Discurso durante a 118ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Referências elogiosas à Senadora Heloísa Helena, candidata que vem surpreendendo na disputa pela Presidência da República; alerta a mesma, com relação aos marqueteiros. Questionamentos sobre a presença do presidente Lula nos debates com os candidatos à Presidência da República.

Autor
Heráclito Fortes (PFL - Partido da Frente Liberal/PI)
Nome completo: Heráclito de Sousa Fortes
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES.:
  • Referências elogiosas à Senadora Heloísa Helena, candidata que vem surpreendendo na disputa pela Presidência da República; alerta a mesma, com relação aos marqueteiros. Questionamentos sobre a presença do presidente Lula nos debates com os candidatos à Presidência da República.
Aparteantes
Eduardo Suplicy.
Publicação
Publicação no DSF de 27/07/2006 - Página 25383
Assunto
Outros > ELEIÇÕES.
Indexação
  • QUESTIONAMENTO, ATUAÇÃO, PUBLICIDADE, CANDIDATO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), ELEIÇÕES, ESTADO DE SÃO PAULO (SP).
  • CRITICA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, AUSENCIA, PARTICIPAÇÃO, DEBATE, CANDIDATO, ELEIÇÕES, PREVISÃO, DIFICULDADE, RESPOSTA, ASSUNTO, CORRUPÇÃO, GOVERNO, DESCUMPRIMENTO, PROMESSA, CAMPANHA ELEITORAL.
  • ELOGIO, ATUAÇÃO, EDUARDO SUPLICY, SENADOR, RESISTENCIA, ETICA, COMBATE, CORRUPÇÃO, IMPORTANCIA, COBRANÇA, ESCLARECIMENTOS, PRESIDENTE DA REPUBLICA, PREVISÃO, VITORIA, REELEIÇÃO, SENADO, DEBATE, SITUAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é muito bom que a Senadora Heloísa Helena esteja neste plenário. S. Exª tem sido a grande surpresa positiva desta eleição, crescendo nas pesquisas mais do que o PT gostaria, porque, à medida que S. Exª cresce, mostra ao Brasil que o seu discurso é mais consistente e a sua coerência é mais lógica do que o que se pregou por toda parte.

Mas quero, Senadora Heloísa Helena, chamar a atenção de V. Exª para um fato: cuidado com os marqueteiros! São caros e raros. O marqueteiro lhe plastifica, tira-lhe do natural, tenta lhe jogar na cabeça pensamentos que não são próprios, deforma-lhe e, muitas vezes, consegue também enganar a população brasileira.

Em São Paulo, terra do Senador Eduardo Suplicy, houve a eleição de um candidato que, numa concepção moderna de um trem rápido, que era um fura-fila, ganhou, de maneira fácil, a eleição para prefeito. Tivemos a eleição de um Presidente da República que, como uma enxurrada, 18 anos após o Brasil não conviver com o processo direto de escolha para Presidência da República, e com uma propaganda bem feita, bem maquiado, tecnologia importada, elegeu-se Presidente da República, e deu no que deu.

O Senador Eduardo Suplicy, com sua sinceridade e franqueza, mostrou, agora, que não se deve mudar a natureza do homem ao citar o episódio ocorrido com o nosso querido amigo, Senador Aloizio Mercadante, e o manequim. Aquele cumprimento, aquela peça inerte na porta de uma loja e, depois, negar-se cumprimentar a sua colega Angela Guadagnin, aquela que dançou no plenário da Câmara! S. Exª diz uma coisa e o subconsciente mostra o que aconteceu na realidade. Vai ver que o marqueteiro mandou o Mercadante treinar cumprimentos - coisa que S. Exª não gostava de fazer, todos sabemos disso - em um local fechado, com um manequim, e cumprimentar as pessoas na rua; e S. Exª inverteu.

Segundo o Senador Eduardo Suplicy, S. Exª cumprimentou a Deputada, a “da pizza e da dança”, em um recinto fechado, e negou-se a lhe cumprimentar na rua, e não cumprimentou o manequim no recinto fechado e o fez na rua. É exatamente a deformação que o marqueteiro impõe às pessoas.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Senador Heráclito Fortes, eu não estava lá. No entanto, eu não mencionei que S. Exª cumprimentou a Deputada Angela Guadagnin em recinto reservado.

