Discurso durante a 121ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Manifestação em defesa própria, diante das acusações que lhe foram feitas na CPI dos Sanguessugas.

Autor
Magno Malta (PL - Partido Liberal/ES)
Nome completo: Magno Pereira Malta
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), AMBULANCIA.:
  • Manifestação em defesa própria, diante das acusações que lhe foram feitas na CPI dos Sanguessugas.
Aparteantes
Ana Júlia Carepa, Antonio Carlos Valadares, Eduardo Azeredo, Eduardo Suplicy, Efraim Morais, Flexa Ribeiro, Heloísa Helena, João Batista Motta, Marcelo Crivella, Marcos Guerra, Ney Suassuna, Paulo Paim, Romeu Tuma, Sibá Machado, Wellington Salgado.
Publicação
Publicação no DSF de 02/08/2006 - Página 25694
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), AMBULANCIA.
Indexação
  • PROTESTO, OFENSA, REPUTAÇÃO, ORADOR, DEPOIMENTO, EMPRESARIO, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, AMBULANCIA, ENCAMINHAMENTO, DOCUMENTAÇÃO, MESA DIRETORA, COMPROVAÇÃO, AUSENCIA, EMENDA, ORÇAMENTO, FAVORECIMENTO, CORRUPÇÃO.
  • ESCLARECIMENTOS, UTILIZAÇÃO, AUTOMOVEL, CESSÃO, EX-DEPUTADO, DESMENTIDO, ACUSAÇÃO, RECEBIMENTO, EMPRESARIO, VINCULAÇÃO, CORRUPÇÃO, AMBULANCIA.
  • PROTESTO, DIVULGAÇÃO, IMPRENSA, DENUNCIA, AUSENCIA, COMPROVAÇÃO.

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES. Pela Liderança do PL. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, nobre Senador Sibá, Senador Pedro Simon, os motivos que me trazem a esta tribuna hoje são motivos conhecidos pela Nação. Estava fora do País e, por isso, durante todo o tempo, falei, Senador Alvaro Dias, por intermédio da minha assessoria. Neste momento, estou tomado de um misto de revolta, a revolta dos justos, e de tristeza. De tristeza, porque fico me perguntando a respeito da vida, da história que construí com dificuldades desde a minha infância, e, por um momento, de longe, como expectador, vejo-a sendo jogada no lixo por um canalha fraudador de orçamento público; revolta, porque sou um homem que foi forjado na luta, sem dar a minha mão, mas fazendo enfrentamento a bandido. Mesmo sendo forjado na luta, Sr. Presidente, vejo a minha história, o meu nome, a minha trajetória como que jogada no lixo.

Há uma CPI instalada, e ninguém é mais a favor de CPI do que eu, pois presidi a CPI do Narcotráfico - e ninguém pode se esquecer a grande CPI deste País, de resultados, e que teve respeito até mesmo por bandido. Eu respeito CPI. Acho que é o instrumento da minoria, acho que a CPI serve para dar respostas à sociedade e nada tenho contra as atitudes tomadas pela CPI. Aliás, acho que as pessoas que são citadas devem ser ouvidas e, responsavelmente, tratadas dentro do processo.

Sr. Presidente, tomei conhecimento de que fui citado por um Sr. Vedoin, que eu não conheço, pelo filho, que também nunca vi, a não ser nos jornais e na televisão, depois do episódio de terem sido apanhados, carcomendo, roendo, roubando de forma indigna o Orçamento público, fazendo falcatruas no chamado esquema das ambulâncias, que eu não conheço. Senador João Batista Motta, o que pesa na palavra desse senhor com relação a mim? Disse ele que me deu um carro, mas que mesmo assim eu os trai e que nunca apresentei uma emenda para eles. Senador Sibá, passarei para a história como o homem que traiu a máfia dos sanguessugas, porque nunca apresentei nenhuma emenda para eles.

Aqui estão as minhas emendas - e passarei à Mesa todos os documentos das minhas emendas, desde a minha época de Deputado Federal.

Senador Alvaro Dias, Senador Sibá Machado, Senador Antonio Carlos Magalhães, queridos Senadores Jefferson Péres e Pedro Simon: se houver uma emenda minha no Orçamento da União para beneficiar essa canalhada, o Sr. Vedoin Filho e as suas empresas, se houver uma emenda de minha autoria sequer, renuncio ao meu mandato, para responder como cidadão comum. Não renunciarei para voltar para a política. Não. Renuncio para responder como cidadão comum. Aqui estão as minhas emendas, e tive o cuidado de mandá-las todas, Senador João Batista Motta e Senador Romeu Tuma, para quem tive o cuidado de ligar mesmo estando longe, cumprindo uma agenda fora daqui e também preocupado com a minha saúde. Tive o cuidado de ligar e ser atendido pelo Corregedor da Casa - e quero dar este testemunho -, que me disse: “Estou tomando as providências. A Corregedoria não está dormindo. Assim que chegar, eu quero ouvi-lo”. Eu disse-lhe: “Quero me antecipar e lhe mandar as minhas emendas para que V. Exª as cruze”.

Não existe, Senadores Jefferson Péres e Antonio Carlos Magalhães, um prefeito sequer do meu Estado que levante o dedo, Senador Sibá Machado, e diga: “Eu recebi tal emenda para dar ambulância à Planam e foi o Senador Magno Malta, Deputado na época, que mandou”. Nenhum homem levanta o dedo para dizer: “Recebi emenda com empreiteiro acompanhado, com empreiteiro a tiracolo por ordem do Senador”. Em absoluto, não há homem que se levante para macular minha honra, minha vida e minha história.

De longe, pela televisão, assisto a minha história sendo jogada na lata do lixo, vendo lágrimas grossas e quentes no rosto da minha esposa, das minhas três filhas, de 5, 20 e 21 anos. Eu tenho uma história.

Tenho uma história de enfrentamento a bandido. Não sei nem se esse Vedoin não está a serviço dos bandidos que a CPI do Narcotráfico indiciou e investigou no Estado dele. Não sei também se a Senadora Serys Slhessarenko não está pagando por isso, porque presidiu a CPI do Narcotráfico em seu Estado. Não sei se ele está a serviço dos “arcanjos” da vida. É importante trazer Magno Malta, que presidiu a CPI do Narcotráfico, Senador Sérgio Guerra, para dentro desse imbróglio desgraçado e mentiroso.

Diz ele que me deu um carro. No primeiro momento, eu perguntei: “Que carro?” Pergunte: Que carro? Eu nunca recebi carro desse senhor, nunca estive com ele, não o conheço, não tratei nada com esse senhor.

Que carro?

Na CPI do Narcotráfico, na Câmara Federal, durante quase três anos, convivi diretamente com algumas pessoas. Como faço amizades com muita facilidade, Senador João Batista Motta, fiz muitos amigos, entre eles: Moroni Torgan, grande irmão; Fernando Ferro, do PT; Laura Carneiro; Lino Rossi.

Estou assustado com o que leio sobre o Deputado Lino Rossi hoje, pois trazem fatos acerca dos quais nunca tive conhecimento. Lino Rossi foi um grande amigo - não posso ser indigno neste momento, dizendo que não -, por quem tenho o maior carinho, até porque pude estar nos grandes e nos difíceis momentos de sua vida.

Senador Marcelo Crivella, quero dizer que nem me faz doer a alma mais ver que, por ser evangélico, sou alvo de chacotas e de deboches. Os homens, públicos ou não, podem cometer qualquer tipo de atrocidade que não são apontados pelo credo que professam, mas o evangélico é apontado pelo credo que professa não sei por quê.

Conheci o Lino Rossi na Câmara. Fiz grande amizade. É uma pessoa querida. Lembro-me de que, quando fui eleito Deputado Federal e, depois, Senador, Lino foi candidato à reeleição, mas perdeu - grande amigo do Senador Antero Paes de Barros, nosso amigo comum. Ele veio ao meu gabinete triste. Lembro-me de que, naquele dia, Senador Marcelo Crivella, em que pese o deboche que farão com o que vou dizer, eu me ajoelhei e orei com ele. Li a Bíblia com ele. E, assim, na seqüência, disse uma frase a ele: “Amigo, quando uma porta se fecha, Deus abre outra”.

