Discurso durante a 130ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

O quadro de apatia do povo brasileiro. Registro da matéria intitulada "Era pior do que se pensava", publicada na revista Veja, edição de 26 de julho do corrente.

Autor
Arthur Virgílio (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro Neto
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
ELEIÇÕES. MANIFESTAÇÃO COLETIVA. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), AMBULANCIA.:
  • O quadro de apatia do povo brasileiro. Registro da matéria intitulada "Era pior do que se pensava", publicada na revista Veja, edição de 26 de julho do corrente.
Publicação
Publicação no DSF de 11/08/2006 - Página 26644
Assunto
Outros > ELEIÇÕES. MANIFESTAÇÃO COLETIVA. COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), AMBULANCIA.
Indexação
  • APREENSÃO, AUSENCIA, INTERESSE, POPULAÇÃO, POLITICA, PAIS, NECESSIDADE, PARTICIPAÇÃO, SOCIEDADE CIVIL, ELEIÇÕES, OBJETIVO, ESCOLHA, ELIMINAÇÃO, PERMANENCIA, GOVERNO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT).
  • COMENTARIO, DEPOIMENTO, ESCRITOR, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), APREENSÃO, FUTURO, POLITICA, PAIS, CRITICA, INEFICACIA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, PREVISÃO, AUMENTO, OBSTACULO, POSTERIORIDADE, GOVERNO, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), REGISTRO, IMPORTANCIA, LEGITIMIDADE, SEM-TERRA, LUTA, REFORMA AGRARIA, QUESTIONAMENTO, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, INVASÃO, DEPREDAÇÃO, PROPRIEDADE PARTICULAR, INSTITUIÇÃO PUBLICA.
  • REGISTRO, ARTIGO DE IMPRENSA, O ESTADO DE S.PAULO, O ESTADÃO, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), CRITICA, EXECUTIVO, LEGISLAÇÃO, PARTICIPAÇÃO, CORRUPÇÃO, COMENTARIO, NECESSIDADE, SOCIEDADE CIVIL, CRIAÇÃO, ORGANIZAÇÃO SOCIAL, OBJETIVO, AUMENTO, INCENTIVO, POPULAÇÃO, VOTO, ELEIÇÕES, COMPARAÇÃO, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA).
  • SOLICITAÇÃO, TRANSCRIÇÃO, ANAIS DO SENADO, ARTIGO DE IMPRENSA, PERIODICO, VEJA, ESTADO DE SÃO PAULO (SP), COMENTARIO, AUMENTO, PARTICIPAÇÃO, CONGRESSISTA, FRAUDE, LICITAÇÃO, AMBULANCIA, DENUNCIA, ATUAÇÃO, EX MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA SAUDE (MS), CORRUPÇÃO.

O SR. ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB - AM. Sem apanhamento taquigráfico.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, há no Brasil da era Lula uma crescente apatia, o mal que assola o País e lamentavelmente vai tomando conta da maioria dos brasileiros, deixando-os ao léu, sem rumo e sem destino. Como quem, tendo o voto nas mãos, aparentemente não sabe se teria também o poder de assegurar novos e bons tempos para o País. Tem. Votando.

As urnas de outubro vão dizer se o Brasil muda, o que é uma boa hipótese, ou se tudo permanece como está, o que, a meu ver, seria péssimo.

O atual Governo pode estar próximo do fim ou de permanecer por mais quatro anos, e até mais. A primeira hipótese vai exigir muito esforço para uma verdadeira batalha de reconstrução nacional.

Seja o que for, fica a incerteza do momento, que pode ser entendida como legítima inquietação criada por esse que é sem dúvida o instante mais delicado do Brasil e que alguns pensadores, analistas e intelectuais chamam de degringolada.

Degringolada foi a palavra escolhida pela escritora gaúcha Lya Luft, nome respeitável de pensadora preocupada com o futuro do Brasil, sem que se vislumbre o fim dos erros desses últimos quase quatro anos, um gigantesco estorvo nacional, criado neste Governo.

Qual é o impasse? Por impasse entende-se uma situação difícil em que parece impossível uma saída favorável. A mesma escritora, de uma terra de grandes tradições políticas, vê empecilhos que se podem ampliar num segundo Governo petista. Há, sim. E muitos.

Diz ela:

Certas escolas elementares” - isto é, de ensino fundamental - preparam novas gerações de contraventores (que terão o aval das autoridades, se tudo continuar como está), usando uma cartilha do pretenso MST. Nenhuma novidade.

A escritora não é radical, tanto que faz ressalva ao admitir que o MST é movimento originalmente legítimo, para uma luta em favor dos desalojados. Mas o que vemos hoje são ilegalidades protegidas pelo Governo. São agora movimentos que invadem e destroem propriedades privadas e públicas pelo País, e que violentaram o Congresso Nacional (Câmara dos Deputados), em Brasília.