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - V. Exª disse que, após o encontro que tiveram em um recinto fechado, cumprimentou.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Pelo que li na imprensa, porque não estava presente, ele esteve...

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - V. Exª não sabe e não viu.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Eu li nos jornais que ele estava presente com ela e conversou. Na hora de sair, ela não estava junto dele e, portanto, não houve aquele cumprimento que a imprensa registrou. Não aconteceu, e um estava distante do outro na saída do evento. De maneira que não posso falar do que não conheci inteiramente. V. Exª é que está inferindo e alegando uma série de coisas sem também ter estado presente. Sugiro a V. Exª que...

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - O jornal que noticia o episódio é a Folha de S.Paulo, para o qual V. Exª sistematicamente escreve, um jornal de credibilidade. E, a partir do momento em que o jornal publica uma matéria dessa natureza, eu não tenho motivo para deixar de acreditar. Tenho certeza de que V. Exª não vai colocar em dúvida o que a Folha de S.Paulo publicou a respeito. V. Exª é um homem que tem...

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Não vou ficar aqui debatendo sobre algo que não pude testemunhar e nem conhecer em profundidade.

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - Mas V. Exª acredita no que a Folha de S.Paulo coloca em suas páginas? Acredito inclusive que a entrevista de V. Exª é perfeita. Então, estou me baseando no que foi publicado.

Senador Eduardo Suplicy, V. Exª é um estranho no ninho. Não defenda com tanta ênfase essas causas do PT, que não ficam bem para V. Exª. Agora mesmo V. Exª defendeu, de maneira indireta, o Bruno Maranhão. V. Exª é um homem generoso, bom e tenho certeza de que não concorda com a violência que foi praticada.

Mas passemos a um ponto fundamental, Senadora Heloísa Helena, que foi tratado aqui: a presença ou não do Lula nos debates.

É evidente que, se o Presidente da República participar do debate, poderemos até fazer um acordo, se os candidatos concordarem. Do tema corrupção do atual Governo é proibido falar. Teríamos, então, um tema no qual ele não se sustenta, que são as promessas de governo não realizadas.

Imagine, Senadora Heloísa Helena, se alguém no debate pergunta: Lula, você não disse que iria romper com o FMI? Você não disse que a Alca era coisa do demônio e juntou-se com a Igreja para combatê-la no Brasil? Que o brasileiro pagava um alto custo porque a prioridade da política monetária do País era exatamente para o serviço das dívidas e V. Exª rompeu com tudo isso e está nadando de braçada com os banqueiros? Como será respondido isso? Se perguntarem ao Presidente Lula sobre a transposição das águas do rio São Francisco, que Sua Excelência pregou durante três anos e que seu Governo, contraditoriamente, não conseguiu fazer sequer um quilômetro de irrigação para o projeto ali existente, no qual todos os governos de 30 anos para cá fizeram alguma coisa - uns mais, outros, menos -, como ficaria? Presidente Lula, cadê o Fome Zero, que foi motivo de...? O que o Presidente Lula vai responder a esse respeito? O gasoduto do Nordeste, a refinaria? Vai responder o quê? E se alguém pergunta pelas eclusas de Tucuruí, que vem prejudicando o Estado do Pará? O que será respondido? E o computador escolar para o estudante de família de baixa renda? As estradas brasileiras, de repente transformadas em tapa-buracos? Penso que quem tem um contencioso desses de promessas para com a Nação brasileira e que não foram honradas não tem realmente condições de ir para o debate. Se examinarmos, a campanha não começou, e o Governo está permanentemente na defensiva. Que não se fale dos “sanguessugas”, do dólar na cueca. O debate é acordo, ele pode mandar o negociador dele acertar com as outras partes: só vou se não falar de corrupção. É um negócio chato, mas a Nação brasileira, que é inteligente, que está em casa, vai saber que aquilo é um fato combinado.

