Discurso durante a 114ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Associa-se às homenagens de pesar pelo falecimento do ator Raul Cortez e do ex-Senador João Menezes. Avaliação do atual estágio da campanha presidencial.

Autor
José Agripino (PFL - Partido da Frente Liberal/RN)
Nome completo: José Agripino Maia
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
HOMENAGEM. ELEIÇÕES. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.:
  • Associa-se às homenagens de pesar pelo falecimento do ator Raul Cortez e do ex-Senador João Menezes. Avaliação do atual estágio da campanha presidencial.
Publicação
Publicação no DSF de 20/07/2006 - Página 24780
Assunto
Outros > HOMENAGEM. ELEIÇÕES. GOVERNO FEDERAL, ATUAÇÃO.
Indexação
  • HOMENAGEM POSTUMA, ATOR, ELOGIO, ATIVIDADE ARTISTICA, CONTRIBUIÇÃO, DIVULGAÇÃO, CULTURA, PAIS.
  • HOMENAGEM POSTUMA, JOÃO MENEZES, EX SENADOR, ESTADO DO PARA (PA), ELOGIO, ATUAÇÃO, VIDA PUBLICA.
  • ANALISE, POSSIBILIDADE, VITORIA, GERALDO ALCKMIN, EX GOVERNADOR, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), ELEIÇÕES, PRESIDENCIA DA REPUBLICA, REGISTRO, CRESCIMENTO, APOIO, POPULAÇÃO, CANDIDATO, MOTIVO, INEFICACIA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, EXCESSO, GASTOS PUBLICOS, MANIPULAÇÃO, OPINIÃO PUBLICA, OBJETIVO, OBTENÇÃO, REELEIÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, DESCUMPRIMENTO, PROMESSA, PERIODO, ELEIÇÃO, ANTERIORIDADE, AUSENCIA, IDONEIDADE, CONDUTA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), PARTICIPAÇÃO, DIVERSIDADE, TRANSAÇÃO ILICITA.

O SR. JOSÉ AGRIPINO (PFL - RN. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, inicialmente, queria associar-me às manifestações de pesar pelo desaparecimento de um grande ator, Raul Cortez, a quem conheci pessoalmente, com quem estive no meu Estado por algumas vezes, e com quem tive o prazer e a honra de conviver no plano pessoal.

O País perde um ator da melhor qualidade, um homem que em muito contribuiu para a divulgação da cultura no País, para o entretenimento, um cidadão que foi amado por multidões e que nos deixa prematuramente. A ele e a sua família a minha manifestação sentida de pesar.

Da mesma forma, assinei um requerimento de pesar por nosso colega João, sempre João, Senador do Estado do Pará, que se foi e que deixa saudade até pelo fato de ter sido, ultimamente, uma presença constante. Ele e o filho vinham ao plenário do Senado, andar já cansado, compareciam ao cafezinho do Senado, conversavam com os colegas, recuperavam a memória de fatos que aconteceram há algum tempo e nos davam o prazer de sua companhia.

A ele igualmente a nossa manifestação de pesar, de saudade e de reconhecimento por uma vida pública profícua em favor dos interesses de sua região e do seu Estado do Pará.

Mas, Sr. Presidente, o que me traz hoje à tribuna é comentar o atual estágio em que se encontra a campanha presidencial. Eu tenho, ultimamente, feito caminhadas no meu Estado, acompanhando o candidato a governador que eu apóio, Garibaldi Alves, que tem no Deputado Ney Lopes, do meu Partido, o seu vice, e na ex-prefeita Rosalba sua companheira de chapa ao Senado. Tenho feito caminhadas pelas ruas da capital do meu Estado e brevemente irei acompanhá-lo nas andanças pelo interior. 

Há um sentimento que eu sinto mudado. As pessoas da capital começam a me perguntar se Geraldo Alckmin vai ganhar a eleição, coisa que não acontecia um mês e meio atrás. Há um mês que vimos realizando reuniões do conselho político da campanha de Geraldo Alckmin, conselho político composto pelos Líderes da Câmara e do Senado do PFL, do PSD e do PPS agora; pelos Presidentes de Partido; Líderes na Câmara e Senado e no Congresso; e os candidatos a Presidente e Vice-Presidente.

Devo confessar, Presidente Lobão, que um mês atrás as reuniões eram reuniões com um astral que eu não diria muito alto. Enfrentávamos dificuldades, ajustes de entendimento no plano estadual do PFL com o PSDB, com o PPS, com partidos coligados e a campanha andava com dificuldade. As reuniões traduziam isso e a rua traduzia isso. As pessoas não perguntavam se Geraldo Alckmin ia ganhar a eleição.