E ele tinha um programa de televisão em Cuiabá, Senador Eduardo Suplicy, de muita audiência; audiência maior do que a TV Globo no horário dele. E ele tinha vontade de fazer um programa nacional. Eu fiz contato com o Bispo Gonçalves, Diretor-Presidente da Record. Fui a São Paulo com o Lino. Ele nos recebeu. E me lembro da frase do Bispo Gonçalves: “Você é de Cuiabá; isso aqui é São Paulo. Você não conhece a realidade de São Paulo com um programa como esse”. E como o Datena tinha acabado de ir para a Bandeirantes, ele precisava de alguém para fazer “O Cidade Alerta”, um programa de muita audiência.

E lembro-me que o bispo perguntou: “O senhor lida bem com o ponto?” Ele disse: “Lido”. Então o bispo mandou que fizesse o teste com ele. Lembro-me de que, quando a resposta do teste veio, foi uma grande festa. Ele estava na Record, numa rede nacional. Fiquei feliz. Um amigo, pessoa que eu conheci na Câmara, com quem fiz amizade; um homem que fez um belo trabalho na CPI do Narcotráfico. Nunca vi dele sinais de indignidade, de roubalheira, de vagabundagem. Nunca tocou em assunto dessa natureza - e aí agradeço pelo respeito à minha pessoa. Nunca tocou em assunto de Planam, de ambulância - nunca! -, para minha pessoa!

E um dia, feliz da vida, morando em São Paulo, Lino me disse que tinha um carro que havia usado na campanha dele, mas como ele agora estava em São Paulo se eu precisasse do carro... E o Lino passou esse carro para mim. Então recebi esse carro e o usei. Era uma Van - e aqui está a cópia do IPVA que eu paguei - em nome de José Luiz Cardoso. Não sei quem é. Achei que era um parente, qualquer pessoa. Continuo achando.

José Luiz Cardoso. Olhem aqui: paguei. Houve um incidente com ela e aqui está a ocorrência policial, a conta paga do conserto. É de José Luiz Cardoso. Eu nunca... E aí, com todo o respeito que tenho ao Presidente da CPI, Antonio Biscaia, que trabalhou na CPI do Narcotráfico, com todo o respeito que tenho por ele, eu devo dizer que ele errou quando disse na televisão que eu havia dito que recebi um carro da Planam. Nunca recebi carro da Planam. Jamais receberia carro de alguma empresa. Se há algo com que tenho cuidado é com a minha vida, com o meu nome, com a minha história.

Senador Jefferson Péres, há 25 anos eu tiro drogado da rua - eu e a minha esposa. Quando me casei, quando minhas filhas nasceram, eu já tinha drogado em casa, Senador Sibá, Senador Jefferson Peres e Senador Jonas. Eu tenho no Projeto Vem Viver, na nossa instituição, crianças a partir de 12 anos, traficantes de crack, precisando de tratamento. E tenho também gente de 70 anos de idade alcoólatra, Senador Jefferson Péres. Se eu tivesse ligação com a máfia da ambulância... E ninguém precisa mais de ambulância do que eu, do que a instituição que nós dirigimos. E nós não temos ambulância. Ninguém precisa mais de instrumentos para tratamento dentário, de um ônibus montado para tratamento dentário, do que nós. Nós não temos. Nunca coloquei... Não há sequer uma emenda minha, porque não tenho ligação com essa farsa.

Dois pontos são verdadeiros: o primeiro é que não existe emenda minha, Sr. Corregedor; e o segundo é que não existe carro. Esse carro que o Lino Rossi me emprestou, eu o devolvi a ele, Senador Flexa Ribeiro, há exatamente um ano e um mês. Há um ano e um mês, a empresa Transgrancap, de Cuiabá, levou esse carro de volta para lá, para devolver a seu dono. Não recebi carro de Vedoin. Recebi o carro do Lino e devolvi-o a seu dono. O carro está com o Lino em Cuiabá.

E quero dizer uma coisa: se tiver que responder por crime de corrupção ativa... Porque os jornais deram e minha assessoria me enviou, Senador Alvaro Dias. O jornal O Globo publicou há três ou quatro dias uma matéria falando de uma briga do Lino Rossi com o Vedoin, do rompimento deles, porque o Lino não cumpriu... E disse que o Vedoin deu para ele uma carreta e uma Van, mas ele não cumpriu, romperam e agora ele é até concorrente. Sei lá! Pode ser essa Van. Não deu Van nenhuma para mim. Recebi do meu amigo Lino Rossi - a despeito do que ele esteja vivendo, não sou canalha ou crápula para dizer que não o conheço; foi meu amigo o tempo inteiro - e ao amigo Lino Rossi eu devolvi o carro. Vejam bem: devolvi o carro há um ano e um mês atrás. Se tiver que responder por crime de corrupção ativa sobre isso, não responderá, porque a mim nunca falou em corrupção; a mim nunca tocou em Orçamento; comigo nunca falou em ambulância; comigo nunca falou em máfia da ambulância, nunca me sugestionou. E agradeço por ele entender o homem que sou e como levo minha vida, como prezo minha vida.

O Sr. Marcelo Crivella (PRB - RJ) - V. Exª me concede um aparte?

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - Concedo o aparte ao Senador Marcelo Crivella.

O Sr. Marcelo Crivella (PRB - RJ) - Muito obrigado, Senador Magno Malta, pelo aparte. Quero solidarizar-me com V. Exª porque não só eu, mas todo povo brasileiro evangélico e seus colegas pastores conhecemos o trabalho que V. Exª desenvolve há duas décadas no Espírito Santo. A vida é assim. Infelizmente, a imprensa muitas vezes esquece a biografia, o passado, a luta, e parte para publicar notícias que ainda não foram apuradas, denúncias feitas por qualquer um, que muitas vezes não tem moral sequer para fazê-las. De tal maneira que V. Exª tem, tenho certeza, não só a minha solidariedade, mas a deste Plenário. As explicações que V. Exª traz a esta Casa agora são claras, são concisas. Poderia ter acontecido com qualquer um: receber como empréstimo um carro de um amigo num dado momento, devolver a ele, logo em seguida, para, um ano depois, saber que aquele carro teria algum suposto envolvimento com essa quadrilha, com essa máfia, que nós todos repudiamos, e V. Exª o fez agora, da tribuna, de maneira muito própria. Não poderia deixar de prestar esta solidariedade a V. Exª, porque continuo dizendo o que disse no início do meu discurso: V. Exª tem um trabalho tão bonito, tanta gente grata, tantas famílias, tantas pessoas humildes que encontraram na sua casa, no carinho da sua esposa, das suas filhas, o caminho de volta para a vida; que saíram das drogas, das armadilhas dos vícios! Portanto, Senador Magno Malta, aceite a minha solidariedade neste momento de injustiça e de dor que V. Exª vive.

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - Muito obrigado, Senador Crivella. Para mim é muito importante o aparte de V. Exª ao meu pronunciamento.

O Sr. Marcelo Crivella (PRB - RJ) - Apenas para concluir. Sou testemunha de tudo isso que V. Exª fez pelo Lino Rossi, na Record; acompanhei isso passo a passo. V. Exª deu a descrição exata dos fatos.

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - Porque não quis citar, mas pedi a V. Exª que nos ajudasse junto ao Bispo Gonçalves para que ele pudesse, pelo menos, ouvi-lo - porque não é fácil - e, por méritos, ele entrou e comandou o “Cidade Alerta”. E quando o Wilson Santos se elegeu Prefeito, ele voltou. Voltou e mantive por ele sempre o mesmo respeito. Se tiver que responder por crime de corrupção ativa, a mim não tentou corromper em momento nenhum. Até agradeço por saber... Nem esse Vedoin, porque nunca lhe dei confiança e nem sei quem ele é.

