Discurso durante a 114ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Registro da posse do novo prefeito e vice-prefeito de Itapema - SC, Srs. Sabino Bussanelo e Juscelino Schmitt. Comentários sobre as pesquisas eleitorais ao governo de Santa Catarina e à Presidência da República.

Autor
Ideli Salvatti (PT - Partido dos Trabalhadores/SC)
Nome completo: Ideli Salvatti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), GOVERNO MUNICIPAL. ELEIÇÕES.:
  • Registro da posse do novo prefeito e vice-prefeito de Itapema - SC, Srs. Sabino Bussanelo e Juscelino Schmitt. Comentários sobre as pesquisas eleitorais ao governo de Santa Catarina e à Presidência da República.
Publicação
Publicação no DSF de 20/07/2006 - Página 24743
Assunto
Outros > ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), GOVERNO MUNICIPAL. ELEIÇÕES.
Indexação
  • SAUDAÇÃO, DECISÃO JUDICIAL, ANULAÇÃO, ELEIÇÃO, PREFEITO, MUNICIPIO, ITAPEMA (SC), ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), IRREGULARIDADE, CAMPANHA ELEITORAL, REGISTRO, DIPLOMAÇÃO, CANDIDATO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).
  • AVALIAÇÃO, PESQUISA, OPINIÃO PUBLICA, ELEIÇÕES, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, CONCENTRAÇÃO, DISPUTA, CANDIDATO, REELEIÇÃO, EX GOVERNADOR, ESTADO DE SÃO PAULO (SP).
  • COMENTARIO, APOIO, PREFEITO, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), REELEIÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, RECONHECIMENTO, AUXILIO, MUNICIPIOS.
  • QUESTIONAMENTO, PESQUISA, ELEIÇÕES, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), REFERENCIA, AUSENCIA, APOIO, REGIÃO, CANDIDATO, GOVERNADOR, SENADOR.
  • REGISTRO, PESQUISA, APROVAÇÃO, ELEITOR, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), MELHORIA, QUALIDADE DE VIDA, COMPROVAÇÃO, EFICACIA, GOVERNO FEDERAL, AREA, RODOVIA, PORTOS, ENERGIA, EMPREGO, RENDA, AMPLIAÇÃO, OFERTA, ENSINO SUPERIOR, ESCOLA TECNICA, ATENDIMENTO, SAUDE PUBLICA, EMERGENCIA, COMPROMISSO, ORADOR, CAMPANHA ELEITORAL, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs Senadores, espero, Senador Ney Suassuna, que tenhamos o fim de uma novela que se arrasta desde o processo eleitoral em meu Estado. Trata-se da novela da Prefeitura de Itapema. Lá tivemos um pleito extremamente conturbado, com indícios escandalosos de utilização da máquina pública, de compra de voto e de todo tipo de falcatrua. Finalmente, apesar de o processo ter sido arrastado, a Justiça Eleitoral diplomou o segundo colocado e foi anulada a posse do prefeito que estava em exercício.

Esperamos que, hoje à tarde, nosso companheiro do Partido dos Trabalhadores, o Sabino, tome posse. A Juíza Eleitoral da Comarca de Itapema, Vera Regina Bedin, diplomou Sabino Bussanelo e Juscelino Schmitt, respectivamente, como Prefeito e Vice-Prefeito do Município de Itapema, no litoral norte de Santa Catarina. Ontem foi a diplomação, e hoje está prevista a posse para o final da tarde. A posse será em substituição ao Prefeito Clóvis José da Rocha, do PFL, e do Vice Ricardo Alexandre Rosa, do PPS, que foram afastados exatamente por conta de inúmeras irregularidades ocorridas durante a campanha eleitoral.

Então, eu não poderia deixar de fazer o registro aqui, desejando ao Sabino e ao seu Vice o sucesso à frente da Administração desse que é um dos Municípios em desenvolvimento crescente e muito bonito, no litoral de Santa Catarina.

