Discurso durante a 121ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Alerta para a tendência do eleitorado gaúcho em anular o voto nas próximas eleições.

Autor
Pedro Simon (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/RS)
Nome completo: Pedro Jorge Simon
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES.:
  • Alerta para a tendência do eleitorado gaúcho em anular o voto nas próximas eleições.
Aparteantes
Eduardo Suplicy, Ney Suassuna, Romeu Tuma, Wellington Salgado.
Publicação
Publicação no DSF de 02/08/2006 - Página 25740
Assunto
Outros > ELEIÇÕES.
Indexação
  • ANALISE, FRUSTRAÇÃO, ELEITOR, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), BRASIL, PREVISÃO, SUPERIORIDADE, VOTO NULO, ESPECIFICAÇÃO, MAIORIA, ALUNO, PROFESSOR, UNIVERSIDADE, DESISTENCIA, APOIO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).
  • VISITA, ORADOR, PRESIDENTE, TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL (TSE), MANIFESTAÇÃO, APREENSÃO, CRESCIMENTO, VOTO NULO, VOTO EM BRANCO, PREJUIZO, DEMOCRACIA, NECESSIDADE, ESCLARECIMENTOS, ELEITOR, RISCOS, COLABORAÇÃO, CORRUPÇÃO.
  • PROTESTO, IMPUNIDADE, POLITICO, AUSENCIA, IMPEDIMENTO, CANDIDATURA, ELEIÇÕES, DEMORA, DECISÃO, JUSTIÇA, CRITICA, ATUAÇÃO, IMPRENSA, ACUSAÇÃO, PROVA, PREJUIZO, ESCLARECIMENTOS, POPULAÇÃO.
  • ELOGIO, HELOISA HELENA, EDUARDO SUPLICY, CANDIDATO, PRESIDENTE DA REPUBLICA, SENADOR, INTEGRIDADE, VIDA PUBLICA.
  • APOIO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), ESTADO DO PARANA (PR), IMPEDIMENTO, CANDIDATURA, DEPUTADO FEDERAL, REU, CORRUPÇÃO.
  • DENUNCIA, ATUAÇÃO, LIDER, GOVERNO, SENADO, OBSTACULO, TRABALHO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI).
  • DEBATE, FALTA, DEMOCRACIA, COMANDO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DO MOVIMENTO DEMOCRATICO BRASILEIRO (PMDB), REITERAÇÃO, PROTESTO, AUSENCIA, APRESENTAÇÃO, CANDIDATO, PRESIDENCIA DA REPUBLICA.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, hoje bati meu recorde nesta Casa, pois estou sentado no meu lugar desde às 14h20min; estava em oitavo lugar na minha inscrição, mas só falo agora: eu aqui na TV Senado, e o Brasil assistindo ao Jornal Nacional. Mas falo, Sr. Presidente, porque nestes três dias em que nos reuniremos agora no mês de agosto, estou em Brasília com uma preocupação muito grande.

Eu sinto no Rio Grande do Sul uma tendência muito grande do eleitorado em anular o seu voto - não é nem voto em branco, mas anular o voto. E isso é um movimento espontâneo; não há mobilização, não é um grupo “A”, não é um grupo “B”, mas um sentimento de frustração. O Presidente Lula disse que a pessoa com mais de 75 anos pode dizer o que quiser, mas eu, que tenho mais de 75 anos, sempre medi as palavras com relação ao Presidente. No entanto, ele me liberou. Assim, qualquer dia vou dizer o que penso do Governo dele, do que penso sobre o que ele está fazendo e sobre o que a gente esperava que ele fizesse.

O Fernando Henrique disse com todas as letras: “Esqueçam o que eu escrevi”. Na verdade, líamos os livros de Fernando Henrique, excepcionais, explicando o que era a socialdemocracia, que era um movimento esplêndido quando nasceu na Espanha, com Felipe González; na França, com François Mitterrand; na Inglaterra, com Tony Blair. Mas, depois, no Governo, uniu-se ao PFL e, realmente, o Fernando Henrique esqueceu tudo o que escreveu e pediu que todos esquecessem.

Do Lula, a gente tem de dizer: “Esqueçam o que eu falei!”. Quando é que eu ia imaginar que Lula iria dizer: “Eu nunca fui esquerdista”, como se fosse uma ofensa ser esquerdista. Quando é que eu ia imaginar que o Presidente do Banco Central do Governo Lula fosse esse que está aí, vindo do Banco Mundial, Presidente do Banco de Boston, único estrangeiro Presidente do Banco de Boston - aliás, Presidente de um Banco americano. É por essas coisas que há um sentimento...

Em conversa com colegas de outros Estados, eles dizem que não é muito diferente nos seus Estados: há uma tendência muito grande pelo voto nulo. E agora está começando a se formar grupos que vão trabalhar pelo voto nulo.

Se já há uma tendência, se ao natural as pessoas pensam assim, se já há um movimento trabalhando nesse sentido, é fácil imaginar que o campo é muito fértil.

Lembro-me de 1970. Em 1970, o AI-5, a nomeação de governadores e a não-escolha de Presidente levaram o Brasil a uma imensa campanha de adesão ao voto em branco. Essa campanha foi tão intensa que a Arena chegou em primeiro lugar, o voto em branco em segundo e o MDB em terceiro. A nossa representação nesta Casa ficou reduzida a sete Senadores, não mais do que sete Senadores. O voto em branco, é claro, foi dado principalmente pelos que eram da Oposição.

Não vejo isso agora. Vejo que, hoje, o voto nulo é mais pregado pelo PT. É impressionante! Sou uma pessoa que, pelo meu estilo - sou professor universitário -não consigo atender ao grande número de palestras, conferências e seminários que sou convidado a fazer nas universidades. Até um ano depois da eleição do Lula, entrávamos na universidade e víamos que era impressionante o mar de bandeiras vermelhas, o mar de distintivos do PT, de bandeirinhas. Praticamente todos os alunos universitários faziam questão de manifestar preferência pelo PT. Hoje, a coisa mais difícil que existe é encontrar um petista na universidade, um que se manifeste, que porte uma bandeira.

Tínhamos em Porto Alegre, ali na esquina do gasômetro, um espaço belíssimo, à beira do Guaíba, belíssimo. Ali, aos sábados e domingos, vê-se a alegria do porto-alegrense que não tem mar, que não tem praia. É um mar de gente, e o PT tomou conta daquele lugar. Então ali, em outros anos, era até difícil alguém entrar porque era bandeira vermelha, era PT, era tudo.

No sábado passado, fui lá fazer uma gravação para um programa de televisão e fiquei impressionado: não tinha uma bandeira do PT, não tinha um distintivo do PT e, o que é mais interessante: não tinha do PT e não tinha de partido nenhum, de nenhum partido. E o que é mais interessante é que, em Porto Alegre, no último fim de semana de julho, depois de um período de frio tremendo, não mais que de repente, faz um calor de 30 graus. Então, à beira do Guaíba, estava uma enchente de gente, de crianças, enfim, uma multidão de gente, mas ninguém - e isso me chamou a atenção - mostrava os dentes, ninguém ria, inclusive comigo ninguém teve um gesto de carinho, muito menos de agressão. Era um olhar nostálgico. Havia um sol imenso, crianças brincando, mas parecia que os pais estavam caminhando com um defunto à frente, tal era o grau de prostração.

O Sr. Ney Suassuna (PMDB - PB) - V. Exª me permite um aparte, nobre Senador?

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Pois não.

O Sr. Ney Suassuna (PMDB - PB) - V. Exª está alertando para um fenômeno que realmente já tenho constatado em vários lugares. Na semana retrasada, fui a uma agência do Banco do Brasil abrir a conta de campanha, e a funcionária do Banco me dizia...

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - V. Exª usa banco?

O Sr. Ney Suassuna (PMDB - PB) - Temos de usar banco.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Não. Temos um colega do Senado que diz que detesta banco. Prefere guardar o dinheiro em casa.

O Sr. Ney Suassuna (PMDB - PB) - Não, mas é obrigado para conta de campanha.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Ah, sim. Mas V. Exª guarda o dinheiro pessoal em casa?

O Sr. Ney Suassuna (PMDB - PB) - Tem de ser, inclusive, uma pessoa jurídica, embora eu seja pessoa física.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Tenho um colega que guarda dinheiro em casa e diz que detesta banco.