Aqui estão as minhas emendas todas, as cartas que mandei para a Saúde, para a Educação; aqui estão todas as emendas que fiz como Deputado Federal e como Senador. Até porque eu falei que o filho dele - que nem sei quem é - disse que eu coloquei emendas para as comunicações. Inverdade! Mentira!

            É preciso ter cuidado com a chamada delação premiada. O cara que vai para a delação premiada precisa saber também que ela será premiada se as acusações dele forem encontradas e forem verdadeiras; até porque se eles já estão grampeados tanto tempo, o Ministério Público e a Polícia Federal hão de saber que não existe absolutamente nada que envolva este Senador, que envolva a sua assessoria, qualquer tipo de contato e relacionamento que envolva a minha pessoa com essa corja de indignos, de mãos sujas, que roubaram dinheiro público e fizeram fortunas em cinco anos, e que agora estamos vendo até o nome do Senador José Sarney tocado por eles na manhã deste dia, do Senador Eduardo Siqueira Campos... De longe, vendo o sofrimento, a angústia, da Senadora Serys Slhessarenko e de tantos outros. Fico imaginando que, se algum Deputado Federal, se algum Senador colocou alguma emenda no orçamento para compra de ambulância e o prefeito, por um gesto indigno, juntou-se a essa quadrilha, o parlamentar agora se vê obrigado a responder por isso. É preciso ter muito cuidado com a honra, com a vida das pessoas.

Ouço o Senador Sibá Machado.

O Sr. Sibá Machado (Bloco/PT - AC) - Senador Magno Malta, longe de mim aqui querer fazer a defesa de V. Exª ou de qualquer outra pessoa. O que me faz pronunciar esse aparte é o fato de que me espanta como as notícias estão sendo veiculadas, apesar de as reuniões terem sido reservadas; não eram secretas, mas eram reservadas, a sala foi esvaziada, e hoje vejo, no jornal Correio Braziliense, trechos, na íntegra, do que foram as indagações, as argüições que os parlamentares fizeram ao Sr. Darci. Já que está saindo na imprensa, não falei até hoje absolutamente uma palavra do que ouvi ali dentro, mas uma das coisas que me chamaram a atenção foi que, quando o Deputado Fernando Gabeira indagou ao depoente se ele conhecia determinados parlamentares - e ele listou alguns -, ele disse que não ia mais citar porque não podia citar pessoas que ele não comprovasse. E mais: ele não podia fazer mais nada porque quem podia ter algum tipo de prova era o filho dele, porque ele jamais tinha tido contato com as pessoas. Os negócios dele se davam com as empresas, as fornecedoras dos equipamentos ou coisa parecida. E, nesse caso, quero dizer a V. Exª que fiz questão de deixar muito claro para as pessoas de minha Bancada, para as pessoas com quem conversei que estranhei a forma como as notícias foram levadas para fora. V. Exª pode ter a segurança de que nós nos batemos naquela Comissão no sentido de que só podíamos tratar de questões, no âmbito da Comissão, que tivessem comprovação. Caso contrário, não se podia tocar em nome de absolutamente ninguém. Houve até um fato relacionado com essa coisa de conhecer ou não conhecer. Foi o próprio Vice-Presidente da Comissão que perguntou se conhecia, em qual condição, em que situação conhecia. Isso porque eu, por exemplo, conheço a Xuxa pela televisão. Eu conheço também o Ronaldo. Se alguém me perguntar sobre o Ronaldo, eu posso dizer alguma coisa. Foi nesses termos que a pergunta foi feita. Portanto, neste momento, fico entristecido com a forma como as informações saem de dentro da Comissão e se transformam em sentença, em jogo de sentença para as pessoas que estão sendo citadas. Esse foi o problema de todas as CPIs que acompanhei. Essa CPI é a quarta que estou acompanhando ativamente. Participei de mais duas. Todas essas Comissões tiveram esse tipo de comportamento. As pessoas usam informações mais para fazer jogo bonito para a mídia do que para contribuir com os trabalhos. Neste caso, neste momento, estou solidário com V. Exª com relação a esse problema, pois considero um absurdo a forma como ele foi tratado.

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - Agradeço o seu aparte, Senador, e vou incorporá-lo ao meu pronunciamento.

Concedo um aparte ao Senador Paulo Paim e, em seguida, aos Senadores Romeu Tuma e Wellington Salgado.

O Sr. Paulo Paim (Bloco/PT - RS) - Senador Magno Malta, eu estava no gabinete e fiz questão de vir rapidamente. Fiquei preocupado até de não chegar a tempo. Acompanhei sua vida na Câmara dos Deputados, onde estive por dezesseis anos. V. Exª chegou lá e, com muita fibra, com muita raça, muita convicção, defendeu as posições que eu também defendo no campo social. Mas V. Exª foi muito além daquilo que eu fazia na Câmara quando liderou a CPI do Narcotráfico. Contra V. Exª, durante todo aquele período, não há uma faísca, uma vírgula que lhe possa ser atribuída. O que dizem agora é que V. Exª andou num carro que não era seu. E aí fizeram um escândalo do tamanho do País contra a sua história, contra a sua vida. Fico muito preocupado com isso, Senador Magno Malta. Eu já disse numa oportunidade e vou repetir agora que, quando Deputado, fui um dos poucos que foram à tribuna dizer que não votaria pela cassação do Deputado Ibsen Pinheiro. Por que estou dizendo isso? Porque, para felicidade minha, ele foi absolvido num segundo momento, e as revistas hoje publicam que houve uma injustiça. Então, quando vejo uma injustiça como essa que fazem a V. Exª - aqui defendi também a Senadora Serys e a Senadora Ana Júlia -, sou levado a dar esse depoimento. Tenho certeza de que V. Exª está sendo injustiçado, mas acredito na justiça. Por isso, presto minha total solidariedade a V. Exª, na certeza de que o bem vencerá e que, por esta razão, V. Exª dará a volta por cima, certamente, nessa situação constrangedora em que quiseram envolvê-lo, mas não conseguirão. Parabéns a V. Exª!

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - Muito obrigado, Senador Paim. Recebo emocionado o seu aparte ao meu pronunciamento. Muito obrigado pela solidariedade.

Concedo o aparte ao Senador Tuma e, posteriormente, aos Senadores Wellington Salgado de Oliveira, Eduardo Azeredo, Flexa Ribeiro e Efraim Morais.

O Sr. Romeu Tuma (PFL - SP) - Só para um esclarecimento a V. Exª. V. Exª falou três vezes comigo: duas vezes quando estava fora do País e uma hoje, pouco antes de usar da tribuna. Senador Alvaro Dias, V. Exª presidiu Comissão e sabe que o sigilo é relativo. Tenho ficado um pouco assustado com a gama de notícias que sai todo dia. Todo dia tem alguém dando uma entrevista, ou sai algum noticiário de jornal. Tendo em vista a permanente citação de alguns Senadores, pedi ao Dr. Biscaia que informasse o que realmente existia, porque S. Exª tem mantido a documentação reservada em sigilo, só tendo tido acesso a ela Sub-Relatores... É claro que, se eu for lá, posso pedir, mas é um pouco confuso tirar segmentos que interessam. Eu pedi o depoimento por inteiro, mas vieram, para a Corregedoria, fragmentos citando os três Senadores, e temos a obrigação de esclarecer à sociedade com uma apuração sem indicativo da prática de crime. Como V. Exª sabe, temos que apurar as razões da citação do nome e chegar a uma conclusão. Então, é isso que estou fazendo a partir de hoje. Comuniquei a V. Exª, à Senadora Serys e ao Senador Ney Suassuna, que tem sido, da mesma forma, correto ao querer, a todo instante, prestar informação, já tendo pedido, há algum tempo, que houvesse apuração. Mas eu não tinha subsídio para fazer isso. É claro que, se o Presidente autorizar, eu gostaria de pedir que os depoimentos de V. Exª e da Senadora Serys sejam encaminhados à Corregedoria. Quanto à honestidade, V. Exª me conhece e sabe que jamais praticarei uma injustiça que possa ferir qualquer pessoa. Se houver indicativos da prática de qualquer tipo de delito, vamos esclarecer isso. Então, fique tranqüilo, pois vou examinar os documentos que V. Exª mandar, vamos ouvir o Lino Rossi, que, acredito, é a peça importante no seu caso, para chegarmos a uma conclusão.