Venho também à tribuna porque ontem não tive oportunidade de ficar o tempo todo no plenário; apesar de ter ficado quase dois terços do tempo, Senador Renan Calheiros, tive um compromisso e tive que sair. E é tão interessante, porque basta a gente sair para ser feito o registro de que “não há ninguém do PT para defender o Presidente e os atos do Governo Lula”.

Venho à tribuna para tecer alguns comentários a respeito de pesquisas, porque esse também foi um assunto que permeou várias insinuações e várias estocadas tradicionais. Afinal, em tempo de eleição, o que mais existe é bala perdida para todos os lados, não é, Senador Renan Calheiros? E ficamos nós aí, tendo que trabalhar.

Eu gostaria de tecer alguns comentários com relação às pesquisas no meu Estado, entre as quais a realizada pelo Datafolha, que teve algumas repercussões.

Tenho dito, de forma muito sistemática, aquilo que todos sabemos. E é sempre bom reiterar. Pesquisa é o retrato daquele momento. Portanto, todos os que as avaliam precisam observar essa ótica. É o momento. E, muitas vezes, o que está demonstrado nas pesquisas não se configura quando as urnas são abertas.

Eu sou um exemplo vivo disso, pois a pesquisa de boca-de-urna do sábado à noite, véspera do dia da eleição, posicionava-me em quinto lugar. Dessa forma, quem poderia estar por Santa Catarina nesta tribuna não seria eu, mas Paulinho Bornhausen, filho do Senador Jorge Bornhausen. Entretanto, quando as urnas foram abertas, eu, que, segundo a pesquisa do sábado à noite, estava em quinto lugar, passei a ocupar o primeiro lugar, e quem estava em primeiro foi para quarto. Logo, no que tange à pesquisa, temos sempre que trabalhar na linha de retratar o momento.

E é muito importante analisar a pesquisa sempre assim, porque o fundamental na pesquisa são os números - é óbvio -, as intenções de voto e a análise daquilo que a pesquisa pode significar. Há uma série de indicadores que a pesquisa oferece que nos permitem efetivamente corrigir rumos e reorientar as ações de campanha. É dessa forma que todos nós devemos sempre trabalhar.

Eu gostaria de tecer alguns comentários sobre a pesquisa Datafolha apresentada ontem. Há alguns elementos importantes para nossa avaliação. Também queria comentar a respeito da pesquisa Ibope feita em Santa Catarina.

Com relação à pesquisa Datafolha, os próprios analistas dão conta de que o Presidente Lula continua liderando, com folga, a corrida sucessória, mas, por conta do percentual - com os 50% não há como detectar se ele tem 1% de votos a mais ou a menos -, a pesquisa admite e até revela o crescimento da possibilidade de haver segundo turno.

A pesquisa também deixa bastante claro que a polarização PT - PSDB está consolidada. Não há elementos que permitam uma análise de forma diferente do que está previsto ali.

A pesquisa apresenta também um crescimento da candidatura do P-Sol, da Senadora Heloísa Helena. Li alguns conselhos dados à Senadora pelo Prefeito do Rio de Janeiro, que é do PFL - não sei se foram absorvidos ou se podem influir no resultado. De qualquer forma, o crescimento apareceu.

Os números fazem esse retrato, mas é sempre bom entender os porquês das modificações. Ao mesmo tempo em que há crescimento, há volatilidade, ou seja, possibilidade de os que declararam seu voto modificá-lo. É interessante ver que quem tem os votos menos sólidos é exatamente a Senadora Heloísa Helena. Lula tem os votos mais sólidos, ou seja, 74% dos que já definiram o voto no Presidente Lula dizem que de jeito nenhum vão modificá-lo. Depois há uma graduação, e praticamente a metade dos que declaram voto na Senadora Heloísa Helena são exatamente aqueles que sinalizam a possibilidade de mudar.

Ainda há alguns dados que considero interessantes de ressaltar: a intenção de voto no Geraldo Alckmin cai exatamente nas Regiões Sul e Nordeste, e é interessante, porque o crescimento da Senadora Heloísa Helena no Sul, onde ela mais cresceu, foi de 7%, e a queda de Geraldo Alckmin no Sul foi de 6%. Valerá a pena avaliar isso. E os que estão comandando e coordenando campanha vão ter que trabalhar essa questão, ou seja, quem ganhou e quem perdeu nessa modificação dos votos.

