Discurso durante a 109ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Comentários sobre matéria publicada no jornal Zero Hora sobre o segundo turno das eleições no Rio Grande do Sul.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES.:
  • Comentários sobre matéria publicada no jornal Zero Hora sobre o segundo turno das eleições no Rio Grande do Sul.
Aparteantes
Arthur Virgílio.
Publicação
Publicação no DSF de 13/07/2006 - Página 23992
Assunto
Outros > ELEIÇÕES.
Indexação
  • QUESTIONAMENTO, DECLARAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PREVISÃO, INSUCESSO, OLIVIO DUTRA, CANDIDATO, GOVERNADOR, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), ELEIÇÕES, REGISTRO, DADOS, PESQUISA, EMPATE, CANDIDATURA, TITULAR, GOVERNO ESTADUAL, REELEIÇÃO.
  • ELOGIO, VIDA PUBLICA, OLIVIO DUTRA, EX-DEPUTADO, EX PREFEITO, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), EX GOVERNADOR, EX MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DAS CIDADES, MANIFESTAÇÃO, CONFIANÇA, PARTICIPAÇÃO, CANDIDATO, SEGUNDO TURNO, ELEIÇÕES.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Senador Renan Calheiros, Senadores e Senadoras, aguardei até esta hora, devido ao carinho e respeito que eu tenho pela história de um grande companheiro de luta chamado Olívio Dutra. Surpreendeu-me muito, Sr. Presidente, o que os principais jornais do Rio Grande do Sul estampavam hoje pela manhã, em manchete: “Lula acena com apoio a Rigotto se Olívio não for para o segundo turno”. Mais: “Se o segundo turno for entre Rigotto e Yeda Crusius, vou estar no palanque de Rigotto”.

Sr. Presidente, se fosse comigo, com a minha posição independente que tenho aqui, com todos os pontos de vista que deixo muito claros aqui, eu ficaria muito tranqüilo e nem me causaria surpresa. Mas a história de Olívio Dutra... Eu me dou ao direito de ainda ficar na dúvida. Chego a dizer que alguma coisa está errada. Sinceramente, não consigo acreditar que o Presidente Lula tenha feito tal declaração. Nem o mais pessimista militante do PT gaúcho acredita nessa possibilidade. Olívio Dutra vai estar, com certeza, no segundo turno. Digo isso, Sr. Presidente, porque tenho percorrido o Estado, de quinze em quinze dias...

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Permite-me um aparte, Senador.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Passarei, em seguida, a palavra a V. Exª. Só quero dar os dados de uma pesquisa.

Tenho conversado muito com prefeitos, vereadores, trabalhadores, aposentados, estudantes, sindicalistas, militantes, mulheres, jovens, negros, brancos, sociedade civil organizada.

Quero trazer esses dados antes. Para se ter uma idéia de como está a situação no Rio Grande do Sul, a última pesquisa do Ibope, realizada no final de junho, aponta empate entre Olívio Dutra, do PT, e o atual Governador. Eles aparecem, cada um, não é com empate técnico, mas, em primeiro lugar, com 26% na pesquisa. Na estimulada, ambos com 7%. Com todo o respeito que tenho à Deputada Yeda, ela aparece na estimulada com 11% e na espontânea com 2%. Então, ainda quero continuar duvidando que efetivamente o Presidente da República tenha feito essa declaração, porque dá a impressão à Frente Popular de que o Olívio Dutra, que está em primeiro lugar, não vai para o segundo turno. Não posso concordar com isso.

O companheiro Olívio Dutra foi um batalhador na luta contra o regime militar; ajudou a fundar o PT; foi Deputado Federal constituinte, um dos mais votados do Rio Grande; foi Prefeito de Porto Alegre; foi Governador em 98; foi Ministro das Cidades; e mesmo no momento em que se afastou do Ministério, saiu com a maior grandeza, saiu elogiando o Governo do Presidente.

Quem tem a história e a vida demonstrada por Olívio Dutra, tenho certeza, Sr. Presidente, em cada abraço, em cada olhar, em cada aperto de mão, esse Olívio Dutra está convicto, como nós estamos, de que ele tem tudo para se eleger Governador do Rio Grande do Sul.