O Sr. Ney Suassuna (PMDB - PB) - Senador Romeu Tuma, V. Exª me permite?

O Sr. Romeu Tuma (PFL - SP) - Pois não, mas é para o Senador Magno Malta que V. Exª precisa pedir.

O Sr. Ney Suassuna (PMDB - PB) - Peço à Mesa que, por gentileza, como fui citado, eu possa dar uma resposta.

O SR. PRESIDENTE (Alvaro Dias. PSDB - PR) - Apenas para despachar o requerimento verbal do Senador Romeu Tuma.

Na forma regimental, o Senador será atendido com o encaminhamento dos pronunciamentos da Senadora Serys Slhessarenko e do Senador Magno Malta à Corregedoria da Casa.

O Sr. Romeu Tuma (PFL - SP) - Eles embasam um pouco o nosso raciocínio.

O SR. PRESIDENTE (Alvaro Dias. PSDB - PR) - Peço à Secretaria que tome as providências.

O Sr. Ney Suassuna (PMDB - PB) - Quero apenas dizer que, mal saiu a primeira notícia, não só demiti os meus dois assessores como também os processei. Também processei os Vedoin, pai e filho, a Dª Maria da Penha e, imediatamente, fiz um ofício pedindo a investigação, porque não tenho nada a esconder, não fiz nada errado. Fico triste de ver como a nossa mídia faz sensacionalismo em cima de fatos e repete o mesmo assunto dez ou doze vezes, não sei com qual objetivo. Às vezes fico a pensar se não existe uma segunda causa para que isso aconteça.

O SR. PRESIDENTE (Alvaro Dias. PSDB - PR) - Peço a compreensão dos Senadores inscritos. Como este é um caso especial, o Senador Magno Malta foi convocado a esclarecer e está exercendo o direito à defesa. Por isso, peço a compreensão, já que o tempo do Senador Magno Malta esgotou-se há muito.

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - Concedo um aparte ao Senador Wellington Salgado.

O SR. Romeu Tuma (PFL - SP) - Senador Magno Malta, se V. Exª precisar de algum esclarecimento, estou à disposição.

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - Muito obrigado, Senador Tuma.

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Senador Magno Malta, eu queria dizer a V. Exª que sou membro da CPMI das Ambulâncias, dita CPI dos Sanguessugas. Essa CPI só teve uma reunião, a de instalação. Não houve qualquer outra. Participei da CPI dos Bingos, da CPMI dos Correios, até da chamada CPI do Fim do Mundo, e tudo funcionava direito. As CPIs eram convocadas, a Oposição votava os requerimentos, os caminhos eram decididos no voto. O que está acontecendo na CPI dos Sanguessugas? Ela está sendo conduzida por uma espécie de “quarteto fantástico”. Às vezes tomo ciência de algo pela televisão. Sou membro titular dessa CPI. O que acontece? Não há uma convocação marcada. Quanto à questão de V. Exª, por exemplo, onde começa todo o processo? Uma emenda é encaminhada, e, dentro do processo criminal, é colocado e negociado com o prefeito. V. Exª não colocou emenda alguma. No entanto, aparece o nome de V. Exª. O Vedoin dá uma declaração, que está na imprensa, dizendo que deu um carro para V. Exª. O carro não foi dado por Vedoin.

(Interrupção do som.)

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - O carro não está em nome de V. Exª. V. Exª usou o carro cedido por um Deputado amigo de V. Exª durante um período e o devolveu. E o que acontece? Onde foi votado nesta CPI... Quero exercer o meu direito de voto, porque o poder e o direito que o Parlamentar tem é o de votar. Quando aconteceu uma reunião em que se decidiu que seriam encaminhados os nomes das pessoas citadas para a Comissão de Ética da Câmara ou do Senado? Em momento algum foi votado isso. Não estou aqui para defender ninguém, porque eu disse que quem tem o nome citado e tem depósito em conta tem que ser julgado pela Casa competente. Só que nada disso foi votado. O quarteto fantástico se reúne e sai falando algumas coisas sobre uma série de Deputados, sobre uma série de Senadores. Fui nomeado para essa Comissão com o direito de dar o meu voto pelo meu Estado, pelo meu Partido e pela minha consciência, só que isso não acontece. Ligo a televisão e vejo que a CPI dos Sanguessugas deu a seguinte declaração, que a CPI dos Sanguessugas deu outra declaração. Que reunião foi essa? Eu participei de todas. Na CPI dos Bingos, que era chamada de CPI do Fim do Mundo, todos se reuniam, colocava-se em votação, ganhava-se ou perdia-se por um voto, mas era uma decisão democrática, uma decisão dos Partidos, uma decisão da Casa. E o que acontece na CPI dos Sanguessugas? Nada. Aparece-se com documento, lê-se um documento. Eu já li todo o depoimento do Vedoin. Ele apresenta prova contra Deputado, contra outras pessoas. Apresenta provas. Com relação a esses que estão com depósito em conta, o Parlamento tem que tomar atitudes contra eles. Agora, se aparece um assessor que recebeu, se aparece um parente que recebeu, tem que chamar para deporem, para serem ouvidos. Ele tem que falar ali. Levou o dinheiro? Deu o dinheiro? Para quem deu? Você estava ali e negociou para outro? Só que ninguém fala isso, Senador. Ninguém fala isso aqui. Estou falando isto por causa da minha consciência. Vou entrar no Senado, vou sair do Senado e vou dormir tranqüilo. Quero voto, quero discussão, quero a Comissão.

O Sr. Romeu Tuma (PFL - SP) - Senador Wellington Salgado de Oliveira, eu falei isso já desde a semana passada.

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - A Comissão, quando é criada, é uma célula desta Casa, é uma célula do Senado, é uma célula da Câmara. Numa célula, tudo é decidido no voto, Senador.

O Sr. Romeu Tuma (PFL - SP) - Falei, semana passada, o que V. Exª está falando.

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - É uma célula desta Casa. Aqui tudo se decide no voto. Aqui se perde, aqui se ganha. Quem perde vai para casa como perdedor e pode ganhar na próxima, mas com o voto, com a opinião de vários, não da maneira como está sendo conduzido o processo. Algumas pessoas dão declarações sobre políticos na região em que estão competindo, num momento eleitoral, e os derrubam imediatamente. Estou sendo procurado por pessoas que nem emendas apresentaram, como V. Exª. Todo o processo criminoso começa no lançamento da emenda, quando se pode negociar com a Prefeitura.

O Sr. Romeu Tuma (PFL - SP) - Mas emenda não é crime.

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Não, não é crime. Mas quero dizer que, nesse processo, da maneira como foi dito pelo Sr. Vedoin, o crime começa quando se apresenta uma emenda. Mas, no caso de V. Exª, nem emenda existe, e V. Exª está sendo citado em todos os momentos. Por quê? Porque, nesta Casa, Senador, no Senado Federal, não acontece esse tipo de coisa, não é normal acontecer esse tipo de coisa, como levar dinheiro por uma emenda. Estão tentando, de qualquer maneira, pegar um Senador, pegar alguém para essa situação. Estamos vivendo um momento da política nacional em que se ataca o próximo e o derrota como se fosse o senhor da ética ou o senhor da verdade. Todos são puros. Quem ataca hoje é puro. Quem ataca nasceu puro, é limpo. Não vejo alguém tão puro que possa condenar o próximo. Todos aparecem dando declarações com o cabelo bem feito, bem cortado, bem arrumadinho, já próprio para dar declaração. Não vou chegar nesta Casa, não vou participar e não vou acusar ninguém sem prova. A prova deve existir, Senador. Quero dizer a V. Exª que eu sempre tive o seguinte: bandido, de um lado; e V. Exª, do outro. Eu ouvi nesta Casa que a posição de V. Exª é sempre contra bandido. Foi assim que V. Exª se elegeu - eu nem sabia -, com a maior votação no Espírito Santo. Senador, o que está sendo feito e o que está acontecendo é uma atitude covarde, mas ninguém fala. Eu estou falando. Não sei o preço que vou pagar, mas tenho certeza de que estou sentindo o que estou falando. Muito obrigado pelo espaço.

