Discurso durante a 118ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Referências às palavras da Senadora Ideli Salvatti a respeito da inclusão do nome do Deputado Paulo Magalhães no meio dos "Sanguessugas".

Autor
Antonio Carlos Magalhães (PFL - Partido da Frente Liberal/BA)
Nome completo: Antonio Carlos Peixoto de Magalhães
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), AMBULANCIA. ELEIÇÕES.:
  • Referências às palavras da Senadora Ideli Salvatti a respeito da inclusão do nome do Deputado Paulo Magalhães no meio dos "Sanguessugas".
Aparteantes
Arthur Virgílio, Eduardo Suplicy, Heráclito Fortes.
Publicação
Publicação no DSF de 27/07/2006 - Página 25373
Assunto
Outros > COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), AMBULANCIA. ELEIÇÕES.
Indexação
  • COMENTARIO, CERTIDÃO, SECRETARIA, COMISSÃO, SENADO, ESCLARECIMENTOS, AUSENCIA, ACUSAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, AMBULANCIA, DEPUTADO FEDERAL, ESTADO DA BAHIA (BA), PARENTE, ORADOR, IMPORTANCIA, INVESTIGAÇÃO, PUNIÇÃO, CORRUPÇÃO, NECESSIDADE, RESPEITO, INOCENCIA.
  • REITERAÇÃO, DENUNCIA, CORRUPÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ESPECIFICAÇÃO, LIBERAÇÃO, RECURSOS, FAVORECIMENTO, CANDIDATO, GOVERNADOR, ESTADO DA BAHIA (BA), PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), REGISTRO, PESQUISA, PREVISÃO, INSUCESSO, ELEIÇÃO, PROTESTO, FRAUDE, LICITAÇÃO, AGENCIA BRASILEIRA DE INTELIGENCIA (ABIN).
  • COMENTARIO, ENTREVISTA, EDUARDO SUPLICY, SENADOR, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), COBRANÇA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ESCLARECIMENTOS, CORRUPÇÃO, MESADA, CONGRESSISTA, TRAFICO DE INFLUENCIA, PARENTE, SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Senadores, o assunto que me traz à tribuna não é este que vou abordar agora.

A Senadora Ideli Salvatti tratou aqui de acusações, que poderiam ser levianas ou não, mas achando que ninguém deve ser incriminado apenas pela acusação.

Trata-se, portanto, de um Deputado que tem ligações familiares comigo. Não é o ACM Neto, mas o Deputado Paulo Magalhães, que estaria no meio dos sanguessugas.

Estarei sempre contra os sanguessugas, Sr. Presidente. Vou lutar aqui contra o “valerioduto”, sanguessugas, mensalão.

Esclarecida pelo próprio Deputado, a Senadora, em aparte ao Senador José Jorge, deu conhecimento, fazendo a retificação - não foi bem uma retificação, porque ela não chegou a afirmar -, mas dizendo que as pessoas às vezes são imputadas de crimes que não praticaram, como é o caso do Deputado Paulo Magalhães.

Muito ciente deste assunto, a partir de ontem, procurei contato com o Deputado, e já está aqui uma certidão da Secretaria das Comissões do Senado Federal, assinada pelo Sr. José Augusto Santana, em que consta que o interrogando respondeu às perguntas, dizendo que “conheceu o Deputado Magalhães através de Ronivon Santiago” - o que, aliás, não honra ninguém - “no ano de 2004; que o parlamentar já havia apresentado uma emenda genérica em favor de municípios da Bahia, para aquisição de unidades móveis de saúde; que sem qualquer ajuste com o parlamentar, obteve em seu gabinete os nomes dos municípios que seriam beneficiados com os recursos, conforme a planilha de fls. 48 do avulso I; que em nenhum momento o parlamentar solicitou qualquer comissão ou fez contato com os municípios; que foi o próprio interrogando quem procurou os municípios” - quer dizer, aquele Vadoir ou coisa que o valha -, “oferecendo os serviços para a execução das licitações; que desses municípios, apenas os prefeitos de Caatiba e Muritiba aceitaram direcionar as licitações; que o interrogando não se recorda de ter pago qualquer valor aos prefeitos; que para os exercícios dos anos 2005 e 2006, o interrogando não executou nenhuma emenda do Deputado Paulo Magalhães”.

Aqui está um testemunho. Acho que preciso ouvir outros, inclusive do Presidente da Comissão, porque acabar com os sanguessugas todos nós queremos, mas não se deve usar um cargo para uma acusação que não seja verdadeira. Sendo verdadeira, que todos paguem o preço, pertençam a que partido pertencerem, porque isso é que me dá autoridade de estar todos os dias aqui, chamando, como chamo agora, o Governo do Presidente Lula de o mais corrupto do Brasil em todos os tempos.

O Presidente Lula não consegue fazer nada com seriedade, porque sério ele não é; ele é um homem acostumado a essa troca de dinheiro ou coisa que o valha em relação aos seus ministros - nem todos, é claro - e aos membros das estatais.