Quanto à rejeição, que se manteve estável nas demais candidaturas, teve crescimento de rejeição exatamente a candidatura do Geraldo Alckmin.

Então, penso que todas essas questões que o Datafolha apresenta vão ser levadas em consideração. Inclusive, estou saindo do plenário, ao final do meu pronunciamento, porque vou participar da reunião da Coordenação Nacional da Campanha Lula agora à tarde, com os coordenadores estaduais. Estou designada pelo meu Partido para atuar na coordenação da campanha à reeleição do Presidente Lula em Santa Catarina.

E, com relação à pesquisa Ibope do meu Estado, sobre a qual houve alguns comentários, eu gostaria até de poder ter pesquisas estaduais de vários outros Senadores que comentam a pesquisa, porque sempre é bom ver como estão, em cada Estado do Brasil, as candidaturas.

De qualquer forma, em Santa Catarina, não tivemos - pelo menos a Coordenação - surpresa com o crescimento da candidatura de Geraldo Alckmin. Por que não tivemos essa surpresa, como alguns poderiam questionar? Em primeiro lugar, porque ele tem marcado presença significativa no Estado, onde está uma semana sim, outra quase também. A outra questão é que, diferentemente do Rio Grande do Sul e do Paraná, apenas em Santa Catarina há um palanque sólido, um palanque constituído efetivamente para conduzir a campanha do Sr. Geraldo Alckmin. Tal palanque foi constituído com uma aliança que traz bastantes ruídos, bastantes divergências, inclusive públicas. Tivemos recentemente um pronunciamento bastante atritado entre o Governador, candidato à reeleição, e um Prefeito proeminente do PMDB, que já se manifestou dizendo que fará, indiscutivelmente, campanha para a reeleição de Lula. Nesse atrito, nessa pressão, o próprio Prefeito declarou, alto e bom som - o que foi veiculado em vários jornais do nosso Estado -, que vota e faz campanha para quem ele desejar e para quem ele compreende que merece, inclusive.

São Francisco do Sul é um Município que teve um aporte, uma generosidade, uma atenção muito significativa do Governo Federal. Só para lhe dar uma idéia, Senador Renan, todo o patrimônio arquitetônico do Município de São Francisco do Sul, que é uma das cidades mais antigas do Brasil - fez quinhentos anos no ano passado -, está sendo restaurado, e temos uma obra significativa, estratégica para o desenvolvimento do nosso Estado que é a recuperação dos moles no porto de São Francisco. Portanto, não há como não reconhecer todo esse empenho. O próprio Prefeito diz: “Não sou louco nem maluco de fazer campanha para qualquer outro candidato a Presidente que não seja o Presidente Lula”.

Temos ainda, em Santa Catarina, - julgo importante realçar isto -, além desse palanque constituído, em que a candidatura de Geraldo Alckmin está vinculada à reeleição do Governador Luiz Henrique, nada mais, nada menos do que a presença e a ação política do Presidente Nacional do PFL. A disputa em Santa Catarina nunca foi diferente: foi sempre muito acirrada e muito tencionada. Temos eleitorado esclarecido, dividido, e sempre há segundo turno - é muito raro não acontecer.

A pesquisa ainda traz alguns números que nos causaram alguma estranheza e que eu não poderia deixar de registrar. O primeiro deles é que o sul do Estado é apontado como o local onde o Presidente Lula tem o maior índice de voto espontâneo: 32%. Estranhamente, exatamente nessa região em que o Presidente Lula tem a maior intenção espontânea de votos, o nosso candidato ao Governo do Estado, José Fritsch, tem zero. Esse é um dado muito estranho, porque não dá solidez para o outro número apurado.

Outro dado que nos chamou muita atenção foi o índice zero de intenção de voto espontâneo, no oeste do Estado, para a nossa candidata ao Senado, Luci Choinacki, que tem a sua história, o seu berço e toda a sua vida política originária exatamente daquela região.