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - Obrigado a V. Exª.

O SR. PRESIDENTE (Alvaro Dias. PSDB - PR) - Nobre Senador Magno Malta, quero pedir, mais uma vez, a compreensão aos aparteantes, para que fiquem no tempo permitido regimentalmente, ou seja, dois minutos para o aparte. Não queremos, de forma alguma, cercear o direito à defesa do Senador Magno Malta, mas pedimos aos aparteantes a compreensão.

O Sr. Eduardo Azeredo (PSDB - MG) - Permite-me V. Exª um aparte?

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - Concedo o aparte ao Senador Eduardo Azeredo.

O Sr. Eduardo Azeredo (PSDB - MG) - Senador Magno Malta, a história de V. Exª, de origem humilde, a sua história de luta contra o tráfico de drogas dá realmente a V. Exª a condição de vir fazer a defesa que faz aqui, usando o direito mais sagrado que todos temos, que é o direito de defesa. Pena que a Senadora Ideli Salvatti não se encontra presente, mas fico feliz em ver que S. Exª, agora, é também cuidadosa com as acusações. S. Exª pede moderação, S. Exª pede que o direito de defesa seja respeitado por todos. Na verdade, quero cumprimentar V. Exª e desejar que tenha em mente a liberdade de poder exercer o direito de defesa, como aqui faz.

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - Muito obrigado, Senador Eduardo Azeredo.

Concedo o aparte ao Senador Flexa Ribeiro.

O Sr. Flexa Ribeiro (PSDB - PA) - Senador Magno Malta, quero me solidarizar com V. Exª. A história de vida de V. Exª, de que aqui tomei conhecimento quando cheguei, responde pelos seus atos praticados. Tenha absoluta certeza de que, como V. Exª aqui explicou, deu da tribuna a explicação de que o povo brasileiro já tinha conhecimento, porque já havia sido também noticiado pela imprensa que V. Exª apenas havia recebido do seu amigo de então, Deputado Lino, o carro que estava sendo utilizado. Agora V. Exª complementa dizendo que o devolveu há mais de ano.

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - E ainda o chamo de amigo.

O Sr. Flexa Ribeiro (PSDB - PA) - E ainda o chama de amigo.

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - Nunca me propôs corrupção.

O Sr. Flexa Ribeiro (PSDB - PA) - Como V. Exª disse, a verdade vai se sobrepor ao mal e à mentira, e V. Exª terá, com certeza absoluta, explicado o fato, porque sua história de vida responde pelo seu futuro.

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - Muito obrigado, Senador Flexa. Recebo, emocionado, as palavras de V. Exª e as incorporo ao meu pronunciamento.

Concedo o aparte ao Senador Efraim e, depois, aos Senadores Marcos Guerra e Eduardo Suplicy.

O Sr. Efraim Morais (PFL - PB) - Senador Magno Malta, V. Exª está fazendo o que é certo: vir a tribuna, apresentar sua defesa. Aqueles que o conhecem, como eu, porque fomos colegas quando Deputados Federais, sabem que o que está fazendo, provando, dando os fatos verdadeiros, é fundamental não só para V. Exª, mas para todos os que realmente foram citados. Acredito que V. Exª esteja no caminho correto e deva fazer exatamente isso para que, amanhã, por meio da Corregedoria, da CPMI, do que for, mostre exatamente o fato verdadeiro, a sua versão. Isso é o que desejamos e esperamos que ocorra. Parabenizo V. Exª pelo pronunciamento que faz.

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - Muito obrigado, Senador Efraim.

Concedo o aparte ao Senador Marcos Guerra.

O Sr. Marcos Guerra (PSDB - ES) - Senador Magno Malta, V. Exª usa a tribuna, o que é de direito, para vir explicar uma acusação que, de repente, foi uma antecipação, um ato impensado da imprensa. Conhecendo V. Exª, a forma como V. Exª começou a política no Espírito Santo, como Vereador, Deputado Estadual, Deputado Federal e Senador da República, e os trabalhos que V. Exª tem praticado no nosso Estado em prol do social, tenho certeza, Senador, de que V. Exª vai trazer, caso seja preciso, provas para realmente comprovar a sua inocência nesse malfadado caso que a imprensa vem anunciando. Lamento, Senador. Já li várias notícias sobre a CPMI dos Sanguessugas. Inclusive, o ex-Ministro Humberto Costa é muito citado. Infelizmente, todas as ações de corrupção nesse Governo começaram realmente dentro do Governo. Infelizmente, elas têm envolvido alguns Parlamentares, como é o caso de V. Exª, que está afirmando da tribuna não ter culpa. Quero me solidarizar com V. Exª e lamentar, mais uma vez, o fato der V. Exª estar sendo citado num caso que tenho certeza de que V. Exª não tem culpa.

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - Muito obrigado, Senador Marcos Guerra, Senador do meu Estado, que me conhece, conhece a minha trajetória.

            Quero reafirmar que não recebi carro de Planam nem de Vedoin, que não conheço. Eu o vi e vi também o filho dele nos jornais e na televisão. E o filho dele afirma em depoimento que eu apresentei emenda para as comunicações. Até isto ele fala: para quem destinei as emendas. E eu nunca apresentei emenda para as comunicações!

Aqui estão todas as minhas emendas, como Deputado Federal e Senador. Se encontrarem uma emenda minha para essa corja, Senador Guerra - V. Exª é do meu Estado -, vou renunciar ao meu mandato não para voltar, mas para ser julgado como cidadão comum.

Ah, a minha vida não foi assim... Não foi assim que construí a minha história, fraudando o Orçamento. Não construí a minha história tratando às escuras com empreiteiros e lobistas. Não os recebi, não os recebo. Não há homem no mundo, nem no meu Estado, que levante o dedo e diga: “Recebi a emenda, e o empreiteiro veio junto”.

            Nunca fui nem a pedra fundamental. Nunca fui a entrega de obra, a assinatura de contratos. Aliás, minto, porque, há dois anos, apresentei uma emenda para um ginásio de esportes em Vargem Alta, um distrito, cuja inauguração foi há dois meses. Disseram que só o inauguravam se eu estivesse presente. Eu disse que não gostava de ir, mas a comunidade só inaugurava o ginásio se eu fosse, e fui a Vargem Alta, um distrito do Espírito Santo.

Mas não vou. V. Exª é político, Senador João Batista Motta. V. Exª se encontra comigo em eventos de inauguração ou de ordem de serviço? Não. Não é a minha prática. Nunca apresentei emenda para essa corja, Senadora Heloísa Helena. Não sujei minhas mãos no chiqueiro, na lama da corrupção. Recebi o carro de um amigo, e ainda vou chamá-lo de amigo, a despeito do que ele está vivendo, porque nunca me propôs corrupção, não se sentou comigo em meu gabinete e disse: “Ponha a emenda, ponha que é bom. Eles vão te dar tanto. Olha, eu conheço a Planan, conheço o Vedoin, ponha aqui, ponha nos seus Municípios, uma ambulância para cada um, que isso vai te dar notoriedade”. Não. Nunca me propôs isso. E volto a dizer que agradecido sou porque nunca dei a ninguém a ousadia de se aproximar de mim para propor tal tipo de coisa. Usei o carro de um amigo.