O Sr. Ney Suassuna (PMDB - PB) - Mas V. Exª não tem idéia. A funcionária me disse: “Vou votar em branco e, como eu, muitas pessoas aqui e amigos meus também”. Eu respondi: “Mas isso é um erro da parte da senhora”. Ela disse: “Não, estou muito desiludida com tudo”. Não é uma coisa isolada o que V. Exª está vendo no Rio Grande do Sul. Essa situação está se espalhando em muitos lugares. É preciso que haja um convencimento de participação, porque há muita desilusão realmente. E não é só por parte dos eleitores; há muitos agentes políticos desiludidos. V. Exª está alertando para uma vertente sociológica nova para a qual devemos estar atentos.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Senador, fui hoje ao Presidente do Tribunal Superior Eleitoral. Tive a honra de ser recebido por S. Exª. Aliás, como era véspera do início da sessão, terminei, para emoção minha, confraternizando com todos os Ministros, tendo à frente a querida Presidente Ellen Gracie.

Fui levar a ele isto. Em primeiro lugar, felicitei-o porque o Tribunal já está colocando na televisão um programa de chamamento sobre a importância do voto. Mas fui levar ao Presidente, foi minha obrigação. Disse: “Olha, Presidente, vejo sinais graves. Graves e de conseqüências muito funestas”. Normalmente, essas pessoas que não vão votar têm a melhor das intenções. Elas não vão votar devido a um sentimento de mágoa, de revolta, e não estão entendendo que farão um mau serviço a elas e ao País com essa decisão. Está certo, não vote no Senador Pedro Simon, que está aí uma vida inteira, e o Brasil não melhorou. Mas há mais nove candidatos ao Senado Federal. O Pedro Simon, que é Senador, deixe de lado, mas vote no outro. E isso vale para todos os cargos.

Acho que, nesta eleição, haverá muitas novidades: muita gente não voltará e muita gente nova virá para esta Casa. Mas é importante que o eleitor entenda que deve fazer uma seleção.

O sistema eleitoral brasileiro está profundamente errado. Neste País, volto a repetir, onde só ladrão de galinha vai para a cadeia, o Tribunal de Contas deu o nome de uma série imensa de políticos (Deputados, Prefeitos) condenados por aquele Tribunal e que, portanto, não podem ser candidatos. O Presidente do Tribunal, um ilustre gaúcho, entregou a relação ao Tribunal Eleitoral, e a imprensa publicou em manchete. Era um número imenso - mais de 300, não sei quantos - de políticos que não podem ser candidatos porque estão condenados pelo Tribunal, que suspendeu o direito deles serem candidatos.

O que acontece? Não acontece nada, porque, se algum desses candidatos forem impugnados, responderão que não transitou em julgado. E esse “não transitou em julgado” significa que qualquer um político que tenha certo prestígio e um bom advogado recorre, recorre, recorre, morre e não há decisão nem de absolvição, nem de condenação. Então, nessas condições, é difícil selecionarmos a carreira política, os nomes que poderiam participar de um debate.

Esteve aqui, hoje, um Senador do PMDB de Sergipe, que teve uma atitude, na minha opinião, corajosa. Ele falou que há cinco Senadores - falou de V. Exª, Senador Tuma -, cujos nomes estão na imprensa com afirmativas, mais afirmativas e mais afirmativas, e não acontece nada. Argumenta ele que V. Exª, a Casa deveriam tomar alguma providência em favor deles. O que acontece hoje? A imprensa publica a matéria, com o nome em uma manchete. E pára por aí, não se fala mais nada, não há julgamento. Ele não é condenado, não é absolvido. Mas, para a opinião pública, ele está condenado. Para a opinião pública, a Justiça não tem peso de decisão. E não tendo peso de decisão, ela não decide nada.

A condenação, portanto, já foi feita. E o nobre Senador tinha razão quando dizia que o nosso bravo companheiro Tuma, pela sua posição de Corregedor - sei que não é fácil, pelo amor de Deus! -, alguma coisa deveria pensar em fazer, pelo menos liberar os que não têm culpa. Se não pudéssemos chegar ao final e condenar alguém, pelo menos que pudéssemos ter condições de dizer “o Fulano não tem nada”.

Como está, o pensamento é altamente negativo contra o cidadão, contra o político, contra aquele esteve em matéria publicada na Veja, na ISTOÉ ou veiculada no Jornal Nacional.

Vejam como estamos expostos! Um cidadão que é um vigarista, que é o autor, o chefe da quadrilha, com a delação premiada, dará o nome de todo mundo. Daqui a pouco estarão lá os nomes de nós três, do Senador Eduardo Suplicy, o de V. Exª, o meu, a da nobre Presidente. Daqui a pouco, estaremos lá. Ele, um vigarista, dá o nome, e está dado o nome. E fica por isso mesmo. Vou apenas citar um. Nós temos um Deputado do Rio Grande do Sul, do PP, que não é do meu Partido, o Érico Ribeiro. É o maior plantador de arroz do Brasil, durante muito tempo. É um grande empresário.

(Interrupção do som.)

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Eu não acredito que ele esteja envolvido nesse negócio por R$10 mil, até porque não tem lógica.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - É importante que V. Exª repita essa parte, agora que o som está funcionando, pois é esclarecedora.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Por exemplo, o Deputado Érico Ribeiro é do PP; não é do meu Partido. Mas é um grande empresário, embora os produtores de arroz no Rio Grande estejam vivendo uma hora muito difícil. Mas é um grande empresário. De repente, imaginar que esse cidadão, um empresário que teve a coragem de entrar na política, que trabalha noite e dia na política, entrou no negócio das ambulâncias por R$10 mil? Não tem lógica! Agora, o cara citou o nome dele, que foi publicado no jornal. E lá no Rio Grande do Sul dizem: “Mas o Érico Ribeiro? Mas meu Deus do céu!” E quando a imprensa vem falar comigo, digo: “Eu não acredito”. Não acredito porque não tem lógica, foge da racionalidade das coisas uma questão que nem essa.

Os fatos me levam à Senadora Heloísa Helena, que agora está presidindo a sessão.

O Sr. Romeu Tuma (PFL - SP) - É importante que, sendo ela candidata à Presidência da República, nós a prestigiemos cada vez mais.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Parece um gesto bonito.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Eu gostaria de fazer um aparte quando V. Exª...

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Considero um gesto muito bonito desta Casa. A Senadora Heloisa Helena, nos jornais de hoje, deixou-me muito angustiado. É muito pesada aquela manchete: “Não me mate, pelo amor de Deus”.

Diz a Senadora Heloisa Helena que há, agora, um movimento no sentido de querer esvaziar a candidatura dela. Quero dizer a V. Exª que eu não acredito.

Houve uma decisão muito importante do Tribunal Superior Eleitoral. Eu até não tinha entendido quando vi a propaganda igual de todos os candidatos à Presidência, no Jornal Nacional: Lula, o PSDB e V. Exª do mesmo tamanho. E eu pensei: “Mas o que deu na Globo?” Foi uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral. Aliás, uma decisão que considero justíssima. Quando rádio, jornal e televisão vão divulgar o dia dos candidatos, têm de ser do mesmo tamanho. E não calcula V. Exª como isso tem feito bem para V. Exª, porque aparece todo mundo, mas aparece V. Exª, com seu estilo, recebendo o carinho popular e sempre dando um recado. E o seu recado é positivo. Dê alguns recados com carinho, não precisa ser sempre com raiva. Diga alguma coisa boa para o povo, que o povo espera.

Eu tive uma discussão, outro dia, em Porto Alegre, que até saiu no jornal, com a nossa querida amiga e Deputada. Eu estava em um grupo de pessoas, e me perguntaram: “O que o senhor acha da Senadora Heloisa Helena?” E eu disse: “Olha, acho uma baita mulher, ela é o Teotônio Vilela de saias. Tem o mesmo estilo, a mesma garra, a mesma capacidade”. Aí os caras me olharam assim: “Mas o senhor enlouqueceu!. Então ela vai ser eleita Presidente da República?!” Aí deram os nomes dos Ministros. O primeiro que eles citaram foi o do Deputado barbudo de vocês. “O Babá vai ser o Ministro da Fazenda.” Eu disse: “Olha, eu não acredito nisso. Eu converso com a Heloísa, acho que, se ela chegasse à Presidência da República, ela faria um governo de entendimento nacional. Faria um governo de entendimento nacional. É claro que ela escolheria os seus Ministros numa área, que não é área de banqueiro, que não é área do BankBoston. Mas ela escolheria no sentimento da unidade nacional, buscaria um empresário de gabarito, buscaria um homem da Igreja de gabarito, buscaria um intelectual.“ E aí tive que discutir e dizer que era isso que eu achava, isso que eu garantia. E era isso que eu pensava que o PT faria. Eu nunca pensei que o PT faria o que ele fez. Nunca pensei. No início, eu achava o Ministro da Fazenda um belo cara, até que a biografia dele veio à tona. Ninguém sabia. Duvido que o Lula não soubesse. Mas ninguém sabia.

