Discurso durante a 121ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Repercussão da visita do Presidente Lula ao Estado de Santa Catarina. (como Líder)

Autor
Ideli Salvatti (PT - Partido dos Trabalhadores/SC)
Nome completo: Ideli Salvatti
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES. EDUCAÇÃO. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), AMBULANCIA. HOMENAGEM.:
  • Repercussão da visita do Presidente Lula ao Estado de Santa Catarina. (como Líder)
Aparteantes
Ana Júlia Carepa.
Publicação
Publicação no DSF de 02/08/2006 - Página 25734
Assunto
Outros > ELEIÇÕES. EDUCAÇÃO. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), AMBULANCIA. HOMENAGEM.
Indexação
  • REGISTRO, VISITA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), CAMPANHA ELEITORAL, REELEIÇÃO, ELOGIO, ORGANIZAÇÃO, PARTICIPAÇÃO, POPULAÇÃO, DEBATE.
  • COMENTARIO, CANDIDATURA, OPOSIÇÃO, GOVERNADOR, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), SENADOR, COLIGAÇÃO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA FRENTE LIBERAL (PFL), PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), OCORRENCIA, CONFLITO, POLITICA PARTIDARIA.
  • REGISTRO, INFERIORIDADE, PRESENÇA, ELEITOR, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), COMICIO, GERALDO ALCKMIN, CANDIDATO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.
  • APRESENTAÇÃO, DADOS, EVOLUÇÃO, EDUCAÇÃO, ESTADO DE SANTA CATARINA (SC), CRIAÇÃO, ESCOLA TECNICA FEDERAL, AMPLIAÇÃO, ATENDIMENTO, ENSINO PROFISSIONALIZANTE, ENSINO SUPERIOR, CAMPUS AVANÇADO, UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA (UFSC), INTERIOR, DETALHAMENTO, RESULTADO, DESENVOLVIMENTO SOCIAL, PREVISÃO, REELEIÇÃO, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • ELOGIO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, DEBATE, COMBATE, CORRUPÇÃO, ESPECIFICAÇÃO, ATUAÇÃO, CONTROLADORIA-GERAL DA UNIÃO (CGU), IDENTIFICAÇÃO, DESVIO, VERBA, AQUISIÇÃO, AMBULANCIA.
  • HOMENAGEM, CENTENARIO, NASCIMENTO, MARIO QUINTANA, POETA.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC. Como Líder. Sem revisão da oradora.) - Agradeço, Sr. Presidente. Inclusive foi muito bom a Senadora Ana Júlia haver me antecedido. Estou há bastante tempo neste plenário, portanto, tenho prestado atenção a muitos pronunciamentos. Como já tive a oportunidade de dizer no aparte dado ao pronunciamento do Senador Osmar Dias, o ambiente continua acirrado, com muitas farpas. Percebemos que as manifestações, muitas vezes, vêem com órgãos do corpo e não com o raciocínio e o coração. É claro que o período eleitoral sempre faz com que determinados sentimentos aflorem, faz parte da disputa, não é, Senadora Ana Júlia, faz parte da disputa o acirramento. Apenas lamentamos. Tenho procurado manter-me, o máximo possível, calma; vamos precisar muito dela nesse processo eleitoral.

Solicitei a palavra como Líder porque, várias manifestações que tive a oportunidade de ouvir aqui, hoje à tarde, creio que tenham a ver. Por exemplo, algumas referentes a declarações feitas pelo Presidente Lula na visita de campanha que fez ao meu Estado, Santa Catarina, estão ligadas ao resultado efetivo a respeito das políticas desenvolvidas pelo seu governo na área da educação e às conseqüências que isso tem causado no Brasil, como um todo, e, em Santa Catarina, de forma impressionante, Senador Romeu Tuma.

