Pronunciamento de Marcos Guerra em 06/07/2006
Discurso durante a 104ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Considerações sobre reclamação do presidente Lula acerca das limitações que a legislação eleitoral impõe aos ocupantes de cargos executivos que buscam a renovação de seus mandatos.
- Autor
- Marcos Guerra (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/ES)
- Nome completo: Marcos Guerra
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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ELEIÇÕES.
GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
- Considerações sobre reclamação do presidente Lula acerca das limitações que a legislação eleitoral impõe aos ocupantes de cargos executivos que buscam a renovação de seus mandatos.
- Publicação
- Publicação no DSF de 07/07/2006 - Página 23081
- Assunto
- Outros > ELEIÇÕES. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
- Indexação
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- CRITICA, DECLARAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, QUESTIONAMENTO, LEGISLAÇÃO ELEITORAL, INAUGURAÇÃO, OBRAS, TENTATIVA, REELEIÇÃO, AUMENTO, GASTOS PUBLICOS, PUBLICIDADE, GOVERNO FEDERAL.
- QUESTIONAMENTO, DECISÃO, GOVERNO FEDERAL, AUMENTO, SALARIO, FUNCIONARIO PUBLICO, DESRESPEITO, TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL (TSE), ORÇAMENTO, SIMULTANEIDADE, CRESCIMENTO, DESPESA, UNIÃO FEDERAL.
- REGISTRO, DADOS, REDUÇÃO, PRODUÇÃO, CRESCIMENTO, ECONOMIA, BRASIL, AUMENTO, DESEMPREGO.
O SR. MARCOS GUERRA (PSDB - ES. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Presidente Lula anda a reclamar das limitações que a legislação eleitoral impõe aos ocupantes de cargos executivos que buscam a renovação de seus mandatos. Chegou a dizer que “o Brasil é o único país em que as eleições impedem que a gente governe”. Ora, vinda de um governante que, ao longo de 42 meses de mandato, caracterizou-se justamente pela falta de aptidão para governar, esta é uma queixa totalmente sem procedência. Na verdade, se tivéssemos que escolher um vocábulo para definir o que distinguiu as ações da atual administração, oportunismo seria a palavra mais adequada.
Com sua afirmação, o presidente prova que, quando lhe convém, tem memória curta: ele pertence a um partido, o PT, que em 1997 fez o possível para ampliar ao máximo a lista de proibições da Lei Eleitoral, alegando que o então presidente Fernando Henrique Cardoso pretendia utilizar a estrutura do governo para reeleger-se.
Nos últimos meses, o governo federal tem se dedicado a uma ciranda de inaugurações de fachada - entre elas, não posso deixar de mencionar aqui o lançamento pelo presidente, no mês passado, da pedra fundamental de um complexo petroquímico no Estado do Rio, situado num terreno que nem havia sido comprado, e que só começará a funcionar na próxima década. Antes disso, esteve em Manaus para lançar a primeira solda de um gasoduto que sequer começou a ser construído.
O governo também vem se empenhando numa orgia de gastos, da qual os mais recentes exemplos são as milionárias campanhas publicitárias nos meios de comunicação - que exaltam realizações inexistentes ou fruto do esforço de governos passados -, e o reajuste salarial concedido ao funcionalismo, que custará ao Tesouro R$5,751 bilhões de reais este ano e cerca de R$11 bilhões em 2007.
Ao conceder esse aumento, o governo não apenas contrariou o entendimento do presidente do Tribunal Superior Eleitoral, para quem estão proibidos aumentos salariais até as eleições, mas foi além: expandiu os benefícios para além das previsões iniciais e do total fixado no Orçamento.
O fato é que, de olho na reeleição, o presidente tem elevado gastos discricionários, aqueles que podem ser executados ou cancelados, e também despesas obrigatórias. Os gastos da União cresceram 15,1 por cento de janeiro a junho deste ano, em comparação com o mesmo período de 2005, enquanto a arrecadação aumentou 11,3%.
Enquanto isso, áreas do setor produtivo que empregam mão-de-obra de forma intensiva, como alimentos, mobiliário, calçados, têxteis e vestuário, têm diante de si um primeiro semestre do ano com a produção em queda. Sem incentivos para inovar, expandir-se e competir, a exportação de manufaturados brasileiros teve um crescimento de apenas 3,2% nos primeiros cinco meses do ano. Em 2005, no mesmo período, comparado a 2004, o crescimento foi de 20%.
A omissão e o descaso, conjugados à carga tributária que sobe para cobrir gastos crescentes, travam o crescimento, impedem a geração de novos empregos e condenam muitos segmentos à estagnação. Uma demonstração de que o próprio governo reconhece a gravidade da situação foi a edição, na semana passada, da Medida Provisória nº 330, que reabre a possibilidade de repactuação das dívidas tributárias das empresas. É uma medida elogiável, mas também é preciso assinalar que só foi adotada depois de muita pressão deste Congresso e de entidades de classe.
Enfim, resta-nos um consolo, como assinalou em artigo publicado em O Globo a colunista Miriam Leitão: a lamentável atuação da Seleção Brasileira de futebol na Copa do Mundo livrou-nos de mais uma manifestação do oportunismo e manipulação deste governo - o uso político que o presidente da República, sem dúvida, faria de uma vitória brasileira.