Então, eu acho que ninguém vai mexer na candidatura de V. Exª. Acho que há uma situação hoje muito séria. O sentimento é o de que o Lula não vai aos debates por causa da Senadora Heloísa. É o que todo mundo pergunta: “É verdade que o Lula não vai aos debates por causa da Senadora Heloísa? Por quê? Ah, porque ela vai com aquele jeito dela, esticar o dedo e cobrar as promessas.” 

Mas é verdade uma coisa que o candidato do PSDB disse, no debate de domingo, na Rede Bandeirantes, e que achei muito certo, ao ser perguntado se confirmava a presença: “O senhor confirma a sua presença?”. Então confirmaram a presença do Geraldo, de V. Exª, do PDT. E o Geraldo disse: “A minha presença está confirmada, desde que, se o Lula não vier, fique uma cadeira vazia.. Se o Lula vier, tudo bem; se não vier, não veio e a cadeira dele deve ficar vazia.” E aí, disseram: “Se a Senadora Heloísa vier, ele não vem.”

Aliás, temos uma política impressionante. A Senadora Heloísa é candidata à Presidência da República, pode ser candidata, registra sua candidatura, pode ser votada, tem programas de rádio e de televisão garantidos; mas as rádios e as televisões não precisam convidá-la para o debate. Estão convidando pelo prestígio, pela competência e pelo avanço que V. Exª está fazendo, pois seria ridículo fazer um debate sem V. Exª. Mas a decisão do Tribunal foi a coisa mais fantástica: pode ser candidata à Presidência, tem o espaço de rádio e de televisão gratuito, mas as rádios e televisões não precisam convidá-la.

Felizmente, as rádios tiveram mais visão do que a Justiça. As rádios, que foram liberadas pela Justiça para convidar, tiveram visão, embora alguns tenham dito que iriam ver a Senadora Heloísa, mas não veriam o Presidente da República. V. Exª poderia fazer um acordo, um entendimento, prometer que não sairia do lugar, que não levantaria o dedo ao Presidente e não o assustaria tanto como está assustado.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - V. Exª me permite um aparte?

Senador Pedro Simon, eu estava saindo para um compromisso, mas, ao ouvir as ponderações de V. Exª no caminho, guiando meu carro, decidi voltar e participar.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Aliás, é impressionante V. Exª, é impressionante o que está acontecendo em São Paulo. É impressionante mesmo. O Serra ganha no primeiro turno, porque, conforme a pesquisa, tem três vezes o número do Mercadante; e V. Exª ganha no primeiro turno, porque tem mais do que três vezes a votação do que está em segundo lugar. Isso demonstra que, em São Paulo, o voto é absolutamente pessoal.

O PT tem um candidato a Governador, que é o seu Líder, brilhante, embora haja aquela piada que o nosso Senador do PFL do Piauí, o Heráclito Fortes, fez aqui em um debate com o Senador Mercadante. ...Aliás, feliz aniversário ao Heráclito Fortes! Queríamos parabenizá-lo pessoalmente, mas ele não apareceu; deve estar não sei onde, ou no Rio, ou no Piauí. Aí o Heráclito, respondendo ao Mercadante, disse: “Ó Mercadante, enquanto você continuar economizando bom-dia e boa-tarde para colocar na poupança, você não vai ganhar o Governo de São Paulo!”. E, pelo jeito, o Mercadante continua economizando bom-dia e boa-tarde.

O Serra está em primeiro lugar, ganhando tranqüilo no primeiro turno.

A informação que recebi do Quércia é que o PT ofereceu a vaga do Senado para ele. E que ele não aceitou, porque ele pensou: “Se eu for candidato no lugar do Suplicy, o povo vai votar em qualquer um contra mim e vão dizer que fui o algoz do Suplicy, que o Quércia tirou o Suplicy.” E a prova de que ele está certo é V. Exª. Numa hora como esta, por que V. Exª tem esse prestígio? Pela fidelidade de V. Exª. Acho V. Exª uma pessoa fantástica, porque V. Exª caminha num fio de navalha, num fio de navalha e sem rede a não sei quantos metros de altura.

V. Exª é mais competente que a Senadora Heloísa Helena. Heloísa, que botou o peito na navalha, e eles enfiaram. V. Exª nunca botou o peito na navalha, caminha em cima do fio da navalha. V. Exª não se dobrou. Não existe nada que atinja a sua dignidade. Pelo contrário, V. Exª faz as provocações. Foi candidato contra o Lula, que não queria, foi para as prévias, que teve de sair. E V. Exª convida insistentemente o Presidente Lula para vir aqui depor, coisa que ele mais detesta, e é fruto do pronunciamento de V. Exª. E as pesquisas demonstrando isso. E é fruto da Senadora Heloísa Helena, da presença nesta tribuna, o percentual que vem alcançando. E com esse meio minuto por dia em todos os jornais e em todas as televisões, é impressionante como a Senadora está sendo conhecida.

O nosso querido Geraldo Alckmin faz do jeito dele. Tinha de haver um pouquinho mais de pimenta. V. Exª, não. Garanto que, antes de começar o espaço de televisão, antes do dia 15, V. Exª estará com 15%. E aí não acredito, pelo amor de Deus. V. Exª exagerou nesse negócio de “não me mate”, não acredito, não vai acontecer. Se baterem em V. Exª, quanto mais baterem, mais V. Exª crescerá.

Volto a dizer: é inimigo de V. Exª? Aliás, V. Exª deveria fazer uma campanha no sentido do voto nulo.

Fui hoje falar com o Presidente do Tribunal Superior Eleitoral. Levei a S. Exª a minha angústia no Rio Grande do Sul. É impressionante o número de pessoas que pretendem votar “nulo”, desiludidas, completamente desiludidas, basicamente com o PT.

Eu estava contando, Senadora, que, sábado, fui ao foco do PT, que é a Usina do Gasômetro, na frente do Guaíba. Um mar de gente, num sábado de julho, 30 graus centígrados. Eles caminhavam, e a cena parecia um velório: não riam, não protestaam e não falavam.

Temos de dizer para essa gente que a pior coisa que podem fazer - e V. Exª poderia fazê-lo, uma ou duas vezes, no seu meio minuto de tempo na televisão - é votar em branco ou anular o voto.

A pessoa que anula o voto não se vende, não compra; é pessoa honesta, não é corrupta, não tem interesse, não tira vantagem. É uma pessoa que tem grandeza, mas que está revoltada e pensa que a maneira de manifestar seu protesto é votar em branco ou anular o voto. Ela não imagina que, fazendo isso, está ajudando os que têm pior caráter, os que compram o voto, os que estão em busca de voto.

Acredito até que o Senador Tasso Jereissati exagerou. Ele me disse que está assustado porque, na região dele, os Parlamentares que entraram no mensalão ou que estão envolvidos no esquema das sanguessugas hoje estão cheios de dinheiro e estão fazendo campanhas ricas, porque têm dinheiro, ao contrário dos outros, que não têm. Ele disse que há dois tipos de parlamentares: os que estão com dinheiro e os que não estão; os que estão gastando na campanha e os que não estão gastando. E os que estão gastando na campanha, casualmente, ou são mensalistas, ou são sanguessugas.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - V. Exª me permite um aparte?

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Pois não.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Primeiro, eu gostaria de assinalar que, muitas vezes, sinto que tenho extraordinária afinidade com V. Exª. Hoje, inclusive, as pesquisas do Ibope deram bons resultados. De alguma maneira, tivemos o mesmo resultado: o resultado de V. Exª, no Rio Grande do Sul, é igual ao meu. Então, o que V. Exª falou de positivo a meu respeito é também o que o povo do Rio Grande do Sul está reconhecendo em V. Exª.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Não, não, é bem diferente. Eu não tenho a grandiosidade de V. Exª. Sou uma pessoa que lutou muito: fui contra a ditadura, contra o regime, contra o Dr. Brizola. Então, há um sentimento do “não” em relação a mim grande. Com V. Exª, não. V. Exª tem um movimento de simpatia em torno de si. Posso ser sincero com V. Exª?

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Primeiro, quero lhe dizer algumas coisas.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Eu, às vezes, sou sincero e digo o que não devo dizer.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Pode ser. Nada como a sinceridade!

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Uma vez, falei com a Senadora Heloísa, e ela ficou magoada comigo. Ela estava usando uma blusa em que se lia: “Fora, Bush”. E eu lhe disse: “Tire essa blusa!” V. Exª é candidata a Presidente da República. V. Exª tem de se convencer de que tem condições de ser Presidente da República; e, sendo Presidente da República, vai ter de governar, com o Bush lá.

