O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA. Para uma comunicação inadiável. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Estado de S.Paulo, edição de sábado, trata de um assunto grave, e cabe a mim pedir aqui a transcrição do seu principal editorial.

Quero logo dizer que não me estou referindo, neste instante, a muitos dos Senadores do PMDB aqui presentes, mas que concordo com o editorial. O título, Sr. Presidente, é “Primeira prestação paga”. Diz respeito à primeira prestação para ao PMDB, que recebeu os Correios, aquela presa que causou tanto espanto à Nação pela corrupção.

Passa-se um ano, discute-se “valerioduto”, alguns se esquecem do “valerioduto”, dos “mensalões” e até dos “sanguessugas”, e o PMDB recebe a primeira prestação para dar o seu apoio ao Governo Federal, que praticou tudo isso.

Tenho certeza de que isso não se refere ao Senador Ramez Tebet, de que isso não se refere ao Senador Pedro Simon e até mesmo, algumas vezes, ao Wellington Salgado. Mas é gravíssimo que um partido e, mais ainda, um Governo que praticou tantas sandices, que roubou tanto, venha novamente, com os mesmos métodos, afrontar a Nação. É inacreditável, mas é verdade.

Aqui estou, portanto, como guardião da moralidade, sim, para dizer aos meus amigos do PMDB, até mesmo aos pecadores: revejam sua atitude, pensem no País, pensem nas eleições que se aproximam, pensem em seus Estados. Tudo isso será dito na campanha que se aproxima. Ninguém pense que essa será uma campanha calma, em que os que roubam passam impunes ou que aqueles que fazem transações perniciosas vão ficar imunes a tanta sujeira.

Nem o método o Governo modifica! O método é o mesmo, é a mesma forma. A maracutaia é idêntica. Os beneficiários podem mudar, mas, de modo geral, são os mesmos. É preciso que isso acabe. Não vai acabar com votações no Congresso! O corporativismo, muitas vezes, prejudica a saúde do Congresso Nacional, como prejudicou quando foram absolvidos, pela Câmara dos Deputados, tantos envolvidos com o “mensalão”, tantos envolvidos com o “valerioduto”, que estão hoje se inscrevendo - como salientou ainda há pouco, com muita propriedade, o Senador Pedro Simon - para receberem novamente o voto de seus concidadãos.

Outro editorial está aqui, da Folha de S.Paulo: “Sob encomenda”. É a mesma coisa, Sr. Presidente. É a mesma tristeza. Infelizmente é a mesma desgraça para o Brasil.

Também outro jornal, O Globo, salienta que convencionais vieram, por conta de ONGs que recebem dinheiro do Governo, para a convenção do PT, para votar no Senhor Doutor Lula da Silva, o Doutor Lula da Silva que está apelidado como a “Bia Falcão” da República. Enquanto Bia Falcão é a Fernanda Montenegro, o maior talento deste Brasil nas artes - sempre rendo homenagem a essa grande atriz -, o Presidente da República é um mambembe transvestido em Presidente. Essa é a grande diferença, mas a maldade é a mesma. Tanto que, hoje, veta os 16% dos aposentados.

Não o fez para ferir Paulo Paim; talvez pode até ter sido um desafio a Paulo Paim. Mas existe alguns que não se dobram, e entre esses está o Senador Paulo Paim. Desde a Câmara dos Deputados até agora, a linha de S. Exª foi uma só. Ele deseja o êxito do Governo? Deseja. Mas ele deseja outros métodos para que se alcance o êxito. Ele está cansado e já viu que não alcança, de modo algum, esse êxito, porque a “Bia Falcão” que está instalada para fazer maldades na Presidência da República não o permite.

Há seis meses o Presidente da República não reúne o Ministério e o fará amanhã para dizer o que eles podem ou não podem fazer. Mas sabemos o que eles vão fazer: é a mesma coisa que fizeram na eleição passada em relação ao valerioduto e aos mensalões.

Não é sem razão que o ex-Ministro Jaques Wagner dá entrevista hoje na Bahia, dizendo que acertou com o Presidente que, de 15 em 15 dias, virá buscar recursos para levar para a campanha na Bahia. Isso foi dito pelo Ministro Jaques Wagner, que é dos mais íntimos do Presidente da República - não procuro saber o porquê; fica na consciência do Sr. Jaques Wagner e do próprio Presidente da República. Mas o fato é que ele declara, com uma coragem leonina - ele que não é nenhum leão, é cordeiro -, que virá buscar, de 15 em 15 dias, recursos para a sua campanha.

Enquanto isso, quanto aos ataques sobre a lista de Furnas - isso interessa principalmente ao Senador Pavan -, já hoje o Dr. Paulo Lacerda praticamente declara que a lista é falsa. Quanto tempo demorou para isso, Sr. Presidente!

(O Sr. Presidente faz soar a campainha.)

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Terminarei acatando o pedido de V. Exª, Sr. Presidente.

Há muitos assuntos a tratar, mas espero que, nestes dias, o Senado se reúna, as sessões tenham número, para que possamos discutir a qualidade moral desse Governo, que chega a um ponto realmente difícil de alguém defender. Daí por que tanto silêncio e tanta fuga.

Sr. Presidente, volto a dizer, para terminar: a primeira prestação já foi paga ao PMDB; outros vão receber; enquanto isso, os petistas ficam meio zangados, porque aquilo que só seria deles está sendo repartido por todos.

Muito obrigado.

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ANTONIO CARLOS MAGALHÃES EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matérias referidas:

“Sob encomenda.”

“Primeira prestação paga.”