Felizmente, V. Exª não estava aqui quando eu disse que errou o Presidente da CPMI, com todo respeito a S. Exª, quando disse na televisão que eu precisava ir para a Comissão de Ética e Decoro Parlamentar, e o meu mandato foi imediatamente cassado no Brasil inteiro. Virei o lixo da política brasileira. O foco não é Vedoin, sou eu. O criminoso não é Vedoin, é Magno Malta. Virei o resto no meu Estado. Foram publicadas as manchetes mais terríveis contra mim, inclusive uma que dizia: “CPI denuncia Magno Malta”. Fotos enormes, todos os dias. Virei o resto.

Sou filho de faxineira, Senador Ney Suassuna. Não pertenço a grupo político nenhum, Senador Jefferson Peres. Cheguei onde cheguei com muita luta, tirando gente da rua, como bandeira de enfrentamento.

Virei Senador da República, enfrentando o crime organizado, o narcotráfico, travando uma batalha. E, hoje, sou o lixo do lixo, o resto do resto, porque fui vendido assim. A CPMI investiga fraude em emendas. Olhem a contradição: quem nunca colocou uma emenda é o criminoso.

Algumas pessoas experientes dos meios de comunicação me disseram: “Você errou. Você devia ter ficado calado, não devia ter falado nada, que recebeu, que usou o carro que o Lino Rossi passou para você”. Mas a boca que honra a Deus não mente. Mentir para ser desmascarado depois? Não! Prefiro passar o que estou passando a mentir.

Em minhas mãos, estão os documentos e o IPVA do carro em nome do cidadão. Não há nada em nome de Planam, em nome de nenhuma empresa do Sr. Vedoin.

            Nunca procurei nenhum Ministro da Saúde até porque eles nunca me receberam. O Ministro Saraiva Felipe nunca me recebeu. O Ministro Humberto Costa nunca me recebeu.

(Interrupção do som.)

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - Senador Alvaro Dias, os Parlamentares que ainda não foram citados não devem estar dormindo mais porque amanhã podem sê-lo. Se descobrem que uma emenda do Parlamentar foi para a saúde e que se comprou uma ambulância, ele já é candidato a bandido. Estamos vivendo uma inquietação a cada dia: que lista saiu? Que nomes deram?

Sou signatário da CPMI, Senadora Heloísa Helena. V. Exª me deu a proposta para assinar. Essa é a verdade dos fatos.

Se querem destruir meu nome, jogar minha história no lixo para tirar meu mandato, podem tirá-lo. Parafraseando o Apóstolo Paulo, digo que nada tenho por ganho nem por lucro nesta vida, porque, para mim, viver é Cristo e morrer é lucro. Foi Ele quem me colocou aqui. Se pela vontade permissiva d’Ele isso vier a acontecer, a minha honra, o meu compromisso com Deus e com a minha família,  
Senador Romeu Tuma, ninguém vai roubar.

Ouço o Senador Eduardo Suplicy.

O Sr. Eduardo Suplicy (PT - SP) - Senador Magno Malta, considero muito importante V. Exª ter vindo expor os episódios tal como aconteceram, de maneira a tornar claro, por tudo o que nos transmitiu, que não houve qualquer procedimento que o fizesse incorrer em ato que fere a legislação. Pelo menos, por tudo o que nos transmitiu hoje, V. Exª procurou expor, inclusive com documentos, a verdade sobre fatos que constituíam uma história diferente daquela que, primeiramente, se quis atribuir a V. Exª pela forma franca com que caracteriza o seu ser, a sua vida. E considero muito importante que seja sempre esse o procedimento de um representante do povo, de um Senador do Espírito Santo.

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - Muito obrigado, Senador Eduardo Suplicy.

Ouço o Senador João Batista Motta.

O Sr. João Batista Motta (PSDB - ES) - Senador Magno Malta, sei perfeitamente da dor que V. Exª está passando neste momento. Sei da origem de V. Exª. V. Exª é do meu Estado. Nós o conhecemos de maneira absoluta. Sei, também, Senador Magno Malta, que existe o crime dos “sanguessugas”. Sei que dinheiro foi desviado do Erário. Sei que houve o crime de colarinho branco com relação àqueles que recebiam dinheiro para votar em projetos do Governo. Sei que tudo isso existe. O que não consigo saber, Senador Magno Malta, é por que vivemos hoje este momento difícil de tantas acusações, tiroteio para tudo quanto é lado, envolvendo os mais diversos Parlamentares. Se é verdade que existe este crime - e existe -, por que também existem as acusações infundadas? Nós temos que aqui meditar a razão disso tudo. Há alguém por trás querendo enfraquecer o Poder Legislativo. Há alguém que quer misturar os bons com os maus. Até hoje nada colou no Presidente da República. O cidadão brasileiro está dizendo que todo mundo é bandido. Não importa, então, que o Presidente e seus Ministros sejam também. Será que é para ganhar a eleição deste ano? Será que existe outro motivo escuso por trás disso? Será que alguém quer a “cubanização” do Brasil? Será que alguém quer de volta a ditadura? Será que não estão satisfeitos com o momento democrático em que vivemos? Existem bandidos, mas nem todos o são. Eu, por exemplo, nunca fui, Senador Magno Malta. Não participo de nada disso, nunca participei dessas coisas. E vários colegas, a maioria desta Casa, são homens sérios, homens honestos. Não sei qual é a minoria - que não seja -, mas o certo é que toda a Casa fica enodoada, prejudicada perante a opinião pública. Há alguma coisa por trás disso. Não acredito que as acusações contra a Senadora Serys Slhessarenko, assim como contra V. Exª, não tenham um fundamento político, específico, para que alguém permaneça no poder. Receba o meu abraço. Sei que V. Exª não tem nada a ver com isso. Sei que V. Exª é um homem limpo, um homem puro. É o que tenho a dizer a esta Casa e a quem está nos ouvindo neste momento.

O SR. MAGNO MALTA (PL - ES) - Senador João Batista Motta, muito obrigado por seu aparte, que recebo com muito carinho, até uma certa emoção, porque somos do mesmo Estado. V. Exª me conhece, obrigado pelas referências. Saiba, Senador João Batista Motta, que não sujei minhas mãos no chiqueiro, na lama da corrupção, nem sujarei.

Ouço o aparte do Senador Antonio Carlos Valadares.

O Sr. Antonio Carlos Valadares (PSB - SE) - Senador Magno Malta, em meio a essa crise que convulsiona, atormenta e denigre o Legislativo, há pessoas que, não merecendo a pecha de desonestas, são envolvidas de forma tão equivocada, tão estranha! Mesmo porque conhecemos o passado de V. Exª como o grande timoneiro, defensor de causas como o combate à violência, ao narcotráfico, ao desvio da juventude para o uso de entorpecentes, que tanto denigrem a pessoa humana. V. Exª nesta Casa também sempre foi um defensor intransigente da boa aplicação dos recursos públicos, do controle, da fiscalização das instituições, não só do Congresso Nacional como do Poder Executivo. Então, V. Exª tem sido, ao longo da vida, um exemplo de coragem, de devotamento, de amor ao Brasil, de amor às causas e aos ideais que fazem os grandes homens públicos. Portanto, lamento que V. Exª tenha sido envolvido nessa questão. Tenho certeza absoluta de que a verdade virá à tona. As palavras de V. Exª são mais do que necessárias neste ambiente democrático do Senado Federal, onde milhares e milhares de brasileiros acompanham os nossos trabalhos. E V. Exª faz uma defesa, uma prestação de contas da sua vida, o que é mais do que necessário neste momento. No mais, quero, juntando-me aos demais companheiros e companheiras do Senado Federal, solidarizar-me com V. Exª e desejar que o deixem em paz e que o seu trabalho tão frutuoso continue a proliferar no cenário político do Brasil.

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - Senador Valadares, recebo o seu aparte agradecido pela referência que faz à minha luta, ao meu trabalho no combate à violência e ao narcotráfico, à minha vida.

Sempre fui muito criterioso nessa questão de emendas, desde Deputado Federal. A mim não importa se o sujeito pediu ou não voto para mim. Aprendi a distribuir este pequeno recurso - antes de R$2 milhões, agora de R$3 milhões - que é dado a um Senador ou a um Deputado Federal. No meu Estado, que é pequeno, tem apenas 78 Municípios, se quiséssemos dar R$50 mil para cada um, mesmo com muito boa vontade, não conseguiríamos. É preciso ter muita responsabilidade com relação a isso, e eu tenho.