A SRª PRESIDENTE (Heloísa Helena. P-SOL - AL) - Eu nunca ficarei incomodada com V. Exª, Senador Pedro Simon, tenha certeza disso. Eu gosto de V. Exª. Aliás, dos quatro que estão aqui no plenário. Prefiro as críticas fraternas, honestas, mesmo que possam ser duras para a minha alma e o meu coração, do que a traição dos que abraçam pela frente e esfaqueiam pelas costas. Então, toda crítica franca e fraterna, acolho com delicadeza, porque sei que ela expressa a generosidade de quem gosta.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Obrigado, muito obrigado!

Vou dizer o seguinte: a separação de V. Exª com a Marta, o povo de São Paulo nunca aceitou. Mas foi possível observar a grandeza de V. Exª durante todo o episódio, o seu estado de espírito, o sofrimento que V. Exª mostrou. E a continuidade da sua luta e o apoio que V. Exª deu à candidatura dela! Agora, São Paulo está retribuindo. O PT está em baixa e, em São Paulo, observa-se mágoa. E V. Exª, nesse tempo todo, orientou o PT, dizendo-lhe para mudar, para alterar, para modificar. O povo está do seu lado. Esse é o aspecto.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - V. Exª sempre fez ponderações a mim muito importantes ao longo da nossa convivência nesta Casa. Desde o primeiro dia em que cheguei, em 1991, foram muitos os momentos em que trabalhamos juntos. Quero até aproveitar, porque, amanhã, por iniciativa de V. Exª, do Senador Roberto Saturnino e por minha própria, teremos, às 10h, a presença do Ministro Celso Amorim para tratar tanto das questões relativas às dificuldades para a Rodada de Doha, dos acordos multilaterais entre os países desenvolvidos e em desenvolvimento, quanto do papel do Brasil - empenhados que todos somos - em relação à contribuição para a paz no Oriente Médio. Inclusive há a preocupação de V. Exª em relação aos seus próprios parentes, que, no Líbano, se vêem ameaçados. O Ministro Celso Amorim esteve na Turquia para acompanhar de perto o traslado dos brasileiros para o Brasil, mas há tantos ainda que, inclusive, optam por permanecer ali, em meio às bombas, que, infelizmente, continuam a ser lançadas. Mas, enfim, às 10 horas, a Comissão de Relações Exteriores, em reunião conjunta com a Comissão de Assuntos Econômicos, ouvirá o Ministro, também por iniciativa de ambos os Senadores que aqui travam este diálogo. Senador Pedro Simon, ouvi pelo rádio o seu pronunciamento e avaliei que seria importante dele participar. V. Exª falava da sua experiência pelas ruas de Porto Alegre, caminhando entre os jovens universitários, quando observou, quando sentiu como que um estado de espírito diferente daquele que V. Exª observara há alguns anos, com o PT tão entusiasmado. V. Exª bem o sabe, porque foi uma das pessoas que me influenciaram quando tomei determinadas decisões nesta Casa. Quero dizer-lhe que, em algumas ocasiões, como na sabatina da Folha, perguntaram-me: “Mas você considerou sair do Partido?” Respondi a eles: “Eu me sinto como se, de repente, alguém da minha família tivesse cometido um erro. Não vou querer sair da minha família”. Como o Partido dos Trabalhadores é uma instituição constituída de 850 mil ou mais filiados, se alguns cometerem erros, sinto-me na responsabilidade de contribuir para prevenir, para corrigir e caminhar numa direção mais correta. Obviamente, esse não foi o caso da Deputada Luciana Genro e da Senadora Heloísa Helena, que, juntamente com João Fontes e o Babá, foram expulsos, contrariamente à minha opinião.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Foram expulsos por cumprirem o programa do Partido.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Eu teria preferido que permanecessem no Partido, fazendo críticas, ainda que duras. Assim eu teria preferido. Tenho percebido nas caminhadas, junto com o Senador Aloizio Mercadante, que ele está, nas pesquisas, com 15%, mas tem toda a possibilidade de crescer, até por causa de seu procedimento nas ruas, de que sou testemunha, cumprimentando as pessoas...

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - É uma coisa muito simpática, até manequim ele cumprimenta agora. Ele levou ao máximo. O que uma campanha não faz!

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Esse foi um gesto de bom humor que ele fez, como graça, e que acabou sendo objeto da reflexão do Senador Heráclito Fortes na semana passada. Talvez seja até um sinal de como ele está querendo chegar junto ao povo. Disso sou testemunha. E quero ajudá-lo. Acredito que, inclusive, ele vai crescer. Até quero referir-me a um dos temas que V. Exª mencionou também. Tenho recomendado ao nosso ex-colega no Senado, ex-Ministro José Serra, que aceite participar de debates com Aloizio Mercadante. São duas pessoas de extraordinário nível, assim como Plínio de Arruda Sampaio e os demais candidatos a Governador. Quem ganharia com isso? O povo de São Paulo.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - O Plínio é candidato de que Partido?

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Do P-SOL.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Eu não sabia.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - É. Então...

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Como ele está na pesquisa?

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Com 1%, por enquanto, mas está na batalha, e quando a Senadora Heloísa Helena vai a São Paulo tem estado junto a ele. Tenho dito, e quero reiterar, que será positivo para o Presidente Lula dar o exemplo, porque isso colocará o candidato José Serra em uma situação de precisar debater com Aloizio Mercadante.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Não, se o Lula for para o debate, tenho convicção absoluta de que o Serra também irá.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Bom, aí é que está.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Não tenho nenhuma dúvida nesse sentido.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Hoje, estou persuadido de que essa é a melhor maneira de o Presidente Lula ajudar o candidato que é Líder do Governo. Pelo que tenho testemunhado, de todos os candidatos a Governador, o Presidente Lula tem enorme vontade de ajudar, de impulsionar a candidatura do Senador Aloizio Mercadante. Vou estar com Lula na campanha, na sexta-feira e no sábado, e vou transmitir-lhe que a melhor maneira, hoje, de ajudar o nosso companheiro Aloizio Mercadante é o Presidente Lula aceitar o debate com os seus adversários, porque isso tornará inevitável que José Serra também aceite o debate, pelos meios de comunicação, com o Senador Aloizio Mercadante. Tenho a convicção de que, aí, as coisas vão-se equilibrar entre José Serra e Aloizio Mercadante, porque este tem também qualidades excepcionais, ainda não todas conhecidas pela população de São Paulo. Quem vai sair ganhando com isso são os eleitores e a democracia, que se vai fortalecer.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Agradeço o aparte de V. Exª.

Se o Lula vier ao debate, o Serra não terá como não vir. Não terá como não vir. O Serra cairá no ridículo se não comparecer. Agora, se o Lula não vier, até o Rigotto pensará em não comparecer.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - E, quanto à recomendação de V. Exª à Senadora Presidente, Heloísa Helena, de que tenha um procedimento com o Presidente Lula, no debate, o mais alto possível, acredito que ela vai ouvi-lo.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Ela vai ter. Ela vai ter. Quando chegarem e ficarem na entrada, ela vai ficar toda emburrada do lado e Lula vai querer se chegar: “Oi, tudo bem?” “Tudo bem?” Nem sei o que ela vai fazer.

A SRª PRESIDENTE (Heloísa Helena. P-SOL - AL) - Sabe. Não gosto de ficar interrompendo, porque acho insuportável quando quem está na Presidência fica interrompendo os oradores inscritos, mas sabem os Senadores Pedro Simon, Suplicy, Wellington e Tuma que eu jamais seria capaz de um gesto pouco civilizado ou menos educado com quem quer que seja.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Pronto, está aí. Então, pronto. Leve isso ao Lula.

A SRª PRESIDENTE (Heloísa Helena. P-SOL - AL) - Não farei isso.

Só espero que o Presidente Lula não tenha medo do que fez, porque de mim ele não deve ter medo algum. Fui muito bem educada, numa família pobre, mas muito, muito bem educada para tratar as pessoas de forma civilizada, delicada, com ternura até. Só não sou domesticada, mas muito bem-educada eu sou. Então, ele não precisa ter nenhum medo de mim.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Está feito. Está vendo? Resolveu-se um problema hoje, nesta noite.

A SRª PRESIDENTE (Heloísa Helena. P-SOL - AL) - Só espero que ele não tenha medo do que fez, somente isso. Agora, de mim, não. Sou muito bem-educadinha, um poço de ternura.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Com toda a sinceridade e todo o respeito, tenho muito carinho pelo nosso querido candidato do PDT, professor Cristovam, mas a Senadora Heloísa empolga mais. Ela tem um estilo, uma forma e um conteúdo que são importantes para evitar o voto nulo. Tenho dito isso. No meu caso, no Rio Grande do Sul, digo que não precisam votar no Pedro Simon. Lá, há nove outros candidatos ao Senado. Nove bons candidatos. Então, se o Pedro Simon não é bom, se há restrições, não precisam votar nulo. Não precisam votar nulo. Votem num dos outros nove. Isso vale para a Presidência. Há muitos candidatos. No primeiro turno, é melhor votar em alguém do que votar nulo.