Isso tem dado resultado? Não. Na Bahia, o dinheiro está indo para o Sr. Jaques Wagner de todas as formas. Sabem qual é o resultado? Votos válidos: Paulo Souto, 73%; Jaques Wagner, 19%. Pesquisa simples: 56% a 13%. Portanto, não adianta jogar dinheiro na Bahia. Se ele disse que ia me derrotar, estou dizendo a ele o que disse da outra vez: eu vou derrotá-lo na Bahia. Ele vai sofrer o maior revés político na Bahia.

Mas é justo que se saliente que pessoas existem no seu Partido que merecem pelo menos o respeito nas suas afirmações. Ontem, a Folha de S.Paulo publicou uma página inteira sobre o Senador Suplicy, que está presente e ocupou nesse instante a tribuna. Manchete: “Para Suplicy, Lula deve explicações sobre o mensalão”. “Em sabatina da Folha, Senador diz que espera que o presidente revele o quanto sabia sobre escândalo e que, apesar das críticas, vai se empenhar por reeleição.”

Ele, realmente, acha que houve o mensalão, que o mensalão é um roubo, que o Presidente sabia e deve explicações à Nação, mas, mesmo assim, como bom petista, o Senador vai apoiar Lula. É o que traduzo.

O Senador Eduardo Suplicy pede ainda - e peço também, todos os dias, desta tribuna - que o Presidente Lula fale sobre os R$15 milhões que a Telemar deu à Gamecorp, firma do seu filho, cujo nome, se não me engano, é Fábio. O Senador Eduardo Suplicy pede também esclarecimentos sobre isso, o que faz com que S. Exª tenha uma situação privilegiada em São Paulo. S. Exª é do PT, mas não esconde nem bota debaixo do tapete aquilo que considera errado, cujas explicações são devidas à Nação brasileira.

Portanto, saúdo nesta hora o Senador Eduardo Suplicy.

Senador, V. Exª cresceu lá em São Paulo para o Senado, mais de uma vez, porque toma atitudes como essa. V. Exª não está dizendo que Lula roubou com o mensalão. V. Exª não está dizendo que o Presidente foi culpado de haver o mensalão, mas deve explicação à Nação de que não tem nada com isso.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - É claro que vou permitir.

Há também a Gamecorp.

Já passei por São Paulo várias vezes. Ainda ontem estive lá. Posso falar do respeito da população a V. Exª devido a essas atitudes. V. Exª não falta ao plenário e é querido pelo povo de São Paulo. É querido por quê? Porque tem coragem de dizer essas coisas.

Concedo o aparte ao Senador Eduardo Suplicy.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Senador Antonio Carlos Magalhães, primeiro, quero expressar que não concordo com V. Exª na sua afirmação de generalizar o Governo do Presidente Lula como corrupto ou o mais corrupto da história, porque de maneira alguma isso corresponde à realidade. É possível que tenham surgido informações, constatações de que houve procedimentos incorretos, erros graves. V. Exª sabe o quanto avalio seja extremamente importante que inclusive todos nós, do Partido dos Trabalhadores, venhamos a contribuir para que esses erros sejam superados, corrigidos e para que aqueles que os cometeram sejam responsabilizados. Assim como V. Exª, há pouco, se referiu a colega de seu Partido que está sendo objeto de averiguação por problemas constatados na Comissão Parlamentar de Inquérito, também avaliamos como muito importante que sempre haja...

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Eu trago o documento demonstrando o contrário. É diferente. Vamos fazer as coisas como são. Se V. Exª quer desistir da bela entrevista que deu, eu aceito.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Absolutamente.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Suplicy desiste da entrevista que deu à Folha. Ele não quer mais que Lula explique o mensalão.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Absolutamente, não estou dizendo isso.

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - V. Exª me permite um aparte?

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Quero explicar - por favor, Senador Heráclito Fortes - o sentido daquilo que tenho dito e expressado mais de uma vez, e que V. Exª conhece muito bem. Formulei a sugestão pessoalmente ao Presidente Lula e já o fiz por carta. É possível que V. Exª, alguma vez, quando foi chefe do Poder Executivo na Bahia, Governador de Estado, tenha se dirigido em visita à Assembléia Legislativa e se disposto a dialogar com deputados estaduais. Não sei se V. Exª fez isso, gostaria até de saber.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Fiz. Eu leio minha mensagem e debato.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Então, a sugestão que formulei, que V. Exª conhece e que inclusive há de relembrar, até porque V. Exª foi uma das pessoas cujo comportamento levou-me a fazer a seguinte proposição, por meio de Proposta de Emenda à Constituição. Lembro-me perfeitamente, era Presidente Fernando Henrique Cardoso, que encaminhou ao Congresso Nacional sua mensagem por intermédio do Ministro da Casa Civil e eis que foi lida pelo Sr. 1º Secretário. Em seguida, V. Exª, que era Presidente do Senado e do Congresso Nacional, fez um pronunciamento que ganhou, naquela ocasião, muito maior repercussão do que o Presidente da República. Então, eu ponderei...

