O SR. RAMEZ TEBET (PMDB - MS. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a Capital da República será a sede, nos dias 16 a 21 próximos, do III Jamboree Nacional Escoteiro, que reunirá, no Parque da Cidade, cerca de quatro mil jovens de todo o País vinculados ao movimento fundado por Baden-Powell. Além de propiciar a integração e a confraternização desses milhares de jovens, o III Jamboree Nacional - do qual, aliás, participarão também algumas delegações estrangeiras - servirá para marcar o início das comemorações, no Brasil, do centenário do Movimento, que ocorrerá no ano que vem, quando um encontro mundial de escoteiros será realizado na Inglaterra.

O Escotismo, Senhor Presidente, é o maior movimento mundial de jovens. Reconhecido por numerosos governos e organismos internacionais, entre eles a Unesco, como um importante instrumento para o desenvolvimento integral dos jovens, o Movimento Escoteiro está presente em 216 países e territórios, reunindo cerca de 28 milhões de membros.

Ao aproximar-se o centenário do Movimento Escoteiro, é mister evocar o seu criador, Baden-Powell, que, ainda menino, em Londres, viveu em contato intenso com a natureza e foi fortemente influenciado por artistas, escritores, pesquisadores e intelectuais que freqüentavam sua casa. Ali se plasmavam alguns dos princípios que, anos mais tarde, inspirariam Baden-Powell, já então reconhecido e aclamado herói de guerra, a criar o Escotismo.

Ao fazê-lo, ele acrescentou à doutrina do Escotismo suas experiências da vida militar em missões na África e na Índia, especialmente as técnicas de reconhecimento, observação e dedução. Essas técnicas foram essenciais para que, à frente de tropas inglesas sitiadas pelos bôeres, na África do Sul, e estando em minoria, pudesse resistir por 217 dias até a chegada de reforços.

Como dispunha de poucos soldados, Baden-Powell treinou jovens da cidade para usá-los em combates e serviços auxiliares. A forma como os jovens desempenharam suas tarefas, com coragem, lealdade e responsabilidade impressionou vivamente Baden-Powell. Assim, quando ele lançou um livro com subsídios para reconhecimento militar, decidiu escrever uma versão destinada ao público jovem. Em 1907, Baden-Powell realizou o primeiro acampamento escoteiro, com um grupo de 20 jovens, na Ilha de Brownsea, e entusiasmado com os resultados obtidos, afastou-se do Exército para dedicar-se exclusivamente à propagação do Escotismo.

No Brasil, as primeiras experiências da prática escoteira remontam ao início do século passado. A fundação da Associação Brasileira de Escoteiros contribuiu para a difusão da atividade em todo o Brasil, mas ainda de uma forma descoordenada. Com a fundação da União dos Escoteiros do Brasil, em 1924, o movimento escoteiro se integraria gradativamente, até consolidar-se, em 1950. Hoje, com cerca de 57 mil filiados, 1.800 deles aqui, na Capital da República, o movimento escoteiro é uma realidade em nosso País.

 O escotismo, Sr. Presidente, pode ser definido como um movimento voluntário e educacional de jovens, com a colaboração de adultos e sem vínculos políticos, visando ao desenvolvimento do caráter e à realização das potencialidades físicas, intelectuais, afetivas e sociais, de acordo com os princípios concebidos pelo fundador do Movimento.

Como se percebe, o Escotismo busca o desenvolvimento integral e a plena realização dos jovens na sua identidade e na sua cultura, sem distinção de credos, raças e origens sociais. Propõe-se a educar para a liberdade e a desenvolver a capacidade de pensar criativamente; propõe-se, também, a fortalecer na juventude uma escala coerente de valores, respeitando a fé religiosa, a convivência familiar, a integração com a comunidade e o espírito cívico.

É de se ressaltar, Sr. Presidente, os métodos de educação e de formação moral utilizados pelo Movimento Escoteiro, valorizando o companheirismo, a solidariedade, e a aprendizagem por meio da ação, do serviço comunitário, dos jogos de equipe e da vida ao ar livre. Nas palavras de seus militantes, “o método escoteiro propõe aos jovens integrar essas experiências a seus hábitos freqüentes e a seu estilo de vida, recuperando continuamente o silêncio interior e retornando sempre aos ritmos naturais e à vida sóbria”.

Nesse processo de aprendizagem, os escoteiros não prescindem da experiência e da colaboração dos adultos. O adulto integrado ao movimento escoteiro ajuda os jovens a descobrir o que talvez não pudessem descobrir sozinhos, e sua presença demonstra como é possível estabelecer o diálogo respeitoso e amigo entre uma e outra geração.

A atividade que se realizará em Brasília nos próximos dias, o III Jamboree Nacional Escoteiro, é uma oportunidade ímpar de confraternização e de crescimento pessoal para os jovens e adultos vinculados ao Movimento, mas é também uma excelente ocasião para a comunidade conhecer melhor os princípios e as propostas do Escotismo. Nos seis dias em que estarão reunidos, no Parque da Cidade, os escoteiros participarão de atividades interessantes e diversificadas, como jogos de orientação, desenvolvimento de habilidades em trabalhos manuais, excursões noturnas, atividades de campo. As atividades compreenderão também passeios turísticos, ações cívicas, oficinas interativas nas áreas de saúde, meio ambiente, arte e cultura e ciência e tecnologia.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, com toda a simpatia e admiração que temos pelo Movimento Escoteiro, quero saudar esses milhares de jovens e seus líderes, que vão se reunir em Brasília, nos dias 16 a 21, exortando-os a persistirem no aprimoramento do caráter, no desenvolvimento das habilidades, na atitude de servir, na integração com as comunidades e no comprometimento com os princípios da doutrina de Baden-Powell.

Muito obrigado!