Depois, vamos decidir o voto final no segundo turno. O cara pode até pensar em votar nulo no segundo turno: “Ah, ficaram só esses dois, eu não quero nenhum dos dois e votarei nulo”. Pode ser, mas não acredito que entre 13 não haja uma opção em que se possa votar. Isso não é uma realidade e é o que devemos esclarecer para a opinião pública. Devemos esclarecer isso para a opinião pública.

Para Deputado, eu imagino - e isso me machuca -, que no Rio Grande do Sul, em tese, os nossos candidatos, de todos os Partidos, são gente séria, responsável e competente, mas esse ambiente de votar contra o atual Congresso é uma imensidão. É uma imensidão!

Eu digo: se não quer votar num congressista, se não quer votar num Deputado do PMDB, há uma série de pessoas que são candidatas pela primeira vez e que têm todas as condições. Inclusive, há candidaturas como as de Ibsen Pinheiro, que pretende voltar para a política; de Zanetti, que foi um espetacular Deputado e Presidente do Cpers do Rio Grande do Sul, autor do projeto de voto aos 16 anos; e de Odacir Klein, que foi nosso Líder e um dos mais brilhantes Parlamentares que tivemos. Votem nesses ou em outros tantos jovens que são candidatos pela primeira vez.

Isso vale para os outros Partidos também. Estou falando do PMDB, mas o PT, o PSDB e os outros Partidos também os têm. Anular o voto é o pior serviço que pode acontecer. O pior que pode acontecer. O cara que anula o voto, vamos ser claros, é uma pessoa responsável, séria, que vota com emoção, mas com responsabilidade, é uma pessoa que quer o bem do seu País; está magoada, está revoltada, então, acha que está fazendo o bem. Só que, aí, ela está errada! Vote na Heloísa, por exemplo, para Presidente. Não vote nem no Lula nem no Alckmin. Vote nos outros nove candidatos a Senador; não vote no Pedro Simon, vote nos outros nove candidatos a Senador. Há 32 Deputados Federais no Rio Grande do Sul. Não quer votar nos Deputados? Não vota. Mas tem mais 150 candidatos a Deputado Federal, de todos os partidos, que podem ser escolhidos. É dessa campanha que vim falar. Falei. E tive uma longa conversa com o Presidente do Superior Tribunal Eleitoral, de quem, aliás, sou fã. Acho que o discurso de posse de S. Exª, cada vez fico mais emocionado, quando S. Exª disse que “O Brasil é o País do faz-de-conta”. É verdade. O Brasil é o País do faz-de-conta. Nós, aqui, fazemos-de-conta que legislamos; o Presidente da República faz-de-conta que cumpre a lei; o Judiciário faz-de-conta que bota na cadeia os corruptos. O Brasil é o País do faz-de-conta! Mas S Exª recebeu com muita seriedade. Já está fazendo programas de televisão, orientando. Mas orientando, classicamente: “Olha, você tem de votar. É importante o seu voto”. Mas, pelo menos, eu falei para ele que acho que ele tinha de amansar um pouco, afinal, e mostrar: ”Olha, você acha que a situação é assim, que a situação não é tão boa, você tem mágoas, mas escolha um candidato. Escolher é bem difícil, mas vote em um candidato”. Acho que a campanha do Superior Tribunal Eleitoral deve fazer isso. Nos meus programas de televisão, vou usar dois deles só para dizer para votarem. E vou dizer isto que estou dizendo aqui: “Não precisam votar no Pedro Simon; mas tem mais nove candidatos ao Senado”.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Muito bem!

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - “Não é preciso votar nos Deputados que estão aí, que são 32, mas há mais 160 candidatos!” Agora, anular o voto é um crime! E o que estou sentindo é uma intenção imensa de votar nulo.

O Sr. Eduardo Suplicy (Bloco/PT - SP) - Com respeito, Senador Pedro Simon, ao alerta hoje feito pelo Senador Tasso Jereissati, é preciso considerar que esses que estão com o pé atrás em relação aos candidatos que aparecem com muito dinheiro em suas campanhas, eles têm a oportunidade, sobretudo os jovens, mas toda a população, de observar quanto cada candidato e cada Partido estão gastando. Se se verificar que alguém está realizando um dispêndio extraordinário para ser eleito, que se averigúe por que razão, como. Nesse sentido, a nova legislação, que está a nos exigir transparência nas contribuições e nos gastos, é muito positiva. Tenho recomendado que tornemos transparentes, desde já, as fontes e os nossos gastos. No dia 6 próximo, V. Exª, eu, todos nós, teremos de mostrar ao Tribunal Regional Eleitoral quais as fontes e os gastos de nossas despesas, que serão encaminhadas ao Tribunal Superior Eleitoral. Poderemos, voluntariamente, até divulgar isso. Eu vou fazê-lo. Até agora, quase não movimentei recurso algum. Já abri, porque a lei exige, a minha conta, pela qual sou responsável. Portanto, no dia 6, tenho de fazer a minha primeira demonstração - repito -, que quase não terá movimentação, mas considero importante a demonstração aberta não apenas para o Tribunal Regional Eleitoral, mas para quem quiser saber. Penso que será bom que os eleitores perguntem, observem quanto cada candidato está gastando.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - O que eu acho triste é irmos para uma campanha não fazendo nenhum tipo de peneira. É claro que eu citei aqui o caso do Deputado gaúcho, R$10 mil, um homem milionário, não tem nada que ver com isso. Mas tem casos que sabemos que são verdadeiros. No entanto, não acontece nada. Não acontece nada.

Eu estava para perguntar: “Não era o caso de os partidos se reunirem nas suas convenções e verem os casos?” É claro que um partido não pode, na dúvida... Não! Mas são casos que não dá para discutir. Por exemplo, o Líder do MDB, que renunciou para não ser cassado. A Convenção do MDB, lá no Paraná, muito esplendidamente, o retirou, não o botou na nominata. Está entrando na Justiça. Eu falei com o juiz: “Só falta a Justiça concordar!” Até porque, independente da parte jurídica, da parte da corrupção, a convenção tem o direito de não botar. Houve uma época em que o Deputado era candidato nato, tinha de estar na nominata. Hoje, não tem. Então, eu acho que o PMDB do Paraná teve um gesto - na minha opinião - espetacular. O cidadão, aquele que era o Líder da Bancada do PMDB, que pegou dinheiro e que, na hora, renunciou ao mandato para não ser cassado - e foi bobo, porque não cassaram ninguém depois; esse deve estar arrependido, porque não cassaram coisa nenhuma -, mas ele renunciou para não ser cassado, a Convenção do PMDB do Paraná retirou o nome dele. Ele está brigando na Justiça. Acho que os partidos poderiam pensar nisso. Deviam pensar nisso. Deviam pensar nisso! Volto a repetir: não é uma catarse geral, pegar todo mundo, não! Mas há casos que sabemos; há casos que já serviriam para dar um exemplo no sentido de se fazer alguma coisa.