Esses números, portanto, causam-nos estranheza.

A pesquisa Ibope, em Santa Catarina, traz números que nos dão uma orientação e uma sinalização muito clara de como deveremos conduzir a campanha, porque nela foi feita uma pergunta extremamente importante. A pesquisa pergunta o seguinte: “Como o senhor (a senhora) diria que se sente com relação à vida que vem levando hoje?” Ou seja, pergunta como as pessoas estão se sentindo. E os números, Senador Renan Calheiros, são muito fortes. Entre os que se sentem muito satisfeitos e os que se sentem satisfeitos, estão nada mais, nada menos do que 76% dos catarinenses. Três quartos dos catarinenses se sentem muito satisfeitos ou satisfeitos com a vida que vêm levando. É interessante observar esses dados por faixa de renda, por região, por nível. Por nível de escolaridade, por exemplo: entre os que têm nível superior - normalmente são as pessoas que têm mais informação, que têm até mais possibilidade de fazer análises mais adequadas -, 87% declararam-se satisfeitos ou muito satisfeitos.

Ninguém fica satisfeito de graça. As pessoas só ficam satisfeitas se a vida melhorou. E é por isso que temos todo um trabalho a fazer. Em termos de ações, de modificação efetiva na vida, no cotidiano, as ações do Governo Federal, do Governo Lula, foram muito significativas em Santa Catarina. E não me refiro apenas a investimentos, como a duplicação da BR-101, as obras nos quatro portos e todas as mudanças de infra-estrutura na área energética. Já tive oportunidade de registrar a questão do emprego, a questão da renda.

Reportagem publicada, no final de semana, em um dos principais jornais, dizia: “Mesa farta”, indicando que houve mais de 50% de aumento na média salarial; que aquilo que o salário mínimo compra de produtos da cesta básica é recorde em Santa Catarina; e toda a questão do crédito.

Cito também a questão da oportunidade de estudar no Sistema Federal de Ensino. É a primeira vez que a Universidade Federal cruza a ponte, vai para o interior do Estado. Teremos 13 escolas técnicas, até o final do ano - duas se inauguram, uma se retoma e outra terá sua construção iniciada. Vamos aumentar de três para sete as escolas técnicas federais no Estado.

Além disso, Santa Catarina é o primeiro Estado do Brasil a ter cobertura integral do Samu. Portanto, em caso de emergência, qualquer catarinense pode acionar o fone 192 e ter acesso à UTI móvel.

Também cito a questão da habitação. Dessa forma, a mudança da vida, em Santa Catarina, é significativa e tem vinculação direta com as ações do Governo Federal em nosso Estado.

            Portanto, em nível de Brasil, está aqui registrado que tivemos a possibilidade de fazer crescer a massa salarial, nestes três anos e meio, e o aumento do poder de compra do salário mínimo, verificado no Brasil todo, em relação à cesta básica, também se configura em nosso Estado neste período. É por isso que temos a convicção de que os dados da pesquisa dão-nos a linha, dão-nos o norte para podermos trabalhar...

(Interrupção do som.)

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - ... e para efetivamente até revertermos uma foto que, neste momento, pode não ser a foto dos nossos sonhos na sucessão presidencial, na sucessão estadual, na candidatura ao Senado. Eles nos dão tranqüilidade para, de cabeça erguida, irmos para a rua fazer campanha, pedir votos, porque temos muito a apresentar no nosso Estado - o que está retratado, indiscutivelmente, no fato de que três quartos dos catarinense se sentem muitos satisfeitos ou satisfeitos com a vida que vêm levando.

Como não poderia deixar de ser, lá em Santa Catarina, eleição se ganha na urna. A pesquisa serve para análise. E, para colocar o máximo de votos no nosso projeto, na continuação do nosso projeto, estaremos de manhã, de tarde e de noite - de madrugada, se for necessário - trabalhando em nossos projetos para reeleição do Presidente Lula, para chegar ao Governo do Estado, bem como para trazer para o Senado da República mais uma mulher que tem a cara do povo de Santa Catarina, a nossa querida Luci Choinacki.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/07/2006 - Página 24743