Lá, em Santa Catarina, temos uma situação bastante acirrada de disputa, até porque, como já tive oportunidade de dizer, não é nada mais, nada menos do que o Estado do Presidente Nacional do PFL, que é um dos partidos que centraliza a oposição ao Governo Lula, de forma muito contundente, com muitos decibéis acima do que seria adequado e razoável se adotar em período eleitoral, muitas vezes com lances de amnésia profunda a respeito de uma série de episódios, comportamentos e práticas adotadas durante os muitos e muitos anos em que estiveram à frente. É sempre bom, então, registrar que, como já falei daqui da tribuna, será a primeira vez em que o PFL vai apoiar um candidato de oposição à Presidência da República. Essa experiência o PFL nunca tinha tido antes, Senador Romeu Tuma. Está tendo pela primeira vez.

A visita do Presidente ao meu Estado, Santa Catarina, deu-se exatamente oito dias depois da visita do nosso principal adversário, o candidato do PSDB, apoiado pelo PFL, o Sr. Geraldo Alckmin. E, para nós, era um desafio muito significativo, porque o palanque para o nosso principal adversário é, em tese, robusto, porque é a candidatura à reeleição do atual Governador do PMDB, com o Vice do PSDB, meu companheiro de bancada de Santa Catarina, Senador Leonel Pavan, tendo para a candidatura ao Senado, pelo PFL, o ex-Prefeito de Lages, Raimundo Colombo. Portanto, não é qualquer aliança: PMDB, PSDB e PFL. O problema é que não cola, não cola. PMDB e PFL, na base, não colam. Há um monte de ruídos, de problemas, de desídias e de intrigas, na base, que criam uma certa dificuldade.

Mas, de qualquer forma, em relação à ida do nosso principal adversário, oito dias antes da visita do Presidente Lula, os jornais anunciavam 10 mil pessoas, em Chapecó. Essas eram as manchetes do sábado em Chapecó, 10 mil pessoas, e não chegaram a 500. Talvez umas 400 participaram da manifestação. Até brinquei, porque, como a cultura é gauchesca no oeste de Santa Catarina, Senadora Ana Júlia, um conhecido nosso, que tem o apelido de Xiru, que é um nome muito gaudério, em uma das brincadeiras, disse-me assim: “Pois, Senadora, para chegar no número, contaram os viventes e a sombra”.

Então, até esse tipo de brincadeira acabou sendo feita.

Em Criciúma também não foi diferente. Havia uma expectativa, pela imprensa, da presença de cinco a seis mil pessoas, e devem ter comparecido por volta de seiscentas, setecentas.

O desafio para nós, que estávamos organizando a vinda do Presidente Lula, oito dias depois da visita do nosso principal adversário, era muito grande. Felizmente, foram dois eventos muito bem avaliados e com repercussão extremamente positiva de público, de representatividade política e de sinalizações de apoio e de amplitude da campanha do Presidente Lula em Santa Catarina.

Havia mais de três mil pessoas na plenária, em que debatemos os resultados da educação em Santa Catarina. Depois, houve um almoço na sede da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina. Foi a primeira vez em que um Presidente da República, no exercício do cargo, visitou a Federação. Houve um debate do candidato à reeleição, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com o setor empresarial do nosso Estado, com o setor educacional, com reitores do Sistema Acafe, com representantes do ensino federal em Santa Catarina e com representações de partidos políticos, parcela do PMDB que está apoiando, parcela do PP que está apoiando e de outros partidos que não compõem a nossa aliança.

O importante foi o resultado. E tive o prazer de receber do Presidente Lula um dos elogios que fez à organização do evento, que acabou sendo uma verdadeira aula a respeito dos resultados das políticas adotadas pelo nosso Governo na área da educação.

Assim, gostaria de apresentar aqui alguns números porque são muito contundentes. O ensino profissionalizante, em Santa Catarina, tem 96 anos e, no ano passado, conseguimos derrubar finalmente aquela lei que impedia que a rede federal de ensino pudesse se ampliar, ter novas unidades. Portanto, até o ano passado, o ensino profissionalizante federal atendia oito mil alunos. Em um ano, até o final deste ano, serão 17 mil alunos. Tínhamos três escolas técnicas, este ano serão sete e já está previsto, para o ano que vem, chegar a 10.