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Quero ponderar a V. Exª que isso foi na posse do Presidente da República; foi quando dei posse ao Presidente da República.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Não, nessa ocasião, o Presidente estava presente.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Não, o Presidente estava presente e tomou posse. Fez discurso, e eu fiz também.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Estou me referindo a outra ocasião, quando ele, já Presidente em exercício, não no dia da posse, no dia 15 de fevereiro, encaminhou a sua Mensagem, que foi lida pelo 1º Secretário do Congresso, e, em seguida, V. Exª fez um pronunciamento que, naquele momento, até pelos meios de comunicação, e na própria imprensa no dia seguinte, ganhou relevância. E eu pensei comigo mesmo: é muito melhor que o Presidente vá ao Congresso do que pedir para alguém ler, como o 1º Secretário, a atenção é muito maior. Como aconteceu quando, em 15 de fevereiro de 2003, o Presidente o fez. A minha proposta apresentada aqui, em 1995, tinha inclusive um adendo que, após a fala do Presidente, poderiam os líderes falar algumas palavras e, ao final, o Presidente responder. Bom, pensando um pouco nisso, já que a minha proposta acabou sendo aprovada - recebeu recentemente o apoio do Senador Marco Maciel no que diz respeito ao Presidente vir e ele próprio ler a sua Mensagem -, sugeri que o Presidente um dia resolva vir aqui para falar sobre qualquer assunto, não apenas para responder a esta ou àquela questão, como V. Exª diz aqui. Transmiti ao Presidente quem sabe sobre as políticas externa, econômica ou social, que ele, um dia, pudesse ter um diálogo muito construtivo. Eu transmiti a ele que, em que pese alguns Senadores, como V. Exª ou outros aqui presentes, tais como o Senador Arthur Virgílio, o Senador Heráclito Fortes e assim por diante, às vezes, se referirem a ele de maneira muito agressiva, conforme V. Exª há pouco fez...

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Senador Suplicy, para o que ele tem feito, eu tenho sido bonzinho.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Eu transmiti a ele que, se ele um dia resolver vir, seja neste mandato ou no próximo - porque acredito que ele será eleito -, ele será muito respeitado e se sairá bem no diálogo aqui conosco. Quem se sairá bem será o Brasil. Será em benefício da Nação brasileira um diálogo entre o Presidente da República e nós, congressistas. Então, é a sugestão que eu formulo. É fato que, em situações tais como as mencionadas na Folha, eu disse ao Presidente que, se porventura Sua Excelência resolvesse fazer uma visita e colocar-se à disposição para responder todas e quaisquer perguntas, avançaria muito na sua intenção, uma vez mencionada por ele, de estar cooperando para que a verdade inteira viesse à tona. Tenho a convicção de que o Presidente ia contribuir muito para que inclusive V. Exª viesse a se utilizar de outros termos com respeito ao Presidente. Eu tenho o firme propósito de não permitir que problemas, irregularidades e ofensas à ética ocorram em seu Governo.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Eu mantenho todos os elogios que fiz a V. Exª, mas tenho de dizer que V. Exª tem uma dose de ingenuidade.

Se o Presidente não aceita debater na televisão com os candidatos à Presidência da República, como V. Exª vai entender que ele virá aqui debater com os Senadores? Confesso a V. Exª que não posso sequer acreditar, e toda essa platéia a mesma coisa. Agora, quanto ao Governo, V. Exª sabe que ele é corrupto. O Governo é corrupto.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Não.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - E isso está sendo provado. Esse sanguessuga começou com quem? Com aquele vampiro que acusei várias vezes desta tribuna, e V. Exª e seus colegas defendiam: o Ministro Humberto Costa. Ele foi o vampiro. Foi com ele que começou isso, e eu não admito que correligionários de V. Exª queiram comparar a seriedade de Humberto Costa com a do Ministro José Serra.

O Ministro José Serra é um homem digno, incapaz de praticar qualquer desonestidade. Daí porque não quero que se confundam José Serra e Humberto Costa, não. Chamem Humberto Costa, embora José Serra possa vir a qualquer hora, porque não tem nada a dever a ninguém, pelo seu trabalho e pela sua honestidade. Daí porque está com uma grande diferença para o Governo de São Paulo. V. Exª está vendo que ou V. Exª ou então a D. Marta deveriam ser os candidatos, porque a situação lá está periclitante também.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Senador Antonio Carlos Magalhães, muitas vezes, tenho opiniões que podem, em alguns momentos, diferir das do Presidente Lula, mas eu as falo com a maior sinceridade. A minha recomendação ao Presidente Lula é que ele aceite, sim, já no primeiro turno, participar dos debates com os demais candidatos, assim como recomendo ao ex-Ministro, nosso colega e Senador José Serra, candidato ao Governo de São Paulo, que aceite debater com os demais candidatos, inclusive com o Senador Aloizio Mercadante, porque ele, convidado que foi outro dia, para ambos debaterem na Rede Bandeirantes de Televisão, preferiu alegar motivos pessoais. Até agora, ele não aceitou o debate. Então, quero recomendar muito ao nosso colega José Serra que possa também debater com o Aloizio Mercadante.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Pode ficar calmo, porque o Alckmin está crescendo muito. Fique calmo e não vá perder voto por causa de Lula, não.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - A minha recomendação é de que o Presidente Lula aceite debater, desde o primeiro turno, com os seus adversários.