Mas, Senadora Heloísa Helena, e se alguém perguntar: Mas, Lula, vocês botaram para fora do PT a Heloísa Helena, e os outros? Por que não botaram os dos dólares na cueca, os do valerioduto? Onde está a ética do PT? O que é a ética do PT pregada durante 20 anos? O que ele vai responder num debate?

Senador Suplicy, V. Exª, para mim, no PT, é como aquela figura do joão-teimoso, aquele boneco que foi criado na época do Getúlio, uma invenção genial: derruba e ele levanta. Por mais força que o PT tenha feito para tirá-lo do Partido, para se livrar de V. Exª, V. Exª teve a mesma força do joão-teimoso de antigamente e mostrou por quê. Porque a força da gravidade é real e mais forte do que a força dos interesses inconfessáveis que tentaram enfrentá-lo. Quando V. Exª teve a coragem de defender a instalação de uma CPI, vi os momentos de tristeza e de angústia que viveu neste plenário.

Mas V. Exª tinha certeza - e aí o Eclesiastes tem razão, Senadora Heloísa Helena: mais cedo ou mais tarde quem triunfa é a virtude - e pode hoje, no auge de uma campanha, acuar o Presidente da República na parede e fazer as perguntas que V. Exª está fazendo. Eu imagino como deixa cabisbaixos os companheiros de V. Exª a desmoralização que é um companheiro que não tem “rabo preso” fazer isso e questionar, exigir do Presidente da República explicações feitas por meio da imprensa. V. Exª é um estranho no ninho, daí por que é tratado com tanto carinho por São Paulo. Se alguém o maltrata neste País são os seus, Senador Suplicy. V. Exª vem conquistando espaços porque tem ao seu lado algo indestrutível, que é o respeito e a opinião pública. V. Exª não se misturou. Eu não vi retrato de V. Exª ainda ao lado daqueles que foram acusados. E aí V. Exª peca em querer defender, ser solidário com quem não lhe é. Nada ficou provado. Está bem. Concordo.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Permita-me, Senador Heráclito Fortes.

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - Vou só concluir para dar a V. Exª mais argumentos para sua brilhante defesa.

Se nada é verdade, por que o presidente do partido renunciou? Por que ministros foram afastados? Por que, de vários parlamentares, alguns renunciaram e outros tiveram de armar aquele circo, cuja apoteose foi a “dança da pizza?” Será que foi um conto-de-fadas, uma novela bufa, montada às custas da boa-fé do povo brasileiro? Ou tudo isso aconteceu baseado em fundamentos irrespondíveis?

Concedo o aparte ao Senador Suplicy.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Senador Heráclito Fortes, informo a V. Exª que nunca soube de qualquer ação de pessoas do Partido dos Trabalhadores querendo me retirar do partido. Então, V. Exª fez uma afirmação que não tem fundamento, na realidade. Em nenhum momento, pessoas do PT quiseram me afastar do partido.

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - O olhar da Senadora Heloísa Helena para V. Exª responde tudo.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Pode ter havido pessoas no PT que divergiram de opiniões minhas, de atos que realizei, que teriam recomendações no sentido de que eu não dissesse algumas coisas. Mas tenho certeza do respeito e do apoio do Partido dos Trabalhadores, inclusive de todos os filiados. Posso até transmitir a V. Exª que, durante os debates, todas as reuniões que foram realizadas - e veja que o Partido dos Trabalhadores em São Paulo resolveu escolher o seu candidato ao Governo do Estado depois de serem realizados os debates entre Marta Suplicy e Aloizio Mercadante. Sessenta e sete mil pessoas compareceram, e Aloizio Mercadante obteve uma vitória expressiva. Marta obteve mais de 30 mil votos; Aloizio Mercadante também, três mil a mais. Ela o apoiou, como ontem a imprensa registrou. Está nas ruas o acompanhando e apoiando. Logo que se deu o resultado, transmitiu que faria campanha por S. Exª -, eram dez reuniões nas macrorregiões do Estado...

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - V. Exª estava nessa caminhada?