A Universidade Federal de Santa Catarina nunca tinha atravessado a Ilha e ido para o interior de forma efetiva e agora está com 15 pólos de interiorização, com mais de dois mil alunos. O ProUni, mais de 4.000 mil alunos; a Universidade Aberta do Brasil neste ano com 3.300 e, no início do ano que vem, mais 6.600 alunos. Portanto, se pegarmos o ProUni, a interiorização da Universidade Federal e a Universidade Aberta do Brasil, conseguiremos fazer com que em Santa Catarina, que não tem universidade nova, tenha quase dois terços de uma universidade federal implantada no interior do Estado, por intermédio da conjugação dessas três políticas.

Para dar a dimensão, quando Lula assumiu, em Santa Catarina o sistema federal de ensino atendia no máximo 3% da população adolescente e jovem. Hoje, estamos beirando já 10%. Portanto, o resultado é muito contundente, Senador Romeu Tuma, e é por isso que saímos convencidos do ato que realizamos com o Presidente Lula de que a eleição será muito emblemática, muito acirrada, muito combativa, muito “cabo-de-guerra”, mas, não temos nenhuma dúvida de que temos plenas condições de fazer o debate, o embate e o combate com os números, com os dados, com os resultados, com aquilo que conseguimos produzir. E, quando conseguimos produzir e modificar a vida das pessoas, isso efetivamente faz a diferença e dá a perspectiva.

Portanto, quando um governo tem a marca, como o Governo Lula, de crescer distribuindo renda, gerando emprego, fazendo inclusão social, com um controle inflacionário que permite às pessoas comerem mais e, até no Sul Maravilha se come mais, significativamente mais, a partir das políticas adotadas; quando temos confirmada uma mobilidade social que fez, nada mais, nada menos, do que uma população equivalente à população do meu Estado - Santa Catarina tem aproximadamente seis milhões e poucos habitantes - e foi isso que o Governo Lula teve a capacidade de fazer, pegar uma população equivalente a do Estado de Santa Catarina e fazer com que esta população tivesse mobilidade social, ou seja, saísse das classes “D” e “E” e fosse para a classe média.

Por isso, vou ficar muito calma, Senadora Ana Júlia. Vou ouvir, com muita atenção, mesmo aqueles que falam, às vezes, com tanta ênfase, com amnésia; às vezes, mais motivados pelo sentimento negativo do que pelo positivo.

Fiquei muito satisfeita por ter feito a mobilização, por ter realizado os eventos que realizamos neste início de campanha, que ainda está com aquecimento pequeno.

Eu gostaria de ouvir o aparte da Senadora Ana Júlia, antes de encerrar meu pronunciamento.

A Srª Ana Júlia Carepa (Bloco/PT - PA) - Agradeço, Senadora Ideli Salvatti, e parabenizo V. Exª, porque também é esse o sentimento que temos em nosso Estado. Subi, ainda há pouco, à tribuna, para fazer o registro de que são R$90 milhões para estradas no Estado do Pará. Outro dia, quando fazia uma intervenção aqui no Senado, falando do crescimento em todas as áreas, do volume de recursos, por exemplo, os enviados pelo Governo Federal ao Pará para a educação, fui contestada. Achei até engraçado, pois parece que as pessoas têm memória curta mesmo. Algumas, inclusive, do Pará, que apoiaram o Governo anterior ou que fizeram parte dele esqueceram-se de que se trata da BR-163, que hoje está recebendo recursos. São R$90 milhões para o Pará: R$15 milhões para a BR-422, e o restante, para a BR-163. Por duas vezes, o ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso foi a Santarém e prometeu asfaltá-la. Lula não quis prometer, disse que não podia ir a cada cidade e fazer promessas e, com isso, perdeu a eleição. Mas ele, agora, efetivamente está fazendo, Senadora. E mais: antes de ser realizada a obra, fez-se todo um trabalho naquela área, para que não houvesse mais desmatamentos, como os que têm acontecido em outras regiões, e para que a grilagem de terras e a violência não avançassem ainda mais. Pelo contrário, houve um projeto de desenvolvimento sustentado da BR-163. Então, parabenizo V. Exª por esses dados relativos à educação. Tenho encontrado pessoas que os têm confirmado. No final de semana, jovens me disseram que estavam na universidade graças ao ProUni. Um deles afirmou que estava vendendo produtos na praia, porque tinha meia bolsa. Outra jovem disse: “Estou cursando a universidade graças ao ProUni”. Veja bem, o Pará é a maior província mineral do mundo, Senador Romeu Tuma, e não tinha um curso de mineração. Mas vai ter agora! Está-se ampliando a Universidade Federal para várias regiões do Estado - sul, sudeste, oeste. O mesmo, em relação às estradas. Mais curso em Castanhal...