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - V. Exª me permite um aparte, Senador Antonio Carlos Magalhães?

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Com prazer.

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - Em primeiro lugar, quero elogiar a inteligência do Senador José Serra e o respeito que ele tem principalmente ao PT de São Paulo. Um dos motivos por que Serra se nega, no momento, a um debate com o Senador Mercadante, nosso colega, é porque o PT ainda não engoliu a candidatura do Mercadante e acha que deveria ter sido a ex-Prefeita Marta Suplicy. V. Exª participou de uma caminhada agora que foi constrangedora, onde a ex-Prefeita fez mais sucesso que o próprio Senador, fazendo com que ele abandonasse a passeata. Agora, o Serra é um homem inteligente, não vai criar esse constrangimento para os correligionários de V. Exª. Quando o seu Partido absorvê-lo como candidato a Governador, com certeza ele vai; ele vai ter de subir um pouco nas pesquisas para poder comparecer aos debates. Senador Antonio Carlos, eu queria tocar em outro ponto. Com todo o respeito e a admiração que tenho pelo Senador Suplicy - sou fã de carteirinha dele -, ele cai na vala comum. O PT não tem argumento, três anos e meio depois, para justificar o atual Governo e começa a atacar governos passados. Daqui para o final dessa campanha, vamos ver membros importantes do Partido dos Trabalhadores, aqui, acusarem D. Pedro II daquele baile da Ilha Fiscal! O baile da Ilha Fiscal vai ser motivo de pedido de apuração por parte do Governo atual, que não tem outro argumento a não ser falar do passado. Se querem voltar ao passado - permita-me, Senador Suplicy -, o Lula deveria ser candidato a diretor de museu, e não a Presidente da República! A Presidência da República precisa de alguém que pense no futuro, que recupere o crescimento da Nação, para que não obtenhamos taxas de crescimento humilhantes, abaixo das do Haiti. Eu queria pedir a V. Exª - e só o faço se V. Exª concordar -, com a ajuda do Senador Arthur Virgílio, que autorize o candidato Alckmin a adotar a entrevista de V. Exª como cartilha de orientação para a nossa campanha. V. Exª bateu no Presidente Lula exatamente nos pontos em que a Nação brasileira quer bater. Mas, se V. Exª acha que o Presidente Lula vai mudar e vai lhe atender, isso é outra questão. Porém, como cartilha de orientação, Senadora Heloísa Helena, a entrevista do Suplicy é fantástica, o que mostra que ele é suprapartidário! Ele está no PT porque não tem outro jeito. Mas é cabisbaixo! Só espero que V. Exª não faça como seus colegas, inclusive o Presidente da República, que jogou a estrela fora, a cor vermelha no mato e, agora, quer ser azul, verde, amarelo! É um multicolorido! Acho que isso é o subconsciente. Querem lembrar um pouquinho a cauda, o rabo da velha Transbrasil, aquele colorido que o Roberto Teixeira defende com tanto afinco. Muito obrigado, Senador Antonio Carlos!

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Obrigado a V. Exª, que, como sempre, aparteia com muita propriedade e sobretudo...

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Tudo o que ali falei foi muito construtivo em relação ao Presidente Lula, que continua sendo o meu candidato.

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Peço um aparte a V. Exª, Senador Antonio Carlos.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Estarei nas ruas.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Mas V. Exª estava na passeata? Na última passeata, sobre a qual falou o Senador Heráclito?

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Na de ontem, eu estava em Registro e no Vale do Ribeira. Não pude estar em Itaquera porque era impossível estar em dois lugares ao mesmo tempo. Hoje, estou aqui.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - E no dia que o nosso...

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Mas estarei muitas vezes com o Senador Aloizio Mercadante. Amanhã, espero estar com ele na parte da tarde.

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - Tenha cuidado. Peça a ele para não cumprimentar mais manequim!

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Eu ia falar isso!

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - Aquele manequim é para ele treinar a cumprimentar as pessoas, mas num ambiente fechado. Na rua, ele tem de cumprimentar pessoas.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - V. Exª não cumprimenta manequim. A isso faço justiça!

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Ali foi uma brincadeira!

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Brincadeira do manequim ou dele?

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Dele. Ele fez uma brincadeira...

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - O Senador Mercadante, sério como é, brincando com o povo de São Paulo? É grave o que V. Exª está dizendo, é outra face que eu não conhecia dele. Não aceito que V. Exª... Eu quero defender o Senador Mercadante Ele não brinca com coisa séria, haja vista o comportamento dele aqui.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - V. Exª, muitas vezes, sabe agir...