O Miro Teixeira - e, aliás, junto ao Tribunal, tem gente que acha que esse problema de que, para ser impedido de concorrer, só com condenação transitada em julgado, o que nunca vai acontecer, porque quem tem dinheiro recorre, recorre e recorre -, ele pensa que não precisa, pois pensa que há casos em que você pode fazer a impugnação do registro por causa determinada, o que pode ser feito. Pode ser feito! Então, eu não sei, tchê! A Comissão de Ética agiu, na minha opinião, com muita seriedade. No plenário da Câmara, vamos falar com toda a seriedade, foi um troca-troca. Ou seja, o PMDB, o PSDB, o PT, o PFL: “tu tiras os meus, que eu tiro os teus; tu tiras os meus que eu tiro os teus”, e tiraram todo mundo. Só foi cassado, cá entre nós, o Deputado Roberto Jefferson, que pode ter cometido mil coisas erradas, mas teve a coragem de fazer o que fez: contou tudo! Se não fosse ele, não havia acontecido nada. Tenho de dizer, com toda a sinceridade: se não fosse o Deputado Jefferson, estava tudo igual! Estava tudo igual, a mesma coisa! Este País é algo fantástico! Se não fosse o Jefferson, não havia acontecido nada! Se não fossem o Senador Jefferson e o Pedro Simon entrarem no Supremo pedindo para anularem a decisão do Sarney e do Renan, que não deixaram criar a CPI, que foi uma atitude, um escândalo, foi a coisa mais escandalosa que aconteceu... Nem na ditadura houve isso. Na ditadura, nós criamos quantas CPIs! Inclusive, aqui no Senado, criamos a CPI da Energia Nuclear, cujo responsável pela energia nuclear era o Presidente Geisel, o ditador da época, mesmo assim, criamos a CPI. Mas, agora, o Renan, que era Líder da Bancada, mais o Mercadante, que também era Líder da Bancada, mais não sei quem e não sei quem, se reuniram e decidiram o seguinte: “CPI, só com a nossa aprovação. Quando nós quisermos, votamos!”. Aí, fomos ao Sarney, fomos cobrar do Sarney, que era o Presidente do Senado. Está lá escrito, se os Líderes não indicam, o Presidente do Senado indica. “Eu não indico.” Então, entramos no Supremo, e, por 9 a 1, mandaram indicar. Mas o que aconteceu? Se o Presidente Lula - quando fui falar com ele, naquele caso do Waldomiro, que apareceu na televisão, naquele gesto dantesco de o cara pegar o dinheirinho, R$5 mil e colocar no bolso - tivesse deixado criar aquela CPI, mudava tudo! Porque, no momento em que ele demitisse aquele cara, no momento em que a coisa começasse a aparecer na primeira, não precisariam vir mais três. Não deixou? Não puniu? Abriu a portinhola!

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Senador Pedro Simon, V. Exª sabe muito bem que, nesta Casa, tenho V. Exª e também a Senadora Heloísa Helena como pontos de referência, diferentes, porém pontos a serem observados para se adquirirem conhecimentos. Sou membro titular da CPI dos Sanguessugas, assinei o requerimento, a Senadora Heloísa Helena sabe disso, no entanto, o que está acontecendo na CPI - já me manifestei aqui, sozinho - é que a CPI tem de colocar tudo em votação, Srª Presidente, Senadora Heloísa Helena. Não concordo, Senador. Por quê? Porque, em algum momento da minha vida, já fui atacado e sem direito de defesa. Eu era fraco. E senti o que é ser fraco e não ter direito de defesa. Então, passei, a partir daquele momento da minha vida, a falar: quando for mais forte, vou dar o direito de defesa, e, quando for fraco, vou lutar para ter direito de defesa. Então, o que está acontecendo na CPI? A CPI não fez nenhum encontro, Senadora Heloísa Helena, só o primeiro para criar. Estou aqui, fazendo como V. Exª faz, lendo o Regimento Interno, lendo a Constituição, porque amanhã vou entrar, de alguma maneira, com requerimento, pedindo que se cumpra o Regimento Interno. Por quê? Vamos votar para fazer investigação dos Ministros, do qual o Relator Amir Lando, meu grande amigo, por quem tenho maior respeito, faz. Temos de votar. E, ao votar, cada um terá a sua responsabilidade, Senador Pedro Simon. Não está acontecendo isso. Simplesmente o grupo se reúne. Agora mesmo, eu estava conversando com o Senador Romeu Tuma, que amanhã o Vedoin será entrevistado e não fomos comunicados. Não sei se V. Exª, Senadora Heloísa Helena, o foi. Ele será entrevistado na Polícia Federal. Sou membro titular, sub-relator, não estou sabendo. Isso é um absurdo!

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Amanhã?

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Amanhã. A informação a respeito da qual conversei com o Senador Romeu Tuma é que, amanhã, o Vedoin será entrevistado na Polícia Federal pelo quarteto fantástico. Não fomos nem comunicados. Não sei se V. Exª tem alguma dúvida, mas eu tenho dúvida. Quero perguntar a ele: Vedoin, quem depositou? Fulano de tal, você deu o dinheiro na mão? Você encontrou? Não tenho direito a fazer essas perguntas. Não tenho o direito a votar. Não tem uma reunião da Comissão. Vamos colocar em votação o requerimento para convocar os Ministros dos governos tais, tais e tais. Vamos votar e aí é perder ou ganhar. Não estou podendo exercer o meu direito de voto, Senador Pedro Simon. V. Exª, que é um homem que já viu todos os grandes momentos do Brasil, tenho certeza de que sempre exerceu e teve a maior honra e a vontade de exercer o seu direito de voto; perdendo ou ganhando, colocou a sua posição. Nós não estamos tendo esse direito. É um grupo só que se reúne, fala pela Comissão, pela CPI; acaba de matá-lo e, de repente, o faz renascer, porque mata o político e, no dia seguinte, fala que não está mais na lista, que está outro. Quero ter o meu direito de analisar as provas e votar, Senador Pedro Simon. Sou signatário da CPI, um sub-relator titular e quero ter esse direito. O Presidente Biscaia, por quem tenho grande respeito, tem de convocar a CPI, marcar um horário e vamos votar. Relator Amir Lando, para convocar os Ministros, tem de marcar e votar se vamos convocar ou não, conforme diz o Regimento Interno. Quero só esse direito. Amanhã, vou apresentar à Casa, Senadora Heloísa Helena - Presidente, neste momento -, um requerimento para que isso aconteça, senão não há validade nenhuma nos atos que estão acontecendo.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Se V. Exª começar a tomar essas decisões e elas acontecerem, o Senador Ney Suassuna vai tirar V. Exª da Comissão.

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Não estou preocupado com o meu Líder, o Senador Ney Suassuna. Não estou preocupado com isso, Senador Pedro Simon.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Quero apenas citar a V. Exª que essas coisas não estão acontecendo porque os Líderes da Maioria não querem que aconteçam. Esse é o problema. Já colocaram V. Exª... O Senador Suassuna o colocou. Inclusive S. Exª faz parte da Comissão, e não deveria fazer por ser uma das pessoas que estão sendo citadas.

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - O Senador Ney Suassuna não me pediu nada e, se existe alguma coisa, aquele cidadão que diz que recebeu terá de depor na CPI. Se for o caso, apresento requerimento para chamá-lo.

Tenho grande respeito pelo Senador Ney Suassuna. V. Exª sabe disso, porque é do meu Partido e é meu Líder nesta Casa. Agora, o requerimento para ver se aquele cidadão recebeu o dinheiro e para onde foi, faço e assino. Vou apresentá-lo à Mesa. Não tenho nenhum comprometimento. Estou aqui representando o Estado de Minas Gerais.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Mas o que quero dizer é que é como se V. Exª estivesse lutando “ingloriamente”, pois não sairá votação nenhuma. Isso porque os Líderes - e V. Exª é uma exceção - colocaram gente para não fazer nada. Esse é o problema.

O PMDB - desculpe-me - vem fazendo isso nesta legislatura. V. Exª está sendo uma surpresa, porque está reagindo. E eles acharam que V. Exª seria tranqüilo. Mas chegou aqui e está-se revelando um cidadão de alto gabarito, de alta capacidade. Só não o tiram da Comissão, porque, por enquanto, V. Exª não está assustando. A Comissão está tranqüila.

Mas se, de repente, V. Exª começar a apresentar requerimento e eles forem aprovados, o Senador Ney Suassuna vai tirá-lo.

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Não vai me tirar, tenho certeza disso. Não vai me tirar. E outra coisa...

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Mas, a mim S. Exª não colocou. Se não me colocou, porque não tiraria V. Exª?

O Sr. Wellington Salgado (PMDB - MG) - Não, a mim não vai tirar. Se tirar, vou apresentar outro requerimento com base no Regimento Interno; vou lutar de alguma maneira para não me tirar. Não sei se podem me tirar, mas, se o fizerem, estará feito. Mas vou fazer uma confusão danada ali na Comissão. Confusão eu vou fazer. Aprendi que não decidimos muito rápido, mas fazemos uma confusão incrível aqui.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Só quero dizer a V. Exª que uma CPI não vem do nada. Na hora de compô-la, os Líderes indicam. E, conforme os Líderes indicarem, como a Comissão anterior, da qual - cá entre nós - o nosso querido Senador, que é o Relator agora, era o Presidente...

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - O Senador Amir Lando.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Era a CPI mais importante que tinha, a do Mensalão. De todas era a mais importante, tanto que a CPI dos Correios se meteu e não tinha nada a ver. Ela foi criada para uma coisa e entrou para outro lado. A CPI do fim do mundo entrou num lado e foi pular lá no outro lado. E a CPI do Mensalão, que era para fazer, não fez. O nosso querido Presidente deixou fluir o prazo e depois esqueceram que tinham passado os 60 dias. Ah, pois é, passaram os 60 dias. Pois é, agora já passou o prazo. Não prorrogaram e não fizeram nada. Por quê? Porque naquela Comissão colocaram gente para não fazer nada.

