Discurso durante a 128ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Proposta em defesa da união de esforços dos setores interessados em viabilizar cursos para a formação de guias turísticos e de outras atividades profissionais voltadas para o turismo na Paraíba.

Autor
Ney Suassuna (PMDB - Movimento Democrático Brasileiro/PB)
Nome completo: Ney Robinson Suassuna
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ATUAÇÃO PARLAMENTAR. TURISMO.:
  • Proposta em defesa da união de esforços dos setores interessados em viabilizar cursos para a formação de guias turísticos e de outras atividades profissionais voltadas para o turismo na Paraíba.
Publicação
Publicação no DSF de 09/08/2006 - Página 26276
Assunto
Outros > ATUAÇÃO PARLAMENTAR. TURISMO.
Indexação
  • ESCLARECIMENTOS, NOTICIARIO, IMPRENSA, QUESTIONAMENTO, REPUTAÇÃO, ORADOR.
  • DEFESA, EMPENHO, PARCERIA, SETOR PUBLICO, INICIATIVA PRIVADA, SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS (SEBRAE), SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM COMERCIAL (SENAC), INVESTIMENTO, ATIVIDADE, TURISMO, APROVEITAMENTO, RECURSOS NATURAIS, ESTADO DA PARAIBA (PB), NECESSIDADE, FORMAÇÃO, GUIA DE TURISMO, IMPORTANCIA, QUALIFICAÇÃO, MÃO DE OBRA, SETOR, OBJETIVO, EFICACIA, SERVIÇOS TURISTICOS.

O SR. NEY SUASSUNA (PMDB - PB. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Sr. Presidente.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, primeiramente, quero dizer que me surpreendi, hoje, com notícias na imprensa que diziam que eu estava pressionando o Senador Amir Lando. Essa é a mais falsa e grosseira das mentiras. Tenho certeza de que Amir Lando, um homem de bem como julgo que seja, vai negar isso, porque a única vez em que tive contato com S. Exª, depois que foi nomeado Relator, foi para dizer-lhe que eu não queria favor nenhum; o que eu queria era investigação.

Aliás, Sr. Presidente, esta é uma frase que venho repetindo sempre: eu não quero absolutamente nada, a não ser investigação. Investiguem e a verdade aparecerá.

No entanto, as coisas são tão incríveis que, ainda outro dia, diziam que tinha sido depositado, na conta de um genro meu, algum dinheiro. Eu tenho apenas filhos - três homens - e nenhuma filha, mas estava dito assim. Entendo que, na imprensa, há muita gente boa - conheço bons profissionais -, mas também há muitos que não merecem o título de jornalista.

Sr. Presidente, colocações feitas, quero dizer que, não obstante os muitos encantos da Paraíba, que decerto deixaram impressões indeléveis em tantos dos seus visitantes, o setor do turismo em nosso Estado se depara com uma série de problemas e de ineficiências, sobretudo se considerarmos toda a dimensão de seu potencial.

Nisso, aliás, Sr. Presidente, a Paraíba não se diferencia do restante do Nordeste brasileiro, nem do Brasil em seu conjunto. Sabemos todos da fantástica vocação turística do País - mas não ignoramos, tampouco, que essa vocação tem-se realizado apenas parcialmente, e de um modo, na verdade, bastante tímido.

O maior, o mais óbvio apelo oferecido pelo Brasil para o turista estrangeiro, e também para uma grande parte dos turistas nacionais, está em sua orla marítima.

Nesse quesito, sem dúvida, a Paraíba se sobressai por suas praias esplêndidas, sobre as quais brilha o sol o ano todo. De Mataraca, no extremo norte do litoral paraibano, a Pitimbu, no sul, temos uma sucessão de praias deslumbrantes. Sejam elas mais urbanas ou mais desertas, apresentam quase sempre uma excelente balneabilidade e, na diversidade de seus ecossistemas, uma exuberante riqueza biológica.

Por mais que seja de fundamental importância para nosso Estado o chamado “turismo de praia e sol”, a diversificação dos interesses e das opções turísticas é um caminho seguro para aumentar o afluxo de visitantes: para levá-los a outras localidades de potencial turístico; para retê-los por mais tempo; para tornar mais atraente o retorno às terras paraibanas.

Em todas as cinco regiões que formam o Estado da Paraíba - o Litoral, o Agreste, o Brejo, o Cariri e o Sertão -, temos atrações consideráveis para os turistas de dentro e de fora do País.

Não é o nosso propósito, decerto, fazer um levantamento de todo o conjunto das atrações turísticas da Paraíba neste pronunciamento. Quero citar apenas algumas das mais consagradas, como as impressionantes pegadas do Vale dos Dinossauros ou as misteriosas inscrições arqueológicas das Pedras do Ingá; a pujança cultural de Campina Grande, onde ocorre, no festivo mês de junho, “o maior São João do mundo”; ou o magnífico “parque barroco” de João Pessoa, nossa encantadora capital, que é, conforme o levantamento da ONU, a segunda cidade mais arborizada do mundo.

Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, muito se tem falado sobre o papel do turismo como indutor do desenvolvimento, gerando emprego e renda, beneficiando as comunidades locais, estimulando outras atividades econômicas.

Sabemos também que o turismo não pode ser tratado apenas com base na improvisação. É necessário planejamento e a conjugação coordenada de esforços das diferentes esferas e órgãos de governo, da iniciativa privada, do terceiro setor.

No segmento turismo - como, aliás, em qualquer outra atividade econômica -, a capacitação e o treinamento são essenciais para que seja bem explorada toda a sua potencialidade.

