O SR. JOÃO BATISTA MOTTA (PSDB - ES. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é uma pena que, no momento em que há um debate tão acalorado com relação à política nacional, tenha eu a obrigação e o dever de reconhecer algo que acontece em um país irmão e que poderia bem ser um exemplo para nós.

No finalzinho do ano passado, estive em Taiwan a convite do Governo de lá. Tive a maior surpresa da minha vida. Pisei um país de apenas 36.000km². Meu Estado, o penúltimo em tamanho no País, tem 46.000km². Para dar um exemplo melhor ao Senador Luiz Otávio, Taiwan possui 1/5 do tamanho do Município de Altamira, no Pará, que possui 179.000km².

Com aproximadamente 23 milhões de habitantes e renda média anual por cidadão taiwanês de US$14 mil, Taiwan foi criada em 1949, ou seja, há apenas 57 anos, quando o Líder Chiang Kai-shek chegou ao poder, fugindo da Revolução Comunista, chefiada por Mao Tsé-tung.

Pisei um país quase sem violência, sem assaltos, sem seqüestros e homicídios, mas com um povo trabalhador e muito feliz. Eles possuem o maior porto do mundo em contêineres, localizado na cidade de Kaohsiung.

Por que tanto sucesso em tão pouco tempo?

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é que o Governo constituído em 1949 deparou-se com um território sem recursos de qualquer natureza. Lá não havia, como não há, petróleo, gás, ouro ou ferro. Não havia nem mesmo terras para o cultivo de cana-de-açúcar, café, milho ou soja.

Tiveram, então, que colocar a cabeça para funcionar, pois só restava apelar e alicerçar o futuro do país em tecnologia e em ciência.

Idealizaram e implantaram um parque científico, Senador Marco Maciel. Entregaram esse parque para as universidades e para os empresários. No centro desse parque, construíram um edifício e para lá levaram todas as repartições públicas. Chegando lá, aqueles que desejavam investir, aqueles que tinham uma invenção para ser aperfeiçoada, foram recebidos de tal maneira que não tinham como deixar de produzir.

Imediatamente seus projetos eram encaminhados aos diversos setores. Não se tratava apenas de setores para licenciamentos fiscais ou ambientais, mas, sobretudo, setores destinados à tecnologia voltada para o mercado exterior.

E foram mais longe, foram em frente. Criaram duas extensões do parque científico: uma, ao norte, na cidade de Shintsu; e outra, ao sul, na cidade de Tainan, ligadas ao centro e ao porto por rodovias e ferrovias. Foi e é assim que um pequenino país se transformou numa grande potência econômica da Ásia, ficando hoje entre o 12º e o 15º lugares dentre as maiores economias do planeta, sendo hoje o 3º país em reservas cambiais de US$290 bilhões em caixa.

Nós, brasileiros, necessitamos cada vez mais estreitar nossos laços culturais e comerciais com Taiwan. Não somos concorrentes deles em nada. Por isso, podemos ser parceiros em tudo.

Eles praticam o budismo e não consideram Buda como Deus, mas como um ser humano que viveu 500 anos antes de Cristo. Consideram-no também o maior benfeitor da humanidade.

Sr. Presidente, estive numa determinada exposição em que vi coisas maravilhosas de alta tecnologia; vi também objetos simples, como bijuterias. Vi, por exemplo, uma árvore feita de pedras: as pedras verdinhas representavam as folhas, as amarelas, frutas ainda no caminho da maturação, as vermelhas, frutas já maduras. Era uma árvore maravilhosa com trinta centímetros mais ou menos e que custava US$5 mil. Como aquela gente sabe transformar o nada em um objeto de grande valor!

Mas o mais importante de tudo eu ainda não disse: tudo daquela arvorezinha vem do Brasil. Pois bem, aquelas pedrinhas preciosas, aquela maravilha de árvore, trabalho onde se confundia tecnologia, ciência e habilidade daquele povo. Se fossem apenas aquelas pedrinhas, elas não representariam nada.

Mas tenho certeza de que, naquela feira, mais de cem produtos extraídos neste País chamado Brasil deveriam estar ali produzindo riquezas e divisas para aquele povo que tão habilmente soube fazer sua independência financeira.

Pena que nosso País, Sr. Presidente, vive remetendo nossas matérias-primas, como o ferro, o ouro, a prata in natura para países grandes, enormes que não necessitam de nossa ajuda. Pena que nosso País esteja ainda isentando de tributos grandes empresas na hora em que fazem suas importações. Pena que este país não saiba copiar um exemplo maravilhoso de trabalho, prosperidade, coragem, determinação daqueles pobres que, por não terem riquezas naturais, souberam fazer o comércio e a indústria, souberam aplicar a tecnologia e a ciência e possuem hoje um país lindo, como disse, sem violência, um país feliz, digno de seu povo.

Muito obrigado, Sr. Presidente.