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Eu não acredito, Senador Pedro Simon. V. Exª é muito mais experiente do que eu, viu grandes momentos. Mas, para mim, pelo menos, ninguém chegou para orientar nesse sentido.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Mas não precisa.

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Então, vamos fazer aqui o seguinte, Senador: se eu apresentar os requerimentos e for retirado da Comissão...

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Não será retirado, querido, porque os outros membros da Comissão estão entrando com a maioria tranqüilidade. V. Exª será retirado se o requerimento for aprovado. Aí eu quero ver ele ser aprovado.

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Vou apresentar o requerimento e, se ele for aprovado e se me tirarem, eu venho aqui mais uma vez e vou falar que V. Exª, realmente, tem sangue cigano.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Escute o que vou dizer: V. Exª entra com o requerimento. Se ele for aprovado, tiram V. Exª da Comissão. Agora, o requerimento não será aprovado e V. Exª ficará na Comissão.

 O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Não acredito. Senador Pedro Simon, não acredito que o meu Partido faça isso. Não acredito. Estou falando para V. Exª que não acredito. Tenho grande respeito pelos membros do meu Partido, o PMDB, e não acredito que isso vá acontecer.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - V. Exª não tinha nascido e eu já estava nessa luta.

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Eu sei, mas o PMDB...

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Eu também imaginava que nunca chegaria a esse ponto. Nunca imaginei...

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Eu continuo tendo e acreditando no meu Partido...

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Nunca imaginei que o Senador Ney Suassuna, o Senador Renan, o Senador Sarney e o Senador lá do Pará - como é o nome dele, aquele que hoje é Deputado? -...

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Jader.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - ... assumissem o comando do PMDB e fizesse isso que estão fazendo.

V. Exª foi reunido para escolher algum Ministro? Teve reunião de Bancada para escolher Ministro? Não teve. Teve reunião da Bancada dos Deputados para escolher Ministro? Não teve. A Executiva do PMDB se reuniu para escolher Ministro?

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Mas eu não poderia participar porque sou suplente. Se o Ministro não fosse o escolhido, eu não estaria aqui.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Mas depois que V. Exª foi empossado Senador, já foram indicados outros. Já foram indicados vários Ministros pelo PMDB. Nós não somos indicados... Assim como está acontecendo na Comissão, quando V. Exª, ao tomar conhecimento das coisas que eles fazem, enuncia-as e diz: “Eu quero votar!”, eu também gostaria de reunir a Bancada do PMDB e dizer que desejo votar no Ministro indicado. Eu quero votar! Mas não reuniram...

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Mas, Senador, eu tenho visto no PMDB...

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - E Sarney, Renan e o Líder Suassuna indicam em nosso nome: no de V. Exª, no meu nome...

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Senador, para mim, é uma honra apartear V. Exª. Realmente, nunca pensei, nesta vida, em ter a honra de fazer um aparte a V. Exª. Agora, até agora, no PMDB...

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - V. Exª está seguindo um belo caminho. E só o fato de V. Exª dizer que quer ver a Comissão funcionar e que está revoltado com o fato de a Comissão não fazer nada, não fazer nada... Eu acho que V. Exª...

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - E falam pela Comissão. Agora, Senador Pedro Simon, tudo no PMDB foi decidido no voto. Aqui, a candidatura própria ou não foi no voto.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Que voto?

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Eu participei... Para indicar se haveria candidatura própria ou não, não houve a votação? Foi bonito. Todo o PMDB fez a votação naquele dia em que o Governador Garotinho perdeu por 40 votos. Eu vi tudo sendo feito pelo voto, na reunião que houve dentro do PMDB. Eu tenho visto as coisas sendo decididas no voto. Se é contrário à grande experiência de V. Exª...

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - V. Exª não acha triste um Partido como o PMDB fazer uma convenção nacional e decidir não ter candidato à Presidência da República?

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Digo uma coisa a V. Exª: penso que o PMDB tem de ter um candidato que pegue as bases e as mobilize em algo que elas acreditem. Mas, agora, o Partido...

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Perdoe-me, Senador, mas eu andei pelas bases todas. As bases do Maranhão queriam candidatura própria; as bases do Pará queriam candidatura própria; as bases da Paraíba queriam candidatura própria. Mas o que aconteceu? As lideranças manipularam aqui e fizeram o que quiseram.

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Se V. Exª se tivesse feito candidato a Presidente desde o início, seria outra história. V. Exª apareceu como candidato depois da decisão de que Garotinho não poderia mais ser.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - V. Exª nem imagina. Se eu fosse candidato, talvez acontecesse o que a Senadora Heloísa Helena está dizendo: talvez aparecesse morto no canto da janela. Eles não me aceitariam jamais. Eu queria a candidatura de Jarbas Vasconcelos. É um homem respeitado, de quem as pessoas gostam. Aceitei a minha candidatura, quando Garotinho renunciou, para não ficar sem candidato. Garotinho renuncia, e não há mais candidatos? Não, o Garotinho me indicou. Disse: “Simon é o candidato”. Então, serei o candidato. Fui procurar o Senador José Sarney e o Presidente Renan Calheiros no dia seguinte. Disse-lhes: Vamos lançar um candidato! Vamos lançar Jarbas Vasconcelos como candidato. Sabia que não me indicariam; não sou tão bobo assim. Eles iam me ridicularizar: “Mas o Pedro Simon quer ser candidato?!”. Não, vamos lançar Jarbas Vasconcelos como candidato. Lançaram coisa nenhuma.

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Senador Pedro Simon, todos dizem que o PMDB é um Partido rachado, dividido, mas não tem dono. O PMDB não tem dono. Isso foi visto em Minas. É decidido no voto, sim, Senador.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Existe uma coisa fantástica. Nós, aqui, decidimos no voto. E está ali a Senadora com 15%. Desculpe-me a Senadora: S. Exª é brilhante, mas, se o PMDB lança um candidato e resolve apresentar uma terceira via, não haveria lugar para S. Exª ter 15%. O PMDB seria a terceira opção, apresentaria a terceira via. Agora, o P-SOL é criado, lança um candidato - o que é espetacular -, e o PMDB decide não ter candidato.

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Senador Pedro Simon...

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - V. Exª fala de Minas Gerais, tudo bem, Minas Gerais.

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Não, eu quero dizer o seguinte...

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Mas as pesquisas dizem que um candidato tem 75% do Senado e que o outro tem 5%. Vem a Convenção, e afirmam que são 5%.

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Senador Pedro Simon, não havia como fazê-lo: temos de ter candidaturas para Deputado Federal e para Deputados Estaduais em Minas. Acontece que o nosso Partido precisa ter algum candidato que motive as bases. Se a Senadora Heloísa Helena viesse para o PMDB... S. Exª teria de ser, digamos assim, um pouco exorcizada...

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - S. Exª não pegaria vaga para o Senado em Alagoas. Não dariam a S. Exª vaga para o Senado; é capaz de não darem nem para Deputado.

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Senador, tenho uma convicção...

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - No Rio Grande do Sul, seria diferente; estou falando lá em Alagoas.

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Senador Pedro Simon, o vice-campeão é o primeiro perdedor. Temos de jogar para ganhar. O PMDB é um Partido que tem de jogar para ganhar! Não pode jogar para ser vice-campeão!

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Para ganhar, tem de ter candidato! Para ganhar tem de ter candidato. A primeira coisa é ter candidato.

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Mas, Senador, não tínhamos um candidato que motivasse as bases. Com todo o respeito a V. Exª, não tínhamos um candidato sobre o qual as bases falassem “É esse o candidato!“ e que levasse todos a caminhar juntos. Não vi isso. E participei de todos os eventos.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - As pessoas se venderam antes.

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Eu não acredito, Senador.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Repare, a tese é a seguinte: não podemos ter candidato a Presidente; vamos, então, fazer Governadores, é hora de fazermos Governadores. No Maranhão, a candidata é a filha do Dr. Sarney, pelo PFL; no Amapá, a candidatura é do PS não sei o quê, não é do PMDB; na Bahia, o PMDB não tem candidato a Governador, nem a Senador; na Paraíba...

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Candidato ao Governo.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Candidato a Governador. É verdade.

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Um bom candidato, que vai ganhar as eleições.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Vai ganhar a eleição. Eu acho que vai ganhar.

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Contra a situação.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Onde mais?

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Maguito Vilela, em Goiás, um grande candidato.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Mas esse queria candidatura própria. Os que não queriam candidatura própria não apresentaram candidato. Não temos candidato no Pará.

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Digo o seguinte, Senador, com todo o respeito, porque para mim é uma honra debater com V. Exª: eu sou o otimismo, e V. Exª representa a experiência. Estou tentando aqui lutar com meu otimismo, e V. Exª, com sua experiência, mostrando-me...