Hoje pela manhã, conversei com Olívio Dutra. Senti e tenho que dar esse depoimento de que ele estava triste, chateado, mas, ao mesmo tempo, ele me disse: “Paim, olha, a recepção da gauchada com a nossa campanha está louca de especial!” Coisa bem de gaudério, como é Olívio Dutra.

Por isso, Sr. Presidente, estou convicto de que Olívio Dutra vai estar no segundo turno. Com quem, eu não sei. Mas repito, pela sua história e o respeito que os gaúchos têm por ele, seja - como se diz no Rio Grande do Sul, meu Senador Renan Calheiros - maragato, chimango, católico, protestante, enfim, de todas as matrizes religiosas, gremistas, colorados ou não, ou até como eu, que sou do Caxias, aqui deste plenário, para quem quiser ouvir, a todos os cantos do País, que o companheiro Olívio Dutra - queiram ou não alguns, que vão quebrar a cara -, com certeza, vai para o segundo turno.

Como se diz no Rio Grande do Sul, Olívio Dutra é daqueles homens que não se quebram por qualquer vento que se lhe bata às costas.

Ouço o Senador Arthur Virgílio.

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Senador Paulo Paim, interrompo o discurso de V. Exª para dizer que a fé que V. Exª coloca no desempenho de Olívio Dutra é semelhante à que o meu Partido coloca no desempenho da Ministra Yeda Crusius.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - E que entendo legítimo.

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Não é nem isso o que está em jogo para mim, mas o que li no jornal O Globo. O Presidente Lula, jactando-se, numa reunião, de ter dito: “Olha, o PT em Minas não queria engolir o Newtão - ele chama com intimidade, o Newtão é o Newton Cardoso -, eu empurrei o Newtão”. Isso não me surpreende em nada, porque ele pensa nele, nele, nele, vinte vezes. Pela história que eu conheço dos dois, pessoalmente abro parêntese para dizer que acho muito difícil - posso me enganar - que o Rigotto apóie o Lula. Mas digamos que eu esteja errado. Para mim, é irrelevante se Olívio tem 2% ou 50%. Lula teria a obrigação moral, se fosse um homem de palavra, de apoiar Olívio com 2%, se fosse o caso. Ou não vale a figura da lealdade? Ou não vale o companheirismo? Ou não vale a coerência? Não vale uma história de vida? Imagine: os meus candidatos podem ter 2% ou 200%, são os do meu Partido! E acabou a história. Portanto, eu não me surpreendo, não. Não posso desejar felicidades ao Olívio na eleição, até porque torço pela Yeda. Acredito que, em qualquer circunstância, vai ser muito difícil, apesar da corte, contar com o Rigotto, vai ser muito difícil. São perfis completamente diferentes, mas a deslealdade, que a cada momento ele demonstra, a mim não me choca mais, porque eu já me acostumei com ela. Obrigado a V. Exª.

O SR. PAULO PAIM (Bloco/PT - RS) - Sr. Presidente, como tenho muita confiança na chapa encabeçada por Olívio Dutra, que tem como vice uma mulher, uma lutadora, uma guerreira, Jussara Cony, do PCdoB, e tem como candidato ao Senado o ex-Ministro Miguel Rossetto. Estou acreditando muito nessa chapa.

Para concluir, quero reafirmar que qualquer provocação - porque não estou acreditando ainda na manchete, mas também não vou duvidar dos jornalistas que a publicaram -, venha de onde vier, só vai estimular a militância da Frente Popular e o povo gaúcho a se mobilizar cada vez mais, com um único objetivo: manter viva a frase do nosso também grande líder, o índio Sepé Tiaraju, que disse, lá no Rio Grande: “esta terra tem dono”.

Sr. Presidente, o povo gaúcho escreveu e continuará escrevendo a sua história com raça, com fibra, com dignidade e, sobretudo, com consciência, muita, muita consciência. É muita consciência que tem o meu companheiro Olívio Dutra.

Sr. Presidente, eu tinha de fazer esse desabafo porque tenho um carinho muito grande por Olívio Dutra e não poderia deixar que a sociedade ficasse com a impressão de que aquele que está em primeiro lugar não vai estar no segundo turno. Com certeza, estará.

 

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SEGUE, NA ÍNTEGRA, PRONUNCIAMENTO DO SR. SENADOR PAULO PAIM.

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Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/07/2006 - Página 23992