Discurso durante a 107ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com o desempenho negativo da indústria do Estado do Paraná.

Autor
Osmar Dias (PDT - Partido Democrático Trabalhista/PR)
Nome completo: Osmar Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR. ELEIÇÕES. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.:
  • Preocupação com o desempenho negativo da indústria do Estado do Paraná.
Aparteantes
Antonio Carlos Magalhães.
Publicação
Publicação no DSF de 12/07/2006 - Página 23464
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR. ELEIÇÕES. DESENVOLVIMENTO REGIONAL.
Indexação
  • RETORNO, ORADOR, POSTERIORIDADE, PERIODO, LICENÇA, REALIZAÇÃO, CIRURGIA, AGRADECIMENTO, SOLIDARIEDADE, SENADOR, INCLUSÃO, HOMENAGEM POSTUMA, PAI.
  • REGISTRO, CANDIDATURA, ORADOR, GOVERNADOR, ESTADO DO PARANA (PR).
  • GRAVIDADE, DADOS, RETROCESSÃO, INDUSTRIA, ESTADO DO PARANA (PR), COMPARAÇÃO, ESTADOS, CONTRADIÇÃO, DISCURSO, IDELI SALVATTI, SENADOR.
  • ANALISE, CRISE, AGRICULTURA, AGRAVAÇÃO, SITUAÇÃO, DECLARAÇÃO, GOVERNO ESTADUAL, SUSPEIÇÃO, FEBRE AFTOSA, PREJUIZO, SETOR, VENDA, CARNE, AUMENTO, INDICE, DESEMPREGO.
  • PROTESTO, FALTA, POLITICA INDUSTRIAL, SEGURANÇA, PRODUTOR, ZONA RURAL, PARCERIA, GOVERNO FEDERAL, DEBATE, CLASSE PRODUTORA.

O SR. OSMAR DIAS (PDT - PR. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, retorno do período de licença médica que fui obrigado a tirar por determinação do médico que me fez uma cirurgia de retirada das duas safenas das pernas. As pessoas estranham quando falo, porque normalmente o político costuma esconder problemas de saúde, mas resolvi ser sincero também nisso e anunciei ao Paraná que faria essa cirurgia, o que aconteceu há cerca de quarenta dias. Estou agora restabelecido e, ao voltar ao Senado, quero agradecer o carinho recebido dos Senadores que se manifestaram desejando a minha recuperação. Aproveito também para agradecer aqueles que se manifestaram pela ocorrência da morte de meu pai, Silvino Dias, que faleceu com 95 anos, todos de muito trabalho e dignidade, deixando, portanto, muito orgulho para nós, que somos seus filhos. Foi um período difícil para mim.

O Senador Antonio Carlos Magalhães sabe o quanto são difíceis esses períodos e o quanto é bom receber a solidariedade dos amigos verdadeiros, porque a solidariedade é verdadeira também. Estou aqui de volta após a cirurgia.

Depois de muita cobrança do meu partido e também de outros partidos que querem uma mudança no Paraná, mesmo estando em recuperação, resolvi aceitar o desafio e ser candidato ao Governo daquele Estado.

Não usarei a palavra desta tribuna hoje como candidato, mas como Senador da República preocupado com o meu Estado, porque nos dez meses anteriores a maio a indústria do Paraná teve um desempenho negativo. Somente no mês de maio é que o Paraná quebrou essa roda da economia que gira ao contrário e cresceu apenas 0,9%.

Algo não está certo, porque agora mesmo ouvi a Senadora Ideli Salvatti proclamar os números que colocam o Presidente Lula na liderança das pesquisas. E meu Estado, que sempre esteve entre os líderes em crescimento, amargou o último lugar de crescimento industrial entre os 14 pesquisados. E os dados são alarmantes.

Em maio, de 14 regiões pesquisadas, 12 cresceram. Mas vamos ver, como eu já disse, que o Paraná passou dez meses seguidos com crescimento negativo, com a produção industrial caindo. Apenas em maio cresceu 0,9%. O acumulado em 2006 registra 4,3% negativos. O Paraná teve um índice negativo, se considerarmos os meses de 2006. Nos últimos 12 meses, a queda é de 3%.

Portanto, há um contraste entre aquilo que falou a Senadora Ideli Salvatti e a realidade do Paraná. O Estado está na rabeira do crescimento industrial. E, para ser justo, temos de comparar com outros Estados. A média de crescimento nacional foi de 4,8%. Nesse contexto, o Paraná foi o Estado que ficou posicionado mais abaixo na média nacional de crescimento industrial.

O Pará cresceu 17,9% na produção industrial; Goiás ficou em segundo lugar, com crescimento de 9,3%; Minas Gerais, 8,5%; São Paulo, 6,7%; Bahia, 6,6%; Espírito Santo, 5%; Pernambuco, 5%; Ceará, 4,9%; e o Nordeste com 4,9%. Os Estados que ficaram abaixo da média foram Rio de Janeiro, com 4,3%; Santa Catarina, 2,7%; e o Paraná, que, nos últimos doze meses, amargou a rabeira, como eu já disse, com 3% negativos de crescimento.

Alguma coisa tem de explicar isso. Primeiro, a crise na agropecuária. A Senadora Ideli mostrou manchetes nas quais se afirma que o Brasil está uma maravilha. Na Folha de S.Paulo, edição de hoje, está escrito: “Crise no campo chega ao comércio em Estados verdes. Estados que têm como base a agricultura tiveram um crescimento negativo também nas vendas”. Claro que com vendas negativas a indústria não pode crescer, terá também um crescimento negativo.

