Discurso durante a 110ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Registro do artigo intitulado "Dinheiro e sangue", de autoria de Carlos Heitor Cony, publicado no jornal Folha de S.Paulo, edição de 19 de junho último. Críticas ao Ibama pela criação do Parque Nacional dos Pontões Capixabas, nos municípios de Pancas e Águia Branca, Noroeste do Espírito Santo, onde vivem mais de 500 famílias.

Autor
Marcos Guerra (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/ES)
Nome completo: Marcos Guerra
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA DO MEIO AMBIENTE.:
  • Registro do artigo intitulado "Dinheiro e sangue", de autoria de Carlos Heitor Cony, publicado no jornal Folha de S.Paulo, edição de 19 de junho último. Críticas ao Ibama pela criação do Parque Nacional dos Pontões Capixabas, nos municípios de Pancas e Águia Branca, Noroeste do Espírito Santo, onde vivem mais de 500 famílias.
Publicação
Publicação no DSF de 14/07/2006 - Página 24348
Assunto
Outros > POLITICA DO MEIO AMBIENTE.
Indexação
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ANALISE, SITUAÇÃO, CONGRESSO NACIONAL, RECONHECIMENTO, ESFORÇO, FERNANDO GABEIRA, DEPUTADO FEDERAL.
  • CRITICA, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), DESRESPEITO, CRITERIOS, CRIAÇÃO, AMPLIAÇÃO, AREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL, PREJUIZO, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO.
  • REGISTRO, CRIAÇÃO, AREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), DESRESPEITO, POPULAÇÃO RURAL, PEQUENO AGRICULTOR, UTILIZAÇÃO, METODO, CULTIVO, AUSENCIA, PREJUIZO, MEIO AMBIENTE, CRITICA, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), FORMA, CONSULTA, OPINIÃO PUBLICA, ESCOLHA, INTERNET.
  • QUESTIONAMENTO, ATUAÇÃO, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), PREJUIZO, ATIVIDADE ECONOMICA, POPULAÇÃO RURAL, REGISTRO, PESQUISA, COMPROVAÇÃO, REDUÇÃO, DESMATAMENTO, MATA ATLANTICA, ESTADO DO ESPIRITO SANTO (ES), CONSCIENTIZAÇÃO, POPULAÇÃO, IMPORTANCIA, PRESERVAÇÃO, MEIO AMBIENTE.

O SR. MARCOS GUERRA (PSDB - ES. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente,Srªs. e Srs. Senadores, ocupo a tribuna, neste momento, para registrar o artigo de Carlos Heitor Cony, “Dinheiro e sangue”, publicado pelo jornal Folha de S. Paulo, de 19 de junho do corrente.

O artigo de Cony é excelente, registra de forma bastante objetiva a situação do Congresso e os esforços do Deputado Fernando Gabeira.

         Sr. Presidente, solicito que a matéria acima citada seja considerada parte deste pronunciamento, para que passe a constar dos Anais do Senado Federal.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, como segundo assunto, que dizer que o Ibama, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, tem dado repetidas mostras de que suas ações não costumam ser pautadas pela racionalidade. Já foi citada nesta tribuna a Portaria 39, que define arbitrariamente os limites da Zona de Amortecimento do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos - e que poderá inviabilizar a meta de atingir a auto-suficiência na produção de gás no País.

Outro caso exemplar de desobediência a critérios é o da criação do Parque Nacional dos Pontões Capixabas, em dezembro de 2002, numa área de 17.496 hectares, na região dos Pontões, nos municípios de Pancas e águia Branca situada na Região do Noroeste do Espírito Santo. Os objetivos declarados são os de proteger trechos remanescentes de Floresta Atlântica, preservar os ecossistemas naturais e incentivar o turismo.

         O que os pareceres de analistas ambientais e outros técnicos do Ibama não levaram em conta foi o fato de que na região vivem mais de 500 famílias, pomeranos e alemães que chegaram ao Estado na primeira metade do século passado, e seus descendentes. São pequenos agricultores, na verdade os responsáveis pela preservação da área que se pretende transformar em parque, pois utilizam métodos de cultivo que não agridem o ambiente.

Para realizar a consulta pública destinada a permitir que a população local avaliasse a proposta de criação do parque, o Ibama escolheu um método que parecia destinado a impedir que os verdadeiros interessados manifestassem sua opinião: numa comunidade rural, em que até mesmo o acesso a telefone é difícil, decidiu fazer a consulta pela Internet...

Não é de espantar que só tenham sido registradas algumas dezenas de acessos, nenhum deles de moradores ou de entidade que os represente. É um flagrante desrespeito à Lei 9985/2000, segundo a qual o Poder Público é obrigado a fornecer informações adequadas e inteligíveis à população local e a outras partes interessadas durante a consulta.

            Notas técnicas anexadas ao processo estão em evidente contradição com a realidade, ao afirmarem que a área destinada ao parque foi discriminada pelo Incra e repassada para o Ibama, sendo, portanto, propriedade da União. Os agricultores que lá vivem - e as terras de que são donos e que cultivam - foram simplesmente ignorados, como se não existissem.

Diante de tantas falhas e equívocos cometidos, cabe indagar por que o Ibama agiu de maneira tão descuidada, sem levar em conta as conseqüências que a medida poderá ter sobre a atividade econômica e as vidas de tantas pessoas. Pretenderá, por acaso, privando-os de sua fonte de sustento, fazer com que elas se incorporem ao contingente dos sem-terra? A ironia maior é que os habitantes da região estão sendo punidos justamente por viverem em harmonia com o ecossistema da região, mantendo seus recursos naturais.

Pesquisa realizada entre os anos de 2000 e 2005 revela que o Espírito Santo é o Estado brasileiro que menos devastou a Mata Atlântica no período. A redução no desmatamento, em relação aos cinco anos anteriores, foi de 96 por cento. É um dado animador, mas não chegamos a tal índice por meio da criação arbitrária de parques nacionais, e sim devido à existência, entre a população, de uma crescente consciência ambiental. E esta, podem ter certeza, não será incentivada com a expulsão de famílias de pequenos agricultores de suas terras.

        Era o que eu tinha a dizer Sr. Presidente

 

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DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. SENADOR MARCOS GUERRA EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matéria referida:

“Dinheiro e sangue”.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/07/2006 - Página 24348