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Não. Já expliquei que ontem eu não estava. Estive e estarei em outras. Nos próximos dias eu estarei em outras, juntamente com ambos. Quero dizer que estive nas reuniões, nas macrorregiões, conversando com todos os filiados. Após cada exposição sobre o que tenho feito e o que pretendo fazer neste Senado Federal, peço sempre ao coordenador que formule a seguinte pergunta aos presentes: “Quem aqui gostaria que fosse outro o candidato ao Senado, pelo PT?” E nunca ninguém levantou a mão dizendo que gostaria que fosse outro. Em seguida, o coordenador pergunta se desejam que seja eu o candidato. Praticamente sempre levantam a mão. V. Exª pode ficar tranqüilo que serei, aqui, se novamente reeleito, candidato com o apoio dos filiados do Partido dos Trabalhadores e quiçá de pessoas dos mais diversos partidos e de não filiados, se os paulistas considerarem que continuo merecendo apoio para permanecer no Senado Federal.

O SR. PRESIDENTE (João Batista Motta. PSDB - ES) - Senador Heráclito Fortes, peço a colaboração de V. Exª. Os Senadores Garibaldi Alves Filho, Arthur Virgílio e Heloísa Helena estão inscritos. V. Exª estabeleceu um diálogo que é contra o Regimento.

Muito obrigado.

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - Eu gostaria de terminar agora, porque eu colaborei com o aparte do Senador Suplicy, que foi um discurso. Mas eu gosto de ouvir o Senador Suplicy, pois S. Exª engrandece minha biografia. Imaginem V. Exªs um piauiense, saído daquelas brenhas, sobrevivendo e chegando até aqui, nesta Casa, sendo aparteado por um paulista quatrocentão, de família nobre, que deixou tudo para defender uma causa, que não é tão compreendida pelos seus companheiros?

Olha, Senador, sei que V. Exª é um homem tão coerente que, amanhã, vou pegar recortes de jornal da época em que um Ministro muito importante do Governo pede, com todas as letras, que V. Exª peça o boné e saia. Aí tenho certeza de que V. Exª vai ler dessa tribuna. Vou trazer amanhã.

Se não fosse isso, por que na entrevista que V. Exª deu à Folha de S.Paulo, em determinado momento, diz que - foi até convidado -, em alguns momentos, pensou em deixar o PT pelo P-SOL? Quem diz é V. Exª, não sou eu. Agora, V. Exª dizer que...

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Eu disse que fui convidado por Plínio de Arruda Sampaio, Ivan Valente e Orlando Fantazzini para participar da reflexão que fizeram relativamente a deixarem o PT. Eu fui convidado e transmiti a eles, naquele momento, que considerava importante continuar no Partido dos Trabalhadores, porque, digamos, se pertenço a uma família e alguém nesta família comete uma ação errada, eu vou sair desta família? Da mesma maneira, se eu estou numa organização constituída de seres humanos, que têm propósitos comuns, com os quais eu estou de acordo e, porventura, alguém comete um erro grave, eu me sinto na responsabilidade de procurar corrigir, superar esse erro, mas não necessariamente sair. Uma coisa é o que aconteceu com a Senadora Heloísa Helena, que, não por vontade própria, acabou tendo de deixar o Partido dos Trabalhadores, mas não foi o que aconteceu comigo. Por essa razão, transmiti àqueles companheiros que preferia continuar lutando pelo que acredito e que são os anseios que me fizeram ingressar no PT, Partido que ajudei a fundar.

O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI) - V. Exª tem razão, Senador Eduardo Suplicy. Há pessoas com tanto apego ao partido que, muitas vezes, deixam a família, mas não deixam o partido. V. Exª não deve repetir essa história que dá a entender à população que a sua convivência com o PT é um mar de rosas.

Tenho ouvido em São Paulo - e V. Exª sabe que São Paulo hoje é uma parada obrigatória para nós - centenas e centenas de pessoas dizerem que votam em V. Exª exatamente pelos maus tratos que o seu partido lhe impôs, pelos sofrimentos de V. Exª no PT, pelas injustiças que o PT fez com V. Exª. Não contrarie esses eleitores! Garanto que esse é um contingente muito forte que é solidário com V. Exª nos seus momentos mais difíceis; no momento em que V. Exª quer ser aquele homem que não muda o discurso de vinte anos, que combate à corrupção, que combateu o FMI... V. Exª não mudou, pois não mude também nisso. Seja solidário com os que estão sendo solidários com V. Exª.