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Perdoe-me, mas ninguém é mais otimista do que eu. Estar com 76 anos, ser candidato ao Senado e ficar no PMDB significa que confio. Em primeiro lugar, tenho uma retidão, um espírito de luta. Não fui para o PT: insistiram para eu ir. Não fui para o PSDB: insistiram para eu ir. Não fui para o PDT, não fui com Brizola: rompemos. Isso, porque sempre achei que o PMDB seria um grande Partido. Hoje, a esta altura da minha vida, não sei, mas acho que...

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Senador Pedro Simon, daqui a quatro anos, o PMDB vai ter um candidato. Vou voltar a encontrar com V. Exª. V. Exª vai ganhar para o Senado, porque é um grande candidato.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Estou vendo ali uma notícia muito boa: que o PT e essa cúpula do PMDB vão fazer um...

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Um grande partido?

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - ... um grande conchavo...

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Não acredito. Tenho o nome de um candidato que virá para o PMDB e que ganhará as eleições daqui a quatro anos. Tem idade, audácia, história.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - O Aécio?

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - V. Exª é que está falando. V. Exª é mais experiente do que eu.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - É a minha maneira de falar.

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Em algum momento, nós nos encontramos. Quem está falando é a voz da experiência, que é V. Exª. Eu sou o puro otimismo.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Mas gosto do Aécio.

O Sr. Wellington Salgado de Oliveira (PMDB - MG) - Porque, se não for no nosso Partido, ele não ganha. Só ganha no nosso Partido. Desculpe-me, mas para mim foi uma grande honra debater com V. Exª. Obrigado.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Eu encerro, Srª Presidente. V. Exª está dando sinal de tremendo cansaço.

A SRª PRESIDENTE (Heloísa Helena. P-SOL - AL) - Não com V. Exª, Senador Pedro Simon...

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Com a vida.

A SRª PRESIDENTE (Heloísa Helena. P-SOL - AL) - ... não com o debate. É porque a vida é dura, difícil. O suspiro foi só nesse sentido, tenha certeza. O tempo que quiser para continuar falando ou debatendo com o Senador Wellington Salgado de Oliveira V. Exª terá.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Mas V. Exª, fazendo isso, sem se controlar, terminou desmaiando. Há uma hora em que se tem de parar. Se bem que pode ser um acontecimento fantástico, V. Exª falando... Mas aí o culpado serei eu: “Simon encheu tanto, que a Heloísa não agüentou”.

A SRª PRESIDENTE (Heloísa Helena. P-SOL - AL) - Acho que não. Acho que o PMDB, sim; V. Exª, não.

O SR. PEDRO SIMON (PMDB - RS) - Sou capaz até de perder a eleição com um fato dessa natureza.

Encerro, Srª Presidente, fazendo um apelo ao Rio Grande do Sul e ao Brasil: o voto nulo é uma loucura, um absurdo.

Sei que as pessoas estão magoadas, revoltadas. Vêem os jornais da televisão, e é um escândalo, outro escândalo e outro escândalo. PMDB, mil coisas; o PT, mil fracassos; o PSDB, foram oito anos. Mas o voto nulo não resolve.

Em vez de criar agremiações para o que não fazer, ou seja, em vez de criar agremiações para o voto nulo, criem agremiações para selecionar o voto. Escolham um candidato independente entre os que estão aí e façam campanha para ele. Seria uma coisa muito bonita.

De repente, teríamos uma mudança de candidatura altamente positiva.

Era isso, Srª Presidente. Para mim, mais uma vez, é uma honra estar aqui com V. Exª e com a nossa querida Deputada, que honra o Rio Grande do Sul e que vai ter uma votação espetacular nesta eleição.

São tão bonitos os debates entre ela e seu pai! São de uma elegância sensacional, porque os dois se gostam muito. O pai dela, inclusive, adora o neto. Foi o pai que o colocou gremista ou foi ela? Como é que ele virou gremista? Foi o pai do guri? E o Tarso de que time é? Ele é gremista? E ela de que time é? Virou gremista por causa do filho?

De repente, está o avô - o guri está na seleção de novos -, dizendo para mim: “Não posso nem falar com a minha filha. Tudo que ela pensa fui eu que coloquei na cabeça dela. Como vou falar agora? Eu quero dizer: mas o mundo mudou, é outro. Olha para a humanidade. Eu teria condições de convencê-la, se o PT estivesse ainda na Oposição. Se o PT estivesse na Oposição e eu mudasse minhas idéias, poderia até convencê-la. Mas quem vai convencê-la de que mudei as idéias, porque estamos no Governo?”

Ele reconhece que não tem condições de fazer isso.

Mas o Tarso teve um momento muito importante. Somos obrigados a reconhecer isso. Quando assumiu a Presidência do PT - e mais uma vez acho, Srª Presidente, que é Lula quem manda nas coisas -, Tarso o fez para dizer que ele iria recriar o PT. Eu vim para esta tribuna analisar isso. Eu achei fantástico isso! Ele dizia: “O problema do PT não é o Congresso Nacional, não é a CPI, não é a Comissão de Ética, não é a Procuradoria, não é o Tribunal, mas somos nós do PT. Temos de nos reunir e de fazer a limpa, de fazer a seleção. Temos de retirar o que tem de ser retirado e renovar o PT”. Achei fantástico! Mas o renovaram. Lula retirou o apoiou dele e, na hora de fazer um diretório, colocou um outro que pensa completamente diferente. Enquanto Tarso queria fazer a renovação do PT no sentido da purificação, a convenção decidiu que a análise do que aconteceu só seria feita depois da eleição. Até lá, não se toca em assunto nenhum.

Se Lula pelo menos desse um sinal de que vai mudar... Posso falar agora. Eu não ia falar, mas vou falar. Lula disse que quem tem mais de 75 anos de idade pode falar à vontade; então, sinto-me liberado. Ele falou isso para o Itamar, mas eu tenho a mesma idade.

Se Lula desse um sinal, dizendo “não, no meu novo governo vai ser diferente; fiz o que fiz, mas agora vai ser diferente no campo da ética”, mas ele não dá sinal nenhum disso. Pelo contrário, o Presidente do Banco Central está sendo denunciado por corrupção, por formação de quadrilha, e ele o nomeia Ministro para garantir, para que um juiz, de repente, não entre com pedido de prisão preventiva para o Presidente do Banco Central. Então, agora, ele é Ministro, tem foro privilegiado. Não há o gesto de dizer “não, agora as coisas estão mudando”.

O Rigotto é Governador e é candidato à reeleição, mas, das oito horas até às seis horas da tarde, ele não dá entrevista como candidato - ele é só Governador. Ele não vai à reunião nenhuma. Ele só vai depois das oito horas da noite, no sábado e no domingo. Ele podia fazer como a lei permite. Lula está fazendo isso. Leva o avião oficial dele mais um segundo avião, mais não sei o quê, e diz a lei que ele paga a gasolina. O Rigotto não aceitou. Ele não pega avião nem carro nem nada do Estado. Ele segue na condução dele ou na do Partido quando é no sábado e no domingo.

São essas pequenas coisas que Lula podia fazer e não fez. Podia fazer e não fez. Não há um gesto.

Falou no Rio Grande do Sul: “Só o Getúlio fez mais do que eu!”. E olha que, da maneira com que ele falou, foi um gesto de homenagem ao Rio Grande do Sul, porque sentimos que, no fundo, ele estava dizendo: “Nem o Getúlio”. Ah, não dá!

É claro que a publicidade é fantástica. A publicidade é dessas coisas que foram feitas, algumas positivas e outras negativas, mas é espetacular. Mas é pouco para aquilo que esperávamos.

Muito obrigado, minha querida Senadora, meu querido companheiro das Minas Gerais, minha querida conterrânea do Rio Grande do Sul. Estamos nós quatro aqui, são quase dez horas da noite, mas defendo que o Congresso e o Senado - sei que as nossas bravas companheiras que estão na Taquigrafia devem estar com pavor, pensando “esse cara não pára”, “estamos loucas de fome”, “meu filho está esperando”, “meu marido já saiu”; peço-lhes desculpas - possam trabalhar de segunda a domingo, inclusive dentro da noite. Assim, seria diferente o padrão deste Congresso.

Obrigado, Senadora. Que Deus nos dê forças! Os desígnios de Deus são imprevisíveis. Afinal, Davi, com uma pedra, derrubou Golias, dez vezes maior.

V. Exª não tem nada? (Pausa.)

V. Exª diz que tem idéias e palavras. Não são metais que se fundem.

Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/08/2006 - Página 25740