Discurso durante a 113ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Avaliação de setores da economia brasileira que tornam o Brasil inóspito para investimentos e para a sociedade em geral.

Autor
Alvaro Dias (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/PR)
Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA. POLITICA DE TRANSPORTES.:
  • Avaliação de setores da economia brasileira que tornam o Brasil inóspito para investimentos e para a sociedade em geral.
Publicação
Publicação no DSF de 19/07/2006 - Página 24694
Assunto
Outros > POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA. POLITICA DE TRANSPORTES.
Indexação
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, INFERIORIDADE, CRESCIMENTO ECONOMICO, AUSENCIA, INVESTIMENTO, PAIS, AUMENTO, DIVIDA, POPULAÇÃO, SUPERIORIDADE, JUROS, REGISTRO, DADOS, REDUÇÃO, INFLAÇÃO, COMPARAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, TURQUIA, EGITO, HUNGRIA, POLONIA, MEXICO.
  • APRESENTAÇÃO, DADOS, UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO (UFRJ), AUMENTO, CUSTO, EMPRESA, TRANSPORTE, PRODUÇÃO, LOGISTICA, COMPARAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), COMENTARIO, NECESSIDADE, GOVERNO FEDERAL, RECURSOS FINANCEIROS, INFRAESTRUTURA, ENERGIA ELETRICA, TELECOMUNICAÇÃO, SANEAMENTO BASICO.
  • COMENTARIO, AUMENTO, JUROS, OPERAÇÃO FINANCEIRA, PESSOA FISICA, ESPECIFICAÇÃO, EMPRESTIMO, CARTÃO DE CREDITO, CREDIARIO, MOTIVO, DESEQUILIBRIO, MERCADO INTERNACIONAL, INADIMPLENCIA, CONSUMIDOR, PAIS.
  • CRITICA, DECLARAÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, DEFESA, CONTINUAÇÃO, POLITICA ECONOMICO FINANCEIRA, REELEIÇÃO.

O SR. ALVARO DIAS (PSDB - PR. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, o Brasil se transforma num país inóspito para os investimentos e para a sociedade em geral.

O setor produtivo que emprega e contrata serviços não pode ampliar investimento num cenário tão adverso. A população brasileira está cada vez mais endividada.

            Os juros: o Brasil apresentou a menor inflação entre 27 países emergentes, medida em 12 meses até março passado. A taxa média de juros reais, por sua vez, foi oito vezes maior que a dos demais países emergentes: 12,2% no Brasil contra 1,5% naqueles países. O estudo é do ex-Secretário de Finanças da Prefeitura de São Paulo Amir Khair.

Os juros reais no Brasil continuam acima dos fixados em qualquer outro País, incluindo a própria Turquia que ostenta a segunda posição no ranking das maiores taxas reais de juros do planeta.

¿ Brasil juros reais: 12,2%

¿ Turquia juros reais: 5,5%

¿ Egito juros reais: 4,4%

            ¿ Hungria juros reais: 3,9%

¿ Polônia e México juros reais: 3,7%

            Um estudo do centro de estudos em logística ligado à Universidade Federal do Rio de janeiro (UFRJ) mostra que o custo logístico no Brasil representa 12,8% do Produto Interno Bruto - PIB. As empresas brasileiras gastam 56,3% a mais do que as norte-americanas para fazer com que a produção chegue até o seu destino final.

Transporte, logística e energia são apontados pelos especialistas como os principais gargalos da infra-estrutura brasileira. E o colapso só não foi instalado porque a taxa de crescimento econômico é pífia.

            Segundo a Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base - ADBID -, o setor como um todo, que inclui também saneamento básico, telecomunicações, petróleo e gás, necessita de US$26,8 bilhões ao ano para ser funcional.

            A necessidade anual de investimentos por setor mensurada pela ADBID é a seguinte:

¿energia elétrica: US$ 6,3 bilhões

¿transporte/logística: US$ 3,3 bilhões

¿telecomunicações: US$ 2,3 bilhões

¿saneamento básico: US$ 3,2 bilhões

            ¿petróleo e gás: US$ 11,7 bilhões

            O estado não regula, não fiscaliza nem é indutor dos investimentos. Esse quadro não pode perdurar.

As “parcerias” aprovadas pelo congresso não saíram do papel. As resistências estão localizadas em setores do próprio governo. Os obstáculos e restrições estão explícitos nos próprios editais.

            Ambiente igualmente inóspito para a sociedade.

De acordo com estudo divulgado ontem pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade - ANEFAC -, a taxa média de juros de operações de crédito para pessoas físicas aumentou 0,04 ponto porcentual (0,53%) em junho ante maio, para 7,56% ao mês (139,78% ao ano), o que representou o nível mais elevado desde janeiro de 2006, quando a taxa atingiu 7,58% ao mês (140,31% ao ano).

Entre as operações de crédito para o consumidor, todas as linhas tiveram suas taxas de juros elevadas em junho: cheque especial (para 8,11% ao mês e 154,91% ao ano), com alta de 0,50% sobre maio; crédito direto ao consumidor (para 3,42% ao mês e 49,71% ao ano), com 1,18%; empréstimo pessoal de bancos (5,61% ao mês e 92,51% ao ano), com 0,36%; empréstimo pessoal de financeiras (11,63% ao mês e 274,43% ao ano), com 0,26%; juros do comércio (6 21% ao mês e 106,06% ao ano), com 0,98%; e cartão de crédito (10,35% ao mês e 226,04% ao ano), com 0,19%.

Na avaliação da ANEFAC, esses aumentos das taxas para a pessoa física podem ser atribuídos a dois fatores: às incertezas no mercado internacional quanto ao comportamento dos juros norte-americanos e ao aumento da inadimplência do consumidor no Brasil durante o primeiro semestre.

            Em termos éticos e morais: os acontecimentos que marcaram a gestão do Presidente Lula, sem dúvida, transformaram a esfera pública num ambiente inóspito para a ética e a moral.

Em termos gerenciais o Governo é um fiasco. Ontem o Presidente Lula reuniu o seu Ministério por mais de 7 horas. A pauta da longa reunião: a sua reeleição.

O Presidente Lula explicou ao longo da reunião que na campanha eleitoral não vai apresentar “um programa novo” de governo, e que vai apenas defender a continuidade do que já está em execução.

            Dando seqüência a sua mais recente fixação, qual seja, se queixar da rigidez do tribunal eleitoral, o Presidente Lula fez uso de grosseira metáfora futebolística, para se referir ao papel do Tribunal Superior Eleitoral, referindo-se ao cartão vermelho recebido pelo jogador francês após uma agressão desferida contra o adversário italiano.

Era o que eu tinha a dizer.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/07/2006 - Página 24694