Por isso afirmo que nenhum homem, nenhum Prefeito ou ex-Prefeito do meu Estado pode levantar o dedo, apontar na minha direção e dizer: “Mandou emenda para compra de ambulância, para a área de saúde, acompanhada do empreiteiro”. Nenhum homem, muito menos o Vedoim e o filho dele, esses pústulas, que responderão na Justiça. Estou processando-os: canalhas, roubadores de dinheiro público.

Infelizmente, tenho de falar o que vou falar. A mim não propuseram nenhuma corrupção porque não os conheço, nunca tive com eles; então, nunca tentaram me corromper, nem me sugestionar. Até porque reafirmo: esse tipo de gente não tem facilidade para se aproximar de mim.

Então, agradeço a V. Exª o seu aparte, reafirmando meu compromisso com essas verdades.

Concedo o aparte ao Senador Ney Suassuna.

O Sr. Ney Suassuna (PMDB - PB) - Nobre Senador, sei a angústia que V. Exª está passando, porque tenho passado a mesma angústia. Não conheço essas pessoas. Não tem um Prefeito que possa fazer uma acusação em relação a mim, porque nunca pedi nada a Seu Ninguém. Sempre trabalhei duro pelo meu Estado, procurando colocar emendas e levar recursos para o meu Estado, é a minha obrigação. Fico surpreso de ver os depoimentos, porque agora já tenho todos. Aconteceu uma coisa até muito interessante, que deve ter ocorrido com V. Exª também. V. Exª deve ter recebido um ofício para responder sobre um assunto que estava sob segredo de justiça.

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - É verdade.

O Sr. Ney Suassuna (PMDB - PB) - Agora, três semanas depois, até já sei o texto. Tinha cinco dias para responder uma coisa que estava sob segredo de justiça e fui tomar conhecimento três semanas depois. Não estou preocupado. Tenho muito mais pena e preocupação de quem faz a acusação, porque está mentindo, caluniando. É muito maldade! O tempo é o senhor da razão. Não conheço essas pessoas, como V. Exª, não tenho o menor contato, e todos depoimentos dizem isso. Mas não esqueça de que, no meu caso, por exemplo, tenho várias situações que são propícias para isso: nordestino, apoiador do Governo, tudo isso são fatos que fazem com que as pessoas nos persigam mais, principalmente a imprensa sulista. Mas não estou preocupado, pois o tempo é o senhor da razão e, com certeza, vai aparecer a verdade. Minha solidariedade a V. Exª, como a vários outros. Há pessoas culpadas, sim, porque a ambulância que eu pedia para a Prefeitura por R$80 mil e custava R$76 mil, em alguns Estados, foi vendida por R$160 mil. Portanto, há pessoas culpadas, mas, com certeza, V. Exª não está nesse meio. Minha solidariedade.

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - Muito obrigado, Senador Ney Suassuna, pelo aparte. Há algum tempo, tenho acompanhado de longe o seu calvário.

Alguém já disse que precisamos cuidar do nosso caráter, porque da nossa conduta não tem jeito, pois a conduta de quem faz vida pública está na mão das pessoas, e elas fazem dela o que querem. Mas tenho procurado cuidar do meu caráter.

Quando viajei para cá e me juntei com a minha família, a minha filha mais velha disse: “Pai, tenha paz! Paz! Porque você não pode fazer nada por você, pai; só Deus pode fazer por você, porque essa é a sua verdade”.

Duas verdades absolutas: nunca apresentei emendas nesse sentido no Orçamento, e é essa a razão de ser, o fato determinante para a CPI; e também não recebi carro da Planam. Não há carro nenhum comigo. Usei um carro do Lino que voltou para o Lino. Recebi um carro de um amigo, o Lino, e não ia perguntar a ele - o cara é meu amigo! - que nome era aquele. Não era nome de empresa, mas de uma pessoa. Eu não ia perguntar: “É bandido, Lino?” Eu não estava tratando com um bandido; eu não estava tratando com um corrupto! Eu estava tratando com um amigo, o Lino Rossi, uma pessoa que orava comigo, no meu gabinete. Eu orava por ele, pela família dele, pela filhinha dele, doente, pela esposa dele. Não sou canalha e continuo mantendo por ele o meu carinho, porque ele nunca me propôs corrupção. Ele me mandou um carro.

Senador Sibá Machado, no final de fevereiro, fui a Cuiabá falar num jantar. Deputado Manato, Deputado Neucimar Fraga, Deputado Walter Pinheiro, meu amigo, mais chegado que irmão, quantas vezes eu disse aos senhores - nós somos do mesmo Estado: este carro é do Lino; foi o Lino que me mandou. Disse ao Deputado Neucimar Fraga. Devolvi o carro. Devolvi-o por esta empresa, a Transgrancap de Cuiabá, há um ano e um mês. Embarquei aqui. Entreguei ao seu real dono. Nunca recebi carro de Vedoin. Recebi carro de Lino. Devolvi para o Lino. Por que o Vedoin disse que o carro estava comigo? Ele disse que o carro estava comigo! Ele nem sabe disso! Se o carro realmente era dele, por que o Lino não o entregou para ele? Porque o carro não era dele. Eu o devolvi para seu real dono. Ele deu um depoimento dizendo que o carro estava comigo. Ele estava enganado.

Sr. Vedoin, há um ano e um mês, devolvi o carro para o seu dono, o Lino Rossi.

Então V. Exªs sabem do que estou falando. Só existe esta verdade e ela é absoluta: não existe emenda nem carro, Senador Marcos Guerra.

Fui, em janeiro, falar num jantar em duas cidades do Mato Grosso. Fui dar o meu depoimento, Senador Paulo Paim. Costumo viajar e dar o meu depoimento em jantares para estimular pessoas, porque sou lesionado de medula, sou paralítico. A minha coluna é um enxerto, e Deus me colocou em pé.

O SR. PRESIDENTE (Alvaro Dias. PSDB - PR) - Senador Magno Malta, peço a compreensão de V. Exª para concluir o seu pronunciamento, porque já está no momento de iniciar a Ordem do Dia e há outros oradores inscritos.

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - Mas eu preciso, Senador. A dor no meu peito é muito grande.

O SR. PRESIDENTE (Alvaro Dias. PSDB - PR) - Peço a V. Exª que sintetize a conclusão de seu pronunciamento.

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - Eu tentarei. Confessando que não tenho a capacidade, mas tentarei.

E foi, Senador Marcelo Crivella, a última vez que vi o Lino. Ele foi me encontrar no aeroporto. Abraçou-me e disse: “Eu não posso ir ao seu depoimento” - falou comigo, Senador Motta - “porque eu tenho uma reunião”.

E, olhem só, eu estava acompanhado do Pastor França e do Pastor Valmir, meu irmão. E sabe o que eu disse a ele? “Lino, cadê o carrão?”.

Ele me disse, Senador Tuma: “Eu mandei reformar e está servindo só para levar os meus filhos para a escola”. É o carro que leva os filhos dele para a escola. Então, não existe carro nenhum comigo; nunca peguei carro nenhum de Vedoin; nunca coloquei emenda nenhuma no Orçamento.

Encerro, Senador Alvaro, dirigindo-me às pessoas neste País que me foram solidárias. Não posso deixar de agradecer às lideranças no segmento onde professo a minha fé. Obrigado ao Bispo Rodovalho; ao Renê Terra Nova; ao Silas Malafaia; às centenas de líderes no meu Estado, no País inteiro; às pessoas do Ministério Público; da Polícia Federal; dos Poderes constituídos; aos Senadores solidários - com alguns deles falei pelo telefone e recebi solidariedade.

