes. Mato Grosso é o maior produtor de soja, de algodão e de carne bovina e o segundo maior de vários outros produtos, mas tem um problema de escoamento seriíssimo, muito grave. Nossas rodovias não suportam mais, não dão mais conta de escoar a produção.

Em toda essa mobilização, nessa movimentação que o agronegócio fez há pouco tempo, uma das grandes reivindicações é realmente a situação das estradas, que precisam ser melhoradas. As rodovias devem contribuir para o escoamento da produção de Mato Grosso, com caminhos mais próximos para a exportação, como é o caso da BR-163 - saída por Santarém -, o que torna muito mais barato o escoamento da produção, principalmente na região do chamado “nortão” do nosso Estado de Mato Grosso, tão rico, tão promissor, de tamanho índice de produção, que hoje tem que tirar praticamente toda a produção por porto, como o de Paranaguá ou de Santos, o que encarece muito esse escoamento.

Sabemos que hoje essa é uma reivindicação séria, necessária. Em poucos anos, mas poucos anos mesmo - eu não daria cinco a oito anos -, deve haver escoamento por Santarém, pois as rodovias de Mato Grosso, por melhores que estejam, não serão suficientes para escoar a capacidade de produção do nosso Estado de Mato Grosso. Portanto, a ferrovia é essencial, é necessária.

Falo ao nosso Senador Presidente Sarney, que realmente, na história das ferrovias e da Ferronorte - nunca sabemos como chamar o Presidente Sarney -, foi realmente um grande estimulador, quando Presidente da República, e muito contribuiu para que a Ferronorte tivesse o seu início. Mas precisamos que ela continue.

O Sr. José Sarney (PMDB - AP) - Muito obrigado.

A SRª SERYS SLHESSARENKO (Bloco/PT - MT) - Ela está com os trilhos em Mato Grosso, em Alto Araguaia, mas precisa chegar até Cuiabá e, depois, bifurcar-se para realmente conseguir escoar a produção de um Estado tão rico e promissor como o nosso Mato Grosso.

Mato Grosso tem terras férteis, tem extensão territorial, tem terras já prontas para serem cultivadas. Aqui não estamos nem estimulando mais o desmatamento.

Em Mato Grosso hoje, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, temos muita terra já pronta para plantações, mas alguns motivos, entre eles as dificuldades que encarecem o escoamento de produtos, estão desestimulando a produção.

Portanto, Mato Grosso é um potencial fantástico: povo trabalhador, terras boas, extensões amplas de terras prontas para se plantar, mas precisamos que os trilhos cheguem ao nosso Estado, para que o seu desenvolvimento realmente entre nos trilhos.

Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/07/2006 - Página 23052