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - Não, não, não! Protesto. Não concordo, não é brincadeira. O Senador Mercadante não brinca com coisa séria. O povo de São Paulo não merece brincadeira dessa natureza!

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Senador Antonio Carlos, V. Exª me permite um aparte?

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Senador Arthur Virgílio.

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Antes de mais nada, Senador Antonio Carlos, em relação ao Deputado Paulo Magalhães, do PFL do seu Estado, com ele me solidarizo e entendo que a atitude que ele tomou é precisamente aquela que deveria ser adotada por todos aqueles que são ou acusados ou colocados sob suspeição em algum momento e de alguma forma: é vir prontamente com a resposta e abandonar os escapismos. Portanto, parabenizo o Deputado depois de ter ouvido atentamente a explicação que foi dada na ação por V. Exª, e certamente ele haverá de ter feito a mesma coisa na Câmara. Em relação ao debate com o Senador Suplicy, eu, ao contrário, tenho certeza de que S. Exª manterá a responsabilidade sobre a entrevista. A idéia do Senador Heráclito é muito boa, de virar uma espécie de cartilha para um candidato ético como Geraldo Alckmin adotar - o que, na verdade, não deixa de ser um libelo impiedoso contra o Governo Lula. Devo registrar algo que, para mim, está muito nítido: o Senador Suplicy se sente desconfortável neste Governo, e o Governo se sente desconfortável com ele. O Senador Suplicy termina sendo uma espécie de biombo atrás do qual o Governo se esconde para mostrar que também há pessoas de bem por lá. E o Senador Suplicy não pode, a esta altura, dizer que há uma diferença de opinião simples ou fútil entre ele e o Presidente, como se ele dissesse para o Presidente Lula: “Lula, você gosta de manga?” E ele respondesse: “Não, prefiro melancia. E você, Suplicy?” “Prefiro figo, e não pêra”. Não. O Suplicy cobra respostas éticas que o Governo não pode dar. Então, não é optar entre manga e pêssego; é optar entre o estilo de vida dentro da lei, dentro do respeito, dentro da seriedade, e o outro estilo, que transgride, delinqüe.

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - Coqueiro não dá caju, não é?

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Não dá caju, é verdade. Por outro lado, sobre esse fetiche, V. Exª fez uma defesa, que agradeço, da figura do candidato a governador José Serra, ex-Prefeito de São Paulo, ex-Ministro, ex-Senador. Figura que, por onde passou, passou bem e saiu incólume do ponto de vista ético, do ponto de vista do respeito a ele e aos seus atos administrativos e parlamentares. Não dá nem para se pensar nisso! Quando houve aquele caso dos tais sanguessugas, alguns olhinhos aqui brilharam, porque eles pensavam que as denúncias eram referentes ao governo anterior. E foram para a tribuna, açodadamente, um atrás do outro - parecia aquele revezamento olímpico do bastão. Depois, começaram a ser presos nos tais sanguessugas. Como é praxe no Brasil, os de cima não foram presos; e como, na verdade, é praxe no Brasil, os de baixo foram presos. Os acusados não-presos eram deste Governo; e os presos, por serem mais humildes, eram deste Governo também. Ou seja, os olhinhos brilharam e depois murcharam, porque o episódio dos vampiros pertencia ao Governo que aí está. Quanto ao tal debate, vamos, então, largar os fetiches, as fantasias! Fetiche e fantasia cabem em outro lugar, não cabem aqui. Vamos largar os fetiches e as fantasias. Sinceramente, Senador Suplicy, Senador Heráclito, Senadora Heloísa, Senador Luiz Otavio, o que pode acontecer de mau com o Dr. José Serra se ele comparecer a um debate com o Senador Aloizio Mercadante, meu prezado amigo? Se eu for receber um tostão por cada vez que debati com ele, resolvo todos os meus problemas de dinheiro! Já debati com ele mais de um milhão de vezes e estou aqui com os dez dedos do pé, da mão, com o meu pescoço inteiro, com as minhas duas orelhas e com o meu nariz, Senadora Heloísa. Então, o que pode, sinceramente, acontecer de mau? Ou seja, o fetiche agora é: se o Serra for debater com aquela querida sumidade, que é Aloizio Mercadante, ele vai arrasar o Serra! Pelo amor de Deus, vai debater com o Serra o quê? Economia? Vai debater conhecimento sobre a cidade de São Paulo com o Serra? Vai debater os dados do Estado de São Paulo com o Serra? O que pode acontecer de mau?

O Sr. Antonio Carlos Magalhães (PFL - BA) - Saúde!