O escritor baiano João Ubaldo Ribeiro indaga em seu último artigo (O Estado de S. Paulo, dia 6/8/2006):

            “- Alguma alegria aí?”

E acrescenta:

“- Aí querem que o povo vote certo.

            Ele acha isso muito difícil e explica:

            “- O grande eleitorado continua a ser massa de manobra com clientelismo.”

Daniel Piza, que faz a Resenha do Caderno 2 do Estadão, indaga:

Não é curioso que, em meio à hemorragia de denúncias comprovadas contra parlamentares e membros do Executivo - agora, acrescento, até do Judiciário - no esquema Sanguessugas, o Presidente Lula venha falar em reforma política e assembléia constituinte, como se disse que o problema está nas regras e não nas pessoas.

Sr. Presidente, o quadro pode ser triste e a apatia pode dominar, mas há jeito, sim. Nos Estados Unidos, escândalos envolvendo políticos, lobistas e delúbios, levaram à criação de um movimento chamado Clean Elections.

            Aqui poderia haver algo parecido, para devolver aos cidadãos brasileiros o poder de eleger representantes que não se vendam aos interesses espúrios de grupos indesejáveis.

            Aqui, no entanto, ao contrário, o Presidente-candidato Luiz Inácio Lula da Silva sobe no palanque, como nesse fim de semana em Minas, ao lado de mensaleiros. Bom exemplo, cara pálida!

Aqui, por enquanto, a cresce a apatia. O caderno Aliás, de O Estado de S. Paulo, chegou a criar uma conversa fictícia entre Euclides da Cunha e Monteiro Lobato, dois expoentes da literatura brasileira do passado.

Lobato e Euclides foram dois intelectuais profundamente preocupados com o Brasil. Euclides ficou célebre pelas reportagens sobre a Guerra de Canudos. Lobato, notável escritor de livros para crianças, foi batalhador incansável em defesa do petróleo.

Na conversa inventada pelo jornal, um reflexo do que ocorre na atualidade brasileira, Euclides da Cunha responde à pergunta sobre o melhor procedimento para o povo brasileiro:

Este País é organicamente inviável. (...) Agora, o melhor serviço a prestar-se no momento consiste sobretudo na seriedade, que chega a ser uma forma de heroísmo no meio desse enorme desabamento.

De Lobato, a resposta foi esta:

“A Pátria (permanece) sempre naquele eterno mutismo. A ilusão do povo brasileiro é um caso sério. O Brasil dorme.”

Por fim, na charge desta semana de Luís Fernando Veríssimo, o neto indaga ao avô, personagem de sempre na coluna desse outro notável escritor gaúcho:

- Vô, os políticos brasileiros são todos corruptos:

A resposta:

Não, não. Alguns não são...

 ....por alguma razão!

A fina ironia de Veríssimo sugere, felizmente, que ainda há salvação. O voto deve expulsar os maus representantes do povo, do vereador, ao Deputado estadual, passando pelo federal e pelo Senador, para chegar ao que deveria ser a mais importante figura da administração pública brasileira. O Presidente, sim, o Presidente, por que não?

Em anexo, as matérias a que fiz referência, para que constem dos Anais do Senado da República. Assim, no futuro, o historiador poderá ter elementos para escrever sobre essa desestimulante quadra da vida nacional, esta do quatriênio perdido.

O segundo assunto que trago à tribuna, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, é para fazer o registro da matéria da revista Veja, do dia 26 de julho de 2006, intitulada “Era pior do que se pensava”.

A matéria destaca que a máfia dos sanguessugas se revelou um dos maiores escândalos de corrupção descobertos no País. Os Parlamentares acusados de participar da máfia já chegam a 112, e o Legislativo não é o único poder atingido por ela. O rastro do suborno e do tráfico de influência alcança também o Executivo por meio do ex-ministro da Saúde, Humberto Costa.

Sr. Presidente, para concluir, requeiro que a referida matéria também passe a integrar os Anais do Senado Federal.

Era o que eu tinha a dizer.

Muito obrigado.

 

*******************************************************************

DOCUMENTOS A QUE SE REFERE O SR. SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO EM SEU PRONUNCIAMENTO.

(Inserido nos termos do art. 210, inciso I e § 2º, do Regimento Interno.)

*************************************************************************

Matérias referidas:

“Descendo a lomba (Lya Luft)”;

“Acordes (Daniel Piza)”;

“A diferença é o tempo verbal (Marco Antonio Villa)”;

“Lá, como cá, uma pouca-vergonha (Sérgio Augusto)”;

“Em Minas, Lula divide palanque com mensaleiro (Tânia Monteiro)”;

“E-mail sobre revista do Brasil”;

“Era pior do que se pensava (Veja)”.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 11/08/2006 - Página 26644