Discurso durante a 109ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Registro da matéria intitulada "Um aliado do barulho", publicada na revista IstoÉ, edição de 12 do corrente.

Autor
Marcos Guerra (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/ES)
Nome completo: Marcos Guerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA EXTERNA.:
  • Registro da matéria intitulada "Um aliado do barulho", publicada na revista IstoÉ, edição de 12 do corrente.
Publicação
Publicação no DSF de 13/07/2006 - Página 24017
Assunto
Outros > POLITICA EXTERNA.
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, PERIODICO, ISTOE, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), INGRESSO, PAIS ESTRANGEIRO, VENEZUELA, MERCADO COMUM DO SUL (MERCOSUL), PREVISÃO, CONFLITO, GOVERNO ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), RISCOS, EXPORTAÇÃO, BRASIL.
  • GRAVIDADE, FALTA, FORMAÇÃO PROFISSIONAL, MÃO DE OBRA, BRASIL, PREJUIZO, DESENVOLVIMENTO NACIONAL, ANALISE, DADOS, CENSO ESCOLAR, CARENCIA, VAGA, ENSINO PROFISSIONALIZANTE, NIVEL MEDIO, QUESTIONAMENTO, INEFICACIA, APLICAÇÃO DE RECURSOS, EDUCAÇÃO.
  • ELOGIO, ATUAÇÃO, SISTEMA, APRENDIZAGEM, INDUSTRIA, COMERCIO, PREPARAÇÃO, TRABALHADOR, INCAPACIDADE, ATENDIMENTO, DEMANDA, FALTA, PLANEJAMENTO, GOVERNO, ENSINO PROFISSIONALIZANTE, COMBATE, DESEMPREGO, DEFESA, PRIORIDADE, SETOR.

            O SR. MARCOS GUERRA (PSDB-ES. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, ocupo a tribuna neste momento para fazer o registro da matéria intitulada “Um aliado do barulho”, publicada na revista ISTOÉ em sua edição de 12 de julho do corrente.

            A matéria destaca que o ingresso da Venezuela no Mercosul fará com que o bloco passe a ter um PIB de US$1 trilhão; no entanto, a adesão trará muito barulho ao continente. A matéria lembra que Chávez é inimigo dos EUA, o maior comprador do Mercosul, e que mais da metade da exportação brasileira vai justamente para os EUA.

            Sr. Presidente, para concluir, requeiro que a referida matéria passe a integrar os Anais do Senado Federal.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, como segundo assunto, gostaria de ressaltar a falta de qualificação profissional é uma das principais barreiras ao desenvolvimento do País. No Brasil, apenas 20 por cento da mão-de-obra concluiu o ensino médio. Em matéria de ensino profissionalizante, somos mais lentos em investir na formação e atualização profissional que países com expectativas de crescimento semelhantes às nossas, como China, Índia e Rússia.

De acordo com o Censo Escolar de 2004, o Brasil tinha, em 2003, 676 mil alunos no ensino técnico de nível médio. Este número representa menos de 7 e meio por cento do total de alunos que cursam o ensino médio em nosso país.

Dados do próprio Ministério da Educação indicam que seria preciso pelo menos triplicar o número de vagas técnicas para suprir a demanda. Precisaríamos ter, portanto, dois milhões de vagas.

Como explicar esse baixo índice de formação escolar, se o País investe em educação 5 por cento de seu Produto Interno Bruto, percentual superior ao de países como Alemanha, Chile, Itália e Japão, onde a relação chega a 4 e meio por cento?

O problema é que investimos mal. Parte do trabalho de formação profissional vem sendo cumprido, com elogiável eficiência, por meio do chamado Sistema S, integrado pelo Sesi, Senai, Senac, Sesc, Sebrae, Sest e Senat. As instituições ligadas ao Sistema S atendem atualmente cerca de 3 milhões de trabalhadores, proporcionando cursos diversos - mas não podem bancar sozinhas a demanda de educação profissional no Brasil.

Vivemos um círculo vicioso, em que faltam vagas nas escolas e faltam profissionais com ensino técnico de nível médio para preencher as vagas disponíveis no mercado de trabalho. Enquanto isso, trabalhadores de níveis salariais inferiores, que constituem o chamado “chão de fábrica”, enfrentam um dilema cruel: sem acesso a cursos rápidos de atualização que lhes proporcionem capacitação para tarefas mais complexas e para novos tipos de emprego, estão condenados, quando demitidos, ao desemprego permanente, especialmente se já atingiram a meia-idade.

Embora os problemas e desafios com que se defronta a educação técnica no Brasil não sejam insuperáveis, o que prevalece, quando se trata de enfrentá-los, é a ausência de políticas capazes de solucioná-los. Não há planejamento de curto, médio ou longo prazo, não existem programas de orientação profissional para os trabalhadores de “chão de fábrica” desempregados, não se procura adequar o ensino técnico à nova realidade, que exige propostas pedagógicas flexíveis e ágeis.

Se quisermos criar uma economia competitiva e com baixos índices de desemprego, precisaremos conceder prioridade à qualificação profissional. Mas como fazê-lo, se o próprio ministro do Trabalho, em entrevista recente, reconheceu que precisaria cobrar mais recursos do Ministério da Fazenda para atender às necessidades nessa área? Isto equivale a confessar que a atual administração federal não confere ao problema a importância que deveria merecer. É lamentável, pois as conseqüências do descaso estão sendo sentidas agora, e continuarão a sê-lo ao longo de décadas. Educar e qualificar pessoas é um processo contínuo e demorado - mas indispensável à geração de empregos.

Era isso que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.

Muito obrigado.

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR MARCOS GUERRA EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

“Um aliado do barulho.”


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/07/2006 - Página 24017