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Saúde, genérico, o que for! Ou seja, sem retirar um milímetro do valor do candidato Mercadante, ao contrário, mas ressaltando o peso intelectual do Sr. José Serra, sou tentado a fazer uma aposta. Não sou dado a apostas, sou avesso a apostas. Não aposto. Já fiquei hospedado em um hotel que tinha cassino e não me dei ao trabalho de ir até lá porque não gosto de apostas, mas sou tentado a fazer uma aposta em relação a esse debate. Sou Serra e estou dando alguma vantagem! Vamos acabar com os fetiches de que Serra fugiu. Quem está fugindo do debate é o Lula. E não está fugindo por despreparo, não, Senador Antonio Carlos! Despreparado como é, ele não fugiu de debates anteriores, quando estava com sua reputação incólume, com sua biografia intocada. Ia a todos os debates, para perder ou para ganhar. Enfrentou Collor duas vezes, enfrentou Brizola não sei quantas, enfrentou Covas. Como é que tem medo de debate o Lula, aquele Lula? Aquele não tinha medo! Era a figura limitada intelectualmente que é. Então, não é por isso. É que hoje ele não pode se apresentar com respostas convincentes às acusações que sofre, que o seu Governo tem recebido, enfim, que não são fáceis de ser respondidas, até porque são respostas como: “Não sei de nada”. Imaginem chegar a um debate em cadeia nacional: “Não sei de nada, não ouvi, não sabia, não estava lá, estava de costas, estava de lado, estava de rebola, estava de carambola, estava de frente, estava do avesso...”. Não dá. Portanto, não é despreparo. Porque, despreparado como é, enfrentava e bem os debates, até porque é inteligente - é despreparado, mas é inteligente -, e está em déficit em relação ao que dele esperava a opinião pública. É isso. Ou seja, o Senador Serra, nem sei por que não vai ao debate. Eu, francamente, se fosse ele, iria, porque debati com o meu prezado amigo Aloizio Mercadante mais de um milhão de vezes aqui e, francamente, o que aconteceu? O que foi que me aconteceu de mau? Qual foi a vez em que fiquei sem argumento aqui? Qual foi a vez em que V. Exª ficou sem argumento? Qual foi a vez em que alguém ficou sem argumento, entalado? Ou seja, Demóstenes, Cícero, e mais Carlos Lacerda, e mais Vieira de Melo, todos juntos, calados, porque o Mercadante teria vindo com argumento. Não é isso. Vamos acabar com essa bobagem então. Eu queria até saber. Vou ligar para o Serra e saber: Serra, por que você não vai a esse debate? Se eu fosse você, eu iria. O que vai acontecer? Vai sair de lá com sua pele inteira ou não vai?. Ou será que existe alguém no PT que acha que não? Que o Serra, que está 200 mil pontos na frente, vai ficar 300 mil pontos atrás, porque vai deixar de soletrar o alfabeto com correção ou, então, vai se sair mal em economia? Pelo amor de Deus!

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Nesse ponto, até temos que perdoar o Lula, porque ele já confessou que nasceu analfabeto. Isso foi a maior coisa que eu já vi na vida.

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - E é uma coisa que me aproxima dele, porque eu também nasci analfabeto.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Exatamente, nasceu analfabeto e continuou.

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - Nem falava sequer, não é?

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Ele não falava, nem eu; ele não tinha dentes, nem eu.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/ PT - SP) - Senador Antonio Carlos Magalhães...

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - E também não sabíamos andar os dois, nem eu nem ele sabíamos andar.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Eu apenas quero terminar o meu discurso.

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - Senador Antonio Carlos...

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Permita, então, sugerir...

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Eu quero ainda mostrar a corrupção no Governo e quero mostrar também que já está assegurado o segundo turno, embora alguns institutos diminuam a votação de determinados candidatos. Naquela coisa de dois para mais, dois para menos, sempre somam para o Lula, tirando dos outros candidatos.

O Sr. Heráclito Fortes (PFL - PI) - Senador Antonio Carlos Magalhães, quero apenas desfazer uma dúvida, porque sou muito curioso, e fiquei muito preocupado com a brincadeira que o candidato Aloizio Mercadante fez com o manequim na rua. Quero perguntar ao Senador Eduardo Suplicy se quando o candidato Aloizio Mercadante se negou a apertar a mão da Deputada Ângela Guadagnin, a dançarina da pizza, na Câmara, em público, foi brincadeira também ou foi sério? São dois cenários diferentes: um correligionário de partido, de muitas lutas, que errou porque dançou na hora errada, dançou quando era para chorar, e o manequim é inerte. Eu queria saber quando ele estava brincando, quando estava dizendo a verdade, quando estava sendo sério e quando estava sendo candidato. Porque isso, a partir de agora, deve preocupar muito o povo paulista na hora de escolher em quem votar. Muito obrigado.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Senador Heráclito Fortes, com respeito ao episódio do manequim, o próprio Senador Aloizio Mercadante me informou que fez aquilo em uma situação de bom humor, de brincadeira, e V. Exª aqui sempre está procurando criar situações de bom humor. Com respeito ao episódio da Deputada Ângela Guadagnin, o que li na imprensa, mas não posso aqui detalhar, é que ambos não estavam juntos e, portanto, não houve qualquer negativa de cumprimento depois da situação em que ambos estavam juntos e se cumprimentaram civilizadamente. Mas eu gostaria, Senador Antonio Carlos Magalhães, que as reflexões do Senador Arthur Virgílio a V. Exª pudessem ser um estímulo forte para que José Serra aceite debater com Aloizio Mercadante, pois quem vai ganhar com isso é o povo de São Paulo, é o aperfeiçoamento da democracia. Assim como reitero a minha recomendação ao Presidente Lula. E, conforme a própria Senadora Heloísa Helena aqui lembrou, o Presidente Lula não afirmou, até o presente, que deixará de comparecer a debates. A Senadora Heloísa Helena espera que ele compareça. A minha recomendação é de que ele compareça. Ainda hoje, li na imprensa que a Ministra Dilma Rousseff chegou a observar que não precisaria que ele aparecesse em debates senão para o segundo turno, como aliás fez o Presidente Fernando Henrique Cardoso, que se recusou a participar de debate durante o primeiro turno. Mas a minha recomendação, Senador Arthur Virgílio e Senador Antonio Carlos Magalhães, é a de que, diferentemente do que fez o Presidente Fernando Henrique Cardoso, que se recusou a participar de debates no primeiro turno, só o fazendo no segundo, o Presidente Lula participe, desde o primeiro turno. Participar de debates é uma maneira de permitir a nós, candidatos e partidos políticos, gastarmos menos na campanha eleitoral, porque é a melhor maneira de a opinião pública conhecer...