Eu mesmo tive a oportunidade de recebê-lo ainda pré-candidato antes da convenção na minha capital e andar com ele na rua. Ele era muito bem recebido, mas as pessoas eram incrédulas com relação a sua perspectiva de vitória. Hoje não mais. A percepção popular é a de que Geraldo Alckmin pode ganhar a eleição, sim; que vai haver segundo turno, sim; e, que, em havendo segundo turno, o voto antilula é maior que o voto pró-Lula; e que Geraldo Alckmin, que é o intérprete que dentro da Oposição encabeça os candidatos com o maior percentual de votos, é um candidato que merece a preferência popular e tem chance de ganhar a eleição.

Eu quero fazer uma avaliação da convicção que comigo sempre existiu e que é crescente e que estou testemunhando pelas perguntas que ouço na rua e pela reunião de hoje, que foi uma reunião diferente das anteriores. Foi uma reunião de alto astral. Foi uma reunião marcada por presença maciça de populares na porta do local do encontro e por um sentimento de perspectiva de vitória real dominante em toda reunião.

Por que é que acredito na vitória? Presidente Lobão, nós estamos enfrentando, ou o candidato Alckmin enfrenta, um candidato que é Presidente da República há três anos, candidato à reeleição no exercício do cargo e que acabou de fazer uma campanha de três meses, campanha precedida de uma imensa campanha publicitária. Basta ver que foram gastos 2,6 bilhões de reais em publicidade do Governo. Dois ponto seis bilhões de reais podem comprar perto de trinta milhões de Bolsas-Família. Custeiam trinta milhões de Bolsas-Família para trinta milhões de famílias no Brasil.

Gastou ele, Sua Excelência o Presidente Lula, em publicidade, precedendo a campanha que fez de publicidade em rádio, televisões e jornais, as andanças que fazia a bordo do Aerolula para inaugurar tapa-buraco, para inaugurar pedra fundamental, para inaugurar obra estadual, obra municipal e para prometer obra para 2007/2008. Nunca tinha visto isso. Quantas vezes falei daqui: nunca tinha visto um candidato que não tem muito o que fazer nos lugares inaugurar uma pedra fundamental e anunciar o beneficio para 2008 como se ele fosse o Presidente eleito.

Muito bem. A cartada, ele já a jogou, na minha opinião. Ele já fez a campanha. A campanha da qual ele pode tirar dividendos eleitorais ele já fez no exercício do cargo, usando o Aerolula e a estrutura da Presidência, e mais o dinheiro público para fazer a campanha publicitária milionária que encerrou no dia 30 de junho.

Haverá V. Exª de me dizer: não, ele vai ter a oportunidade que os outros candidatos vão ter, a partir de 15 de agosto, de mostrar a sua proposta. É verdade. Só há um detalhe, que acho que a população já percebeu - e compreendo, tenho o direito de emitir minha opinião: o Presidente que prometeu dobrar o salário mínimo e não o fez deveria ser hoje majoritário, se ele tivesse cumprido a promessa, se tivesse feito o Brasil crescer igual, por exemplo, à Argentina, ao Uruguai, à Venezuela, ao Peru, se tivesse feito o Brasil crescer não igual à China e nem à Índia, nem à Rússia - não, não, não, porque sou modesto -, que crescesse igual à Argentina, ou ao Uruguai, o salário mínimo poderia ser aquilo que ele prometeu: não os R$350, que ele deu e de que se vangloria, poderia ser R$580, para cumprir sua promessa. Prometeu e não o fez. Podia tê-lo feito, porque nossos vizinhos cresceram aproveitando a bonança do mundo.

Ele prometeu 10 milhões de empregos. Exibe uma cifra muito modesta que é muito mais de legalização de contratos que já existiam com a assinatura da carteira profissional do que a efetiva geração de empregos. Mas o que é fato é que prometeu 10 milhões de empregos e não gerou nem um terço disso. Para a região de V. Exª e minha, ele prometeu a Transnordestina. Onde está? Está no papel. Prometeu a transposição do São Francisco. Onde está? Está no papel.

V. Exª, que já foi Governador, assim como fui Governador, sabe que o maior capital de um político é a palavra empenhada e cumprida. Quando você promete e faz, o povo aplaude e vota em você novamente. Quando você promete e não cumpre, se prepare para receber o troco da opinião pública e do voto popular.

A campanha que Lula podia fazer, na minha opinião, ele já fez. Ele vai fazer uma campanha de promessas de 15 de agosto para frente, no rádio e na televisão, só que promessas carimbadas com o carimbo da incredibilidade. Porque o que ele prometeu não fez, e o que ele fez foi muito pouco comparado com o que resto do mundo pôde fazer.