Sei que este é um momento em que todos nós estamos sendo explorados; nós que professamos fé evangélica, como se a fé induzisse o homem a cometer indignidade. O homem que comete dolo e indignidade deve responder por isso, mas necessariamente não precisa ser-lhe chamada a atenção pela sua fé. Se é evangélico, é escarnecido. Os outros podem cometer dolo, que ninguém toca absolutamente na sua fé.

Agradeço a esses milhares pela solidariedade. À minha esposa e três filhas: uma de 5 anos e as outras de 20 e 21 anos, que estão me ouvindo certamente pela Internet neste momento. Ao grupo que Deus me deu para comandar. Às casas de recuperação, que não têm uma ambulância. Agradeço aos meus irmãos que estão comigo aqui. Ao Pastor Antônio, ali sentado; ao Pastor Maurício, que conhece minha vida mais do que ninguém.

O Pastor Antônio é meu irmão mais velho, Senador Flexa Ribeiro. Ele é pastor em Guarapari e faz tenda. Ele fabrica panela de alumínio em uma portinha pequena para sobreviver. Sabem por que ele não tem posição, não tem nada? Porque eu não sujei as minhas mãos na corrupção para dar posição para os meus irmãos. E tenho um outro irmão, diabético, sofrido, catando papel para vender, vendendo fardo de papel para reciclar, porque não sujei minhas mãos, não fiz acordo para dar posição a eles.

Por isso, a vocês dois que representam a nossa família, sou grato diante de Deus, com o meu coração, pela felicidade de tê-los do meu lado.

Encerro, Sr. Presidente, o meu pronunciamento, mas, antes, ouço a Senadora Heloísa Helena.

A Srª Heloísa Helena (P-SOL - AL) - Senador Magno, sabe V. Exª o carinho e o respeito que tenho por você, meu querido companheiro, por sua esposa e por suas filhas. Tenha certeza V. Exª - eu estava aqui conversando com o Senador Romeu Tuma - de que talvez eu, como membro da CPI, seja uma das pessoas que mais quer ver solucionada a denúncia em relação a V. Exª, porque, para mim, vai ser uma tristeza tão grande, tão grande, acaso as denúncias que estão sendo feitas sejam concretizadas. Falei com V. Exª nos Estados Unidos, que estava em tratamento médico; falei com o Senador Arthur Virgílio, e V. Exª também; várias vezes nos falamos ao telefone no sentido de que isso se esclareça o mais rápido possível. Sabe por quê? Porque o pior, Senador Magno Malta, é que se essa CPI não está funcionando esse tempo todo é porque o Presidente não quer. O Presidente da Comissão não está chamando para as reuniões, não está fazendo as reuniões. Não quer; só se for.

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - Só um minutinho, Senadora. O Presidente, na mídia - tenho todo respeito a ele -, colocou-me como foco. O Vedoin e o filho deixaram de ser o foco, que passou a ser eu. Ele disse que eu recebi o carro da Planan. Aqui estão os documentos no nome da pessoa de quem eu recebi: José Luiz. O Lino me emprestou o carro, que devolvi há um ano. Agora, imagine, se você recebe um carro para campanha, emprestado por alguém, e se, lá na frente, esse carro é preso por alguma razão, você é considerado bandido.

Ora, eles fraudaram o Orçamento; eu nunca. O fato determinado é fraude no Orçamento. Eu não coloquei nada no Orçamento. E o Vedoin ainda me chama de traidor. Vou passar para a história como aquele que traiu a Planam, que não deu nenhuma emenda nem para ele nem para ninguém. Recebi um carro do Lino e ao Lino devolvi há um ano e um mês.

A Srª Heloísa Helena (P-SOL - AL) - É por isso, Senador Magno Malta, que estou fazendo uma defesa muito grande no sentido de que o Supremo possibilite que todo o depoimento do Vedoin seja colocado a público para que as pessoas analisem. É claro que, entre uma ou outra pessoa que passa a ser citada, há um outro que, sendo citado, é culpado e passa a se apresentar como se junto estivesse com os que não são culpados, que inocentes são, para desmantelar e desmoralizar a denúncia de uma forma geral. Por isso estou defendendo, todo o tempo, que é muito importante que todo o depoimento seja tornado público, que todas as pessoas possam lê-lo. Amanhã, esperamos que o Sr. Vedoin venha prestar um novo depoimento aqui em Brasília, para que possa ajudar no esclarecimento dos fatos. Na próxima reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito, espero que, além da defesa feita por todos os Parlamentares, Senadores e Deputados, possamos também votar os requerimentos, para que os dois Ministros da Saúde que operavam diretamente - há requerimento do Senador Romeu Tuma e meu - venham, para nos esclarecer. Senão alguém que, de fato, culpa não tem passa a ser envolvido junto com os que culpa muita têm e que, por sua vez, fazem de conta que nada têm a ver com isso e se aproveitam daqueles outros para justificar a sua não participação, quando estão diretamente envolvidos. Então, espero - V. Exª está encaminhando toda a documentação -, realmente, Senador Magno Malta, pelo carinho, pelo respeito que sempre tive pela trajetória de V. Exª, pela sua família, que todos esses dados que V. Exª está citando na tribuna do Senado possam ser disponibilizados para todos nós, que não podemos fazer juízo de valor antecipado.

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - Já mandei para o gabinete de V. Exª as minhas emendas, Senadora Heloísa Helena. Mandei as minhas emendas e gostaria de pedir a V. Exª, que é tão criteriosa, que solicite a um assessor também criterioso que examine as minhas emendas para verificar se existe alguma que se identifique com o fato determinado dessa CPI, para verificar se alguma delas está relacionado a essa quadrilha.

O Vedoin me isenta dizendo que sou um traidor, que não coloquei emenda para eles e que ganhei um carro que está comigo. Que esse pústula diga onde o carro está, em nome de quem, na porta de quem. Vai ter de dizer na Justiça, porque vou processá-lo, pois não existe carro em minha porta, Senadora Heloísa Helena. Não existe carro em nome de assessor, de irmão nem de parente meu. Recebi o carro de um amigo; não recebi carro de bandido naqueles dias. Recebi do Deputado Lino Rossi e, há um ano e um mês, devolvi-o a ele. Está aqui: Transgrancap levou o carro, no nome de José Luiz. Eu mostrei no começo: está aqui o IPVA. Olhe aqui: Fiat Ducato, José Luiz Cardoso. Não sei quem é. Não sei quem é! Devolvi ao verdadeiro dono, o Deputado Lino Rossi.

Senadora Ana Júlia, ouço V. Exª.

A Srª Ana Júlia Carepa (Bloco/PT - PA) - Senador Magno Malta, o Presidente já solicitou que V. Exª encerrasse o seu pronunciamento, mas serei muito breve. Conheço V. Exª há muito tempo, e V. Exª sabe muito bem do respeito que lhe tenho. Fico feliz ao vê-lo aqui podendo prestar esclarecimentos a toda a sociedade. Espero que lhe dêem o mesmo espaço que tem sido dado para os ataques que vêm sendo feitos de forma indiscriminada. Jamais duvidei de sua seriedade e de seu compromisso. V. Exª sempre foi favorável às CPIs e aos esclarecimentos. Dependendo de quem for, Senador, alguns setores acusam, julgam e condenam previamente. Infelizmente isso é verdade. E, se a sociedade não tiver tranqüilidade para perceber e separar o joio do trigo, a democracia é que será atingida em nosso País. É isso.

O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES) - Agradeço pelos apartes dos Srs. Senadores e reafirmo que nunca sujei minhas mãos no chiqueiro da indignidade, da lama. Não sou corrupto. Aqui estão minhas emendas, todas elas.

Tenho plena consciência de que esse saco de penas que foi aberto fez de mim um homem indigno para aqueles que não têm acesso à TV Senado, que só assistem às grandes redes. No entanto, encontro conforto no que diz a Bíblia: todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus; o choro pode durar uma noite inteira, mas a alegria vem logo ao amanhecer. Tenho convicção de que Deus está no controle de todas as coisas.

Envio à Mesa todas as minhas emendas e toda esta documentação.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/08/2006 - Página 25694