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Será que, no debate, o Presidente Lula vai esclarecer os mensalões, os valeriodutos, os sanguessugas?

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - É claro que todas as perguntas poderão ser formuladas, seja pelos jornalistas, seja pelos adversários.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - O dólar na cueca?

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - V. Exª sabe que esse assunto, até hoje,...

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Será que ele vai esclarecer tudo isso?

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - ... não está inteiramente esclarecido. Então, é uma oportunidade para...

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Será interessantíssimo ele esclarecer isso. A população vai ficar felicíssima de ele dizer se sabe ou não sabe sobre o valerioduto.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - ... o Presidente esclarecer todo e qualquer episódio.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - O que V. Exª acha? Ele sabia do valerioduto?

O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Senador Antonio Carlos, um adendo às preocupações do Senador Suplicy. Permita-me. Os marqueteiros inventaram, nessa ditadura que eles tentam exercer sobre certas mentes políticas, a idéia de que candidato que está na frente não deve debater. Isso é um absurdo, porque o debate não é feito para quem está na frente ou para quem está atrás. É para ser debatido. O debate é para ser simplesmente debatido. Desta vez - e aí vem uma questão crucial -, o Presidente Lula não está atingindo, alcançando uma verdade, uma necessidade histórica a de que ele não pode faltar, porque, se o fulano de tal, que estava na frente, por comodidade, não queria ir - e não ia -, se isso aí já deve ser cobrado, como ele está cobrando justamente do Presidente Fernando Henrique, ao outro que está sendo acusado de mil coisas, que tem de explicar tudo que V. Exª disse aqui agora, ao outro não resta outro caminho a não ser o de dizer - o Presidente Lula, Senador Suplicy -, como cidadão: “Eu, cidadão Lula, eu, que fui acusado, eu, que julgo que fui acusado injustamente, vou aproveitar este debate para, diante do Sr. Geraldo Alckmin, da Srª Heloísa Helena, do Sr. Cristovam Buarque, do senhor fulano de tal, desmontar tudo o que dizem de mim”.

Ou seja, era para ele chegar lá e dizer o seguinte: “Hoje, Marisa, é o dia. Hoje vou acabar com a Heloísa Helena, vou acabar com o Alckmin, vou acabar com todo mundo, porque eu tenho razão, e vou mostrar o homem de bem que eu sou”. Ou seja, ele não devia ser tangido para o debate como se faz com o gado no curral. Deveria ele buscar, porque essa seria a grande chance de ele poder, diante de seus supostos detratores, mostrar que não passavam de detratores, e que, aí sim, ele se habilitaria a retomar aquele conceito que fazia dele o homem respeitado por todo o País. No mais, é não empanarmos o brilho da entrevista do Senador Suplicy. Por isso é que eu queria pedir vênia a V. Exª para abusar de V. Exª e solicitar a inserção em seu discurso e, portanto, para os Anais da Casa, do inteiro da entrevista concedida pelo Senador Suplicy.

           O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) -V. Exª se antecipa ao meu desejo, e de forma muito brilhante.

           O Sr. Arthur Virgílio (PSDB - AM) - Muito obrigado, Senador.

            O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - E já peço a transcrição dessa entrevista, porque, se amanhã o Senador Suplicy desistir, fará uma entrevista idêntica, e eu virei à tribuna, da mesma maneira que estou pedindo a transcrição desta, para pedir a transcrição da outra, negando. Mas enquanto não negar, está mantida.

           O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Permita, Senador Antonio Carlos Magalhães, registrar...

           O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Mas me deixe falar!