Os votos que V. Exª recebe também são pelo sofrimento, e V. Exª não pode dizer que sua convivência no Partido dos Trabalhadores foi um mar de rosas e não vem sendo. V. Exª é muito machucado por este partido. Agora, V. Exª é o joão-teimoso, aquele joão-teimoso do Getúlio, Senador Arthur Virgílio.

Quando éramos meninos, o joão-teimoso foi lançado, era empurrado e voltava. Não há quem o derrube.

E V. Exª tem uma arma que eles não têm hoje: a condição de olhar de cabeça erguida. V. Exª é um dos homens que pode ir a qualquer debate porque nunca mudou.

O Senador Arthur Virgílio fez uma comparação sobre um debate entre o Serra e o Mercadante. Eu tenho o maior respeito e admiração pelo Mercadante, sou fã do Mercadante. Senador Arthur Virgílio, o Mercadante vai debater que tipo de economia com o ex-Senador José Serra? A que ele defendia quando era Oposição ou a que ele defende agora quando Governo? Aquela economia fechada de defender o social, de defender o “fora FMI”, ou aquela da boa convivência?

É isso. V. Exª não mudou. Portanto, não entre na defesa de quem não o defende, Senador.

Infelizmente, Sr. Presidente, vou ter que encerrar. Tive que me desviar do assunto do meu discurso, mas acho que estamos vivendo um momento muito propício para essa questão, para esse debate, para essas discussões.

O que se vê é exatamente o desespero do Partido dos Trabalhadores quando ainda nem começou a fase decisiva da eleição, que é o debate na televisão, ocasião em que os candidatos terão mais ou menos oportunidades iguais: um, com menos tempo; outro, com mais tempo, por conta da legislação eleitoral. Mas não vamos ter mais aquela lengalenga de 70% do espaço ser dirigido prioritariamente ao Governo, principalmente no que diz respeito à propaganda paga, na qual o Governo diz que o Brasil é suficiente em petróleo, e importa petróleo todo ano; na qual faz a propaganda de um biodiesel que não existe, e quando existe é a preços impraticáveis, financiado pelo Governo não para atender à demanda social, mas para atender aos que exploram esse novo combustível.

Essas questões, Senador Suplicy, é que precisam ser debatidas, e o momento é este. Deveríamos fazer dois tipos de debate: um, em que o candidato à reeleição vai ter de se justificar por que não fez, por que deixou de fazer o que prometeu ou, acima de tudo, por que mudou. Por que defendeu o social e o seu primeiro gesto foi comprar um avião de R$168 milhões - não sou contra a compra, sou contra a maneira como ele foi pago, adiantado, numa modalidade que não existe para esse tipo de compra em lugar nenhum. São explicações que precisam ser dadas.

Um homem, quando o subconsciente o trai - e é constante -, fala no filé dos grandes jantares e esquece os ossos da sua origem, esquece o trabalhador do Nordeste sofrido, de onde ele veio, que muitas vezes tem o osso e o guarda como uma peça preciosa, que o mergulha dia após dia na água quente apenas para dar um pequeno sabor àquela comida para sustento dos seus filhos. É isso, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, que precisa ser mudado.

O Presidente Lula foi a Brasília Teimosa, cenário de miséria em Recife, com o maior aparato de policiais, de seguranças já visto e, no palanque, tendo de se defrontar com companheiros de Governo que são acusados, não sei se culpados ou não, mas que estão no foco do noticiário por mal comportamento na gestão pública.

O melhor que ele tinha a seu lado gastou; os melhores do time do PT foram caindo de um em um. Imaginem se o Brasil tiver a infelicidade de o PT vencer esta eleição! Com quem iríamos ver Lula governar nos próximos quatro anos? Deus nos livre deste mal!

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 27/07/2006 - Página 25383