O que quero, Presidente Lobão, é dizer a V. Exª que a campanha que vai ser feita de 15 de agosto para frente vai dar oportunidade a Lula, vai dar oportunidade a Geraldo Alckmin, a Heloísa Helena, a Cristovam Buarque, aos candidatos todos. Lula vai prometer o que não fez, vai tomar compromissos em cima de uma palavra empenhada e não cumprida. A população estará já preparada e vacinada. Lula tem contra si a ineficiência de um governo na preparação de uma infra-estrutura na atração de investimentos; tem contra si um padrão ético defeituoso carimbado pelo mensalão, por todos aqueles que está chamando de volta para a sua companhia, até os Deputados do mensalão ele está recebendo no Palácio do Planalto, no Palácio da Alvorada para lhes dar a oportunidade e legenda, porque Lula não é Lula; Lula é do PT; Lula é indissociável do PT. Ele vai fugir do PT como o diabo da cruz, mas não adianta, o povo do Brasil vai fazer a campanha, vai participar da campanha e vai ver que Geraldo Alckmin é o candidato do PSDB e do PFL; Heloísa Helena é a candidata do P-SOL; Cristovam Buarque é o candidato do PDT; Lula é o candidato do PT, é o candidato do José Dirceu, é o candidato de Silvinho, de Delúbio Soares, é o candidato dos mensaleiros, que foram ou não cassados. Queira ou não queira, Lula é do PT que inventou isso tudo que está aí, de Paulo Okamotto a Silvinho Land Rover. E foi o Lula quem prometeu o salário mínimo de R$580 e deu R$350. E vetou o aumento que nós votamos e aprovamos para os aposentados.

Quem vai ser julgado é esse Lula. Ele vai querer se apresentar como Lulinha paz e amor, só que o Lulinha paz e amor já é conhecido. Ele não é mais nenhuma novidade. E quem sabe as pessoas não vão querer a oportunidade de experimentar um candidato ou uma candidata, por exemplo.

Geraldo Alckmin, por exemplo, vai exibir aquilo que pôde fazer como Governador de São Paulo. Ele vai exibir os trunfos que possa ter no campo da educação, da saúde, da retomada do crescimento, da redução da carga tributária, para facilitar a realização de investimentos e crescimento de negócios para geração de empregos. Ele vai criticar Lula com relação à questão da Bolívia, que entram interesses brasileiros, empregador, interesse da Bolívia pela vertente da ideologia ficou com os bolivianos. Tudo isso será dito.

Geraldo Alckmin vai fazer a sua campanha apresentando os seus feitos e suas propostas de um Brasil novo. Quem tem condições de fazer campanha com credibilidade não é mais Lula. Lula já fez a campanha três meses com o Aerolula de norte a sul, leste a oeste, inaugurando tapa-buracos, lançando pedra fundamental, inaugurando obra municipal como se fosse dele, fazendo campanha. Daqui para frente, ele vai fazer uma campanha comprometida pela incredibilidade e vai ter competidores que vão, com as suas propostas e com a sua vida pregressa, sem mensalão, sem Delúbio, sem Silvinho, apresentar-se ao eleitorado.

Por essa razão, Presidente Lobão, é que acho que as pessoas que me perguntam hoje na rua se Alckmin vai ganhar a eleição estão começando a perceber o momento novo que começamos a viver, a perspectiva de uma oportunidade que o povo vai ter para se livrar de uma vez por todas de uma coisa que nos incomoda, a nós, homens públicos, que fazemos a vida pública com decência, que é o nivelamento por baixo. É uma coisa que me incomoda, embora nunca tenha sido agredido em canto nenhum deste país por nenhuma pergunta que me tenha criado qualquer tipo de constrangimento, mas sei que a classe política, o Congresso, está nivelado por baixo, tudo produto da impunidade levada a efeito pelo Governo do PT, à frente o Presidente Lula. A mim, incomoda-me muito, e ao brasileiro comum incomoda muito esse estado de calamidade ética que estamos vivendo. Calamidade ética travestida de ineficiência e de incompetência administrativa que está nos levando a perder na corrida, na competição com os nossos assemelhados. O Brasil faz parte de um grupo chamado BRIC - Brasil, Rússia, Índia e China. Rússia, Índia e China estão disparados; o Brasil ficou para trás. Está na hora de recuperar o tempo perdido. E a reunião que fizemos hoje, venturosa e para cima, mostra a perspectiva real de a Oposição ganhar a eleição, de que haverá segundo turno, de que o voto antilula é maior que o voto pró-Lula e de que o povo do Brasil quer mudar e sabe qual é o real caminho da mudança.

 


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/07/2006 - Página 24780