           O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Não, mas eu gostaria, porque V. Exª... Em nenhum momento falei que ia desistir dos termos da minha entrevista. Ao contrário, quero registrar que os jornalistas da Folha agiram comigo com a maior isenção, reproduziram com fidelidade o que falei, e gostaria até que tivessem reproduzido mais ainda, porque falei mais ainda do que o que aí está, mas entendi...

           O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Então conte.

           O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - ...que estava muito bem colocado...

           O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Se sabe mais coisa, conte.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Se V. Exª quiser que eu desenvolva toda a argumentação, por exemplo, do porquê acreditar que, no próximo Governo, instituir-se-á uma renda básica de cidadania, aliás, lei que V. Exª também ajudou a aprovar, posso aqui fazê-lo. Mas a Folha não deu espaço completo sobre isso. Também quero registrar que o Presidente Paulo Frateschi, do Partido dos Trabalhadores, presente à entrevista, assim como o Senador Aloizio Mercadante, elogiou a entrevista na página do Partido dos Trabalhadores estadual, inclusive dizendo que todas as perguntas feitas para tentar incompatibilizar-me, ora com o PT, ora com o Presidente Lula, foram adequadamente respondidas por mim. Isso na avaliação do próprio presidente estadual do Partido dos Trabalhadores - e já está inserido na página do PT em São Paulo, o meu Estado. Caso V. Exª queira inseri-la, eu agradeço. Acho positivo que assim o faça.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Eu quero inseri-la nos Anais da Casa, que V. Exª tão dignamente representa.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Agradeço-lhe a inserção.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Quero finalizar o meu discurso mostrando a adesão do Presidente Lula aos invasores da Câmara dos Deputados - daqui -, que são os mesmos invasores da Aracruz Celulose, no Rio Grande do Sul, que destruíram pesquisas valiosíssimas para o País. Esses homens estão recebendo todo o apoio do Presidente Lula! E já ficou claro que não pagaram os R$5,6 milhões que a ONG de Bruno Maranhão recebeu para, evidentemente, fazer as desordens que vem fazendo no País. O Presidente Lula, além de permitir a corrupção, joga nas ONGs o dinheiro do povo, para que o povo seja sacrificado.

Venho, mais uma vez, à tribuna e virei, na próxima semana, todos os dias, Senador Eduardo Suplicy. Não falte, porque a sua Bancada está faltando. Ninguém quer defender Lula. Defenda-o, faça essa caridade, já que ninguém quer defender o Presidente do seu Partido.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Permita-me V. Exª um aparte?

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Agora, confesso que...

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - V. Exª fez uma observação sobre o Presidente Lula estar apoiando ações de agressão a pessoas e ao patrimônio. Tais ações não são, de maneira alguma, aceitas e aplaudidas pelo Presidente Lula. V. Exª mencionou algo que foi responsabilidade da Via Campesina como sendo misturado com as ações do MLST. Discordei de ambas, da maneira como foram feitas.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Ah!

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Inclusive aqui registrei.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - Era o mesmo grupo! É o mesmo grupo que veio de um lado e de outro.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - De qualquer maneira, a recomendação, que sei ser também do Presidente Lula, é a de que jamais utilizem procedimentos violentos, para alcançarem objetivos, por mais justos que sejam.

O SR. ANTONIO CARLOS MAGALHÃES (PFL - BA) - O Governo Lula descobriu que a Abin está comprando com licitações falsas! A Abin, o órgão de inteligência do Governo! Estão roubando na Abin! Meu Deus!

Será possível! A Abin!? Não, Senador Eduardo Suplicy, isso aí passa dos limites. No órgão que deve fiscalizar o Governo, o órgão de inteligência do Governo, as licitações são falsas. Se aqui são, vamos puni-las. Mas no órgão de inteligência do Governo, Sr. Presidente, é demais! Demais é o Governo Lula. Demais é o Presidente Lula, é o Doutor Lula! O Doutor Lula que é capaz, realmente, de desmoralizar a Nação brasileira, agora também internacionalmente, porque a presença de Sua Excelência em São Petersburgo foi realmente lamentável! Sua Excelência ficou em uma posição secundaríssima, e o nosso País ficou muito mal! Eu gostaria de levar a minha solidariedade ao Presidente Lula pela maneira como Sua Excelência foi tratado - foi tão feio! - em São Petersburgo pelos chefes de Estado de outras nações. Tive pena, confesso, porque tenho pena do Brasil, como tenho pena do seu Presidente em não querer honrar, com dignidade, o trabalho que os brasileiros mandaram que Sua Excelência fizesse em favor da nossa Pátria.

Muito obrigado.

 

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DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ANTONIO CARLOS MAGALHÃES EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inseridos nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

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Matérias referidas:

“Entrevista do Sr. Senador Eduardo Suplicy à Folha de S.Paulo;”

“Voto de Aplauso ao ex-volante Dunga (Senador Arthur Virgílio);”

“Voto de Aplauso para o Ministro Celso Lafer (Senador Arthur Virgílio).”


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/07/2006 - Página 25373