Uma das entidades que mais tem se dedicado à qualificação dos profissionais de turismo em nosso País é o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Seus programas de capacitação, como previsível, concentram-se nas empresas de menor porte.

As micro e pequenas empresas correspondem a nada menos que 90% das empresas envolvidas com o segmento do turismo, consistindo, entre outras, em pousadas, hotéis, restaurantes, lanchonetes e lojas.

A concepção do Sebrae, muito acertadamente, é a de investir “na busca da cultura da excelência”, preparando profissionais aptos a desenvolver as múltiplas tarefas relacionadas aos empreendimentos turísticos, desde o gerente-administrador até o operador, na ponta.

Não há dúvida, Srªs e Srs Senadores, de que uma mão-de-obra capacitada é fator decisivo para garantir a qualidade dos serviços de turismo.

A capacidade de responder com eficiência e criatividade aos problemas e desafios, otimizando a oferta de serviços e seu resultado econômico, representa o nível gerencial das atividades vinculadas ao turismo.

Na ponta, no contato direto com os turistas, tão essencial para conquistar a sua plena adesão à localidade visitada, temos uma grande diversidade de ofícios. Um dos mais importantes, e sem dúvida o mais emblemático, é o de guia turístico.

O bom preparo dos guias turísticos é fundamental para explorar todo o leque de possíveis atrativos oferecidos por cada localidade.

Evidentemente, alguns desses aspectos serão mais valorizados pelos visitantes, enquanto outras possibilidades serão desprezadas.

Seja como for, o guia bem preparado deve ampliar as perspectivas de exploração dos roteiros turísticos, aliando o conhecimento ao lazer, o fator surpresa às atrações consagradas.

O litoral paraibano, por exemplo, traduzido em jargão turístico como o Pólo Costa das Piscinas, apresenta potencial não apenas para as modalidades mais comuns do turismo de sol e mar. É possível desenvolver atividades relacionadas ao lazer contemplativo, ao turismo de estudos científicos, ao turismo esportivo, ao turismo de aventura e ao ecoturismo.

Nele encontramos Tambaba, uma praia dedicada ao naturismo, assim como outras praias costeiras e fluviais com magníficas reservas naturais; ou, ainda, uma aldeia da tribo potiguara, onde convivem em harmonia a cultura indígena e a dos pescadores, também há muito lá instalados.

Os guias turísticos são necessários, Srªs e Srs Senadores, não apenas para despertar o interesse em explorar esses fascinantes atrativos, mas também para garantir a segurança dos turistas e a preservação de nossos preciosos bens naturais e culturais.

Foi aprovada há pouco tempo uma lei municipal que exige que as excursões turísticas em João Pessoa sejam acompanhadas por um guia. Tal medida não apenas gera emprego, como aumenta a qualidade da exploração de diferentes aspectos turísticos de nossa capital, traduzindo-se em vivências culturalmente mais ricas.

Então, Sr. Presidente, para que possamos viabilizar cursos de qualidade para formação e aperfeiçoamento de guias turísticos e de outras atividades profissionais voltadas para o turismo, é importante unir os esforços dos vários agentes interessados. Municípios com potencial turístico, a iniciativa privada, entidades como o Sebrae, o Senac e outras entidades sem fins lucrativos podem e devem ser parceiros em um esforço sistemático para melhor qualificar a mão-de-obra do setor de turismo no Estado da Paraíba.

Ora, Sr. Presidente, as pessoas não viajam de um lugar para outro se não for para verem novidades, verem algo diferente. Por isso, é muito importante colocarmos nossa inteligência em funcionamento a fim de encontrarmos soluções e atrações. Estive visitando a Tailândia e, lá, vi coisas muito interessantes, como, por exemplo, um borboletário incrível e um orquidário maravilhoso, além de - e ainda outro dia repetia isto aqui - uma corrida de cobras. Havia uma arena circular e retiravam das cestas as cobras, que corriam, e nós apostávamos qual iria ganhar. Havia também encantadores de serpentes. No Havaí, um estado americano, vi como descascar cocos - coisa simples, que todos os dias se faz aqui, mas os turistas ficamos boquiabertos com a velocidade com que descascavam um coco com uma estaca pontiaguda enfiada no chão. Também a rapidez com que subiam nos coqueiros. Qual é a praia no Nordeste que não tem isso? Então, são coisas criadas para o americano que não vê isso no seu dia-a-dia. Quem conhece vários países sabe que cada um deles encontrou soluções diferenciadas.

Sr. Presidente, o Brasil, um País tão grande, ser visitado por apenas 5 milhões de turistas, enquanto que a Espanha recebe 60 milhões de turistas, e a França, 50 milhões de turistas! Creio que é chegada a hora de investirmos mais no turismo, colocando a nossa criatividade em ação. A Paraíba pode ter uma grande explosão na área do turismo se agirmos assim.

Temos, inclusive, dado esse conselho em fóruns para prefeitos, também em reuniões, para vermos se conseguimos criar, porque temos muito o que ver, como disse, desde a área dos dinossauros até as praias maravilhosas.

O que não podemos nem devemos fazer, Sr. Presidente, é deixar que a natureza se encarregue sozinha dos rumos do turismo na bela e ensolarada Paraíba.

As entidades públicas e privadas devem fazer sua parte, levando qualidade à infra-estrutura e a mão-de-obra relacionadas ao turismo, explorando, conscienciosamente, seu potencial de promoção econômica e social, preservando o meio ambiente e os nossos valores culturais.

Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 09/08/2006 - Página 26276