Pronunciamento de Lúcia Vânia em 16/08/2006
Discurso durante a 134ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Considerações a respeito da importância do voto na eleição. Apelo ao eleitor para que não vote nulo.
- Autor
- Lúcia Vânia (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/GO)
- Nome completo: Lúcia Vânia Abrão
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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ELEIÇÕES.:
- Considerações a respeito da importância do voto na eleição. Apelo ao eleitor para que não vote nulo.
- Publicação
- Publicação no DSF de 17/08/2006 - Página 27018
- Assunto
- Outros > ELEIÇÕES.
- Indexação
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- COMENTARIO, FRUSTRAÇÃO, POPULAÇÃO, POLITICA, MOTIVO, DENUNCIA, CORRUPÇÃO, INSTITUIÇÃO PUBLICA, PAIS.
- CRITICA, VOTO NULO, ELEIÇÕES, PREJUIZO, DEMOCRACIA, COMENTARIO, IMPORTANCIA, VOTO, MELHORIA, SITUAÇÃO, POLITICA, COMPROMISSO, ELEITOR, COBRANÇA, PROMESSA, CAMPANHA ELEITORAL, CANDIDATO, CONSCIENTIZAÇÃO, POPULAÇÃO, PARTICIPAÇÃO, TRANSFORMAÇÃO, PAIS.
A SRª LÚCIA VÂNIA (PSDB - GO. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, a proximidade das eleições tem motivado divergentes opiniões por parte da população a respeito do destino de seus votos.
Os acontecimentos do último ano, a partir das denúncias do chamado “mensalão”, envolvendo Deputados, e, por último, os escândalos com emendas parlamentares, lançaram um movimento de descrédito muito grande sobre a classe política do nosso País.
Na verdade, como disse o Senador Pedro Simon, em pronunciamento nesta Casa há alguns dias, o sentimento que parece reinar entre a população é mais do que descrédito: é um sentimento de desilusão, até mesmo de frustração.
Essa desilusão é muito perigosa, ainda mais num momento como este. A pessoa desiludida perde o interesse pelo que está à sua volta, desiste de lutar, de abraçar seus ideais, deixa de acreditar naquilo que sempre foi importante para si. A desilusão abre espaço para o conformismo, e quem se conforma acaba não podendo, depois, reclamar do que perdeu.
Sabemos, todos, que o povo brasileiro tem motivos de sobra para tanta desilusão. Afinal, nunca se viram no Brasil tantas denúncias de corrupção como as que surgiram neste último ano. Denúncias envolvendo homens públicos eleitos por essa mesma população, que a eles deu o seu voto e a sua confiança.
Mas é preciso expressar a indignação de maneira consciente e positiva ou, do contrário, muitos dos que foram denunciados terão o benefício da omissão de expressiva parcela do eleitorado.
Refiro-me aqui, particularmente, ao movimento em favor do voto nulo, que ganha corpo, principalmente nas páginas da Internet, onde já existem cerca de 308 comunidades sobre o tema.
Segundo seus incentivadores, o voto nulo seria a única maneira de demonstrar insatisfação com a atual situação política instalada no País. Seria a forma de mostrar o grau de revolta dessa parcela da população que acompanha de perto os escândalos e as denúncias envolvendo não apenas a classe política, mas as instituições públicas em nosso País.
Para essas pessoas, anular o voto seria a única maneira de dar um basta a um estado de desmando que parece ter-se instalado sem cobranças mais firmes por parte dos poderes constituídos, que têm sido muitas vezes omissos e que têm colaborado com a impunidade.
Mas é preciso esclarecer à sociedade que essa não é a maneira certa de protestar.
Se for realizada uma pesquisa para avaliar o perfil do eleitor que pretende anular o voto, vamos verificar que ele ou ela é o brasileiro ou brasileira esclarecido, honesto, trabalhador, cumpridor dos seus deveres. É o representante do nosso povo que se cansou, que está revoltado e acha que, anulando seu voto vai demonstrar sua indignação e até mesmo sua parcela de responsabilidade para mudar o que está acontecendo.
Mas é preciso deixar claro que, ao anular seu voto, esse eleitor está, na verdade, colaborando com aqueles que compram votos, ou seja, com aqueles que já estão envolvidos com o que há de pior na política brasileira.
Numa democracia como a que vivemos no Brasil, em que temos a responsabilidade de expressar nossa vontade, a melhor forma de protestar é selecionar bem entre aqueles que estão disputando uma vaga, seja para deputado estadual, deputado federal, governador e até mesmo presidente da República!
A mensagem do Ministro Marco Aurélio Mello, Presidente do Tribunal Superior Eleitoral, sintetiza a força de cada brasileiro nesta eleição. Diz o Ministro: “Você será o patrão, o chefe. Você selecionará, entre tantos candidatos, aqueles que considerar os mais dignos, os mais bem preparados para conduzir a Nação nos próximos anos”.
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, cabe também a cada um de nós, Parlamentares, a tarefa de levar aos 126 milhões de eleitores uma mensagem positiva a respeito da importância do seu voto nesta eleição. O valor do voto vai além da digitação na urna eletrônica. O compromisso do eleitor continua consigo mesmo, com a sociedade e com o seu País, na medida em que ele faz parte da sua comunidade e por ela se torna responsável. Cobrar do seu candidato, depois de eleito, as promessas de campanha é tão importante quanto se comprometer em participar das mudanças pelas quais se anseia.
Um País se faz com sua população. É preciso ir mais além, fazendo da fiscalização um direito e um dever. Somente assim o eleitor terá certeza de que denúncias como as em que estão envolvidos tantos homens públicos se tornarão cada vez mais raras. Seu voto merecerá cada vez mais crédito e não precisará ser motivo de procuração para políticos sem vocação nem sofrer anulação por revolta.
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Senadores, todas as eleições são importantes na história de um país, mas quero crer que a eleição deste ano tem um fator que poderá torná-la um divisor de águas para o futuro do Brasil. Esse fator é a conscientização do povo brasileiro. Não hão de passar em branco as denúncias e os escândalos que se sucedem desde o ano passado.
Tenho certeza de que o eleitor não se deixará enganar pelo discurso fácil nem pelas promessas vazias de quem já demonstrou ser incapaz de cumprir o que prometeu há quatro anos.
Sou otimista por natureza.
Encerro meu discurso confiando em resultados promissores e em uma eleição em que os candidatos honestos e os melhores programas de governo serão escolhidos pelos nossos eleitores.
Muito obrigada, Sr. Presidente.