Discurso durante a 109ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Elogios ao trabalho do Senai, como instituição provedora de capacitação para o trabalho, sempre bem articulada com o mercado.

Autor
Valdir Raupp (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RO)
Nome completo: Valdir Raupp de Matos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DE EMPREGO.:
  • Elogios ao trabalho do Senai, como instituição provedora de capacitação para o trabalho, sempre bem articulada com o mercado.
Publicação
Publicação no DSF de 13/07/2006 - Página 24019
Assunto
Outros > POLITICA DE EMPREGO.
Indexação
  • COMENTARIO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, GAZETA MERCANTIL, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, EFICACIA, SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL (SENAI), FORMAÇÃO PROFISSIONAL, MÃO DE OBRA ESPECIALIZADA, ATENDIMENTO, DEMANDA, MERCADO DE TRABALHO, ESPECIFICAÇÃO, REGIÃO METROPOLITANA, CAPITAL DE ESTADO, ESTADO DE MINAS GERAIS (MG).
  • DEFESA, MANUTENÇÃO, CONTRIBUIÇÃO COMPULSORIA, INDUSTRIA, DESTINAÇÃO, SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL (SENAI), CONTESTAÇÃO, ALEGAÇÕES, EXCESSO, ENCARGO TRABALHISTA, AUMENTO, CUSTO DE PRODUÇÃO.

           O SR. VALDIR RAUPP (PMDB - RO. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a realidade econômica, como se sabe, impõe restrições severas sobre o mercado de trabalho. Em tempos de crescimento econômico discreto e de comércio exterior razoavelmente aberto, como temos hoje, a empregabilidade de cada indivíduo apresenta relação direta com sua capacitação técnica.

           Porém, não é suficiente ter uma formação de qualidade para se obter boas posições de trabalho; é necessário, também, que essa formação esteja entre aquelas demandadas, presentemente, pelo mercado de trabalho. De nada adianta ao País ter muitos profissionais especializados em um campo no qual, por quaisquer razões, não há investimento. Coerentemente, de nada adianta ao jovem que entra no mercado de trabalho esforçar-se para obter uma especialização em que não se encontrem perspectivas de atuação.

           Esses fatos influenciam, é claro, a tomada de decisão de cada jovem quanto à carreira a seguir. Mas serão talvez mais importantes ainda para os dirigentes, governamentais e privados, na formulação de diretrizes de uma política séria de formação profissional para o País.

           Em um País carente de recursos, com tanta urgência de crescimento econômico e com tanta gente atolada no subemprego, essas questões deveriam estar na ordem do dia, jamais tomadas por coisa atinente apenas ao gosto ou à liberdade individual das pessoas. Quantas pessoas há, até com formação universitária, que não conseguem emprego porque optaram por profissão de mercado congestionado, ou por não querer se deslocar para região onde haja demanda por sua especialidade?

           O tempo, sobretudo, apesar de nem sempre os jovens terem consciência disso, é também um bem precioso, e mais escasso do que parece. Aqueles que, mesmo cursando regularmente o ensino médio com bom proveito, usam seu tempo livre parados frente à televisão ou diante de um computador ligado à Internet, por exemplo, podem estar desperdiçando as oportunidades de incrementar sua formação e de chegar ao mercado de trabalho, quando o desejarem ou chegar o momento, com mais chances de obter uma boa posição. E é tempo que não volta!

           Felizmente, conhecemos bons exemplos de instituições provedoras de capacitação para o trabalho que estão sempre bem articuladas ao mercado. Eles podem ser encontrados, por todo o Brasil, na rede de ensino do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). Mantida, como todo o chamado “sistema S”, com o recolhimento compulsório de um por cento sobre a folha de pagamento das empresas de cada setor, cada unidade do Senai está sempre afinada às necessidades diretas da indústria do Estado ou mesorregião em que está instalada.

           Qualquer jovem cursando o nível médio do ensino pode se inscrever nos cursos de profissionalização do Senai, que incluem oportunidades em áreas que vão da eletrônica ao desenho gráfico, passando pela mecânica e pela criação de moda. Em Minas Gerais, por exemplo, como citou, em coluna na Gazeta Mercantil, o jornalista Durval Guimarães, há em Belo Horizonte mais turmas voltadas para os setores de mineração e metalurgia, ao passo que, no Triângulo, mais turmas de tecnologia de alimentos.

           O ganho de empregabilidade é notável: Guimarães declara haver visto 12 anúncios de oferta de emprego afixados ao quadro de avisos do galpão da unidade de mecânica de automóveis em Belo Horizonte, na visita que fez à instituição. Entre as propostas, destacavam-se as da Fiat Automóveis, em busca de especialistas em injeção eletrônica e de técnicos em suspensão. Atravessando a rua, na unidade de eletrônica, os treinandos eram insuficientes para atender à demanda das empresas de telefonia.

           Guimarães lamentava especialmente que outros tantos jovens, como seu próprio filho, formado em arquitetura, se encontrem desempregados e incapazes de se auto-sustentar, por não se haverem orientado objetivamente na escolha profissional. O jornalista menciona também o curioso fato de muitos de seus amigos recorrerem a ele, na suposição de que tenha contatos com gente poderosa, empresários ou administradores estatais, por exemplo, no sentido de lhes apresentar currículos de jovens parentes sem colocação.

           Quem completa os cursos do Senai, no entanto, não tem desses problemas. Guimarães diz, no título de sua coluna, “ter inveja” dos alunos do Senai, por não terem problema com a obtenção de emprego. Mas o que se percebe nas entrelinhas de seu texto é que ele gostaria mesmo é de estar no lugar dos pais desses alunos, que não têm de se preocupar com o futuro dos filhos.

           O Senai e todo o “Sistema S” constituem, sem a menor dúvida, algumas das poucas peças a funcionar bem em toda a estrutura educacional e de formação profissional do Brasil. Merece, por tudo isso, ser preservado dos ataques daqueles que afirmam ser a contribuição compulsória uma sobrecarga de encargos trabalhistas sobre os custos das empresas. Quem tem de gerir empresas industriais, porém, não cai nessa conversa, pois sabe que, sem o Senai, seria quase impossível conseguir trabalhadores qualificados no País.

           Um velho adágio futebolístico diz que não se mexe em time que está ganhando. Esse, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é o caso do Senai.

           Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/07/2006 - Página 24019