(Interrupção do som.)

A Srª Ana Júlia Carepa (Bloco/PT - PA) - Sr. Presidente, já vou concluir: a gente se empolga, quando o assunto é educação. E há escola técnica também, escola agrotécnica. Ou seja, o povo está percebendo, concretamente, que as coisas estão chegando. O povo não quer mais voltar ao tempo em que a escola técnica federal era proibida por lei, como na época de Fernando Henrique Cardoso; não quer mais correr o risco de ver a universidade privatizada; não quer correr o risco de ver privatizados o Banco do Brasil, a Caixa Econômica, o Banco da Amazônia - que quase acabou no Governo anterior -, instituições que têm sido a alavanca do desenvolvimento, principalmente do pequeno produtor, tanto da área rural quanto da urbana.

É por questões como essa, Senadora, que parabenizo V. Exª. Essas questões realmente têm encontrado eco na sociedade e nos fazem ter orgulho, mesmo diante da necessidade de avanços do Governo do Presidente Lula.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Agradeço, Senadora Ana Júlia Carepa.

(Interrupção do som.)

O SR. PRESIDENTE (Romeu Tuma. PFL - SP) - Senadora Ideli Salvatti, sem preocupação, estou concedendo a V. Exª o tempo que concedi aos outros Senadores. No entanto, não gostaria que V. Exª desmerecesse tanto seu serviço a favor de Santa Catarina.

A SRª IDELI SALVATTI (Bloco/PT - SC) - Para concluir, quero falar de outro debate importante que tivemos com o Presidente Lula. Foi o debate a respeito da ética. O Presidente foi muito contundente. Houve várias manifestações, depois, pela imprensa, porque Sua Excelência falou, de forma muito clara, que vai enfrentar o debate de cabeça erguida, lembrando o que já se fez neste País, o que já houve de corrupção e desvio, e mostrando, em termos de ações do Governo, as mudanças significativas nas instituições e nos procedimentos de combate à corrupção.

Insistimos, Senador Romeu Tuma, que o esquema dos sanguessugas só apareceu, só veio a publico, porque houve o famoso sorteio da Controladoria-Geral da União, que detectou a coincidência do superfaturamento pelas Prefeituras na compra de ambulâncias daquelas determinadas empresas.

Foi exatamente por esse aperfeiçoamento no combate à corrupção, feito pelo Governo Lula, que a questão dos sanguessugas apareceu. E querem discutir que há envolvimento do Executivo: é óbvio que deve haver algum grau de envolvimento de Executivo; não é possível que não haja.

O esquema é antigo, já aconteceu nos Governos que antecederam o atual. Agora, quando falam de Executivo, acho estranho, Senadora Ana Júlia, porque só se referem ao Governo Federal. A Controladoria apresentou um mapa das Prefeituras: são 800 envolvidas. Acho engraçado, porque todos esquecem que, entre as envolvidas, há 128 do PSDB e 107 do PFL. Isso não é Executivo? É preciso haver o Parlamentar que faz a emenda, alguém lá no Ministério que a viabilize, mas a licitação é feita no Município. Então, o Executivo municipal também está envolvido. Portanto, acho bom termos calma nessa discussão toda, para apurar tudo e punir quando tudo estiver provado.

Senador Romeu Tuma, vou terminar a minha fala, como comecei o dia: homenageando Mário Quintana. Eu o iniciei hoje, lembrando, Senador Pedro Simon, os 100 anos daquela maravilha da poesia nacional, Mário Quintana. E o Poeminha do Contra, de Mário Quintana, cabe muito bem:

Todos estes que aí estão

Atravancando o meu caminho,

Eles passarão.

Eu passarinho!

Essa é uma das pérolas do nosso querido poeta centenário, Mário Quintana.

Muito obrigada, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/08/2006 - Página 25734