E no Paraná a situação foi ainda mais agravada por uma ação de governo. Quando se anuncia que há suspeita de febre aftosa no seu Estado, comete-se um ato de temeridade. E isso provocou uma redução de abates não apenas de bovinos no Paraná, mas de aves, de suínos. E esses segmentos têm muita importância na economia paranaense. O Governo, ao anunciar que havia febre aftosa no Estado, cometeu um deslize imperdoável. Refiro-me ao governo do Paraná mesmo, porque, ao anunciar “temos suspeita de febre aftosa”, tivemos uma queda brutal das vendas no setor de carnes, que é significativo na economia do Estado - e a isso se somem o dólar defasado e a estiagem que assolou a agricultura. Assim, essa ação equivocada de governo também contribuiu para o crescimento negativo da indústria. Com isso, aumentou o índice de desemprego no interior do Estado, e as vendas no comércio não ocorreram.

Um dado alarmante: Londrina, uma cidade importante não apenas no segmento agrícola, mas no industrial, comercializou 27% a menos de máquinas, equipamentos e tratores que no mesmo período do ano passado. Isso é mais do que alarmante; é fazer com que todos os paranaenses comecem a pensar de forma conclusiva sobre o que está errado.

Será que o que está errado não é a falta de uma política industrial, que possa dar segurança ao mesmo tempo a quem está no campo produzindo e a quem está na cidade, complementando, unindo o campo à cidade, para que os empregos possam ser criados, mesmo com o País atravessando um período de crise em sua economia?

Falta união das forças políticas no Estado do Paraná. E a união se constrói, Sr. Presidente, conversando, ouvindo, aceitando idéias, ouvindo segmentos produtivos com respeito. O desrespeito a setores produtivos só faz afastar dessa possibilidade um Estado que sempre foi promissor, que sempre foi vanguarda na produção da agropecuária e da indústria; e, sobretudo, só faz afastar o Estado da possibilidade de gerar trabalho para os seus trabalhadores.

Pergunto ao Senador Antonio Carlos Magalhães se deseja fazer um aparte.

O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL - BA) - Desejo, Excelência.

O SR. OSMAR DIAS (PDT - PR) - Concedo um aparte a V. Exª.

O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL - BA) - Primeiro, para me congratular com a volta de V. Exª, um Parlamentar que faz falta ao Congresso. Entretanto, suas missões agora são tão grandes que perdoamos a sua ausência, mesmo com justificação médica, como V. Exª provou. Segundo, quero dizer que V. Exª deve estar hoje bem mais forte do que ontem do ponto de vista de saúde. Passei por esse problema com maior gravidade ainda, já se vão dezessete anos, e estou feliz. Fiz, na ocasião, uma campanha eleitoral, como V. Exª está fazendo. Terceiro, o sentimento que todos nós tivemos, que traduzi por intermédio de telegrama a V. Exª, pelo falecimento do seu honrado e digno pai, que o inspirou na atuação que tem. Quarto, para dizer que esses números que o PT, pela voz da Senadora Ideli, traz à tribuna geralmente são errados. Dão a ela - ela não tem culpa -, que pensa que está trazendo a verdade. Na realidade, o desemprego está aumentando no País. Apenas, o emprego informal está sendo formalizado por meio do registro de carteiras, mas as coisas vão piorar bastante diante das atitudes recentes deste Governo que realmente não cuida do País e, sim, do valerioduto, do mensalão e dos sanguessugas. Muito obrigado a V. Exª.

O SR. OSMAR DIAS (PDT - PR) - Eu é que agradeço, Senador Antonio Carlos Magalhães, e adiciono ao meu pronunciamento o aparte de V. Exª com muito respeito. Aceitei o desafio como uma missão, Senador Antonio Carlos Magalhães, porque nós, que estamos na vida pública, muitas vezes temos de aceitar os desafios e as missões que nos são colocados, como a que me foi posta neste momento. Tenho fé de que poderei caminhar nesta campanha eleitoral como sempre fiz em todas as outras, com dignidade e debatendo aquilo que interessa à população: projetos, idéias e propostas. Insultos e agressões, Sr. Presidente, deixo para aqueles que não têm propostas, projetos e idéias e principalmente àqueles que pretendem desviar o foco da discussão do Estado por meio desse expediente, que já não é mais aceito, pelo menos pela população que conheço tão bem que é a população do meu Estado, o Paraná.

Sr. Presidente, agradeço a V. Exª esta oportunidade.

O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PFL - SP) - Senador Osmar Dias, permita-me uma palavrinha. Tive como exemplo o Senador Antonio Carlos Magalhães. Passei, talvez, pela mesma crise com a agravante de ter de ser socorrido em emergência, em estado grave. Fiz a mesma cirurgia que V. Exª e sai em campanha com a vontade e a certeza de que Deus está do lado da gente. V. Exª será um vencedor. Tenha certeza porque essa coragem é inata naqueles que querem viver e prestar serviço à sociedade. E V. Exª é um deles.

O SR. OSMAR DIAS (PDT - PR) - Sr. Presidente, são dois exemplos que desejo seguir.

Muito obrigado.

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/07/2006 - Página 23464